P.O.V Selena

 Justin logo levantou e passou a mão direita na boca olhando meu pai com raiva. Ele tentou dar um soco no olho do meu pai, mas o efeito da bebida ainda estava agindo o que o fazia cambalear e só tentar se defender. Meu pai foi mais uma vez pra cima dele, o empurrando na parede e socando seu olho mais uma vez. Eu gritava apavorada para os dois pararem e as lágrimas já rolavam do meu rosto, Brandon ficou me segurando me impedindo de tentar ir separar a briga.

__PAREM! POR FAVOR, PAREM! – Disse conseguindo me soltar dos braços de Brandon e tentando afastar meu pai de perto do Justin, que já estava no chão novamente tentando se recompuser. Empurrei meu pai para perto da parede, depois só senti tudo girar e o meu corpo se chocar com o chão gelado da sala. Eu não conseguia ver ou entender nada, só sentia meu rosto arder e as lágrimas ainda rolarem descontroladamente pelo meu rosto.  Vi uma imagem desfocada do Justin se levantando e indo novamente pra cima do meu pai.

__VOCÊ TA FICANDO LOUCO? – Justin gritou e dessa vez conseguiu acertar um soco no canto da boca do meu pai – VAI BATER NA SUA FILHA AGORA? – Aí a ficha caiu. Meu pai me deu um tapa no rosto logo depois que eu o empurrei. Não conseguia acreditar e a visão de um Justin todo machucado me ajudando não melhorava nada.

__ A FILHA É MINHA E EU ESCOLHO O QUE VOU O NÃO FAZER COM ELA, FICA NA SUA, SEU PIVETE! – Meu pai gritou limpando o canto da boca que agora sangrava. – VAI EMBORA DAQUI, SOME DA MINHA CASA E DA MINHA FRENTE! – Justin ia abrir a boca pra dizer algo, mas meu pai o impediu e o arrastou pelo braço até a porta. – AGORA! E SE VOCÊ NÃO FOR, VAI SER BEM PIOR PRA VOCÊ! – Justin me olhou uma última vez e pude ver uma lágrima escapar pelo canto do seu olho. Ele soltou brutalmente o braço que estava sendo preso pelo meu pai, virou as costas e foi embora. Em menos de um minuto depois, pude ouvir o barulho do seu carro arrancando dali.

Eu ainda chorava descontroladamente e só conseguia sentir um sentimento pelo meu pai: Repulsa. Saí correndo até meu quarto e bati a porta com tudo a trancando, antes de qualquer um vir atrás de mim. Joguei minha mala aberta na cama e fui jogando todas as roupas que já estavam no guarda-roupa dentro dela. Ainda estava muito tonta por conta da bebida, mas mesmo assim continuava “organizando” minhas roupas. Coloquei as do Justin em outra mala e depois de alguns minutos sentada no chão chorando até não sobrar nenhuma lágrima para escapar, saí do quarto. David, Priscilla e Brandon já haviam ido embora e meus avós estavam na igreja. Estávamos apenas eu e meu pai na casa, mas por pouco tempo. Eu tinha a intenção de sair sem que ele me visse, mas isso não deu certo, pois ele estava sentado no sofá já com um curativo no rosto e com uma xícara de café na mão.

__Aonde você vai? – Ele disse com a voz baixa, mas ainda rígida.

__Pra algum lugar bem longe de você! – Disse com um tom de voz mais alto do que o dele e já deixando uma lágrima, de raiva e tristeza, escapar.

__Minha filha, por favor, fica mais um pouco... Precisamos conversar! – Ele levantou os olhos na minha direção e os arregalou vendo o quanto meu rosto estava inchado por causa do tapa que tinha levado dele.

__Conversar sobre o que? – Disse o olhando decepcionada. - Sobre como você passou os últimos cinco anos me vendo uma vez por ano ou nem isso, e mesmo assim se sentiu no direito de bater em uma das pessoas mais importantes pra mim hoje em dia?

__Selena... Eu sei que ele não está te fazendo bem, eu sinto que... Você está mudando e ele não é bom o suficiente pra você, eu acho que... – Não conseguia engolir uma sequer palavra que saía da boca dele, como ele podia falar tudo isso, sem saber de absolutamente nada?

__Você não sabe de nada! Você não sabe de nada sobre mim pra saber se eu mudei ou não e você NÃO tem o direito de achar nada sobre os meus relacionamentos!

__Me-Me perdoa, é que é difícil ver você crescendo e tendo cada vez menos espaço pra mim e... Sua mãe colocou outro em meu lugar e agora você também, parece que estão vivendo muito melhor sem mim por perto...

__Como você ousa falar isso? Foi você que nos deixou! Você sabe o quanto era difícil ser uma criança e ter que descobrir sozinha porque você simplesmente parou de ir pra casa? Você acha que eu era feliz vendo minha mãe chorar todos os dias por você e por todos os problemas que ela tinha que lidar sozinha? – Fechei os olhos e deixei algumas lágrimas escaparem, mas logo as limpei – Eu realmente estou feliz agora sem você, porque eu aprendi a viver sem sua presença, pai. Eu esperei por pelo menos dez anos você voltar e isso nunca aconteceu. Então eu só resolvi seguir em frente que nem mamãe fez.

__Eu nunca tive a intenção de te machucar, filha. Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, é a minha princesinha, eu nunca quis te perder. Eu só queria voltar no tempo e fazer tudo diferente...

__É, mas você não pode! Você não pode recuperar algo que nós nunca tivemos e eu não posso te perdoar por um erro que você nem sequer esteve presente pra cometer!

__Te ver de coração partido, me mata por dentro. E é disso que eu tenho medo, e se ele te machucar? E se aquele garoto te fizer sofrer? Eu nunca vou me perdoar por não ter te afastado dele a tempo.

