The Key escrita por Ronnie


Capítulo 18
Capítulo 18




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Depois de alguns minutos, avistamos Zack e Cristoff adentrando o galpão. Todos o olharam, como se esperassem uma resposta. Rostos ansiosos e aflitos.

 -O conselho disse que podemos. – falou Zack com um papel nas mãos e sorrindo, enquanto todos festejavam, menos eu.

 -Do que ele está falando? – disse, olhando ao meu redor e tendo que gritar para que Lira me escutasse.

 Vi Jessie e Ketlyn se abraçando e festejando, junto a todos os outros lideres.

 Lira parou com um sorriso enorme nos lábios, tocou meu ombro e me fez andar para longe da gritaria.

 -Zack e Cristoff estavam no escritório conversando com o conselho de Alídea, que são nossos pais, tios, avós... Porque acha que somos tão jovens? – disse ela com as mãos na cintura. Dei de ombros e ela continuou. – Todos aqui são os lideres, porque somos os melhores e porque somos filhos ou parentes dos melhores Líderes do mundo. – riu ela, se orgulhando de ser quem era. – O conselho permitiu que nós lutássemos pela segurança de Alídea.

 No momento em que ela disse aquilo, senti a onda de alegria entrar em meu peito, assim fazendo meus lábios se movimentarem para cima.

 -Isso é incrível! – falei com um grande sorriso e abraçando Lira.

 Provavelmente, se não deixassem, eu teria menos da metade dali para lutar ao meu lado contra Charlie. Aquilo era fantástico! Agora éramos mais de trinta líderes, assim sendo, mais de cem Líderes do mundo. Seríamos vários, contra alguns.

 -Eu sei! – falou Lira, enquanto todos comemoravam. Estávamos felizes de podermos ser úteis para salvar Alídea.

*

 -Mel, você tem que ser mais rápida! – gritou Zack, fora do tatame, ajoelhado e com uma das mãos no chão para se equilibrar.

 Eu já estava pingando de suor. Monik era incrivelmente boa com a magia e eu ainda não dominava todas as artes de uma Nirhaquiana, então, por mais que eu desse o melhor de mim, ainda não era o suficiente para combatê-la. Sem falar que ela viveu sua vida toda aprendendo técnicas de combate e tudo mais que se pode aprender sobre bruxaria, encantamentos e poções.

 -Ela... – arfei. – É muito forte... – eu já estava sem forças para lutar contra ela.

 Apesar de eu nunca dar o braço a torcer, eu não era de ferro.

 Monik era alta, com postura extremamente ereta, nariz empinado, cabelos pintados de azul presos em um rabo de cavalo baixo, óculos enormes que cobriam seus olhos negros, pele branca e deveria ter mais ou menos um e sessenta e três, era um pouco mais alta que eu. Apesar de parecer rude, essa era a sua postura de batalha, sempre calculista e esperta, prevendo cada movimento meu. Estava com uma varinha de uns trinta centímetros de madeira quase que negra.

 -Tem que encontrar forças dentro de você. – falou Monik, com a voz calma, porém firme. – É o que eu faço, porque estou muito cansada. – riu ela, como se fosse quase impossível vendo sua postura calma e relaxada.

 -Vou tentar... – disse, sentando-me no tatame.

 Respirei fundo e tentei não pensar em nada, felizmente consegui com facilidade. Com respirações lentas e calculadas consegui ouvir meu coração batendo forte e rápido, mas gradativamente ficando mais devagar e com ritmo parecido de minha respiração, não ouvia mais nada do lado de fora de meu corpo, só ouvia o soar de meu coração, junto com minha respiração. Eu não me sentia mais cansada, eu estava bem, muito bem, como se eu não tivesse acabado de lutar quase uma hora sem parar com Monik, a líder dos Bruxos.

 Abri meus olhos e a única coisa que vi foi Monik, completamente relaxada e despreparada, ela não havia percebido que eu tinha aberto os olhos, então mais que prontamente, me levantei e conjurei minha serpente.

