Capitulo II – O casal de amantes

                Edo – Japão – Verão de 1607

                Musashi, Japão. Verão de 1607

Sakura-dono...

Fico feliz de ver seu entusiasmo com nosso casamento. Gostaria de me encontrar com você mais uma vez no primeiro dia do outono, estou ansiando ver seu rosto mais uma vez e agora que o país parece calmo e não em guerra, me parece um momento perfeito. Eu seria um péssimo esposo se lhe pedisse para nos encontramos em um momento de guerra, portanto aguardei ansioso pela oportunidade. Encontre-me na fronteira ao nascer do sol, você conhece o lugar melhor do que eu, se me permite lembrar-te.

                                                                                                                             Uchiha Sasuke

                - Ele quer se encontrar com você, Sakura-chan!! – disse uma garota sorridente de longos cabelos loiros rindo de sua amiga

                - Ino! – exclamou a garota Sakura envergonhada

                - Espere! – exclamou a jovem Ino levantando os braços – se você conhece o lugar melhor do que ele... Sakura!! Sua safadinha!! – disse ela rindo alto – É por isso que irão se casar tão rapidamente?

                - Claro que não Ino! – disse Sakura ainda mais envergonhada

                - Então por que casar esse ano? – disse Ino confusa – ouvi dizer que esses próximos 3 anos são anos de morte e não de casamentos.

                - Não diga estas coisas Ino! – disse Sakura se irritando pelo dizer da amiga

                - São as profecias Sakura. – disse Ino olhando Sakura com um olhar de medo

                - Bobagem Ino! – disse a jovem Haruno

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                Edo – 1678 – Japão

                - Anos de morte! Três anos de morte! – sussurrava uma voz melancólica – Bobagem! Muita bobagem!

                - Recordando o passado? – perguntou uma voz rouca a frente dela

                - O que você quer? – perguntou ela se levantando enquanto tampava o rosto com uma sombrinha vermelha

                - Apenas mandá-la para o lugar que devia estar a um longo tempo. – respondeu o senhor de idade puxando o chapéu de palha da cabeça

                - Bobagem! Muita bobagem! – repetiu ela levantando a sombrinha para olhá-lo, logo ele viu que nada podia ser visto em seus olhos, não se sabia onde começava a íris nem a pupila, seus olhos eram inteiramente brancos, denunciando assim sua forma fantasmagórica – Morte! Três anos de morte! – sussurrou ela enquanto flutuava rapidamente na direção dele, então o velho olhou-a nos olhos sem demonstrar medo algum – Arghn! – murmurou ela franzindo o nariz em nojo parando a frente do senhor idoso – Sinto cheiro de fidelidade. Onde esta a mulher de sorte? – questionou a Yuurei1

                - Morreu ainda em sua juventude. – respondeu ele com uma voz amargurada

                - Mentira! Mentira! – disse o espectro levando as mãos até a cabeça se afastando do senhor – Nenhum homem é fiel! Nenhum! Você esta mentindo!

                - Não estou! Você mesma sabe que não estou mentindo. – disse o ele com uma voz fraca – Eu ainda amo ela e você pode sentir isso não é?

                Ele viu a yuurei1 olhá-lo de novo com o rosto contorcido por dor ainda murmurando, mentira, mais para si mesma do que para ele, enquanto parecia que ela se recordava de algo do tempo de sua mocidade.

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Fronteira de Edo e Musashi, Japão. Outono de 1607

                - Estou atrasada! – murmurou uma jovem de cabelos rosa correndo entre as árvores enquanto via o sol nascente aparecer cada vez mais no horizonte

                Correu mais um pouco, finalmente vendo as costas larga de um jovem homem que carregava duas katanas em sua cintura e logo vendo o símbolo do clã de seu amante ela sorriu feliz. Aproximou-se parando a poucos metros dele, ofegando, recebendo em seguida um olhar confuso do homem.

