Rascunhos! escrita por EsterCavalcanti


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Galera, me perdoem pela demora, mas eu estava planejando o capítulo. Sei que está bem curtinho, mas esse capítulo eu particularmente adorei escrever. Foi difícil, hein. Mas está aí mais um fresquinho para vocês hehe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243165/chapter/9

Já eram duas da tarde e eu não conseguia dormir, mesmo tendi bebido bastante. A questão era que minha conversa com Caleb não saía de minha cabeça. Porque ele se importava com o fato de eu ter o vistoele beijando uma garota me afetou ou não? Ou melhor, ele se importava? O fato de ele estar no quarto ao lado era o que mais me deixava inquieta e também o motivo de eu ainda não ter saído para comer nada.

Cadê aquela Spencer que não se prenderia por causa de nada e nem ninguém? Grrr, na teoria isso tudo é tão fácil.

Eu já estava me sentindo tonta e com sono, então resolvi sair do ninho.

Má hora! Caleb estava saindo do quarto só de bermuda, chinelo e aquele cabelo molhado perfeito. Meu Deus, como se respira mesmo?

_ Bom dia, brava _ me cumprimentou. Como ele conseguia agir normalmente depois da conversa que tivemos? Era sarcasmo?

_ Boa tarde, Caleb _ falei. _ Perdeu a noção do tempo, é? _ ri.

_ Ainda está de dia _ riu também.

_ Bela dedução _ balancei a cabeça e comecei a descer as escadas.

_ Spencer _ parei. _ Sobre a conversa de ontem...

_ Caleb, depois... _ Voltei a descer as escadas e não quis nem esperar para ver a reação dele.

Cheguei à cozinha com a respiração ofegante. Acho que ainda não estava pronta para discutir sobre aquilo. Acho que eu não estava pronta em nada que dizia respeito a ele. Preparei meu lanche sem prestar atenção direito no que fazia que acabei até me queimando. Assim que ficou pronto coloquei as coisas numa bandeja e fui para sala, mas ao chegar lá vi a Ellena e o Elliot conversando, e a Ellena parecia estar chorando. Então resolvi voltar para o meu quarto.

Depois que comi fui escovar os dentes, liguei a TV e deitei em minha cama para ver se conseguia dormir. Acho que já estava quase alcançando a inconsciência quando ouvi três batidinhas na porta.

_ Pode entrar _ falei depois de um longo bocejo.

_ Será que agora podemos conversar? _ Era o Caleb. Ele parou e encostou-se à parede. Já falei como ele fica sexy assim? Pois é!

_ Senta aí _ apontei para a ponta da cama.

_ Então... _ Ele fechou a porta atrás de si e se sentou ao meu lado.

_ Então... _ Acho que nenhum dos dois sabia o que dizer. Alias, sabíamos o que dizer, só não sabíamos por onde começar.

_ Estávamos bêbados ontem... _ ele começou.

_ HAHAHAHAHA _ Era ironia? Eu não consegui me segurar.

_ Será que dá pra gente conversar direito? _ ele queria ficar sério, mas acabou rindo também. _ Ok, foi bem óbvio o que eu falei.

_ É, bem óbvio. _ Voltamos a ficar sérios assim como começamos a rir. _ Caleb...

_ Spencer _ ele se aproximou. _ Me deixa falar, por favor. Pode ser que nós não tenhamos outra oportunidade de termos essa conversa. _ E se calou.

_ O que você quer dizer com isso? _ Por algum motivo aquilo não me cheirava nada bem.

_ Eu não posso te falar nada ainda. _ Uma pausa e uma respiração bem funda. _ Mas... _ Ele não conseguia falar e pela primeira vez eu via o Caleb sem aquela mascara de “menino irritante”. Ele estava apavorado e eu, de alguma forma, conseguia a aflição dele.

_ Caleb... _ Eu não sabia o que dizer. Droga!, eu não sabia como agir mediante a uma situação daquelas. O que fazer? O que falar? E se eu fizesse algo de errado? E se eu falasse o que não devia? O que... E se...

_ Eu só quero te pedir uma coisa. _ Ele pegou minhas mãos e ficou brincando com elas, deu um risinho, mas voltou a ficar sério.

_ Pode falar. _ Eu nunca pensei que algum dia nós realmente teríamos um momento assim, mas eu passei a mão em seu rosto e acariciei seu cabelo. Aquilo significou mais do que mil palavras, e ele entendeu. Entendeu que, apesar de nossos desentendimentos, independente de qualquer situação, ele podia contar comigo.

_ Eu queria te pedir pra... _ Seus olhos encheram-se d’água e automaticamente os meus também. _ Por favor, eu sei que pode ser muito o que eu peço, mas... _ Nesse momento uma lágrima rolou de seu olho direito e percorreu seu rosto até o queixo. Ele tentou disfarçar e limpar, mas eu sustentei seu olhar e ele desistiu. Ele criou coragem e prosseguiu. _ Eu quero pedir pra você que não me... Independente do aconteça ou do que te falem. Por favor, eu não suportaria se... Eu não posso ficar enrolando por muito tempo, tenho que fazer umas coisas, mas é difícil ter essa conversa, principalmente com você. Mas eu não suportaria se você me... Seria péssimo se você... Eu não quero que você me... Odeie _ e então ele foi tomado por lágrimas.

