Chegamos a corporação, haviam “seguranças” na entrada e em várias outras partes do local. “Stephanie está com medo de que seu plano falhe, principalmente depois de eu ter fugido” Pensei.

Quando entramos no prédio eu fingi estar seguindo Thiago e Leandra, e fomos até a sala de Stephanie.

- Com licença, eu sei que você não quer ninguém andando pelo prédio A, mas nós trouxemos uma nova imortal – Leandra dizia enquanto entravamos na sala. Stephanie olhou para mim.

- E qual é o seu nome minha jovem? – Ela perguntou com um sorriso, que eu sabia ser falso, no rosto.

- Samantha... – Respondi fingindo ser tímida, passar alguns anos entre humanos me fizeram ser boa em “atuar”.

- Seja muito bem-vinda, Samantha. – Stephanie dizia enquanto se aproximava e me abraçava. De inicio fiquei um tanto nervosa, mas depois percebi que ela não suspeitava de nada.

Nós nos retiramos, e arrumamos minhas coisas em um quarto.

- O que vamos fazer agora Mar... – Leandra começou a falar, mas Thiago tapou a boca dela.

- Quieta Lê! Tem muitos guardas aqui. – Ele sussurrou, olhamos em volta e ele tinha razão, havia vários guardas circulando pelo pátio e corredores.

- Vamos à praia... Não devem ter tantos assim por lá. – Nós seguimos em direção à praia, e Leandra tinha razão, não havia guardas por lá, apenas um no final da escadaria.

- Pronto o que vamos fazer? Não temos muito tempo até o alinhamento.

- Temos que arranjar um meio de impedir Stephanie, eu só não sei como. - Eu não conheço a história, Tomaz nunca me disse nada sobre isso. “Ah Tomaz, se você estivesse aqui com certeza saberia o que fazer.”

- Sozinhos não vamos conseguir, nós precisamos de alguém que saiba da historia completa, alguém que era um gênio da estratégia... – Thiago dizia.

- Você está descrevendo o... – Leandra olhava para Thiago surpresa.

- Tomaz. – Eu completei, mesmo nunca tendo o conhecido Leandra sabia quem era. – Do que você está falando Thiago? Tomaz agora é apenas um humano comum, ele não tem nenhuma lembrança da vida imortal, nem se quer sabe que isso existe.

- É eu sei, mas tem uma coisa que pode funcionar... – Thiago dizia, mas eu não entendia onde ele queria chegar.

- Do que você está falan... – Leandra começou a perguntar, mas parou como se tivesse entendido o que ele estava dizendo. – Thiago, você está mesmo cogitando essa idéia? Ficou maluco? Não pode fazer isso! – Leandra estava exaltada.

- Isso o que? Eu não estou entendendo nada! Como assim?

- Thiago acha que como Tomaz te deu a imortalidade dele, se você devolver ele voltará a ter as memórias de antes...

- Pode funcionar... – eu interrompi Leandra.

- Mas não há nenhuma garantia de que vai funcionar! Você vai esquecer tudo! Você pode não voltar a ser imortal.

- Eu vou arriscar assim mesmo, Leandra. Se eu não tentar pode ser o fim de todos. É uma chance que nós temos, eu estou disposta a arcar com as consequências. – Leandra não aceitava a minha decisão, mas eu tinha que fazer isso.

- Tudo bem, a escolha é sua. – Dizia ela tentando se conformar, eu podia sentir tristeza na voz dela – E como vamos encontrar o Tomaz?

- Provavelmente ele ainda está na cidade de Peter e Janice.

- Então vamos até lá. Não temos tempo a perder. – disse Thiago.

- Espera, e a Halley onde ela está? – Eu perguntei. Eu estava preocupada, Hall era muito nova ainda.

- Não se preocupe ela está com a Devon. – Devon era uma das agentes que estava a mais tempo na corporação, nós a conhecíamos a muito tempo, nela eu podia confiar.

- Vamos logo vocês duas! – Thiago chamou, nós o seguimos até o carro.

- É... Mary? – Ritchie me chamou. Eu o olhei. – Você não sabe onde Jack está morando.

- É mesmo! – Eu disse.

- É mesmo o que Mary? – Thiago me perguntou.

- Eu acabei de me lembrar eu não sei onde ele mora.

Thiago parou na esquina da casa de Janice, eu desci do carro. A mesma esquina em que vi Jack pela ultima vez, meus olhos seguiram até a outra ponta da calçada, cada lembrança daquela noite veio à tona, eu senti um vazio dentro de mim. E para piorar começou a chover, mesmo assim eu não entrei no carro, comecei a caminhar e cruzei os braços em volta de mim a fim de tentar preencher o vazio, mas não obtive sucesso.

- Mary... – Leandra me chamou ao ver me afastando sozinha.

- Ela sabe se virar, Lê. Essa rua não trás lembranças muito boas para ela. – Ouvi Thiago dizer, ele também se lembrava daquela noite. Eu continuei caminhando, a chuva não era forte, voltei a minha forma natural, quando percebi estava na praça onde Thiago havia me visto, memórias de Thiago vieram na minha cabeça, ele sempre fora meu melhor amigo, sempre tentara me ajudar. Balancei a cabeça para não pensar em Thiago agora, eu tinha que encontrar Tomaz. Passei perto da sorveteria em que eu e Rob encontramos Jack, pequenos flashbacks daquela tarde vieram na minha cabeça, e me lembrei de Rob pegando o numero de Jack. Peguei meu celular, eu torcia para que não tivesse apagado o numero na noite que fui embora. Para meu alivio eu achei o numero e disquei.

