Resplandecer escrita por Lustin


Capítulo 2
Capítulo 1 - Thunder


Notas iniciais do capítulo

Oi minhas coisas preciosas! Minhas fadas! Como vocês estão? Eu estou muito bem, rss. Fiquei muito feliz e empolgada com os reviews, vocês são uns doces de verdade. Respondi todos, quem gosta de ver, vê lá. Escrevi esse capítulo com carinho e espero de coração que gostem!
EEEE NÃO MENOS IMPORTANTE queria fazer um agradecimento especial a minha Carol (Isabelle Bianchi) que deixou uma recomendação maravilhosa. Você não sabe o quão grata eu sou por te ter como leitora, minha pequena! Obrigada!
E é por isso que esse capítulo é dedicado à você, espero que goste.
Até as notas finais, fadas! Boa leitura.



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Sábado, 04 de Fevereiro.

Gelado. Demasiadamente frio. Meu corpo estava rígido, a consciência aos poucos tomava notas de meus membros.

Meus braços e pernas estavam nus, sentia o vento furioso chicoteando minha pele. Não poderia abrir meus olhos. Ainda não. Tentei movimentar os dedos de minhas mãos e um pequeno espasmo de dor surgiu; as juntas estavam duras por conta do frio que banhava meu corpo. O sangue logo desceu pela extensão de meu braço e não me precavi em tatear o local onde estava.

Viscoso e molhado. E pinicava. Uma brisa despretensiosa dançou em frente minhas narinas, trazendo junto consigo um aroma de terra sem igual. Minhas pálpebras tremeram e abriram-se. Uma pontada atingiu meu cérebro, tudo o que vi foi uma imensidão luminosa a minha frente. Inconscientemente, piscava repetidas vezes até meu globo ocular ajustar-se à luz da manhã.

Não havia sol. Não havia nuvens acumuladas. O céu estava limpo; o cinza misturava-se com o azul celeste brevemente. Um amanhecer típico da Califórnia, logo o azul vibrante tomaria conta de cada pequeno canto, juntamente o sol escaldante. Não é uma tarefa árdua adivinhar.

Impeli meu tronco e em questão de poucos segundos estava equilibrada em cima de minhas pernas. Minha visão do local foi clara e ampla. Encontrava-me em um vasto campo. A grama abaixo de meu calçado estava respingada com pequenas e delicadas gotas de orvalho e a cor era inebriante; um verde marcante e penetrante tingia tudo. Era bem mais bonito do que aquelas gramas de estádio de futebol. Árvores de diferentes tamanhos e espessura preenchiam as extremidades do campo, pequeninas flores amarelas nasciam delicadas aos pés das majestosas árvores. Era uma visão pacífica.

Uma mochila de costas repleta de desenhos e uma mala de viagem comum eram tudo o que me esperava essa manhã. Sabia que estava atrasada, mas não estava me importando. Estiquei meu corpo, fazendo minha coluna estralar e pernas bambearem. A musculatura estava completamente rígida e dolorida, produto de uma noite dormida ao relento.

Joguei a mochila nas costas e agarrei a grandiosa mala de viagem, marchando até o fim daquele imenso campo. Meu estômago retorceu-se em fome, logo ignorei. Não havia tempo para refeições. Tentei puxar na memória como havia chego ali, mas desisti assim que minha mente contorceu-se em desaprovação.

Minhas pernas moviam-se rapidamente, não demoraria e o caminho até West Campus não era complicado. Não havia um canto na ‘’cidade dourada’’ que eu não conhecesse. Distribuía passos calmos no asfalto bem cuidado da cidade. Algumas pessoas passavam apressadas por mim, deixando para trás um sopro com seu cheiro. Fazia questão de fungar todos, a fim de descobrir o perfume. Manias. Uma mulher de aparência jovem e cabelos pretos presos num coque alto tinha cheiro de folhas de laranjeira. Um homem alto, com bochechas rosadas, olhar distante e distraído, possuía um forte e acentuado cheiro cítrico, impossível distinguir com o que se igualava.

Quando meus braços começaram a ceder por conta da mala pesada, já estava em frente o grandioso letreiro da West Campus.

'’West Campus High School – Sacramento, CA.’’

Uma grandiosa fonte cuspia água no centro da baliza que era a entrada do colégio. Tudo era muito colorido e bem arborizado. Havia árvores – de diferentes tipos – em cada canto, como objeto de decoração. Uma grama verde viva e bem cuidada não permitia deixar a terra aparecer abaixo das densas raízes das árvores. Em volta a fonte, o asfalto preto piche sem imperfeições brilhava com o sol alto no céu. Alguns carros estavam estacionados seguindo a curva íngreme da calçada perfeitamente pintada em branco da entrada do colégio. Se esticasse um pouco o corpo, seria capaz de bisbilhotar um pouco do campus atrás da casa que era a recepção. Corri até lá, onde entrando havia um cartaz com letras impressas e coloridas em azul, vermelho, preto e branco. As cores do colégio.

