P.o.v. Leo

Arregalei os olhos e a afastei da maneira mais gentil que pude. A encarei incrédulo enquanto via lágrimas brotarem nos olhos de Hazel.

-O quê foi isso? - Perguntei.

-Me desculpe, Leo! Mas eu precisava saber se você era meu antigo amigo. - Franzi o cenho. Me lembraria se a conhecesse. Parece que ela notou minha expressão de dúvida, pois logo me contou uma história sobre um garoto que conhecia na outra época em que viveu, como era igual a mim, e tinha o mesmo sobrenome que eu.

-Sabe, essa história é completamente louca. - Falei coçando a nuca.

-Eu sei. Mas não conseguiria me perdoar se não tentasse. Além do mais não tive coragem de falar com você sobre isso enquanto lutávamos contra Gaia. - Ela falou. - Espero que não esteja bravo comigo, sei que gosta da Piper, e torço para que tudo se acerte entre vocês.

-Não estou bravo. Na verdade acho que faria a mesma coisa que você fez. - Admiti. - Mas não tão depressa. - Falei, arrancando uma risada dela. - Mas não acho que devemos contar sobre isso para alguém. Vamos deixar isso entre nós dois.

-Concordo. E posso te pedir uma coisa? - Ela falou se aproximando. Por um momento insano pensei que iria me beijar novamente. Mas ao invés disso, sussurrou em meu ouvido. - Não deixe Piper escapar, ela é boa demais para ser deixada para trás.

-Ãh... Ok... - Gaguejei, notei que meu rosto estava ardendo em chamas e que provavelmente estava vermelho como um tomate. Ela deu um sorriso e antes que pudesse sair retruquei, sorrindo maliciosamente. - Cuide bem de Frank.

-Ah, eu vou. - Disse retribuindo o sorriso. A puxei para um abraço que durou alguns segundos.

-Boa sorte! Acho que vai precisar. - Ela disse, saindo apressada do lugar. Estranhei sua pressa e ia segui-la se não tivesse ouvido passos furiosos em minha direção.

P.o.v. Piper

''Mas você não o ama?'' '' Eu... Sim.'' ''Então não fuja, sei que você está triste e o que ele fez foi errado. Mas todos merecem uma segunda chance, inclusive você'' Fiquei repassando a conversa que tive com Jason, milhares de vezes em minha cabeça. Ele estava certo, sabia que estava, mas eu não conseguiria engolir meu orgulho de uma hora para outra, muito menos quando se tratava de Leo. Estava certo que eu sentia sua falta, sentia muito a sua falta, e que ainda sentia meu coração acelerar toda a vez que ele chegava perto, a verdade é  que ainda estava completamente apaixonada por Leo, e ainda sim evitava qualquer assunto que o envolvesse. Talvez por pensar que se me fechasse iria parar de sentir aquilo, mas quanto mais ficava longe dele mais sentia sua falta, ele era como o remédio para meus problemas, com suas piadas idiotas e seu sorriso encantador... Foco! Estava certa de que iria falar com ele essa noite, o perdoar, e quem sabe até reatar - se ele ainda me quisesse por perto. Confesso que fiquei decepcionada quando Leo não me convidou para assistir os fogos de 4 de julho com ele. Iria ser como uma brecha para abordar o assunto, mas como tenho muita sorte ele convidou Hazel e agora iria ter que procurá-lo.

Meu coração palpitava como se fosse pular do peito e minha respiração estava descompassada, mas iria falar com Leo hoje á noite. Vesti um shorts jeans e a típica camisa do acampamento meio-sangue, nada demais. Caminhei lentamente até o lugar em que os dois combinaram de se encontrar (Jason havia me contado), na intenção de adiar o momento o máximo que conseguisse. Não adiantou muito, pois quanto mais tentava enrolar, mais o local se aproximava. Os avistei alguns metros á frente, na praia, porém em um local afastado das demais pessoas. Me escondi atrás de uma árvore para não ser vista por ninguém. Ele conversavam seriamente e de repente, vi a cena que virou tudo de cabeça para baixo: Hazel e Leo haviam de beijado. Aquele... ARGH! Me amaldiçoei mentalmente por ter sido tão tola a ponto de pensar que ele me esperaria. Mas ao invés de me sentir triste, me senti com raiva. Com raiva de Leo. Com raiva de mim. Com raiva de Hazel. Com raiva por não ter percebido antes o quão estúpida eu fui por terminar com o único garoto que realmente amei. E com raiva de não poder mais tê-lo de volta. Antes que pudesse perceber, estava caminhando á passos pesados em sua direção.