_ C-c-caleb. _ Eu queria ser forte, mas não agüentava vê-lo daquele jeito. _ Vem cá _ eu também comecei a chorar e por instinto o puxei para mim e o abracei. Ficamos ali chorando tudo o que tínhamos para chorar até conseguirmos nos acalmar. E então eu consegui falar. _ Sabe, para ser sincera, eu já tentei te odiar por várias vezes, e olha que tenho motivos, mas por alguma razão não consigo. Por mais que eu tente e me esforce, sempre tem alguma coisa que... _ eu não conseguia falar. Eu não conseguia admitir. Será que eu devia...? Não, ainda não. Eu sentia que teríamos oportunidade melhor para que aquilo fosse dito.

_ Spencer, eu... Me perdoa por tudo? Por favor.

_ Se você está pedindo perdão por todas as nossas brigas, esquece _ consegui dar um sorriso. _ Nós ainda vamos brigar muito _ brinquei.

_ Eu queria que isso fosse verdade _ ele se segurava para não voltar a chorar. _ Mas eu não tenho tanta certeza disso.

_ Porque você está falando tudo isso? Alias, porque nós dois estamos chorando? O que está acontecendo que eu não sei, Caleb?

_ Por quê? O que foi que você fez que faria eu te odiar? O que aconteceu? _ Eu já estava quase chorando de novo. _ Foi alguma coisa que aconteceu nessa madrugada, não é? Você não estava assim antes. Eu preciso saber o que aconteceu.

_ Não agora. Você vai saber, mas não agora. O que você precisa saber é que a história verdadeira está bem guardada. Lembre-se disso toda vez que você ver ou ouvir alguma coisa de mim.

_ Para! _ Gritei com as lágrimas já escorrendo. _ Você está me assustando. _ Abracei minhas pernas, como uma bola. Eu queria parar de ouvir tudo aquilo, eu queria me desligar.

_ Me desculpa, por favor. Me desculpa _ ele tirou meus braços gentilmente de volta das minhas pernas e me abraçou. _ Mas eu te garanto que você não está mais assustada do que eu.

_ Por favor, me fala. _ Apertei nosso abraço. _ Me fala o que está acontecendo. Quem sabe eu possa te ajudar. _ Aquela agonia estava acabando comigo. Eu precisava ajudá-lo.

_ Isso é bem tentador _ sussurrou em meu ouvido. _ Mas eu não quero te envolver nisso. Te conhecendo bem, você tentaria de tudo para me ajudar.

_ Eu faço qualquer coisa, mas eu preciso saber o que está acontecendo. _ Me afastei um pouco de seu abraço, mas ainda assim ficamos pertos e ele ficou segurando minhas mãos. _ Você não pode chegar aqui falando essas coisas e não me explicar nada direito. É errado _ fiz um bico, mesmo sem querer, eu só queria segurar o choro. Mas estava parecendo àquelas garotinhas mimadas e birrentas.

_ Você vai saber, no momento certo. Por favor, não deixa isso mais difícil.

_ Tudo bem _ limpei minhas lágrimas. _ Eu confio em você _ falei com tom decidido.

_ Isso pode não ser tão fácil quando tudo for contra mim...

_ Ei _ segurei seu rosto e o fiz olhar no fundo dos meus olhos. _ Você entendeu o que eu falei? Eu disse que confio em você.

_ Isso me anima um pouco. Alias isso me anima muito. Não sei se você sabe, mas o que você pensa sobre mim importa, e muito.

_ Isso é um bom sinal? _ Sustentamos nosso olhar e ele sorriu.

_ Acho que sim. _ Rimos juntos. _ Quem diria que nós dois estaríamos assim agora, hein.

_ As coisas são engraçadas.

_ Pena que é por pouco tempo _ ele afagou meu cabelo. Que sensação ótima.

_ Porque você está falando isso? _ Segurei sua mão bem perto de meu rosto e fechei os olhos.

_ Porque nós vamos ficar um bom tempo sem nos ver.

_ Como assim? _ Droga, eu já tinha conseguido me controlar, não queria chorar de novo.

_ Você vai entender tudo depois. Eu prometo que um dia vou te contar tudo, se você me esperar.

_ Eu vou _ sorri. _ Eu vou te esperar _ ele abriu um sorriso que me fez até esquecer como se respira. Era uma promessa, independente do que fosse acontecer a partir daquele momento, eu iria esperar por ele.

_ Então eu acho que, por enquanto, já posso ficar tranqüilo _ apertou de leve a minha mão e a beijou. _ Eu tenho que ir embora. Vou resolver outras coisas _ e se levantou.

_ Ei _ gritei quando ele já estava na porta. _ Isso é uma despedida? _ perguntei com os olhos cheios de lágrimas e com a voz trêmula.

_ Vem cá _ ele abriu os braços e eu fui correndo o abraçar. Apertei bem, e não queria que aquele momento acabasse. _ Ainda não. _ Então ele sorriu e se retirou.

E só com aquele sorriso eu consegui dormir tranqüila.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galera, prometo que essa conversa vai ser MUITO esclarecedora. Vocês irão entender bem depois.
Mereço Reviews? :3
Dessa vez eu escolhi uma musiquinha pro capítulo. Se quiserem ver é:
Jason Walker- Shouldn't be a good in goodbye.