Capitulo VI – Réquiem

                Edo – 1678 – Japão

                O senhor de idade olhou curioso para a expressão da yuurei1, ela parecia em choque, se isso era possível para um espectro.

                - Como...? – começou a yuurei1 de Haruno Sakura – Como isso é possível?

                - Como é possível o que? – questionou ele com um olhar inquisidor – Eu estar vivo ou eu ser fiel a você até hoje? – questionou ele sem esperar uma resposta dela – Você seduz os homens com magia e espera o que? Até aqueles homens que nunca traíram suas mulheres você faz com que eles traiam.

                - Não! – gritou ela sentindo alguns soluços lhe subirem a garganta, se fosse humana talvez estivesse chorando – Eles faziam isso porque queriam.

                - Nos dois sabemos que isso não é verdade. – Disse ele desviando o olhar dela – Sakura você os enfeitiça com os seus olhos. – disse ele olhando a fixamente – menos a mim. Afinal, como enfeitiçar um homem que já é apaixonado por você?

                - Oh Sasuke-kun! – exclamou ela soluçando mais ainda - Eu achei que você não me amasse e que tivesse se casado com outra mulher e me abandonado. – ela disse olhando-o enquanto colocava as mãos em frente a boca desesperada

                - E por este motivo matou? – questionou ele desviando o olha dela

                - A culpa é sua! – gritou ela apontando o dedo para ele – Você me abandonou no dia do nosso casamento! Logo d-depois de eu ter me entregado a você... Sasuke? – sussurrou ela

                - Você nem ao menos soube o que aconteceu a mim? – questionou ele olhando-a

                - Não! Eu nunca mais tive noticiais de você ou qualquer Uchiha. – disse ela desesperada e teve certeza que sentiria seu coração se apertar se tivesse um – Eu não aguentei muito tempo sem você ao meu lado... Eu disse que não aguentaria.

                - Eu sinto muito, Sakura. – murmurou Sasuke olhando-a soluçar como se chorasse, começando logo a contar o que acontecerá consigo

                Edo – Japão – Primavera de 1608

                - Sasuke, querido. Já estou indo! Se acalme. – murmurou a Senhora Uchiha

                - É pior se você apressá-la. – murmurou o pai de Sasuke sentado enquanto tomava calmamente seu chá

                Sasuke se sentou próximo ao pai irritado não queria fazer Sakura esperar nem um minuto ou deixá-la preocupada. Esperou impaciente e quando sua mãe saiu do quarto, ele se levantou irritado pronto para reclamar quando a porta foi aperta bruscamente.

                - Fugaku-sama! – disse o homem de pé ofegante – Estão atacando o clã!

                - Como isso é possível? – questionou o pai de Sasuke se levantando assustado

                - Parece que são ninjas da capital. – murmurou o soldado com uma das mãos sobre o peito tentando controlar a respiração – Será... que eles descobriram...?

                - Sasuke! – gritou Fugaku interrompendo o ninja a sua frente – Corra até o prédio dos conselheiros rápido e avise que estamos sendo atacados! Rápido!

                - S-sim! – disse Sasuke e segurando sua katana ele saiu do cômodo correndo, logo vendo já algumas casas pegando fogo não muito longe dali

                Correu entre as casas, parando escondido atrás de uma, vendo soldados correndo pela rua com tochas, enquanto ouvia gritos de mulheres e choro de crianças, ele se lembrou de sua sobrinha de apenas 1 ano e sentiu seu coração se apertar. Esperou um pouco escondido nas sombras e ao observar que o caminho estava seguro atravessou a rua seguindo para os muros que rodeavam o clã, ouvindo ao longe a voz do seu irmão mais velho, Itachi. Pulou o muro rapidamente, mas ao cai de pé no chão. Foi surpreendido por um golpe na cabeça.

                - Cuide dele para mim. – ouviu a voz de seu irmão dizer antes de ficar inconsciente

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                Edo – 1678 – Japão

                - No dia seguinte acordei na casa de Naruto sem me lembrar de nada que havia acontecido nos últimos meses, mesmo tendo flash de nosso ultimo momento juntos na montanha. – contou o velho

                - Oh! – exclamou a Yuurei1 voltando a colocar as mãos sobre a boca – Eu sinto muito pela sua família, Sasuke-kun... mas... – começou ela de cabeça baixa

                - Mesmo sem me lembrar de muita coisa, fui em direção a Edo em sua busca, mas fui barrado pelas tropas coreanas.

