Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 34
Anotação n°33


Notas iniciais do capítulo

Gente , se vcs estão gostando da fic , gostaria muuito q vcs dessem uma olhada no meu e-book que acabou de ser lançado [http://mojobooks.virgula.uol.com.br/mojo_inteira.php?idm=337]. Espero que leiam e q gostem *-* Beijos a todos (L)



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Corri o mais rápido que pude. Corri com medo, com fúria e com a incredulidade tomando conta de todo o meu cérebro.
Medo por parte de Joseph, que à essa hora já estaria esperando-me de cinta na porta de casa; a fúria era por parte das frases:

“Seus olhos eram verdes, Gerard. Verde-desbotado.”
”Cinza!”

Cinza!!! Como eram cinza?! Não poderiam ser.
Frank.
Isso tudo se juntava e formava a minha parte incrédula. A parte que me movia em direção ao portão de casa e o escancarava com mais força do que a necessária, e que batia a porta sem dó, muito menos piedade.
Eu não queria nem saber se Joseph estaria sentado na merda da poltrona com sua droga de jornal, porém eu o procurei. Ele não estava.
- Não é possível... – sussurrei, com os olhos fechados e os punhos apoiados na parede.
Lembro que eu inspirava devagar, tentando manter o controle, tentando esquecer a hipótese que tanto me perturbava.
- Frank? Você seria capaz de matar a minha menina, seu cretino?
Balancei a cabeça e reordenei meus cabelos para trás. Eu precisava me distrair.
Corri para o quarto e encarei o relógio, mas os minutos não importavam mais. Meu corpo entrara em colapso. Wolverine afrontou-me com uma expressão fria, de desapontamento, pronto para mutilar-me a qualquer momento. Era isso o que eu mais desejava. Ele usava suas garras para apontar para algo, e quando fui ver era uma toalha.
Banho, uma saída de emergência.

O banheiro era a pior parte de casa. Tudo era muito branco, e a luz era tão forte que qualquer um que atrevesse encará-la teria convulsão um segundo mais tarde. E é lógico que eu não ousei ligá-la, a luz que fugia da porta aberta já era o bastante para que eu não morresse.
Tirei a roupa com violência, tentando não encarar o espelho. Eu não gostava dele, muito menos ele de mim, mas algo foi mais forte. A primeira coisa que notei foram meus olhos. Estavam verdes, como sempre, ou como nunca. Era um verde-desbotado, um verde que eu presumi que odiaria pro resto da minha vida.
Acho que aquele foi o meu primeiro banho que tomei de olhos fechados.
- Gerard?
Do banheiro dava para ouvir os passos de Joseph ecoando por toda a casa, e a última coisa que eu queria era ouvi-los.
- Arthur, você está aí??
- No banheiro.
Peguei a toalha e me enrolei pronto para correr ao meu quarto, e ao entrar lá deparei com meu pai sentado na cama, pensativo. E estranhei pelo simples fato dele nunca entrar em meu quarto.
- Eu não sabia que o senhor estava aqui... – murmurei do lado oposto da cama, com remorso por ter deixado a roupa toda no banheiro. Assim, com ele parado onde estava, ficaria difícil sentir-me à vontade.
- É difícil encontrar seu quarto nessa ordem toda. Parabéns.
Assenti, apertando a toalha no quadril, e um longo silêncio entendeu-se sobre nós, mas tive que cortar:
- O senhor vai ficar me olhando enquanto eu me troco?... – murmurei inquieto.
- Ah, é verdade – Joseph sorriu sem jeito. - Eu vou pra sala.
- Tá bom...
Ele levantou-se e me encarou. Observava-me com uma ponta de desprezo, ou de compaixão, seja lá o que for. E antes de fechar a porta perguntou como se sua repulsa e comoção tornassem-o imune a qualquer presságio:
- O que houve com seus olhos?
Virei a cara para a parede, ouvindo o baque surdo da porta atrás de mim. Essa seria uma das perguntas que eu não teria resposta tão cedo.


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