Revelação

Capítulo 12: Beijos

   Hermione mexeu-se nos braços de Tom. Ele abriu os olhos. Na verdade já tinha acordado há algum tempo, mas aquela posição era tão boa que ele não quis se mexer. Olhou para a castanha em seus braços. Ela estava acordando. Na câmara secreta, por ser no subsolo, não sabia se era dia, ou noite, mas presumia que fosse de manhã.

   Hermione sentia um peso sobre a sua cintura. Ela adormecera junto de Tom. Era possível que ele estivesse com ela até agora? Mesmo que ultimamente tenha começado a confiar nele, não achava que ele fosse capaz de dormir junto dela. Uma sangue-de-lama. Uma nascida-trouxa da Grifinória, amiga do Potter. Mesmo que ela tivesse decidido ir para o lado dele, não era comum que ele a consolasse e que adormecesse ao lado dela. Era tão... Insano.

   Ela abriu os olhos. Não aguentava mais a dúvida. De fato, ela estava deitada sobre Tom, que tinha um braço ao redor dela. No sofá vermelho. Ele havia fechado os olhos novamente, talvez para fingir surpresa. Ele a acariciava automaticamente. Como se tivesse feito isso à vida toda.

   Hermione estava analisando-o quando este abriu os olhos, revelando a íris cinza. Ela sentiu o rosto esquentar. Tentou se desvencilhar dele, por vergonha, mas Tom a impediu. Agora dois braços a seguravam firmemente pela cintura, como se tivesse medo que ela fugisse.

-Bom dia. – Ela murmurou com a cabeça baixa.

-Bom dia. – respondeu ele, um pouco mais alto.

-Ah... Obrigada, Tom. – Gaguejou ela – Por ontem à noite.

Ele assentiu levemente.

   A castanha percebeu que ele não pretendia soltá-la tão cedo, então deixou a cabeça se recostar na curva do pescoço dele novamente. Ainda tinha o mesmo cheiro de sândalo e lavanda. O mesmo que sentira na noite anterior. O mesmo que sentira na Amortentia. Ela não estava sonhando.

   Ela estava deitada junto com o Lorde das Trevas na sua forma humana. Na noite anterior, fora consolada por ele. Haviam dormido abraçados naquele sofá. Ela o agradecera. Mas ele não queria que ela fosse. Tom não a soltara. Ele queria que ela ficasse ali. E ela não queria sair dali tão cedo.

Alguém está apaixonada! Uma vozinha na cabeça da grifinória falou.

   Hermione sentiu o seu sangue gelar, o coração acelerar e um frio na barriga. Não podia ser verdade, podia?

   Ele a consolara. Eles dormiram abraçados naquele sofá. Ela o agradecera. E ele não a deixara ir. Queria que ela ficasse. Ela não protestou o que significava que ela também gostaria de ficar ali com ele. Ele não queria ir embora, nem se afastar dela.

Alguém está apaixonado! Uma vozinha no interior da cabeça de Tom falou.

   Não podia ser verdade, ou podia?

                                                               ***

   Eles permaneceram ali. Nenhum dos dois protestou. Até que Hermione percebeu uma coisa:

-Tom! – Ele a olhou e ela prosseguiu – Tenho que voltar antes que os alunos voltem do passeio.

Ele a olhou por um tempo e assentiu.

   Eles se levantaram e deram um jeito na roupa amassada depois de uma longa noite de sono. Hermione ajeitou os cabelos que haviam ficado assanhados e virou-se para sair da câmara, mas as mãos de Tom foram mais rápidas.

   Ele a segurou e a virou de forma que os narizes quase se encostavam. Estavam muito próximos. O batimento cardíaco de ambos acelerou ao notar a proximidade. Eles se aproximavam instintivamente. Faltavam alguns milímetros que Tom extinguiu. Hermione aprofundou o beijo, enroscara seus dedos nos cabelos de Tom e o puxara para mais perto. As mãos dele passeavam pelas costas da castanha. Separaram-se algum tempo depois devido a falta de ar. Ambos desejaram não precisar de oxigênio naquele momento.

   A ficha caiu quando ambos abriram os olhos. Deram-se conta do que haviam feito. Mas não se afastaram. Apenas se encararam, estáticos. Tom a soltou e ela disse:

-Até mais, Tom.

   Ela sorriu e andou até a saída da câmara.

-Até mais, Hermione. – Ele disse.