A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 23
Cap. 22 - A profética verdade.


Notas iniciais do capítulo

Oooi!
Sem muito o que dizer hoje, só espero que gostem!!!
=)



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Capítulo 22



“A profética verdade."



Megan caminhava pelo saguão esperando que os outros acordassem, enquanto o sol começava a raiar em cima da montanha gelada. Ela não conseguira dormir nesta última noite. Fosse a tensão dos últimos dias ou a ansiedade de ter que recordar tempos passados, ou até a combinação das duas coisas, o fato era que a filha de Atena sentia-se deveras desconfortável com toda a situação.

E ainda havia mais uma coisa que observara nos últimos tempos. Arnold estava distante, aturdido com todos os acontecimentos passados, e Megan podia entender o motivo para tanto. Kurt ter se revoltado contra os deuses foi uma surpresa para os dois, que conheceram o jovem rapaz corajoso que outrora fora. O tempo amargara seu coração.

Ainda em nostalgia com fatos antigos, a Sra. Armstrong viu Thalia voltar para o interior de sua pousada. Despertou de seu transe e arqueou significativamente a sobrancelha para a garota, que sonolenta demais para uma resposta brusca, respondeu calmamente.

– As Caçadoras acabaram de partir. Estavam todas descansadas e suficientemente recuperadas para atender ao chamado de Ártemis, e eu fui apenas me despedir delas. – ela explicou o motivo de ter acordado tão cedo.

– Pensei que elas esperariam para que você as acompanhasse. – Megan ponderou, sincera.

– Não, elas precisam voltar para a deusa. As caças as esperam. E essa missão nada tem a ver com elas, apenas comigo, e assim que acabar, eu volto para meu posto de tenente de Ártemis. Está esperando que os outros acordem? – ela se retesou e jogou-se sobre uma das poltronas. A noite não tinha sido capaz de tirar-lhe todas as dores acumuladas.

– Sim. Estou ansiosa para dizer o que há muito eu devia ter falado, mas não tive oportunidade, e agora, Kurt conseguiu instalar essa balbúrdia no nosso mundo. – Megan estava pesarosa.

– Você não tinha como saber. Vou chamá-los. Quanto antes soubermos o que tem para contar e partirmos, melhor será. – e arrastando-se para dentro dos largos corredores do hotel ao cume da montanha, Thalia desapareceu das vistas.

O balcão estava vazio. Assim que acordara e se transferira para a recepção, Megan dispensou o atendente para que este descansasse depois do árduo trabalho de sentinela. Dando a volta para o lado de dentro, ela começou a remexer em algumas gavetas até encontrar uma pequena chave retorcida, um pequenino pedaço bem sem graça de metal.

Respirou fundo como quem não tivesse sentindo o ar a perpassar os pulmões, e abaixou –se esgueirando pela abertura inferior do balcão. Duas pequenas gavetas estavam ali. Megan lembrava-se de que o que precisava estava na última gaveta, guardado por Arnold. Tentou abrí-la, mas não teve sucesso. Só então foi se lembrar do segredo para manter em segurança tais informações: com a chave, abriu a primeira gaveta e pressionou seu frágil fundo, que era falso. Quando o mesmo se rachou, ela recolheu as partes em que se quebrara e pode ver o que procurava.

Aquilo lhe trouxe uma nova onda taciturna. Ela mal podia acreditar que a morte da doce garotinha poderia fazer o pai perder a sanidade e querer machucar quem nada tinha a ver com o ocorrido. Megan era sentimental demais para uma filha de Atena, e as lágrimas agora escorriam inevitavelmente por sua face, enquanto ela soprava o pó por sobre alguns papeis empilhados.

Estavam amarelados em decorrência do longo tempo guardados. O cheiro forte das lembranças entraram nas fossas nasais de Megan e a fizeram lembrar-se de um Kurt Spencer, o antigo soldado do exército americano, que agora não existia mais. No meio das cartas, uma fotografia. Era o retrato de Alliz e Kurt quando ambos mudaram-se de Aspen para Nova Jersey. Estavam sorridentes, e a garotinha de apenas dois anos tinha os mesmos olhos de Megan Armstrong, obviamente, pois as duas eram filhas da deusa da sabedoria e estratégia em batalha.

Todos os meio-sangues irromperam saguão adentro. Ainda meio sonolentos, acomodaram-se rapidamente, e Annabeth fixara seus olhos na irmã mais velha. Ela a estava dando o aval para começar a contar. O quanto antes melhor, embora não fosse em tempo hábil.

– Não adianta empurrar o assunto para mais tarde, não acha Annabeth? E também não podemos fazer isso. – Megan falou, antes disso, respirou fundo mais de uma vez, com caminhos de lágrimas secos desenhados em seu rosto.

Alguns deles, como Percy e Giovanna, praticamente dois sonâmbulos naquele recinto, apenas assentiram. Annabeth deu voz ao anseio de todos, querendo acabar logo com o suspense da história que estava por vir.

– Pode começar Megan, estamos ouvindo prontamente, o que quer que seja... – ela falou convicta de suas palavras.

Megan sentou-se antes de começar a falar. Olhou para cada um dos cinco meio-sangues ali, que ansiavam por saber o que ela tinha a dizer de tão importante, até porque apenas Annabeth tinha suspeitas do que se tratava.

– A primeira coisa que devem saber é que eu já conhecia Kurt Spencer. E fiquei muito abalada ao descobrir o monstro em que ele se tornou... Não se parece em nada com o rapaz que foi embora de Aspen dez anos atrás com uma filha pequena, que era a razão pela qual ele continuava em pé. – ela realmente estava com um semblante muito confuso. Annabeth assentiu, como um sinal de que sua irmã estava confirmando suas suspeitas.

