Depois de esbarrar com Alberta, separei-me de Dimitri e corri para o dormitório dampiro, com cuidado para não ser apanhada por algum guardião. Ao chegar ao meu quarto, fecho a porta e deslizo por ela até está sentada no chão.

-Posso saber onde passou a noite? – Perguntou Lissa sentada em minha cama. Dei um salto e me pus de pé rapidamente. A mão amparando o peito que subia e descia descompassado.

-Puxa Lissa! Você me assustou!

-E você não respondeu minha pergunta. Onde você estava? Já estava a um triz de chamar Alberta, para ela ir atrás de você.

-Como entrou em meu quarto? – Perguntei parada, olhando para ela que também me encarava.

-Não mude de assunto. Entrei do meu jeito. Onde esteve?  Deixou-me preocupada – O meu dilema agora era: dizer ou não a verdade? Ela já sabia de uma parte mesmo.

-Eu estava com Dimitri – Disse. A boa dela se abriu em um “O”.

-Como assim? Com Dimitri? Do tipo... Você dormiu com ele? – Perguntou ela atônita. Concordei com a cabeça. – Ah meu Deus Rose! Não acredito. Você... Transou com ele?

-Você quer detalhes Lissa? – Ela permaneceu chocada, a mão sobre a boca, o rosto paralisado. – Não vejo nada demais Lissa.

-Como assim nada demais Rose? Ele é o seu professor! Mais velho! Não vejo como Dimitri pôde cair nisso!

-Cair nisso? Você está dizendo que o seduzi? Ah! Você está dizendo que eu o levei para a cama? Agora eu sou a culpada? Por favor, não é Lissa? – Revirei os olhos e sentei na cama, quando ela levantou e ficou andando pelo quarto na minha frente. Finalmente ela se aproximou da porta e a abriu, saindo logo em seguida. Fiquei sentada na cama, as mãos apoiando a cabeça, que de repente ficou pesada demais. Agora minha amiga estava contra mim. Não acredito nisso! Olhei para o relógio e já estava na hora de ir para a aula. Mudei de roupa e saí pelos corredores. Só quando saí do quarto percebi, como um choque, o que tinha acontecido na noite passada. Eu e Dimitri! As coisas tinham realmente ficado sérias. Expulsei o pensamento de minha mente e segui para as primeiras aulas do dia, que eram história e russo. Al últimas aulas eram de treinamento.

Para minha agonia o dia tinha passado se arrastando, e depois de demorar anos, finalmente chegou a horas das melhores aulas do dia. O treinamento. Andei apressadamente pelo campus. Chegando no centro de treinamento, estanquei. A dúvida, o medo, a insegurança... Tomaram conta de mim. De repente pensei nas palavras de Lissa. Sobre ele ser meu professor... Eu realmente estava mexendo com fogo. Mas eu não iria me queimar. Estava certa quanto a isso. Entrei no centro e meus olhos paralisaram na cena a minha frente.

Dimitri estava atrás de Rai, uma das garotas da minha turma. Parecia que ele estava orientando ela na sequência. Mas eu sabia muito bem que não era aquilo que ele estava fazendo. Ele estava dando em cima dela! Depois de tudo que nós passamos na noite de ontem! Desviei-me da cena e fui me alongar para começar o treino.

O tempo parecia estar tirando uma com a minha cara. O treinamento tinha se arrastado mais que o dia inteiro. E ainda tive que aturar aquela cena de Dimitri e Rai no maior clima e sorrisos. Era demais para mim, mas não ia ficar daquele jeito. Eu iria tirar as devidas satisfações. Ao término do treinamento, esperei todos os alunos saírem, até que só restassem Dimitri e eu no centro. Quando ele deu um último sorriso para a sem sal e fechou o portão, comecei a falar.

-Então é isso que você faz não é? - ElE nque voce se virou para poder olhar para mim. Uma expressão de surpresa estava em seu rosto.

-O que eu faço, posso saber? – Perguntou ele, a dúvida agora tomava conta de sua face.

-Isso que estava acontecendo aqui mais cedo. Você e a Rai.

-Nada demais. Treinamento entre aluna e professor. Você que viu coisas demais.

-Aham, como se eu não te conhecesse o suficiente.

-E você não conhece Rose. Você pensa que me conhece o suficiente. Mas ainda não sei aonde você quer chegar. – Falou ele os braços cruzados sobre o peito, uma das sobrancelhas arqueadas.

-Não se faça de idiota Dimitri. Já sei o que você faz. Seduz as alunas, as leva para cama e depois vai atrás de outras.

-Você acha que faço isso Rose? – Perguntou ele, aproximando-se de mim, cada vez mais. Uma das sobrancelhas arqueadas.