 Em menos de cinco segundos minha Nirhak estava em seu pescoço, eu estava olhando no fundo dos olhos dela, captando cada movimento, cada feitiço que ela pudesse usar com as mãos, pois sua varinha estava jogada longe.

 Eu podia ver em seus olhos negros se transformarem em quase brancos, tentando usar o ápice de sua magia para me fazer sair de cima dela. Eu podia sentir o soar de seu coração e as batidas de suas pernas em minhas costas. Estávamos deitadas no chão, eu em cima dela, eu pude sentir um sorriso se abrir em meus lábios, até Zack me puxar de cima dela.

 -Melany! Você precisa e controlar! – falou ele me largando no chão, enquanto outros olhavam para Monik, se levantando com as mãos na garganta, arfando.

 Olhei para ele, um pouco desnorteada, percebendo o que eu acabara de fazer com Monik. Seu pescoço estava vermelho de tanto minha Nirhak apertá-lo.

 -Bom trabalho Mel! – falou Monik ao passar do meu lado, com um meio sorriso e a voz um pouco rouca, dando uma piscadela para mim.

 -Desculpe... – falei, me levantando, completamente sem jeito.

 -É isso que tem que fazer mesmo. – riu ela, indo para o vestiário.

 Fiquei olhando-a seguir seu caminho, mexendo em seu cabelo.

 -Você é muito forte, Mel... – ouvi a voz de Zack, me desvirtuando de meus pensamentos e me fazendo olhar para ele. –Tem que controlar mais isso. – falou ele com um grande sorriso e com os olhos pregados nos meus.

 -E como posso fazer isso? – falei, me levantando e ele fez o mesmo.

 -Meditando. – falou ele por fim, ao sair e me deixar ali, no meio do tatame, vendo todos irem para o vestiário.

 Reparei que estava começando a ficar sozinha, então me sentei no tatame, encostei meu queixo em meu joelho e comecei a pensar, mas não pensar em alguma coisa, somente concentrei meus olhos em uma folha que estava caída a uns passos de mim, a encarei e comecei a pensar em nada.

 Eu costumava fazer aquilo em casa, quando estava sozinha e papai e mamãe haviam ido trabalhar. Eu sempre detestei ficar sozinha, sempre deu um sentimento de solidão, vazio, ausência. Mas, ultimamente não tem sido tão ruim, considerando o estado das coisas, ficar sozinha era sempre bom, mas tudo que é bom, tem que acabar uma hora.

 -Mel? – senti uma mão pesar em meu ombro direito.

 Imediatamente olhei para cima e encarei o rosto perfeito de Cristoff.

 Seus olhos pareciam sinceros, de um vermelho suave e com um leve meio sorriso nos lábios.

 -Hm? – falei, me levantando rapidamente e o encarando, vendo que só estávamos eu e ele ali.

 -Quer dar uma volta comigo? – perguntou ele com um sorriso nos lábios. Parecia ansioso com a resposta e eu queria sair com ele sim, mas não queria que ficasse muito na cara que eu queria. Sempre tive vergonha de demonstrar meus sentimentos, sempre fui muito quieta quando se trata de sentimentos e aquilo pareceu um convite formal, tipo de filmes de romance em que os homens pedem a mão das noivas em jantares com vinho e tudo mais... – Quer? – ouvi a voz de Cristoff, cortando meus pensamentos interiores e lembrando que eu tinha ficado quieta todo aquele tempo.

 -Sim, quero. – falei apressadamente e de forma estabanada. Ele sorriu.

 -Ótimo! – falou ele.

 -Vou só trocar de roupa e tomar banho e escovar os dentes e prender o cabe... – eu estava ficando nervosa e geralmente, quando fico nervosa, falo o que eu não devo.

 -Tudo bem... – disse ele colocando as mãos em minhas bochechas com um sorriso fofo.

 -Vou lá... – disse me virando e indo até o vestiário.

 -Eu sou muito retardada mesmo... – sussurrei para mim mesma, mas escutei o risinho de Cristoff, o que quer dizer que ele ouviu.    


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