Capitulo V – Rio de sangue

                Edo – 1678 – Japão

                - Estou certo que você ficar lembrando-se do passado estando frente a frente comigo, não é uma boa forma de me impedir. – Disse o senhor idoso

                - Você parece muito confiante em si mesmo. – disse ela reparando pela primeira vez nele, não podia negar, mas ele a lembrava alguém

                - Eu estou! – ele confirmou com um meio sorriso cansado no rosto – Por que tem tanto ódio dos homens? – perguntou ele

                - São todos infiéis. – disse ela começando a contar-lhe uma de suas memórias

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                Edo – Japão – Primavera de 1608

                Sakura acordou animada finalmente o dia mais esperado de sua vida chegará. Por mais que tenham se tornados noivos a apenas 1 mês, ela não se importava, pois tinha certeza que Sasuke era o homem de sua vida.

                Apressou-se em vestir suas vestes mais finas pelo calor que fazia, já era quase verão e o sol mesmo de manhã já era quente, estava linda, perfeita. Caminhou apressada pelo corredor ignorando sua serva e ao chegar à frente do casarão se sentou no mesmo banco que havia se sentado com Sasuke em seu último encontro com ele, para esperar a comitiva Uchiha chegar.

                Foi assim que ela passou a manhã, esperando saindo rapidamente para almoçar por causa da insistência de sua serva Neeya, pois não queria correr o risco de que quando Sasuke chegasse ela não estivesse lá, mas ele não chegou, e assim a tarde se passou chegando a noite e nenhum sinal dos Uchihas. Ela começou a se desesperar e se recusava a ir se arrumar, mesmo com sua mãe dizendo que logo eles chegariam e ela estaria naquele estado horrível.

                Mas o tempo passou e Sasuke não apareceu. Todos os convidados para o casamento já haviam ido embora e Sakura chorava desconsolada, enquanto seus pais brigavam colocando um a culpa no outro e por final dizendo que a culpa era dela, Sakura, por ser uma inútil que nem ao menos sabe se defender.

                - Era obvio que o Uchiha não iria se casar com uma fraca e doente como você. – disse a mãe de Sakura raivosa

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                Edo – 1678 – Japão

                - Então ele a abandonou no dia do casamento de vocês? – perguntou o homem idoso olhando-a de forma misteriosa

                - Sim. Logo eu entrei em depressão e fiquei muito doente, até que meu corpo não aquentou e eu faleci no inicio do verão, sendo logo enterrada quando as tropas coreanas invadiram a vila. – disse o espectro observando o senhor idoso fazer uma careta com as palavras dela

                - Você nunca soube o que aconteceu com ele? – questionou o senhor

                - Não! Ele nunca mais me procurou. – disse ela, enquanto sua voz ganhava um tom raivoso – Mas certamente ele se cansou de mim e me trocou por uma mulher mais forte para dar a luz aos seus filhos. Ele me traiu, me enganou.

                - Então por este motivo você mata os homens infiéis? – perguntou o velho

                - Sim. – disse ela se recordando da sua primeira memória com uma Yuurei1

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                Edo – Japão – Verão de 1608

                Era a primeira noite de sua vida como uma yuurei1, ela havia acabado de ser enterrada naquela tarde, mas quando a lua estava alta no céu, deixou seu túmulo ao sentir um forte cheiro, como de veneno, no ar a asfixiado, saindo deixou sua cova, ela precisava matar, mas ela não era uma yuurei1 como as outras. Não era virgem, pois havia tido um momento de romance íntimo com seu amante e futuro marido, mesmo que nunca tenham realmente se casado.

                Levantou-se confusa e vagou para dentro da casa, ela não podia ver seus pés e isso a assustou no começo. Seguiu o cheiro forte sentindo repulsa e ao entrar no casarão encontrou as paredes sujas de sangue, e os corpos de seus pais e servos por toda a parte, tentou segurar um pedaço de madeira ao ouvir um barulho, mas não conseguiu. Logo um grito fino de ódio saiu de sua garganta.

                Saiu com a cabeça baixa em direção ao cheiro forte atravessando as paredes ao se dar conta que podia atravessá-las, logo após um forte momento de lamentações, ao perceber que havia mesmo morrido. Sentia o cheiro ficar mais forte e insuportável, logo pressentiu algo diferente e murmurou uma palavra ao ver os vários homens rindo.

                - Infiéis! – murmurou sentindo sua visão mudar e uma sombrinha vermelha surgir em suas mãos

                Foi até a parte de trás de uns arbustos ficando de costas segurando o guarda chuva, sedutora, dando rápidas olhadas para os soldados quando eles a perceberam ali, dando alguns leves sorrisos, chamando a atenção deles, que logo se aproximaram para ver a bela jovem. Ela correu para dentro da casa percebendo que ainda era seguida pelos soldados coreanos, sentindo sua visão voltar ao normal, havia seduzidos todos eles facilmente.

                Traidores! Como se atreviam a deixar suas esposas e noivas os esperando preocupadas, enquanto corriam atrás de alguma qualquer brigando entre si para verem quem a levaria para a cama em primeiro. Ao entrarem na casa ela se virou com seus olhos brancos e por um breve momento eles se tornaram todos amarelo e logo ela viu os soldados puxarem suas próprias espadas encostando-as em seus próprios pescoços. Todos gritavam assustados com o que viam.

                - Que cheiro horrível! – murmurou ela observando eles cortarem as próprias cabeças sentindo logo seus olhos voltarem ao normal e sentindo o cheiro que a partir desse dia ela achou delicioso. O cheiro de sangue.

                Logo ela começou a cantar uma melodia deprimente com sua voz fina, vendo um jovem sair de lá correndo assustado, surgindo pouco tempo depois a lenda da Haruno Abandonada. Afinal o garoto era menor de idade e nunca havia tido uma noiva ou esposa, tendo entrado no exercito após mentir sua idade.

                Edo – 1678 – Japão

                - Você matou ao exercito praticamente todo? – questionou o homem idoso a olhando

                - Sim! Todos eram infiéis. – disse sorrindo com seu guarda-chuva vermelho tentando seduzi-lo – Você é casado? – questionou, ela queria provar que todos os homens são infiéis, mesmo que tenha deixado o menino fugir na primeira vez que matou, por ainda não conhecer seu real poder

                - Não. – Disse ele frio – Mas agora a farei ir para o lugar que devia estar a muito tempo, Sakura-dono.

                Como ele sabia o nome dela? Não havia dito a ele. Só uma pessoa a chamava com esse tom de voz! Pensou a yuurei1 olhando o homem com atenção quando de repente ele se virou um pouco olhando as covas do cemitério ao lado do casarão, fazendo-a soltando um grito agudo ao ver o símbolo do antigo clã nas costas dele.

                - Sasuke-kun? – questionou ela soltando o guarda-chuva vermelho, para logo colocar as mãos sobre a boca assustada

                - Olá, Sakura! – murmurou ele com um sorriso triste no rosto – Quanto tempo, não é?

Yuurei1 – Se a pessoa morre em condições adversas, assassinada, em naufrágio ou por afogamento, suicídio ou quando não tem um funeral apropriado, torna-se um yuurei, um fantasma em busca de vingança. As mulheres são maioria entre os yuurei e convertem-se nestes espectros porque sofreram desilusões amorosas, maus tratos que resultaram em uma vida de tristezas, inveja ou, ainda, porque carregam culpa por terem praticado más ações. Não têm pernas e a hora das aparições é entre 2 e 3 da madrugada.