-Acho.

-Mas você gostou de ontem não foi? – Perguntou ele, um olhar malicioso. Seu corpo agora a centímetros do meu.

-Se você também gostou, por que estava agarrando a Rai hoje?

-Está com ciúmes? – Eu estava bastante consciente da proximidade dele. As mãos dele foram para a minha cintura, e eu já podia sentir aquele arrepio subindo pelo meu corpo.

-E se estiver?

-Não deveria. –Ele fez uma pausa e meu coração veio para a boca. Estava na esperança de que ele dissesse que eu não deveria ter ciúmes, porque ele só pertencia a mim, e a mais ninguém.

-Não?

-Não.

-Então por que... Não entendo. Então por que você estava  com a Rai? Estava tentando causar ciúmes em mim? É isso? – Parabéns você conseguiu, quase que falei, mas fiquei calada.

-Rose, nós não temos nada – Tapa na cara. – Por isso você não deveria ter ciúmes. Ou você achou que depois d eontem nós teríamos algo a mais? – Ele continuou me olhando, suas mãos ainda pousadas em minha cintura, e pela expressão que coloquei no rosto, acho que ele tirou as próprias conclusões. – Sua cara já diz tudo. Foi só uma noite Rose. Como se diz? ... Um equívoco. Foi muito bom, mas foi só uma noite. Se você pensou que teríamos algo a mais, pensou errado. – Eu passei a sentir nojo do toque dele, e me afastei. Ele deixou as mãos caírem ao lado do corpo. – Agora acho melhor você ir, ou terá problemas com os guardiões do dormitório.

Calada eu estava, calada eu fiquei. Virei-me e saí do centro de treinamento, deixando a porta aberta. Imbecil! Mil vezes imbecil! Eu já não sabia se estava xingando a mim mesma ou a Dimitri. Fui direto para o meu quarto e fiquei lá até dar a hora do jantar. Minha mente vagava entre a noite de ontem e na breve conversa com Dimitri. Ainda não acreditava no que ele tinha dito, não depois da noite que passamos da forma como ele me olhava, da forma como ele foi cuidadoso, da forma como me tocou... Mas agora, eu tinha mesmo é que pensar na minha vingança.

Semanas tinham se passado. Olhares intensos ainda eram trocados entre Dimitri e eu. Tinha contado para Lissa o que tinha acontecido entre mim e DImitri, e contei da nossa conversa. Como a boa amiga que era ela disse o famoso “bem que eu disse”. Depois do sermão dado ela perguntou:

-E você não está triste?

-Não – E era verdade. Com raiva sim. Triste não. Ele tinha me magoado, mas eu sabia que ele voltaria, e o que era dele estava bem guardado. O que ele tinha dito só serviu para surtir um efeito em mim. E ele veria o efeito que tinha causado.

Hoje Kirova daria um aviso geral no grande salão, então todos os alunos estavam se dirigindo para lá. Enquanto eu caminhava pelas corredores esbarrei com Adrian.

-Ei! Cuidado dampirinha – Sorriu ele.

-Desculpe-me Adrian – Falei sorrindo sem graça. Voltamos a andar lado a lado.

-Que nada. Bem que você poderia esbarrar em mim de vez em sempre – Disse Adrian, os olhos verdes brilhando. Bati em seu braço de brincadeira, e seguimos em silêncio, até encontrar Christian, sozinho. – Hey Christian! Onde está Vasilisa?

-Eu iria perguntar a você Rose. – Disse ele com um ar entediado.

-Quando falei com ela, ela estava no quarto. Não deve demorar em chegar aqui. – Enquanto esperávamos Lissa e Kirova começar com o seu aviso, Adrian e eu permanecíamos lado a lado, com os braços entrelaçados. Até que avistei Dimitri do outro lado do salão, perto de Alberta, me encarando. Os olhos castanhos estavam fixos em mim. Permaneci mantenho o contato até que Lissa chegou e minha atenção se voltou para ela. Lissa deu um beijo em Christian e se voltou para nós.

-Perdi alguma coisa?

-Nada em especial – Disse Adrian.

Alguns minutos depois Kirova entrou no salão, e começou seus avisos. Eram coisas que já sabíamos, estava apenas relembrando... Até que o assunto seguinte serviu para mim.

-Os alunos dampiros, de agora em diante só terão treinamento intensivo em todos seus horários. – Dava para escutar muito bem os murmúrios dos alunos aprendizes. – Silêncio! Ainda não concluí. O motivo disto ocorrer, é que a corte está precisando de guardiões, assim como muitos Moroi.

-Assim como eu – Disse Adrian sussurrando em meu ouvido. Revirei os olhos para ele.