Rascunhos! escrita por EsterCavalcanti


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão a todos pela demora. Nem sei mais se vão ler. Mas eu precisava mesmo correr com as coisas de final de ano e pra melhorar fiquei sem internet de novo :s Mas está aí mais um capítulo Guys *-*



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Mais dois meses se passaram.

As coisas estavam se ajeitando aos poucos, cada coisa se dirigia ao seu devido lugar. Mas somente para os outros.

Eu me perguntava quando as coisas começariam a se ajeitar e a dar certo para mim. A dor se tornava até maior ao pensar essas coisas, se é que isso era possível. Já doía tanto, e quando doía um pouquinho mais já não era tão desconfortável assim. A partir de um momento a solidão parou de doer e passou a ser uma companhia, algo normal. Ou eu a aceitava, ou tentava ignorá-la. A primeira opção era mais fácil, pois quanto mais rápido aceitamos algo, mais rápido nos conformamos. Não, eu não estava conformada, mas o que eu podia fazer? Eu nunca ia conseguir me conformar com a falta que ELE fazia, e esperava que com o tempo não fosse mais tão forte assim, engano meu. Mas, como eu disse isso já era algo normal.

A cada uma semana eu recebia noticias DELE. Ele mandava uma sms ou pedia para o Bruce falar que ele estava bem e nunca se esquecia de pedir para eu esperá-lo porque ele voltaria. Essa era a única coisa que me fazia seguir em frente e me agarrar em alguma esperança.

Ok, Ellena e Elliot estavam realmente uns grudes e aquilo era nojento. Eu ainda não estava falando com o Elliot, estava realmente magoada e não conseguira o perdoar. E mesmo Ellena enchendo meu saco para eu pelo falar um “Oi” para ele e ele ficando o tempo todo atrás de mim, eu não conseguia sentir compaixão. Quando tudo aconteceu ele sabia que eu estava mal, e para piorar minha situação ele fez aquilo. Então eu não ia conseguir o perdoar tão facilmente, mesmo sentindo uma falta imensa de conversar e brincar com ele. Mas no momento eu já estava muito machucada por vários motivos, então era melhor eu me manter afastada.

Naquele dia fui para a escola quase que com a Ellena me arrastando. Eu não queria, estava mal e queria só dormir. Mas voz irritante dela ficou gritando “Você está mal todos os dias. Se for assim vai reprovar. Levanta dessa cama agora e vamos para a escola”. E puxou meu cobertor, mesmo sabendo que eu odeio isso. Mas funcionou.

Estou aqui na escola. Sentada em minha carteira olhando pela janela, imaginando se acontecesse um milagre agora. Afinal, não adiantou nada eu ter vindo para a escola, não consigo prestar atenção na aula. Meus olhos estão fixos em algum ponto, mas minha mente vaga e voa para longe, bem longe de onde meu corpo se encontra. E é então que volto à realidade com um baque, ou melhor, com um grito da Ellena. Ela apontava para fora da janela e gritava meu nome ao mesmo tempo. Quando me toquei do que ela estava falando paralisei.

Um menino loiro encostado em uma pilastra e de costas para nós, mas ainda assim dava para saber quem era. Ou será que eu estava sonhando demais? Não perguntei nada ao professor, simplesmente saí correndo da sala de aula. Eu não estava pensando no que fazia direito, as lágrimas turvavam minha visão. Mas ELE estava de volta. A emoção falava mais alta e eu não conseguia me conter. Desci as escadas quase tropeçando nos próprios pés, ainda não sei como não caí. Corria a puros pulmões.

FINALMENTE.

_ Você voltou _ o abracei com força por trás e comecei a chorar mais ainda. Mas ele estava... Diferente.

_Ahn, desculpa. Voltei? _ E essa voz também não era DELE.

Desvencilhei-me de seu abraço e só então que me dei conta. NÃO ERA ELE! A vontade de chorar era maior ainda. Por um momento pensei que o buraco em meu peito seria preenchido. Por um momento pensei que toda aquela agonia finalmente me deixaria, mas não. Seria esperar demais né. Seria sonhar demais. E então dessa vez fui surpreendida. A dor era praticamente insuportável, que chegava a se tornar física. Precisei me sentar no chão para não cair. Doía mais ainda, mais do que eu realmente pensei que seria possível. Mais do que doeu todo esse tempo em que ele estava longe. Doeu como eu jamais pensaria. Era simplesmente insuportável. Eu não queria mais viver. E dessa vez era definitivo. Eu não tinha mais motivos. Por quanto tempo mais eu teria que ficar naquela agonia de esperá-lo? Por quanto tempo eu teria que ficar sofrendo? Desisto! Não vale mais a pena. A morte provavelmente doeria menos e seria mais rápido.

_ Com licença, mas você está bem? _ Era o menino loiro que eu confundira com MEU Caleb.

_ Não _ falei por entre os soluços.

_ Posso saber o que está acontecendo? Eu posso te ajudar? _ Ele se sentou ao meu lado e ficou me olhando.

_ Ninguém pode me ajudar. Ninguém pode mudar o que está acontecendo comigo. Ninguém! _ Gritei.

_ Nossa, perdão. Não foi minha intenção te irritar ou fazer você se sentir mal. O que acontece?

_ Não vou falar disso com um estranho. Aliás, não falo disso com ninguém. Falar não vai adiantar de nada. Não vai mudar nada.