                - Por favor! – murmurou Sakura caindo de joelhos com as mãos no rosto enquanto soluçava – Me perdoe por duvidar de você, Sasuke-kun. Por favor! Eu pensei que você não me amasse... eu pensei que você havia me deixado, meus pais disseram também.

                - Quando eu soube que todos os Harunos haviam sido mortos eu vaguei pelo país por 10 anos. – continuou Sasuke olhando as costas do espectro subindo e descendo como se chorasse – Acabei descobrindo o poder oculto em meus olhos que amedrontava tanto as pessoas, com exceção de você é claro, passando a ser um famoso exorcista no norte do Japão em apenas 8 anos e vivi lá por mais 12 anos. Depois disso parti em busca de vingança dos que haviam sido os mandantes da morte do meu clã. Descobrindo que os Uchihas haviam planejado um golpe de estado. Acabei preso por invadir o castelo do governador. Perdi 12 anos da minha vida ali, até que ouvi a lenda do castelo Haruno e fugi controlando algumas yuurei1 que eu sentia nas redondezas. Após isto cai doente em frente à casa de Naruto novamente.

                Sakura observava atenta tudo que Sasuke falava, havia se acalmado, mas ainda se culpava por duvidar dele.

- Descobri que ao usar meus olhos para expulsar demônios, fantasmas e espíritos que vagam no mundo ou controlá-los, meu coração ia apodrecendo também. Fiquei 15 anos num hospital me tratando até que eu mesmo desisti do tratamento já que era causado por uma magia e não por uma causa física. Demorei quase 13 anos para chegar até as redondezas de Edo. Pois meu problema de coração me obrigava a parar sempre que eu usava meus olhos, durante esse tempo fui socorrido por um budista que fez este colar para frear os efeitos dessa maldição. Ele me treinou por 5 anos antes de eu continuar minha vinda. – disse olhando os olhos da yuurei1 a sua frente – Eu estou morrendo, Sakura. Além de já estar velho, meu coração não aguentará depois de hoje. – continuou Sasuke tirando o colar sentindo os batimentos de seu coração falhar por um momento – Eu esperei muito por esse momento. É hora de deixar sua alma livre, Sakura.

Os dois se encararam e Sakura sentia como se eles pudessem se tocar novamente.

- Eu o amo, Sasuke-kun. – murmurou ela sorrindo docemente – Me perdoe, por favor...

- Sim, Sakura! – disse ele enquanto sentia seus olhos ficarem vermelhos – Eu gostaria muito de ter me casado com você, minha doce Sakura.

- Talvez a muito tempo atrás nossas almas tenham sido uma só. – murmurou Sakura encarando os olhos dele – E agora buscam readquirir sua forma original. É por isso que tenho fortes sentimentos por você, Sasuke-kun.

                - Se éramos uma só alma, certamente voltaremos a nos unir. – disse Sasuke sorrindo para Sakura – Não importa quantas dunas ou gerações nos separem, nós nos uniremos. Apesar de tudo ainda a amo muito.

                - É bom ouvir isso pelo menos uma vez, apesar de já estar morta. – disse Sakura sorrindo para ele – Até logo, Sasuke-sama.

                - Até logo, Sakura-dono. – murmurou Sasuke enquanto fazia um buraco nego surgir sugando a yuurei1 para dentro dele, que não resistiu, levando consigo um sorriso doce nos lábios

                Após mandar a yuurei1 embora deste mundo Sasuke sentiu sangue lhe subir pela garganta. Tossiu forte caindo de joelhos. Olhou de volta pra o local onde ficavam as covas e se arrastou de joelhos chegando ao túmulo mais próximo viu escrito o nome de sua noiva.

                “HARUNO SAKURA (1591-1608)”

                Sentiu sua vista escurecer aos poucos até não aguentar mais, cuspindo sangue novamente antes de morrer. Ele havia cumprido a sua última missão que ainda o prendia nesse mundo.

FIM

Yuurei1 – Se a pessoa morre em condições adversas, assassinada, em naufrágio ou por afogamento, suicídio ou quando não tem um funeral apropriado, torna-se um yuurei, um fantasma em busca de vingança. As mulheres são maioria entre os yuurei e convertem-se nestes espectros porque sofreram desilusões amorosas, maus tratos que resultaram em uma vida de tristezas, inveja ou, ainda, porque carregam culpa por terem praticado más ações. Não têm pernas e a hora das aparições é entre 2 e 3 da madrugada.