P.o.v. Piper

Andei em sua direção enquanto observava sua expressão, que mudava de feliz, para confusa, para espanto e -finalmente- para culpa.

-Pips! - Ele me cumprimentou.

-Não me venha com Pips! - Esbravejei, batendo em seu braço.

-Ai! - Ele reclamou, esfregando o braço. O olhei de maneira indignada.

-Como se atreve?! Não bastasse ficar com Courtney, tem que ficar também com uma garota comprometida? - Estava quase gritando - O que Frank irá pensar.

-Nada. Por quê ele não vai saber. - O QUÊ? Aumentei ainda mais a expressão de indignação em meu rosto, minha boca formando um ''o''.

-Você. É. Um. Completo. Idiota. - Falei, pausando a cada palavra.

-Não é o quê você está pensando...

-Cale a boca você nem sabe no que estou pensando! - O interrompi. Estava em um ponto em que pensei que poderia explodir de raiva. - Aliás. Já que não sou boa o suficiente para entender o quê estava acontecendo, me explique. - Provoquei, pondo as mão na cintura.

-Eu... Eu não posso dizer. Prometi á Hazel. - Ele falou, com os ombros caídos. Revirei os olhos.

-Mas é claro que prometeu! - Estava totalmente irritada e teria saído dali no mesmo instante se uma mão não tivesse me segurado e feito eu ficar cara a cara com Leo, suas mão em minha cintura. Meu coração amoleceu. Notei o quanto sentia falta de seus abraços, seu cheiro, seus beijos... Resisti ao impulso de ceder ali mesmo. - Me solte! - Falei sem convicção alguma.

-Não. - Ele respondeu de maneira tão convicta de me espantei, parando de me debater. - Já fiquei tempo demais longe de você. E acho que veio aqui com um objetivo certo? - Ele me provocou. Droga. O objetivo era exatamente esse. Mas iria resistir. Depois dessa cena preferia ficar com meu coração partido para o resto de minha vida do que voltar com Leo.

-Os objetivos mudaram. - Falei fria, mas ainda em seus braços. Estávamos tão perto que podia sentir sua respiração sobre a minha pele. - E não irão mudar de novo á menos que explique o quê acabei de ver. - Vi em seu olhar uma mescla de divertimento. Droga, ele está rindo de mim. É claro que está, depois de confessar em alto e bom som que estava com ciúmes, até eu estaria.

-Hazel pensou que eu fosse um velho amigo seu. Só isso. - Ele disse com certeza. O fitei, cética. Não acreditaria nessa história por um segundo sequer. - Eu juro! Juro pelo Rio Estige. - Assim que disse isso um trovão rebombou no céu. Soltei todo o ar que esteve preso em minha garganta desde que decidi falar com Leo no começo do dia.

-Então por que a abraçou? Por que a beijou? - Agora que a raiva havia passado, conseguia sentir a dor da mágoa. - Por quê convidou à ela, e não a mim? Por quê me esqueceu? - Falei, quase em um sussuro.

-Eu nunca te esqueci. - Leo disse, tirando uma mecha de cabelo que tinha caído em meus olhos. - Nunca. Eu te amo, Pips.

Senti toda a raiva e mágoa que sentia se esvaírem de meu corpo, dando lugar á um frio imenso na barriga. Não me sentia mais brava, me sentia como se pudesse voar. Um sorriso se formou involuntariamente em meus lábios. Fechei os olhos, tentando controlar as emoções que floresciam em meu peito.

-Repete? - Disse, colando nossas testas.

-Eu te amo Piper McLean. - Leo disse, colando ainda mais nossos corpos, se é que isso cera possível. Abri os olhos a tempo de ver um enorme sorriso em seu rosto. Segurei seu rosto com as duas mãos.

-Eu também te amo, garoto dos reparos. - Antes que pudesse fazer qualquer coisa senti seus lábios nos meus, me fazendo estremecer dos pés a cabeça. Não me lembrava do quanto sentia falta de seus beijos. E que beijos! Passei as mãos em seus cabelos para aprofundar o beijo, e quando nossas línguas se tocaram, senti outra onde de arrepios. Somente Leo conseguia me fazer ficar dessa maneira, e também me esqueci do quanto gostava de me sentir assim, como se pudesse saltar de um penhasco sem me preocupar, contando que ele estivesse comigo. Separamos o beijo, não por vontade, mas por necessidade de oxigênio; a tempo de ver que os fogos tinham acabado de começar a estourar, provavelmente enquanto nos ''entretiamos''.

-Senti sua falta. - Admiti.

-Também senti a sua. - Ele respondeu sem deixar de olhar em meus olhos. E teríamos continuado se uma voz familiar não nos interrompesse.

-Que gracinha!