Dos Diários de Marian Stanford escrita por hgranger


Capítulo 6
Origem - Capítulo 5 - Mais fogo




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Marian acordou ao som de gritos abafados. A princípio pensou que estava tendo pesadelos, mas aos poucos foi recobrando a consciência, e percebeu que não estava mais dormindo. Ouvia gritos, sim, e sentiu cheiro de fumaça. A adrenalina a despertou de vez, sentiu um gosto amargo na boca. Procurou a faca que carregava ontem e a encontrou entre as dobras do vestido cinza. Esgueirou-se até a janela e viu, com uma horrível impressão de deja vu, soldados ingleses, com seus uniformes vermelhos, perseguindo e matando os camponeses que restavam na vila. Marian sentiu lágrimas de cansaço e desespero subindo e nublando-lhe as vistas. O mais silenciosamente possível aproximou-se da porta dos fundos. Olhou ao redor procurando uma forma de fugir, e assustou-se quando ouviu um sussurro atrás de si: “Marian!”

Era Robert, que se aproximava com cuidado, fazendo-lhe um sinal para que ficasse em silêncio. Seu olhar refletia tantos sentimentos que era praticamente impossível separar um só. Ele puxou Marian pelos fundos até a orla do bosque que circundava a vila, lá estavam aguardando dois cavalos. Ela notou que a tarde já caía alta, em breve escureceria. Dormira bastante, mas ainda estava cansada. A idéia de montar e cavalgar mais tempo a deixava dolorida. Mas não haviam opções. Ambos montaram e Robert começou a guiá-la para longe da vila. Ela não conseguia distinguir muito bem por onde estavam indo, era um caminho desconhecido e ainda estava desorientada. Depois de alguns minutos eles enveredaram por uma trilha, e duas horas depois, logo após o pôr do sol, ela começou a avistar casas. Era uma outra vila. Mas esta era diferente das outras. Estava abandonada.

Robert avançou até uma das casas, apeou e disse a Marian para aguardar lá fora. Ela ficou lá, montada, sem coragem de descer. Sabia que se descesse suas pernas não agüentariam apoiá-la. Alguns minutos depois ela viu o William sair da casa ao lado de Robert, pálido, com um olhar assustador. Ela viu os outros surgindo aos poucos. Hans. Augustus. O lobo.

- O que houve? Perguntou ele com num tom rude, e olhar desconfiado.

Marian estremeceu antes de responder.

- Os soldados atacaram a vila de dia. Mataram os aldeões, incendiaram as casas. Novamente.

Ela viu a fúria tomar conta da expressão de William. Sentiu o enorme esforço que ele fazia para se controlar. Ouviu ele rosnar, entre os dentes cerrados – “Malditos!” – e, com um certo espanto, viu ele marchar em direção a uma das casas – vazias? Observou ele entrar e logo depois começou a ouvir sons de objetos sendo quebrados, arremessados, chutados. Sua mente começou a vagar para longe, o cansaço tomou conta de seu corpo. Suspirou profundamente, lutando para não desmaiar. Viu quando o William saiu de dentro da casa, mas havia algo estranho nele... Cabelos emaranhados, raiva em seus olhos...Os dentes? Sim, parecia que seus caninos estavam maiores, ou estava delirando? Ela ouviu a voz abafada do Hans rosnando:

- William!

Ele virou-se na direção de Hans e este apontou para o próprio canino, indicando. William piscou, e como num passe de mágica, voltou ao normal. Marian se sentia flutuar na irrealidade. Ouviu a voz de William chamando-a:

- Desça aqui, Miss Stanford, por favor. – Já parecia mais controlado. 

Ela fez um esforço para descer, mas aconteceu o que previra. Em poucos segundos, perdeu a consciência e escorregou da sela, de encontro ao chão.


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