– Há! – mostrou a língua.
Os 10 bolinhos foram terminados, pegamos dois e provamos. É, pelo menos ficou bom e eu ajudei a fazer. Presto para alguma coisa. Então peguei mais um e ela também e fomos para sala ver alguma coisa. Sentei e deitei no colo da Lisa, ela acariciava meu cabelo e me fez dormir.
[...]
~ NICOLE POV ON.
Meu pai ligou. Pelo menos ele teve tempo dessa vez, o trabalho dele o tira de mim. Os caras do trabalho dele o veem mais do que eu mesma. Bom, fiquei até feliz um pouco com a notícia. Ele estava com saudades de nós, eu, minha mãe e da Melanie e por causa disso amanhã a noite iríamos pegar um avião para Detroit, Michigan. Ele ia ter uns dias de folga por lá e íamos ficar com ele. Eu fiquei feliz, geralmente seria difícil deixar minha melhor amiga pra trás, mas agora ela tem alguém que pode cuidar dela. Por mais que eu o odeie. Era a hora e fui para o colégio.
Cheguei e a avisei as meninas e a Lisa que ia viajar e tudo mais. As meninas me desejaram boa viagem, pediram presentes, enfim coisas de bitches. A Lisa ficou um pouco triste, mas sorriu e fez tudo o que elas haviam feito.
~ LISA POV ON.
– Lisa, tem gente querendo te ver! – ouvi a Georgia, nossa empregada dizer.
– Brigada, eu já vou.
Sai do quarto e fui. Fiquei com medo de ser algum doente do colégio que me perseguiu para me zoar ou jogar refrigerante em mim. Mas não. Droga, desejei que a Rachel tivesse aberto a porta, ela me ajudaria. Mas a Georgia não é culpada por saber que eu nunca abriria a porta para ela.
– Filha? – disse trêmula.
– Desculpe, acho que você está no endereço errado!
– Lisa por favor! Eu te reconheceria!
– Ah tá! – ri ironizando. – Quando você perguntou aonde ficava esta casa para dois adolescentes na rua, era eu e o meu amigo sabia?
– Bom, ele me respondeu. Você ficou de lado, com a cabeça abaixada e estava de noite. Não me culpe.
– Tá, tanto faz!
– Podemos conversar?
– Não aqui...
Não ia deixar ela entrar na minha casa. Encare isto como quiser, mas é um tipo de orgulho meu. Essa pessoa não merece nada de bom vindo de mim, nenhuma gentileza ou agrado.
– Tudo bem, vamos no café ali da esquina!
– Starbucks? – cruzei os braços.
– Sim!
– Tá, eu vou... – peguei um sapato qualquer e fui.
Eu tinha ódio dela. Não sei porque, mas não é normal uma mulher desaparecer e nem querer ter notícias da filha. Além do mais me arrependo de ter passado meu endereço para ela por email. Foi mais pela, sei lá, besteira do momento. Aquela maldita carta lá que ela mandou da primeira vez me deixou meio fragilizada.
Pedi um Frapuccino acompanhado de um cookie e ela um Café Latte. Pegamos nossos pedidos e nos sentamos, até então, em silêncio.
– Lisa, eu não sei por onde começar... Eu sinto muito!
– Eu li sua carta, já sei disso. Eu só não entendo tantos anos sem notícias...
– Eu já disse, foi tudo uma loucura. Não tive tempo para nada.
– Por favor! Qualquer ser humano normal tem algum tempo em 13 anos! – aumentei o tom.
– Lisa... – a interrompi.
– Quer saber, não quero a ouvir lamentando. Me diga como foi abandonar a filha de 5 anos para ter uma carreira?!
– Você falando assim me deixa pior – olhou pra baixo.
– E tem como? Achei que só ter me abandonado era ruim o suficiente! – revirei os olhos.
Ela não respondeu. Aquela conversa me dava nos nervos, sinceramente. Odeio pessoa que erra feio e vem com desculpinhas melosas e tudo mais, é desprezível e egoísta. E era tudo que ela estava sendo comigo todos esses anos.
– Lisa... Que bom que te achei! – tem como piorar? Virei.
– Brooke... – bufei.
Caralho, essa garota me persegue! Não tem um lugar que eu esteja que não tenha que dar de cara com essa ser humana desprezível.
– É... Está ocupada? – apontou para mim e ‘minha mãe’. – Eu queria falar com você...
– Até que não estou... Mas não estou com vontade de ouvir suas idiotices.
Ela riu toda sonsa. Se aguentando por ter uma adulta aqui. E eu estremeci um pouco, por achar que ela ia fazer qualquer palhaçada. Já que estava acompanhada das amigas e a Kim não conseguia me olhar sem rir.