‘’Bem-vindos à West Campus!’’

Clichê demais. Poderiam inovar algum dia.

– Ariel Flambells – sibilei me aproximando do balcão onde uma mulher bonita e apresentável estava sentada, folheando alguns papéis.

– Oh – ela pareceu assustar-se com minha voz, um pouco alta demais. – Desculpe-me, não tinha te visto entrar.

– Sem problemas. Meu nome é Ariel Flambells – deixei um sorriso relaxado brotar em meu rosto. Larguei minha mala no chão, agradecendo por não ter mais aquele peso puxando meu braço para baixo.

– Ok. Vejamos... – ela arrumou seus óculos de armação preta grossa no rosto e inclinou seu corpo á um computador, dirigindo-me um sorriso simpático. – Aqui está você, Ariel. Deverá dirigir-se até o campus sul, lá eles lhe entregarão todas as instruções. E você está atrasada – finalizou em tom de desaprovação, entregando-me um papel um pouco maior do que uma folha de sulfite A4, cheio de setas e legendas. O mapa do colégio.

– Obrigada – soltei um riso cínico. Deveriam pagá-la a mais para ser tão simpática.

Deixei minhas coisas na recepção, onde se encontravam dezenas de outras malas, mochilas e todas essas frescuras. Amassei aquele mapa infeliz até que coubesse nos bolsos de meu shorts. Não deveria ser tão difícil encontrar o campus sul, eu tinha senso de direção.

Aquele colégio era bem colorido e animado. Em todos os cantos, havia uma árvore e a grama continuava incrivelmente verde e límpida. Parecia que a vegetação ali absorvia o brilho solar. A minha frente encontrava-se um aglomerado de pessoas concentradas em meio ao campus, que deveria ser o maior do colégio. O campus sul. Silenciosamente, me juntei a aquelas pessoas.

– Bem-vindos à West Campus! Espero que estejam confortáveis nesse ambiente, pois é onde estaremos juntos esses três anos. Chamo-me Harriet Jenkins e nos veremos todas as terças e quintas após as aulas. Sou sua professora de Educação Física – a mulher de estatura média, cabelos ralos e porte atlético segurava uma prancheta em seu braço e falava sem parar um segundo, seu sorriso era amigável e entusiasmado.

Não queria ouvir o que estava dizendo. As pessoas presentes ali eram todas engomadinhas, perfumadas e arrumadas. A minha esquerda estava uma garota loura, o cabelo liso ia um pouco abaixo do busto rechonchudo, uma tira branca prendia sua franja para trás. Ela possuía os cílios espessos pela máscara preta, as bochechas perfeitamente rosadas e prestava muita atenção em que Harriet, a professora, dizia. E a minha direita, um garoto alto, os cabelos pretos da cor da noite que combinava com sua camisa polo, também preta carvão. Seus olhos azuis, corpo bronzeado, porte atlético.

– Vocês só estarão liberados aos sábados e aos domingos deverão retornar. Os celulares, notebooks e seja lá mais o que vocês possuem, todos terão acesso limitado às redes e não será permitido o uso de redes sociais – Harriet continuava com seu discurso.

Um estrondo soou. Alto e perto. Todos no aglomerado movimentaram-se na direção do barulho já iniciando o burburinho. Outro estrondo, ainda mais perto. Era um trovão, alto, forte e poderoso. Minha cabeça pendeu instantaneamente para trás, a procura de algum indicio de tempestade no céu. Mas nada. Estava tudo claro e cintilante por conta do sol que ardia febrilmente acima da atmosfera.

Um raio cumprido e silencioso cortou o céu, perto demais, deixando faíscas pratas e desceu entre a reunião de árvores grandes e espessas do outro lado do campus. Outro trovão fez tremer o chão.

As pessoas ali estavam num alvoroço sem fim, umas falavam baixo, outras apenas estavam paradas olhando o céu.

Diferentemente de todos ali, meu olhar estava focado nas árvores. Afastei-me um pouco das pessoas e cerrei meus olhos, esperando ver algo. Um coletivo de pássaros explodiu das copas, fazendo um barulho quase ensurdecedor. Eram muitos pássaros, uma revoada. As folhas agitaram-se e muitas caíram no chão. O eco que os pássaros faziam era audível para a Califórnia inteira, de tão alto. Mais um motivo para os cochichos aumentarem. Meu olhar continuou preso nas árvores. No meio delas.

