A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá
Depois de algum tempinho sem postar nada... voltei.
Sejam bem vindos todos vocês, espero sinceramente que gostem e comentem :)
E sem mais delongas:
Conheçam Kurt Spencer!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/240571/chapter/1

Prólogo


Kurt estava sentado à beira do píer. Tamborilava seus dedos na madeira resistente e laboriosamente pregada na extensão da passarela, com sua inútil impaciência a cortar seus pensamentos. Ele podia sentir o vento tocar-lhe o rosto, mas não como se fizesse carinho, não. Era como se viesse lhe dizer que ainda estava vivo. Suas pernas se balançavam conforme a correnteza, em uma intimidade quase que inesperada, justo porque o mar era algo que odiava com todas as raízes do seu ser. Por causa da medíocre vaidade dos mares, dos céus e das profundezas a então pequena Alliz havia desaparecido de seu mundo, para não voltar nunca mais.

Exasperado, apenas num salto levantou-se e correu em direção à areia revolvida pela água salgada. Caminhou descalço por ela, batendo pesadamente a planta do pé ao chão. Respirando com dificuldade por conta das lágrimas, ele parou a alguns metros de um quiosque decorado ao estilo praiano. Pôs-se a observar  todos que estavam ali, dispensando sua atenção a um casal de adolescentes em particular. Pareciam felizes, alheios ao que acontecia ao redor, como se o mundo não existisse além daquela pequena mesa em que se podia ver a arrebentação das ondas.

“Mal sabiam eles o que estava por vir”, Kurt pensou, continuando a observá-los por um longo tempo, estudando cada movimento e anotando mentalmente os trejeitos de cada um. Com certeza serviriam em um futuro bem próximo, em face do plano que minuciosamente planejara por anos, aqueles anos em que esteve trancafiado por conta de uma injustiça. Sentindo uma pontada de confiança brotando dentro de si, caminhou até a bancada do quiosque, com o intuito de observar mais de perto aqueles que seriam seus alvos.

Pediu um refrigerante ao balconista, e enquanto aguardava, olhou de relance para a mesa do casal. Não havia como duvidar. O garoto, com porte de nadador, sorria desajeitado com seus cabelos negros que caiam sobre os olhos demasiadamente verdes, estes que não descolavam nem por um minuto da garota loira de olhos azuis claros, que observando detalhadamente, notava-se que sua tonalidade exata era de um cinza extremamente raro, que só um verdadeiro descendente da sábia olimpiana teria.

Ele ficou satisfeito com sua sorte. Encontrar os meio-sangues ali, fosse mero acaso do destino ou não, veio a calhar para Kurt. Seu cérebro trabalhava velozmente na tentativa de extrair algum detalhe que fizesse a diferença em seu plano vingativo, que ele estava obstinado a cumprir.

Com o refrigerante em mãos, passou por entre as mesas chegando bem próximo dos estranhos tão conhecidos de Kurt. Em um golpe de pura coincidência, ele conheceu aqueles que sofreriam as consequências de sua meticulosa vingança, tão sofrida e desejada por ele durante todos aqueles anos em que o sol lhe foi recusado. E para o próprio Kurt Spencer, só voltaria a brilhar depois que a emboscada obtivesse êxito.

Andando despreocupadamente pelo calçamento ao lado da avenida, ele mal percebeu que um motoqueiro emparelhava-se a ele, acompanhando sua caminhada. Kurt estranhou, porém ainda sim fingiu não se importar. Talvez fosse só mais um maluco alucinado por drogas, tipo que havia se tornado um tanto comum na cidade, sobretudo nos anos em que ele não esteve ali. Contudo, mudou de ideia assim que uma voz prepotente e imponente encheu seus ouvidos.

“ Preciso falar com você.”

A moto foi estacionada enquanto um Kurt ligeiramente perplexo parava olhando aquele que pensou ser o motoqueiro mais estiloso que já viu. Coturnos pesados, calça de couro grossa envolta por correntes e jaqueta tenebrosamente preta passavam despercebidos. O que realmente chamou atenção foi o fato de um motoqueiro com o cabelo cortado do jeito tipicamente militar usar óculos escuros em plena noite de lua cheia, e o mais impressionante, notar que uma luz fumegante saia pelas bordas do tal óculos.

Kurt estremeceu. Sendo um mortal que via através da névoa, ele sabia que o ser que estava em sua frente não era alguém meramente comum. O motoqueiro sorriu e chacoalhou levemente a cabeça, retirando os curiosos óculos de seu rosto. As pálpebras estavam fechadas, e permaneceu assim por alguns segundos, até que, enfim, ele abriu revelando as órbitas vazias envoltas por chamas nervosas.

Era Ares, o deus da Guerra.

Não conseguindo disfarçar a surpresa, Kurt fez menção de que iria dizer algo, mas Ares o interrompeu, com sua voz baixa e de certa forma, torturante e sarcástica.

“ Kurt Spencer, eu sei o que planejas. Na verdade, eu até gostei de seu ímpeto vingativo e por isso, acho que lhe farei uma proposta.”

Sem saber o que dizer, o mortal decidiu escutar a proposta que seria o inicio de tudo. E não haveria volta.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que me dizem?
Pretendo postar com frequência, mas isto dependerá de vocês: quanto mais reviews, mas rápido os capítulos serão publicados.
Beijos *,*