Resplandecer escrita por Lustin


Capítulo 3
Capítulo 2 - Let the walls break down


Notas iniciais do capítulo

Fadas da minha vida! Preciso começar com um belo pedido de desculpas... Eu sumi, não é? Mas como disse pra algumas nos reviews, a coisa é complicada no ensino médio e o tempo não ajuda muito. E quando ajuda, é um pouco cansativo. Mas enfim, tentarei ser mais responsável com isso aqui, pois são os nossos sonhos expressos em palavras, não é mesmo?
Espero ainda ter leitoras! ): Por favor não me abandonem pequenas. E ah, não deu pra responder todas as mensagens privadas lá (não sei se é esse o nome hehe), respondi algumas, mas se alguém quiser falar comigo, venha que irei responder com o maior carinho.
E NÃO MENOS IMPORTANTE, ESSE CAPÍTULO VAI DEDICADO A MINHA RENATA (amor da minha vida!) QUE DEIXOU UMA RECOMENDAÇÃO LINDA, QUE DEIXOU MEU CORAÇÃO TOTALMENTE FLORIDO. OBRIGADA RÊ, É UMA DELÍCIA TE TER POR AQUI! ♥
Espero que gostem do capítulo e nos vemos nas notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/241309/chapter/3

O primeiro jato de água liberado pelo pequeno chuveiro foi como uma cascata de gelo deslizando por meu corpo. O choque foi imediato, mas minha tolerância para coisas frívolas é algo natural. A água escorregava livremente pelos cabelos e o aroma cítrico de meu xampu era o que predominava o ambiente.

Desde que pusera os pés em West Campus não fiz questão de ver muitas pessoas e muito menos de conversar com quem quer que fosse.

Em meu dormitório havia duas camas, mas até agora, não há ocupantes para elas. Ótimo. Não gosto de controles, horários e regras. Seria algo extraordinário ter o espaço apenas para meu uso, já que terei de ficar trancafiada nesse colégio interno até o final do ano. De qualquer maneira, não importa. O tempo jamais me causou problemas. Não deixarei minhas coisas de lado somente por esse mísero e simples motivo.

Por favor! um toque na porta e uma voz abafada clamou através do barulho do chuveiro. Por favor! era uma voz feminina. Uma voz implicante e jamais constatada por meus canais auditivos chamava-me atrás da porta.

Rapidamente, fechei o registro e enrolei meu corpo em uma grandiosa toalha preta que me esperava fora do box transparente.

Ao abrir a porta um tanto quanto apressada deparei-me com uma garota compatível a minha estatura. Ela mordia os lábios e possuía os cabelos na altura dos ombros, repleto de cachos castanhos perfeitamente iguais. Seus olhos eram grandes jabuticabas emolduradas por cílios finos da mesma cor de seus cabelos. Pele branca, rosto redondo com bochechas grandes e rosadas. Suas silhuetas eram rústicas.

Antes de ter a oportunidade de balbuciar ou perguntar-lhe algo, a garota correu para dentro do banheiro como um furacão, batendo a porta atrás de si e também na minha cara. A água pingava de meu cabelo e molhava o chão revestido em carpete marrom, minhas mãos se fecharam em punhos inconscientemente e minha mandíbula contraiu-se. Antes da raiva se alastrar mais um pouco, a garota já estava novamente em minha frente, com um sorriso ingênuo no rosto quase infantil.

Desculpe-me seu tom não era muito envergonhado, sua voz era calma e baixa. Sabe como é... Ficar dez horas num avião sem fazer suas necessidades fisiológicas não é algo muito fácil.

Pude ter uma visão mais clara dela. Era uma gracinha, seus traços eram parcialmente infantis. Sua beleza não era típica da Califórnia e não se encaixava nos estereótipos locais. Sua roupa era o que mais aprovava minha teoria. Vestia uma saia rodada azul marinho, um pouco acima de seus joelhos. Uma blusa branca, meias até a canela com rendas nas extremidades que destacava o sapato boneca preto reluzente. Muito arrumada.

Quem é você? apesar de sua aparência pura, não sei como soou minha pergunta um tanto quanto direta, mas ela estava no lugar errado.

Madeleine sorriu totalmente á vontade, sem perceber a maldade em minhas palavras anteriores. Madeleine Chevalier.

E ela ainda tinha um sotaque diferente. Com certeza absoluta, ela e muito menos seu espírito pertenciam aos Estados Unidos.

Ariel. Ariel Flambells apresentei-me da mesma maneira, sorrindo ironicamente depois.

Até agora, as únicas palavras que pronunciei formaram meu nome e não queria que isso se modificasse.

Eu sei! Nós seremos colegas de quarto! falou jogando-se na cama principal.

A claridade matinal já ultrapassava as extremidades da cortina branca esvoaçante do quarto, mas a umidade e o ar abafado de maresia jamais tornava o clima frio.

