Harry’s POV

Eu estava saíndo de uma casa notura que Zayn tinha me indicado. Sinceramente, ele conhece cada lugar mais estranho do que o outro! Esse ficava numa área mais afastada e estranha de Londres. Como já eram quase três da manhã, as ruas estavam completamente desertas.

O lugar estava me dando arrepios, então eu quase tive um infarto quando passava por um daqueles becos de filme de terror e escutei um choro baixo. Antes que pudesse ter um piripaque ou coisa do tipo, peguei o celular para iluminar. O apontei para a direção de onde vinha o choro. A pessoa se encolheu no chão ainda mais com a claridade, e os soluços aumentaram. Me surpreendi ao perceber que era uma menina.

Ainda com um pouco de medo, me aproximei. A cada passo, a menina parecia chorar mais. Me ajoelhei na sua frente.

– Tudo bem?... Espera, não responde, é uma pergunta idiota. – me sentei ao seu lado, e o chão quase me congelou - Posso ajudar em alguma coisa princesa?

Encostei levemente uma mão em seu ombro, ela tentou falar, mas os soluços era muitos. Sem saber direito o por que de estar fazendo isso, a abracei, percebendo que o seu pequeno corpo tremia muito, por causa do frio.

Tirei o meu casaco e coloquei em volta dela.

– Por que não me diz o que posso fazer pra ajudar hein?

– Por favor, apenas.. me tire daqui, por favor... Me tire... Ele vai voltar... Por favor... não deixe... ele... eu achei que estava livre... mas eles, vão vir todos atrás de mim... São monstros... – ela continuou balbuciando coisas estranhas, até eu a interromper.

– Ok, eu te levo para... outro lugar. Vamos. – a ajudei a levantar, ela parecia muito fraca. – Hey, qual o seu nome? – falei para preencher o silêncio das ruas desertas.

Agora com a claridade dos postes, pude notar que ela era surpreendente bonita, apesar de todo o maltrato.

– V-Victoire... Victoire Collins

– Prazer Victoire, meu nome é Harry – abri a porta do carro e a ajudei a sentar. Lembra quando eu disse que a rua estava deserta? Pois é, eu estava enganado, por que assim que eu sentei no banco do motorista, uns três flashes seguidos me cegaram.

Arranquei o carro, ao mesmo tempo que ligava o aquecedor.

Enquanto dirigia, notei que Victoire me observava.

– Que foi? – falei rindo da sua cara de concentração, mas ela continuou séria.

– Eu... te conheço de algum lugar?

– Provavelmente, meu nome é Harry Styles, faço parte da...

– One Direction, agora eu lembrei. – abaixou a cabeça. Depois de uns dez minutos ela levantou e deu um sorriso triste – minha irmã era muito fã de vocês...

– Era? – me arrependi no mesmo instante, pois ela recomeçou a chorar silênciosamente. – Me desculpa, eu...

– Não se preocupe. Ela... morreu a... dois dias atrás – ela me olhou com lágrimas nos olhos, e eu senti um aperto no coração.

– Não precisa continuar se quiser.

Ela respirou fundo.

– Tudo bem, você está me ajudando né? Tem o direito de saber o que me levou a... Ok, meu... pai a matou... e eu fugi de casa por medo de ser a próxima, afinal ele também matou a minha mãe. Nós éramos gêmeas. Ela, a Emily sempre falava que um dia iria se casar com você. – sorriu tristemente – Por mais que nós tenhamos sofrido nas mãos do meu pai, ela sempre sorria ao escutar alguma coisa relacionada à vocês. Emi falava de vocês o tempo todo, e aquilo chegou a me dar nos nervos, mas não dizia nada, pois sabia que aquilo a deixava feliz.

Aquilo me tocou de várias maneiras diferentes. Não sei se pela história triste daquela garota que acabara de conhecer, ou pelo carinho que a sua irmã tinha pela gente.

– Eu realmente sinto muito.

– Até aí tudo bem... Eu achei que estaria livre dele. Morrer de frio e de fome... até valeria à pena, contanto que eu ficasse longe dele... Mas aí esse cara apareceu hoje e me fez relembrar tudo o que eu tentava esquecer, me fez reviver, me fez sentir tudo de novo...

Ela tinha sido... A olhei horrorizado.

– Você não está acostumado com isso né?

– Você está? – minha voz saiu estranha devido ao choque.

– Nada demais, acontecia regularmente, quase todos os dias. Normal.

– Normal? Normal! Esse seu pai é um monstro. Como alguém tem coragem de fazer isso? Meu Deus!

– Você não sabe nem da metade... Por causa dele, eu me sinto um verme sujo e sem valor desde os meus treze anos.

– Você não deveria ter deixado ele fazer isso. Porque nunca falou nada pra polí...

– Você não sabe o que ele me obrigava a fazer contra a minha vontade. Não sabe como era horrível, como eu me sentia horrível. Você não sabe porque nunca passou por nada nem parecido por isso. Você é só mais um cantorzinho metido a besta com a vida toda aos seus pés – ela gritava na defensiva e chorava ao mesmo tempo.

– Você. Não. Me.Conhece. – falei com a raiva borbulhando no meu tom de voz.

Ela ignorou o que eu disse e ficou em silêncio.

Continuamos em silêncio até chegarmos no meu apartamento.

Victoire’s POV

O que se passava pela minha cabeça? Aceitar ajuda de um completo estranho… Tudo bem, ele não é completamente estranho, mesmo assim, continuava sendo muito desconfortável.

Mas como eu não estava nas condições de rejeitar a boa-vontade desse estranho, o jeito foi deixar que esse sujeito me ajudasse.

Mantive minha cabeça abaixada enquanto nós esperavamos o elevador abrir no andar de Harry. Ele me observava com uma expressão estranha.

– Me desculpa pelo o que aconteceu no carro , é que...

– Não se preocupe – ele falou balançando a cabeça – eu fui indelicado. Eu realmente não sei de nada que você passava e devia ter ficado com a minha boca fechada e...

– E eu também não sei nada sobre você pra falar qualquer coisa ao seu respeito – ele me lançou um olhar profundo.

– É muito fácil julgar as pessoas quando não sabemos pelo o que elas passam.

“Your daddy's not a hero, He stole your chariot”