A dona da pousada retomou a narrativa.

– Conheci Kurt quando a base do exército veio fazer um treinamento pelas redondezas. Arnold também fazia parte de um grupo, do qual eu não me orgulho nem um pouco, e conheceu-o em uma manifestação neonazista, que eram sempre demonstrações de horror, desrespeito e desperdício de sangue. Eles criaram um laço estreito de amizade. Foi o então sargento Spencer que convenceu meu marido a se desvencilhar de um grupo com interesses violentos e nada humanitários, a Ku Klux Klan. – ela estava com os olhos frios ao mencionar o grupo.

Annie se mexeu desconfortavelmente na cadeira ao som das três últimas palavras. Sua reação foi percebida pelos outros, mas nada disseram para questioná-la sobre o porque da inquietação. Ela fez sinal para que Megan continuasse.

– A filha de Kurt, Alliz, tinha pouco mais de um ano na época. Minha irmã era uma criança muito esperta e linda, inclusive, parecia muitíssimo com você Annabeth. Kurt pediu dispensa do exército e começou a trabalhar conosco na pousada. E Alliz, bem, acho que eu fui a mãe que ela não teve, durante os dois anos que se seguiram. Até que Kurt recebeu uma nova proposta de emprego, e eles foram embora. – a Sra. Armstrong olhou para os papeis castigados pelo tempo, repousados em suas mãos. Sem que os outros precisassem anuir, ela prosseguiu.

– Eles enviaram poucas notícias depois que foram embora. Aqui eu tenho algumas cartas de Kurt, que foram bem escondidas durante todo esse tempo por mencionar por vezes os deuses, em especial, aquela que mudou a vida dele e deu a vida a mim. Ele ainda nutria sentimentos por Atena até a última carta que me enviou, junto com uma foto dele e da filha. – ela olhou a foto como quem recorda que há um longo tempo, alguém tinha sido feliz – Alliz tinha quase oito anos quando tirou essa foto, poucos meses antes de morrer pelo ataque da fúria que provocou o acidente.

Megan mostrou ligeiramente a fotografia aos outros e depois passou-a para Giovanna, que era a mais próxima de si. Ela olhou brevemente as feições da garotinha e passou em diante, até que chegasse a Annabeth, que contornou as bordas com os dedos e pode provar o quanto Alliz era semelhante a si, exceto pelos cabelos muito lisos da filha de Kurt Spencer e Atena. Sua irmã mais velha sugeriu que ela visse a imagem para ver o que havia no verso.

Annie se surpreendeu, mas ainda assim, leu em voz alta:


“ Tornar-se-ia desfeita a prece juramentada

Ao nascer obscura a criança proibida

A ameaça das profundezas sobrevinha calada

E o sangue inocente cingia uma escolha maldita.”

– É a tal profecia de que Kurt falava quando da primeira vez que estive no cativeiro. Não precisa de muita interpretação... é bem clara. O terceiro verso despertou nos deuses a ideia de que a garota pudesse se aliar ao mal que ameaçava regressar, Cronos vindo do Tártaro, no caso. Os olimpianos tem o costume de fazer interpretações precipitadas... foi assim quando acharam que Percy tinha roubado o raio, não seria diferente anos antes. – Annabeth estava notadamente pensando em voz alta. Seu raciocínio não fora complicado, mas Percy teve dificuldade de acompanhar. O que sempre foi normal.

– E a escolha maldita de Kurt foi não confiar em deixar Alliz no acampamento. – Giovanna manifestou o que estava em todas as mentes ali.

– Você é bem esperta para uma filha de Poseidon. Seu irmão é um Cabeça de Algas! – Thalia falou sorrindo.

– Eu sei que eu sou demais! – A filha de Poseidon provou mais uma vez sua falta de senso de humildade. Todos riram, menos Percy, que sentiu o ímpeto de revidar, mas Nico segurou seus ombros. Não era o momento apropriado para rusgas.

– Foco pessoal, foco. – Nico pediu a quem quer que estivesse disperso. E então Megan continuou.

– Também preciso lhe falar algo Annabeth, diretamente a você. Arnold era um dos líderes locais da Ku Klux Klan, e quando decidiu virar as costas, provocou a ira de seus parceiros. Eles juraram se vingar, mas nunca o fizeram, até você aparecer. Alguém deve ter informado a Alliston Bradford que eu tinha uma irmã em minha pousada, e ele sabia que a melhor forma de se vingar de Arnold era através de mim, e ele fez isso, machucando você. – Annabeth abaixou a cabeça e algumas lágrimas escaparam por seus olhos. Thalia franziu o cenho e Percy levantou-se de supetão, aproximando-se dela.

– O que ele fez a Annabeth? Foi o que aconteceu no seu sonho, não foi Thalia? – ele estava com a voz esganiçada, muito raivosa.

A Sra. Armstrong aproximou-se da irmã e a amparou. Em seguida, murmurou as palavras temidas por Percy.

– Estupro. Alliston tentou estuprá-la, Percy.

Ele não teve tempo de reagir à revelação. Um barulho irritante no soalho se fazia audível, e logo Arnold Armstrong aparecia ao portal, um tanto extasiado.

– Temos visita. – ele disse animadamente, e não se importando com o que os outros diriam de sua atitude.

Giovanna prendeu a respiração. Atrás de Arnold, apareceu a última pessoa que todos os presentes queriam ver.



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Notas finais do capítulo

E então?
Reviews, não se esqueçam!
Vou começar a escrever o próximo ainda hoje, portanto, não demorará a sair.
Obrigada por terem lido.
Bjs



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