A garota que já havia esquecido o nome ainda estava jogada na cama. Separei uma roupa qualquer e voltei a me trancafiar no banheiro, apenas para não demonstrar a minha frustração ao ter uma colega de quarto e magoar os sentimentos de um ser tão puro quanto essa garota. Colega de quarto, que diabos! Fiquei algum tempo sentada no vaso sanitário apenas penteando meus cabelos úmidos, com a pretensão de fazer hora até dar o sinal para o início das aulas.

Um burburinho irritante começou a soar atrás das portas, mas não conseguia distinguir as palavras por conta do isolamento acústico que o banheiro proporcionava. Obriguei-me a sair do mesmo, onde dei de cara com mais uma garota no quarto, junto com a outra, que abriu um sorriso ofuscante em minha direção.

Olhe, Ariel, teremos mais companhia por aqui seu tom era sempre muito animado, até fazia uma pontinha de compaixão e excitação nascer em meu peito, mas isso logo se esvaia.

Sou Ulie Shaw disse a novidade.

Ela Ulie não seguia um estilo a risca. Sua roupa, por si, dizia tudo. Usava uma camisa florida rosa totalmente delicada que acentuava seus seios um pouco avantajados, uma calça jeans escura surrada e coturnos pretos sujos. Sua aparência acompanhava os estilos locais. Cabelos castanho escuros que desciam como uma cascata ondulada pelo seu busto e parava próximo as suas costela. Tinha a pele salpicada pelo bronze, lábios pequenos e sem simetria, eram como uma linha reta. E olhos verde água cintilantes, emoldurados por cílios de cor roxa.

Sou Ariel disse por fim.

Madeleine me contou. Disse também que você não é muito... Social respondeu Ulie, com o sarcasmo aparente jorrando de seu olhar quase angelical.

Madeleine ao seu lado corou, fazendo seu ombro apertar-se em timidez e um risinho de desculpas soar baixo.

Não se preocupe, ela está mais do que certa concordei com meu sarcasmo ácido, sorrindo da mesma maneira.

Ulie apertou seu olhar em minha direção.

Garotas, parem! Tenho certeza de que seremos grandes amigas aqui, mas teremos que começar de outra maneira interferiu Madeleine, entrando em nossas frentes com seus cachinhos saltitando nos ombros.

Preferi não responder, fui até a cama mais afastada e peguei minhas coisas dirigindo-me a porta e abrindo a mesma logo em seguida.

Vamos, temos que ir para a aula ordenei, segurando a porta até que as duas passassem.

O corredor do dormitório já estava repleto de alunos perambulando de um lado para o outro. Meninas e meninos com seus respectivos grupinhos e panelinhas. Madeleine comentava sobre tudo e de vez em quando, ouvia Ulie gargalhar divertida em minhas costas. Não me sentia a vontade com isso.

West Campus era mesmo muito bem cuidada, planejada e organizada. Em cada canto havia uma placa ou uma instrução de como se encontrar, impossível se perder ali dentro. Se olhássemos para norte, a única visão que teríamos é o mar, uma vez que West Campus é quase uma ilha.

Ariel! Madeleine gritou e me virei percebendo que estava muito mais a frente.

Ela possuía o semblante ansioso, me observando e sorrindo. Seus braços se agitavam rapidamente, chamando-me.

O que foi?

Qual é a sua primeira aula? sorria olhando num papel de porte médio em suas mãos.

Não sei... apalpei o bolso de meu shorts a procura do horário de aulas que não fiz questão nem de bisbilhotar. Minha primeira aula é Psicologia.

Droga balbuciou fazendo um bico absurdamente infantil. A minha é Matemática.

Química anunciou Ulie ao seu lado, agitando o papel entre os dedos.

Tudo bem... Então nos vemos no intervalo sem muito me preocupar, dei as costas e me dirigi para a sala 39, como indicava o cronograma.

Os corredores do colégio eram grandes e espaçosos, se alguém se trombasse, seria totalmente proposital. Armários cinza forravam as paredes recentemente pinceladas de branco e o chão era salpicado de pintas pretas. Não fugia muito dos padrões escolares.

A classe ainda estava vazia, havia duas ou três pessoas, mas não fiz questão de tirar notas sobre elas. Joguei minhas coisas em uma carteira qualquer e sentei-me, a espera do início da aula. Não estava lamentando-me e nem nada do gênero, pois sempre possuí gosto pelo estudo. É uma das melhores maneiras de ocupar a mente.

Os alunos logo começaram a entrar e se dispersar pelas inúmeras carteiras que ali tinham. Estava arrumando meu material na mesa, distraída com uma caneta vinho repleta de glitter em meu estojo.

Vejo que está bem entretida com este artefato uma voz feminina ecoou perto. Mas era tão doce e calma que massageou meus nervos que não eram muito maleáveis.

Ergui meu rosto e quase esqueci de respirar. Senti meus olhos esbugalhando-se e meu coração palpitando em susto com tamanha beleza. Meu corpo foi invadido por milhares de sensações, apenas de olhar para o rosto da garota sentada em minha frente, com o corpo virado em minha direção.

