Dos Diários de Marian Stanford escrita por hgranger


Capítulo 5
Origem - Capítulo 4 - A primeira batalha




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Marian apeou do cavalo, apertando os quadris doloridos com as mãos enquanto um rapaz jovem, que ela já havia visto em companhia de William, se dirigiu a ela.

- Aqui, garota. Me deixe ajudá-la. -  Assim dizendo, sorriu e tomou as rédeas do cavalo nas mãos. - Malditos soldados ingleses! – O acento da voz era perfeitamente inglês. Marian conseguiu sorrir de volta, apesar de estar se sentindo péssima. Ele se apresentou:

- Eu sou Robert. Você é a Stanford, certo? Prazer. – E assim dizendo estendeu-lhe a mão, que Marian apertou de bom grado.

- Meu nome é Marian.

- Eu sei. Ouvi a conversa lá na igreja, entre você e o reverendo...

A conversa foi interrompida por gritos vindos de várias direções, gritos de comando. Marian notou que agora os soldados ingleses estavam bem visíveis. Estavam agrupados no alto da colina, arqueiros em prontidão, tochas espalhadas. Então percebeu qual a intenção deles. À outra ordem os arqueiros incendiaram as pontas de suas flechas. Outro comando e ouviam-se os zunidos cortando o ar. O fogo atingiu em cheio algumas casas, celeiros com feno. Robert a instruiu a ajudar a apagar o fogo. Várias pessoas corriam para os poços.

Depois de algum tempo conseguiram controlar a maior parte dos incêndios, a tempo de Marian ver William e o cavaleiro Augustus e outros, parecidos com ele que ela ainda não havia visto armarem os arcos que carregavam e atirarem. As flechas derrubaram em cheio vários arqueiros ingleses. Se Marian pudesse enxergar no escuro veria as flechas perfurando certeiramente seus pescoços, corações, crânios. Após o primeiro ataque inesperado, William gritou e começou a cavalgar rapidamente em direção aos soldados, que olhavam espantados aqueles cavaleiros vindo em suas direções, seguidos por uma horda de camponeses enfurecidos.

A batalha foi dura. Marian via os estrangeiros se movendo com precisão e graça, velozmente, entre os soldados, cortando cabeças, perfurando corpos, arrancando braços. Stone, o lobo, atacava com fúria, cortando e mastigando pele e ossos. Gritos ecoavam por todos os lados. Os camponeses também lutavam, mas eram entre estes as maiores perdas.

Tudo durou apenas alguns minutos; logo todos os soldados estavam ao chão. Um número enorme deles. Marian calculou que as duas tropas haviam se reunido atrás da colina para atacar maciçamente. Aos poucos os rebeldes retornavam, arrastando os feridos, cobertos de sangue. O dia estava perto de raiar, e ela notou William reunir seus companheiros e, antes de sair, dirigir algumas palavras a Robert. Logo depois eles movimentaram os cavalos em direção à saída da cidade.

Marian começou a ajudar a cuidar dos feridos. Sentia fome, sentia ao longe o cheiro de algo sendo cozido, carne provavelmente, uma sopa, mas seu estômago se embrulhava com o cheiro do sangue e de partes humanas que banhavam o corpo dos feridos. Alguns estavam sem os braços, outros sangravam abundantemente por ferimentos em todas as partes do corpo. Alguns morreram logo em seguida. Ela sentou-se, exausta, e se sentiu quase desmaiando. Pensou que adormecera um pouco quando sentiu uma mão tocando-lhe as costas. Era Robert.

- Venha, garota. Está na hora de cuidar de você mesma um pouco. – E assim dizendo, conduziu-a até uma casa. Lá Marian encontrou outras roupas: as suas estavam arruinadas, com cheiro de sangue, fumaça, morte, rasgada em vários pedaços que ela e os outros usaram para tentar estancar sangramentos dos feridos. Lá encontrou também um  balde com água, que usou para se lavar enquanto Robert saía para buscar comida. Comeu um pouco quando ele voltou, deitou-se numa cama, no quarto escuro, e desmaiou de cansaço enquanto ouvia as últimas palavras de Robert. “Descanse, garota. Você ainda vai ter muito que fazer daqui para frente...”

 


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