– Sempre engraçada! Então falo com você depois! – piscou e saiu.
– Quem era? – olhou de relance.
– Ninguém importante! Olha sabe que eu acho que essa conversa não vai dar em nada?
– Você que insiste em não me ouvir!
– Nada do que você falar pode melhorar, por favor, não existe explicação boa o bastante.
– Estendi minha estada por aqui...
– Bom pra você, Los Angeles é linda! Ah, esqueci que você já morou aqui. – espremi os olhos como cínica.
Seu celular tocou. Grande novidade. A doutora Elizabeth sempre muito ocupada. Depois de umas palavras apressadas, tive que aguentar algumas senhoras vindo em nossa direção e reconhecendo minha mãe como uma ‘brilhante escritora’, não achei nada demais nos livros que li dela. Ela deu até autógrafo em alguns livros que as senhoras mostravam. Ela estava tão enrolada que me levantei e fui. Não preciso disto.
– Só pra dizer que depois de amanhã vou viajar, ok? – gritei e saí.
~ BROOKE POV ON.
– Então a recalcada vai viajar... – começou Kim.
– E agora Brooke? – perguntou Victoria.
– Bom, eu ia contar tudo para ela hoje...
– Tá louca? - Kim berrou.
– Qual o problema?
– No Starbucks? Cadê a graça?
– Concordo Brooke, espera ela voltar e conta lá no colégio!
– Exatamente. Todos vão ter o prazer de olhar pra cara da mal amada...
– Hum...
Até que não era má ideia, mas não faço ideia de quando ela volta. Enfim, eu seguro essa pequena bomba por um tempo.
~ NICOLE POV ON.
Abri a porta do meu quarto no hotel, lindo. Meu pai tinha bom gosto ou sorte mesmo com hotéis. Pelo menos eu ia ter uns dias de férias e tava um sol maravilhoso, fora a piscina que tinha lá fora. Eram por volta das 4 da tarde, então coloquei um biquíni, peguei uns óculos de sol, meu celular e fui.
Achei uma esteira e deitei, tinham algumas pessoas e dois garotos, gatos demais.
Um era alto, forte, loiro de olhos verdes e o outro era altura mediana, forte, cabelos e olhos castanhos. Olhei um pouco de relance pra eles e deitei pra tomar sol. Fechei os olhos.
Levei um susto quando meu celular começou a tocar bem alto ‘want u back’ da Cher Lloyd. Todos passaram a olhar, mas não me importei. Atendi.
– Aonde a senhora está?
– Chaz?
– É... – riu.
– Vish senhor, - ri. – eu estou em Detroit.
– E foi sem me avisar? Sem dar um beijo?
– É...
– Ok, tá bom então, na volta a gente se acerta.
– Tá bom! – sorri. Nem sei porque, ele não veria mesmo.
– Tchau.
– Beijo! Tchau!
Que conversa produtiva, realmente. Mas serviu pra alguma coisa, porque os dois garotos vieram na minha direção. Falaram que o pessoal estava combinando de ir numa balada por aqui hoje a noite e me chamaram, eu topei. De qualquer jeito, melhor que ficar no hotel.
~ LISA POV ON.
Eram umas 4 da tarde o Justin disse que iríamos pegar o voo do meio dia. Então fui arrumar a mala, ele disse que íamos ficar 1 semana. Então foi uma mala média, coloquei minha nécessaire, umas blusas, algumas regatas, shorts, calça jeans, uns vestidos e uns casacos. Ia estar quente essa semana. Depois da mala ficar pronta, fui comer alguma coisa.
Peguei uma maçã e sai, resolvi andar um pouco. O tédio tinha me achado. Fui atravessar uma rua, quando o sinal deu vermelho e então uma criancinha – lê-se bebê, porque era pequeno deveria ter uns 2 anos – veio correndo sozinho no meio da faixa de pedestre. Olhei para os lados e ao longe tinha um casal da minha idade correndo. Disparei e peguei o bebê, que já ia em direção aos carros parados.
O segurei no colo e atravessei, os dois nos alcançaram.
– Ah, brigada! – disse a menina ofegante.
– Muito obrigado mesmo! – disse o garoto pegando o bebê de mim.
– Imagina... – sorri.
Eles eram jovens pra serem pais, tinham a minha idade na verdade.
– Desculpa, mas quantos anos vocês tem?
Me senti intrometida. Com razão.
– Ah! – os dois riram. – Não somos pais dele, somos irmãos!
– Ah tá! – ri.