Seus olhos eram grandes e redondos talvez até um pouco assustadores de vistos de perto -. Sua íris partilhava um matiz preto e azul, todos intercalados; as pupilas eram talvez um pouco maiores que o normal. Seu cabelo era louro cintilante, cumprido e macio perceptíveis até aos olhos. Bochechas rosadas, mas pele branquíssima e sem imperfeições. Lábios cheios e avermelhados. Dentes brancos e pequenos. Era o ser mais bonito que já havia reparado.

Hã... Que artefato? minha mente havia embaralhado totalmente. Não queria parecer grossa, mas todas as palavras que saiam de meus lábios beiravam esse grande defeito.

Este que você tem nas mãos seus olhos desceram até a caneta vinho entre meus dedos desajeitados e frios, sua voz ainda seguia o tom passivo.

Minha caneta? indaguei sem muito entender.

Caneta! o sorriso em seu rosto alargou-se juntamente sua voz que explodiu em altura.

O vinco entre minhas sobrancelhas afundava-se cada vez mais ao ver a reação da garota. Quanta felicidade em ver uma caneta.

Você quer emprestada?

Ofereci a mesma para ela que a segurou maravilhada. Olhava todas as extremidades do objeto.

Isto brilha feito estrelas!

Logo sua feição mudou, como se um fardo estivesse caindo sobre seus ombros, devolveu a caneta cuidadosamente em minha carteira e o sorriso brotou em seus lábios novamente.

Me chamo Muriel apresentou-se, simples, da mesma forma que iniciou o diálogo.

Ariel novamente, repetindo pela milésima vez.

Seu rosto iluminou-se. Um suspiro ficou preso em sua garganta, fazendo sua clavícula ficar levemente levantada. Ao observá-la, um breve lampejo de memória clareou minha mente.

Essa garota, Muriel, estava misturada naquele grupo de pessoas que surgiu no Campus no dia em que chegamos. Ela estava ali, ao meio daqueles humanos semi perfeitos.

Legal! Nossos nomes rimam, Ariel! exclamou com felicidade.

Ugh. Perfeitos e muito bobos, pelo visto.


* * *

O período de aulas havia sido normal. Muitas apresentações e quase nenhum conteúdo.

Odeio início de ano letivo.

Sem ser Muriel, não conheci ninguém novo e também não fiz questão. E jamais farei.

A tarde estava caindo na Califórnia, o sol quase ultrapassava a linha do horizonte, beijando o mar. O céu estava incrível, cheio de matizes coloridas e vívidas. Meus pés quase corriam para os dormitórios, enquanto os outros alunos encontravam-se deitados preguiçosamente sobre a grama ou conversando animadamente abaixo ás árvores.

Ariel! Ei!

Mordi o lábio, amaldiçoando o vento. Virei meu corpo sobre o calcanhar, tentando reconhecer a voz que me chamara.

Do outro lado, avistei Muriel sorrindo e acenando em minha direção. Ela estava rodeada por seus amigos semi deuses, que conversavam felizes. Sorri em retribuição, acenando brevemente com os dedos. Eu não tinha jeito pra isso. Mas não era apenas Muriel que me fitava e prestava atenção em meus gestos desleixados. Aquele garoto estava ali, ao seu lado, me olhando. Muriel sorria contente, mas ele mantinha as mãos nos bolsos e a feição imutável.

O cabelo castanho claro estava um pouco mais bagunçado. O sol batia levemente em suas feições, fazendo seus lábios vermelhos e cheios destacarem-se em seu rosto.

Logo seu olhar desviou-se do meu, fazendo parte minha murchar. O resto do grupo não havia sequer me notado ali. Dei um último aceno para a garota simpática que de alguma forma gostava de mim e segui para meu destino rezando para que Ulie e Madeleine não estivessem lá.

Os corredores estavam vazios, meus passos apressados até ecoavam nas paredes. Isso me ajudaria muito.

O quarto estava vazio, do jeito em que deixamos hoje de manhã. Não estava com tempo para notas, arremessei minhas coisas em uma das camas e agarrei meu moletom preto que estava estrategicamente ao meu alcance, saindo novamente.

O sol já havia se posto e agora, a noite tomava conta. Dirigi-me até os fundos dos dormitórios, onde algumas roupas já estavam penduradas nos varais improvisados. O grande muro estava lá, me esperando. Não seria problema, mas sim, novidade. Dei alguns passos para trás, tomando impulso para pular o mesmo. Corri depositando toda a minha força nas pernas que me obedeceram como de praxe. Aquilo ali jamais seria obstáculo.

O muro estava atrás de meu corpo, assim como West Campus também. Uma pequena e densa mata fechada esperava-me pela frente, mas não seria problema.

A noite estava apenas começando.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, os erros eu tiro depois de reler com mais atenção. Ignorem eles hehe. E bom, quem tiver alguma pergunta/duvida/crítica/qualquer coisa, venha falar comigo no ask hehe ask.fm/mermaidddd
É isso pequenas, espero receber um pouco de reviews, aceito que errei com vocês ao demorar tanto para postar, mas não me abandonem! ): Beijos e até mais! ♥