__Muitas pessoas já partiram meu coração e você mesmo está fazendo isso agora tentando me separar de uma coisa que me faz feliz! – Suspirei e encarei no fundo dos seus olhos, ele podia ter errado várias vezes, mas continuava sendo meu pai. – Justin já me fez sofrer sim pai, e isso pode acontecer mais vezes, com ele ou com outra pessoa. Mas é isso que me faz ser quem eu sou hoje e eu sou feliz com isso. Eu sou muito feliz com ele. Parece que, desde que ele apareceu tudo está fazendo sentido na minha vida. E eu não posso o deixar escapar de novo.

__Não acredito que você cresceu tão rápido... – Ele sorriu limpando uma lágrima que contornou seu rosto, eu nunca tinha visto meu pai chorar. – Acho que estou sentindo orgulho de você, e não é por causa de seu talento... Você é igual a sua mãe... Determinada, graciosa... – Mais algumas lágrimas escaparam dos seus olhos e eu sorri chorando junto com ele. Limpei as lágrimas do seu rosto e o abracei. Ele afagou meus cabelos e nós ficamos assim por um bom tempo. Ele podia ser durão, explosivo, teimoso, mas ele era o meu pai. E se eu não amar e perdoar ele, eu não vou conseguir perdoar nenhum outro homem em minha vida. Depois tomei um banho e coloquei uma roupa confortável. Fui até a sala e meu pai estava todo vestido com o uniforme do time de basquete dos Spurs, ele estava muito engraçado com o rosto todo pintado com as cores do time e aquelas mãos de espuma gigantes.

__Estava pensando... Você quer ir à final comigo hoje? – Ele sorriu e mostrou dois ingressos para o jogo de hoje à noite. Ele sabia que eu era fanática por basquete, afinal foi ele quem me ensinou.  

__Me deixa pensar... SIM! – Ri e ele me acompanhou. Fui colocar a blusa do time e prendi o cabelo. Uma hora depois estávamos saindo de casa cantando as músicas do meu último CD.

(...)

Chegamos a casa, exaustos de tanto gritar e rir. Eu não sei como, mas alguns paparazzis descobriram que eu estava no Texas e nos seguiram até o local do jogo. Mas os seguranças de lá não deixaram eles entrar a pedido meu. Estava realmente feliz em passar um tempo com meu pai, porque tinha feito isso poucas vezes. Dei boa noite para meu pai e resolvi ir dormir. Mas antes entrei no computador. Entrei no Twitter e tinham muitas fãs do Justin surtando de preocupação. Meu coração acelerou na hora, ele podia ter sofrido um acidente de carro ou ter sido apreendido pela polícia. Entrei em um link que achei e eram fotos recentes de Justin tiradas por paparazzis. Eram de hoje, na verdade. Ele estava no aeroporto vestindo um casaco com capuz mais um boné, e andando com a cabeça baixa. Pra esconder os machucados, claro. Mas em algumas fotos, dava pra ver o olho dele inchado e roxo e a boca dele levemente machucada. Era por isso que as meninas estavam preocupadas. Bom, eu também ficaria e na verdade eu estava preocupada com ele. Queria voltar correndo e ir cuidar dele, mas queria aproveitar, mas um tempo com meu pai. Mandei uma mensagem pro Justin perguntando se estava tudo bem e ele logo respondeu que sim. Depois mandei outra dizendo que queria vê-lo, então nós decidimos fazer uma chamada pelo Skype. As chamadas com Justin sempre eram engraçadas e me faziam sorrir que nem boba. Fazíamos isso em 2010 quando ainda éramos melhores amigos e apesar de estar sofrendo pelo Nick naquela época, Justin sempre me fazia bem. Eu disse pra ele que queria voltar, mas ele insistiu que eu ficasse pelo menos até o final de semana com meu pai, porque essa semana ele iria estar cheio de coisas pra fazer. Estava morrendo de sono, pois não tinha dormido nada desde que chegamos da balada de manhãzinha, mas mesmo assim não queria encerrar a chamada. Eram umas três horas da manhã quando o Justin também estava quase caindo em cima da tela e nós resolvemos ir dormir.

Uma semana depois...

Acordei com a claridade invadindo meu quarto e rolei na cama com preguiça. Hoje era domingo, e meu voo estava marcado para o meio dia. Por um lado não queria voltar, mas ia começar a gravar um novo filme amanhã e por questão de negócios (e Justin) tinha que ir embora.  Coloquei uma roupa confortável, mas ao mesmo tempo apropriada pra ocasião. Afinal ia chegar a Los Angeles e ia direto pra casa do Justin, pois iriamos sair com Ryan e Ashley ( http://24.media.tumblr.com/tumblr_m8jsg6Yd7J1r5q16ko1_500.png ). Meu pai fez questão de me levar até o aeroporto e me despedir dele foi muito difícil.

(...)

Desci do avião e caminhei rapidamente até o carro que me aguardava, ignorando todos os paparazzis que me perseguiam e insistiam em falar coisas idiotas. Quando cheguei à casa de Justin um sorriso logo brotou em meu rosto, era tão bom estar de volta! Apertei a campainha algumas vezes, estava animada para ver aquele rosto perfeito de novo. Eu sabia que algum empregado que iria atender então nem estava dando muita importância. Mas, estava enganada. Justin abriu a porta com uma cara de sono que o deixava mais lindo do que ele já era. Seu cabelo estava todo bagunçado e ele usava só uma bermuda vermelha deixando aquele lindo abdômen a mostra. Ele sorriu assim que me viu e eu pulei nos braços dele. Como eu sentia falta daquele cheiro, daquele corpo, de tudo.