A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 2
Cap.1 - Ás vezes a névoa não pode camuflar a morte


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Fiquei muito feliz com os reviews.. :)
Obrigada!
Nesse vocês entenderam a motivação, como toda a vingança começou.
Torço para que gostem
Boa Leitura!



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Capítulo 1


“Ás vezes a névoa não pode camuflar a morte.”


Cinco anos antes...


Dirigindo em velocidade permitida à luz do por do sol, pai e filha cantavam despreocupados depois de um longo dia de brincadeiras na praia. Era o primeiro dia de férias de verão, e o tão sonhado momento juntos havia se prolongado por toda a tarde. Mas, ao contrário do que pensavam, nunca mais iria se repetir.

Antes que pudesse piscar novamente, um par de asas negras fixadas em uma criatura escabrosa avançou sobre seu para-brisa. Ele freou bruscamente, e com impacto, sua cabeça resvalou na buzina. O carro deu um solavanco à frente, batendo em algo sólido que Kurt não conseguiu ver o que era, por conta do monstro agarrado ao vidro. Mas o pior de tudo se deu quando o motorista olhou para o lado: o banco do passageiro, antes ocupado, estava vazio, e a porta misteriosamente escancarada.

Ele se desesperou. Destravou sua porta e abriu-a lançando-se para fora e correndo para a traseira do veículo, e com isso, nem notou que a criatura que provocou todo o rebuliço não estava mais presa ao vidro do carro. Quando olhou na direção esquerda, parou de respirar – ali estava a garotinha, desacordada, com o rosto todo coberto de sangue. Ele correu até ela, ajoelhou-se ao seu lado, retirou um lenço do bolso e passou sobre seu rostinho ferido, retirando o excesso de sangue. Pode notar um grande corte na testa da menina. Sentiu uma leve respiração e recobrou o ar.

Foi quando se deu conta. Alliz, assim que viu o monstro, saiu do carro para enfrentar a fúria, já que a mesma aguçou seus instintos de meio-sangue habilidosa. Ele estremeceu ao perceber que aquilo seria para salvá-lo, já que ela sabia que o próprio Kurt não teria a menor chance de fazê-lo por si só.

Desnorteado, olhou para a frente e viu o monstro, que ele reconheceu como uma fúria, junto a uma senhora muito idosa com os mesmos traços – uma parca. Em suas mãos estava um novelo de linha muito pequeno, e o último fio ainda ligado a ele apenas por uma fibra. Ao notar que estava sendo observada, a parca apenas sorriu, com seus dentes maquiavelicamente alinhados denotando satisfação ao sofrimento. A fúria se desfez no ar como uma rajada de vento turvo e sombrio.

Assimilando toda a situação que ocorria ali, Kurt respirou fundo e olhou para a filha e deitou ao seu lado. E fechou os olhos.


***


Caía a noite e junto com ela tudo o que acreditava. As coisas não seriam mais como tinha planejado, mesmo porque planejamento nunca foi palavra de ordem em sua vida. O que fazer agora? Esperar a fúria do mundo mortal ou revelar sua profunda ira aos deuses? Não haveria tempo para isso, as sirenes já tocavam ao fim da rua anunciando que tudo o que viveu nos últimos vinte minutos foi real, e não apenas mais algum dos sonhos idiotas de meio-sangues que Alliz tinha rotineiramente.

Dois corpos no chão, um lenço ensanguentado em mãos, e tudo o que ele ainda ouvia era a respiração lenta e forçosa da garotinha ferida. O rapaz não o importava, contudo, ainda sim a culpa pesava-lhe por sobre os ombros. Kurt assustou-se ao se deparar com mais uma vítima do acidente, até que se lembrou do choque do carro com algo sólido. Era óbvio, o corpo do rapaz foi de encontro ao carro, e ao que parece, ele não resistiu ao atropelamento.

Ajoelhado ao lado da filha, ele deixava que lágrimas silenciosas abrissem caminhos de dor por seu rosto, enquanto uma certeza florescia e tomava conta de seus pensamentos – ela não sobreviveria.

As viaturas chegaram acompanhadas de duas ambulâncias, mas elas não seriam necessárias, afinal, Alliz já havia dado seu último suspiro a segundos atrás. O garoto do outro lado da rua havia morrido instantes após ter sido atingido pelo veículo, agonizando por longos cinco minutos, que foram torturantes de se presenciar. Mas nada pode ser feito. Os dois estavam mortos.

Aproximaram-se do único sobrevivente, que chorava com a filha morta estirada no asfalto gelado. Os paramédicos examinaram a garota por menos de um minuto, e em seguida, olharam com compaixão para Kurt, que abaixou a cabeça aos prantos. A outra equipe examinava o rapaz do lado oposto, apenas para constatar mais uma morte.

– A perícia está a caminho para analisar o local do acidente. Mais tarde precisamos conversar com o senhor.

Kurt apenas assentiu.

– O senhor está bem? – o policial perguntou educadamente.

– Sim, apenas com dor de cabeça – disse Kurt ainda chorando e segurando a mão da menina. Passou a mão pela testa e sentiu uma ferida ali. Assustou-se ao ver a quantidade de sangue que saía.

– Isso vai precisar de sutura, venha. – o policial, cujo nome estampado em seu fardamento era James Scott, disse. Kurt o ignorou e olhou novamente para Alliz.

– Não vai adiantar o senhor ficar aqui. Só removeremos o corpo depois do trabalho da perícia, e é melhor que cuide desse corte o quanto antes. – Scott mantinha os olhos baixos, em um claro sinal de complacência com a dor do homem que sofria pela perda recente da filha.

– Tudo bem. Mas eu preciso de um momento a sós com ela. – o policial concordou silenciosamente e saiu.

Kurt estava com os olhos vermelhos. Não se sabe se era em decorrência do choro, ou da raiva que se expandia dentro de si. Ele era um mortal que via através da névoa, e imaginava quem teria colocado a fúria atrás de sua filha de apenas oito anos. Deduziu que a pequena era mais poderosa do que todos imaginavam, e isso talvez fizesse com que alguns se sentissem ameaçados. Em palavras amargas, despediu-se.

– Alliz Spencer, por algum motivo eles quiseram matar você, uma simples semideusa. Eu juro que vingarei sua morte. Lutarei até a última brisa por isso. Eu te amo filha...

Levantou-se pesarosamente e arrastou-se em direção a ambulância. Respirando com dificuldade por conto do choro, ele mal sentia os pontos sendo costurados em sua cabeça. Já não estava mais em si, pois seus pensamentos desesperavam-se ao se deparar com algo que seria constante a partir daquele momento – a ausência de Alliz.

No fundo, o que Kurt temia mesmo era voltar a solidão, que foi cessada com o nascimento da menina, contudo, agora esta seria sua companheira inseparável, assim como o desejo de vingança. Honrar a morte da filha era seu propósito, custe o que custasse, não importando o tempo que demoraria para isso acontecer.

Ele não descansaria até conseguir o que acreditava ser a sua justiça.



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Notas finais do capítulo

E então, o que me dizem... gostaram?
Comentem galera!
Ah, e se tiver muitos reviews, eu posto o próximo rapidinho :)
Beijokas