                - Você esta bem Sakura-dono? – questionou ele vendo-a respirando rapidamente

                Ele se aproximou dela abaixando-se para pegar a capa roxa do chão que antes cobria a cabeça da jovem de rosto corado, cobrindo os ombros dela em seguida com o pano. Os dois se encararam, ela envergonhada pela aproximação e ele fascinado com a beleza da jovem a sua frente.

                - Ahn... Podemos ir até a cachoeira? – questionou a jovem Haruno envergonhada pelo olhar penetrante do jovem Uchiha

                - Claro. – respondeu ele em um meio sorriso

                Observou os lábios dela se transfigurarem em um lindo sorriso de felicidade antes de começarem a andar novamente, após alguns minutos ele se virou para trás vendo Sakura um pouco distante e ofegando ainda mais que da outra vez.

                - O que foi, Sakura-dono? – questionou ele olhando-a inquisidoramente

                - Sasuke-sama, você anda muito depressa... – disse ela olhando-o com os olhos verdes brilhantes, enquanto respirava rapidamente com as mãos sobre o peito

                - Desculpe! – disse Sasuke – Não estava prestando atenção. – disse se aproximando dela

                - Não se preocupe, seguirei seu ritmo. – disse ela de cabeça baixa segurando sua capa roxa, quando de repente a mão dele apareceu estendida na frente do rosto dela

                - De mãos dadas você não ficará distante de mim. – disse ele fitando os olhos verdes dela – Também não quero cometer o erro de andar depressa novamente.

                - Tá! – disse ela olhando para a mão dele antes de tocá-la com a sua

                - Vamos? – perguntou ele segurando firme a mão dela

                - Sim! – disse Sakura sorrindo para ele antes de voltarem a andar

                Caminharam lado a lado até chegarem à cachoeira, ao ver a água cristalina Sakura sorriu, enquanto Sasuke observava o rosto dela se iluminando de felicidade. Logo ele se abaixo perto da água pegando um pouco com as mãos, bebendo-a, em seguida viu Sakura fazendo o mesmo ao seu lado. Não demorou muito e os dois estavam sentados em uma pedra, próximos um do outro e Sakura tinha o olhar distante.

                - Sakura-dono? – chamou Sasuke vendo-a despertar de seus devaneios – Qual é o problema?

                - Desculpe Sasuke-sama. – pediu ela virando-se para olhá-lo continuando sua fala com uma pergunta – Mas será possível que a guerra realmente tenha acabado e a paz esteja próxima?

                - Não se preocupe Sakura-dono. – disse Sasuke levantando-se – Eu farei o possível para protegê-la.

                - Sasuke-sama. – disse ela se levantando também e em seguida se jogou nos braços dele – Eu confio em você.

                - Não se preocupe, está bem Sakura? – disse ele sorrindo, para logo vê-la se afastar sorrindo com as bochechas coradas

                - Você me chamou apenas de “Sakura” pela primeira vez! – disse ela sorrindo enquanto seus olhos brilhavam vivamente

                Sasuke fechou os olhos como se pensasse sobre o que acabara de fazer, percebendo seus sentimentos e a felicidade dela, ele a abraçou, sentindo os ombros finos de sua amante entre seus braços e as mãos pequenas dela sobre seu peito e com o nariz próximo do pescoço dela puxou o ar sentindo o cheiro suave que emanava da pele dela.

                - Eu amo você, Sasuke-kun.

Yuurei1 – Se a pessoa morre em condições adversas, assassinada, em naufrágio ou por afogamento, suicídio ou quando não tem um funeral apropriado, torna-se um yuurei, um fantasma em busca de vingança. As mulheres são maioria entre os yuurei e convertem-se nestes espectros porque sofreram desilusões amorosas, maus tratos que resultaram em uma vida de tristezas, inveja ou, ainda, porque carregam culpa por terem praticado más ações. Não têm pernas e a hora das aparições é entre 2 e 3 da madrugada.