_ Você pode pensar que não ajuda, mas ajuda sim. E eu sou prova disso.

_ Ah, é? E porque você é prova disso? _ Fui um pouco estúpida.

_ Você não deve tratar uma pessoa assim. Você não sabe pelo o que eu passei para falar assim. Nada é tão ruim, sempre tem um jeito pra tudo.

_ Não! Não tem um jeito. E eu te trato do jeito que eu quiser _ fiquei de pé. _ Eu estou cansada de ter que ficar sorrindo e fingindo estar feliz como se nada estivesse acontecendo, ok? Eu não agüento mais ter que ouvir as pessoas vindo me perguntar como eu estou e eu tendo que falar que está tudo bem, forçar um sorriso e sair correndo para chorar. Eu não agüento mais viver. Eu não quero mais ficar aqui. Eu quero acabar com isso. Eu quero acabar com isso de uma vez _ comecei a chorar mais ainda, e se não fosse o tal loiro estranho me segurar eu teria caído e batido a cabeça com força no chão.

_ Não sei por que você está falando isso. Mas não gostei. Eu sei que tem momentos em que não é fácil seguir em frente, mas temos que ser fortes, porque ninguém fará isso por nós.

_ Eu não tenho mais forças. Eu não consigo mais fazer isso. Eu não quero mais estar aqui. Eu não posso, eu estou esgotada.

_ Não, você PODE sim. As forças vêm de dentro, mesmo quando pensamos que não dá mais. Você não tem nada a que se agarrar? Nenhuma esperança?

_ O que eu tinha já acabou. Eu não consigo.

E então tudo ficou preto. Não me lembro de mais nada. Só sei que acordei em uma sala bem iluminada e com o rosto da mamãe em cima de mim.

_ Ela acordou! _ Gritou! _ Ai meu Deus, ela ACORDOU! Graças a Deus. Está tudo bem querida?

_... _ Eu não conseguia responder. Não tinha forças nem para falar.

Preto de novo. Desmaiei mais uma vez. Depois disso me lembro de ter uns apagões em poucos intervalos de tempo.

E então finalmente acordei de vez. Já estava em meu quarto na minha cama. Assim que abri meus olhos me deparei com cabelos loiros. Mas não era o MEU Caleb, era o menino desconhecido. O que ele fazia ali?

_ Rum rum _ pigarreei.

_ Ah, oi. Tudo bem com você? _ Ele era tão atencioso.

_ Acho que estou melhor do que hoje de manhã, né _ dei um risinho.

 _ Hoje de manhã? _ riu.

_ Como assim? _ Fiquei sem entender.

_ Ah, é mesmo. Pra você o tempo não passou. Você ficou três dias desacordados. Deixou sua mãe num desespero só.

_ É sério isso?

_ Seriíssimo, mocinha. _ Ouvi a porta abrindo e era a voz da Ellena. _ Há quanto tempo você está nessa situação?

_ Que situação, Ellena? _ Esse povo estava me confundindo.

_ Essa situação. Você estava desidratada.

_ Isso é impossível _ desconversei.

_ Não, não é. Pelo que consta você perdeu simplesmente 10 quilos em um mês. Você está maluca? _ Gritou essa ultima parte. _ Spencer, tudo bem, eu entendo que você que está mal, mas ficar sem comer é demais, amiga. Você não se entregou no começo, vai se entregar agora? Acho que você inverteu a ordem das coisas.

_ Eu não fiquei sem comer _ menti.

_ Spencer... _ Me lançou um olhar desaprovador como quem diz “Não adianta mentir que eu te conheço”.

_ Foi só um pouco. Eu não tinha vontade, ok? Acontece, mas eu não fiquei dias sem comer.

_Spencer, então como explica os dez quilos que você perdeu?

_... _ Silêncio. Eu não tinha como contestar contra isso.

_ Viu? Como você achou que conseguiria esconder isso? Estamos todos preocupados. O Elliot até desmaiou pensando que perderia a irmã.

_ Ah, ele se importa comigo? _ Fui sarcástica.

_ Já chega desse joguinho duro _ ela gritou. _ Você está fazendo muito mal pro seu irmão e você sabe disso. Não volta a falar com ele por um orgulho idiota.

_ Não Ellena, eu não volto a falar com ele porque ele realmente soube como me magoar. Não é orgulho, é defesa. A questão é, se você não sabe das coisas você não deve se intrometer. Para te informar, quando ele começou com a carreira dele nós dois fizemos uma promessa, nunca esqueceríamos um do outro e nunca deixaríamos de nos despedir, pois não tínhamos como saber se nos veríamos novamente.

_ Então aproveita esse tempo que você tem com ele, amanhã você pode não vê-lo mais.

_ Não. Pra mim ele morreu quando fez aquilo. É como se ele fosse viajar e sofresse um acidente, que dói ficar longe dele, mas que sei que não volta mais. Não consigo olhar pra ele e lembrar que ele quebrou a nossa promessa. Pra ele poderia ser algo sem valor, mas pra mim era muito sério.

_ Mas ele está tentando há muito tempo se redimir.

_ Eu não consigo agora, ok? Me dá um tempo. É muita coisa acontecendo comigo ao mesmo tempo.

Ela se retirou sem falar mais nada e eu fiquei ali moscando como sempre. O garoto loiro havia saído no meio da nossa discussão e eu estava sozinha. Beleza. Melhor assim, não preciso ficar forçando simpatia para todos. Adormeci. 


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