Sem muito estrondo, mas com muita surpresa e esquisitice um grupo de pessoas rindo e falando alto surgiu como um lampejo atrás da densa floresta. Meu coração pulou sobre minhas costelas em susto. Eram muitas pessoas. Minha mente logo se agitou e começou a conta-las. Dez. Dez pessoas surgiram de trás das árvores. Sete meninos e três meninas. Todos vestidos quase de maneira uniforme. Nenhum tom escuro, era um degradê de tons brancos á tons pastéis claríssimos.

Eles movimentavam-se em perfeita sincronia. Irradiavam uma luz incrível. Sim, aos meus olhos, eles estavam brilhando. Aquelas pessoas moviam-se graciosamente. Eram magníficos, eram tão bonitos.

Meu olhar parou primeiro nas três garotas. Elas sorriam uma para a outra, era como se nós não existíssemos, o som de suas risadas era como música. Subitamente, tudo atrás de meu corpo, ficou em completo silêncio. O sorriso delas era resplandecente. Uma menina de cabelo louro longo estava no meio, seus fios iam até a cintura formando cachos perfeitos nas pontas, usava um vestido solto branquíssimo com uma fivela rosa presa na cintura e uma sandália gladiadora dourada que ia até o meio de sua panturrilha. Ela quase flutuava. Havia outras duas garotas: uma morena e outra com os cabelos ruivos. Vermelho como fogo incandescente. Ela possuía ‘’sardinhas’’ pelo nariz perfeitamente fino e pelas bochechas e seu olho era incrivelmente verde. Seus cabelos, também cumpridos, balançavam livremente enquanto ela andava – dançava – ao lado de suas companheiras. A terceira garota, a morena, tinha os cabelos pretos como piche, um pouco menor do que as duas outras, mas seus lábios eram grossos e rosados. O olho azul era o que mais chamava atenção, ele chamuscava. As três usavam quase a mesma vestimenta e os calçados eram idênticos.

Parte de minha consciência ainda estava ligada aos burburinhos maravilhados dos alunos ali. ‘’Meu Deus!’’, ‘’Minha nossa, como são bonitos!’’

Minha atenção voltou-se, novamente, para as criaturas magníficas que ainda flutuavam em nossa direção.

Inconscientemente, meu olhar parou num garoto. Ele estava um pouco mais a frente de todos naquele bando. E se aproximava cada vez mais, cada vez mais deixando seus traços evidentes aos meus olhos sedentos por detalhes ou defeitos. O garoto estava sorrindo, como todos os seus companheiros, inconsciente de meu olhar atento aos seus gestos.

Ele não era alto. Mas também não era baixo. Suas pernas se moviam de um jeito até engraçado, preguiçoso e desleixado, mas gracioso. Vestia uma blusa branca, mas logo por cima, um casaco jeans de lavagem clara. O seu sorriso... Ele... Seu sorriso brilhava. Cintilava com todas as letras. Seus dentes eram perfeitamente brancos e enfileirados; os lábios possuíam um tom rosado escuro e eram volumosos, desenhados perfeitamente. Seus lábios superiores formavam quase dunas, de tão perfeitamente desenhados. Sua pele tinha a aparência cremosa, sedosa, sem nenhuma imperfeição. Algumas pintinhas decoravam seu rosto perto da boca e dos olhos; a pele era quase parda, levemente bronzeada pelo sol. O nariz perfeitamente enfileirado e alinhado com o rosto. As sobrancelhas acima de seus cílios longos eram castanho escuras e grossas. Seu cabelo acompanhava o leve vento quente; era fino, castanho claríssimo, assim como chocolate ao leite derretido. Era uma sincronização perfeita. E os seus olhos... Os olhos. Eram de uma cor única. Eram doces, vívidos e quentes. Eles poderiam me aquecer a quilômetros de distancia. Seus olhos estavam diminuídos por conta do sorriso, mas não impedia minha visão. Eram injetados por um líquido cristalino, pareciam grandes avelãs em estado líquido. Eles brilhavam, faiscavam. Brilhavam feito estrela. Se fosse possível, tenho certeza de que ali dentro estavam presas todas as constelações presentes no cosmo.

Eu estava maravilhada com aquele garoto. Alguma coisa tentava puxar-me de volta à realidade, mas a constelação era mais forte.

Aquele grupo de pessoas era totalmente magnífico. Garotas perfeitas e esvoaçantes. Os meninos fortes e levemente salpicados de bronze. O garoto com a constelação presa no olhar. Pareciam ter saído da Grécia Antiga; traços fortes. Pareciam personagens de um livro de história.

Eu ainda sentia a presença das pessoas ali, a energia, sabia que não estava sozinha em minhas reflexões.

Quando voltei meu olhar ao garoto, a constelação estava fixa em mim. E ele não estava mais sorrindo.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Me contem o que acharam! Mereço reviews? Minhas fadas vão colorir minha vida? Hehe.
Até mais princesas! ♥