Meu coração começou a bater cada vez mais rápido, e a cada vez que ouvia o telefone chamando o vazio em mim aumentava. Ninguém atendia, eu estava ficando desesperada, voltei a caminhar sem rumo.

- Mary? – Uma voz conhecida me chamou, senti dificuldade de respirar no momento em que reconheci a voz que me chamava, me virei e ele estava lá olhando para mim e se aproximando.

- Jack! – Eu sorri, eu queria muito vê-lo não posso negar, mas eu não sabia o que dizer para ele.

- Você está toda molhada!

- Eu não sou mais a única. – disse olhando para cima ainda chovia e estávamos na rua, ele riu. Há quanto tempo não o ouvia rindo, o seu riso me deixava um pouco menos nervosa, aos poucos o vazio em mim foi sendo preenchido.

- O que faz por aqui?

- Bem... Eu... – Não sabia como dizer isso, ele era um humano, não tinha lembrança nenhuma. O que eu diria? Jack você era um imortal e passo a imortalidade pra mim e você se tornou um humano e não se lembra de nada, agora tem uma imortal que quer começar uma guerra, nos precisamos de você, por isso toma sua imortalidade de volta? Até parece ele ia me achar louca e provavelmente sairia correndo.

- Mary! – Ouvi a voz de Leandra me chamando, eu tirei o medalhão que eu sempre carregava, segurei-o na minha mão e fechei os olhos, pouco antes eu vi Jack me olhar sem entender o que eu estava fazendo, eu concentrei minha energia no medalhão, Leandra sabia o que eu estava fazendo. Comecei a ficar fraca, e quase desmaiei, meus pés falharam e eu quase fui ao chão, mas alguém me segurou, de inicio eu achei que fosse Leandra, porem quando eu vi Thiago estava me segurando e Leandra e Jack estavam olhando surpresos sem saber de onde ele havia surgido, eu já havia sentido a presença dele no telhado perto de nós.

Leandra pegou o medalhão e o entregou para Tomaz.

- Toma, isso agora é seu.

- Mas...

- Apenas pegue. – Ela ordenou, Jack pegou o medalhão e então houve um brilho e eu desmaiei.

~.Thiago’s POV.~

Mary desmaiou, ela estava no meu colo, pois estava fraca demais para ficar de pé.

- Vamos sair daqui. – Eu disse, pegando Mary no colo. Eu e Leandra havíamos pagado um apartamento não muito longe dali.

- Espera! – Tomaz disse, eu vi seus olhos vindo na direção de Mary, que estava nos meus braços, desmaiada. – Mary? O que aconteceu?

- Você é um imortal. – Leandra disse.

- Tá, agora me diz algo que eu não saiba. – ele respondeu, Leandra me olhou surpresa.

- Qual é a ultima coisa da qual você se lembra? – Eu perguntei para confirmar.

- Que pergunta estranha, Thiago. O que está acontecendo?

- Apenas fala, qual é a ultima coisa que você lembra?

- Hm... Acho que é do passeio que eu dei com a Mary e então os caçadores apareceram... – Leandra me olhou incrédula.

- Funcionou! Thiago você estava certo!

- Certo do que? E quem é você? – Tomaz não conhecia Leandra, então no caminho para o apartamento nós contamos a ele tudo o que estava acontecendo.

Eu coloquei Mary numa cama.

- A Mary fez mesmo isso? Ela arriscou a vida imortal com uma chance mínima de salvar todos? – Tomaz perguntou. Eu afirmei com a cabeça.

- Agora temos que impedir Stephanie! – disse Leandra – Se não tudo que a Mary fez foi em vão. E nós não podemos voltar para a corporação.

- E por que não? – eu perguntei.

- Pense Thiago, Stephanie vai reconhecer Tomaz, e não podemos deixar a Mary sozinha, ela não tem lembrança alguma.

- Ela tem razão. – Tomaz disse, eu concordei. Ficamos um tempo em silencio.

- Quando acha que ela vai acordar? – Leandra perguntou, sentando ao lado de Mary. Para Leandra ia ser péssimo, pois ela conhecera Mary quando esta já era imortal, diferente de nós, ou seja, Mary jamais se lembraria dela.

- Em pouco tempo. – eu respondi me sentado do outro lado da cama.

- Ela está acordando! – Leandra disse. Eu olhei para Mary, Tomaz se aproximou. Aos poucos ela foi abrindo os olhos.

- Ahn? O-onde eu estou? – Ela perguntou, Leandra se afastou escondendo algumas lágrimas.

- Mary? – Tomaz disse, ela olhou em volta, seus olhos pararam em Leandra que estava de costas a ela.

- Leandra? – ao ouvir seu nome Leandra se virou e correu até Mary a abraçando. – Tomaz? Thiago? – Eu estava sem palavras como pode ela se lembrar? – E então funcionou?

- Como ela pode se lembrar? – Leandra olhou para mim.

- E-eu também não sei.

- Pode ser que ela se lembre por já saber dos imortais quando ainda era mortal, ou pode ser uma coisa totalmente inexplicável, eu não sei. – Tomaz disse. Isso tinha sentido, afinal Mary conheceu a mim e a Tomaz quando ainda era humana, e Tomaz havia lhe dito tudo sobre os imortais.

~.Mary’s POV.~

Minha cabeça doía um pouco. Pelo visto Jack agora é Tomaz como antes, e por algum motivo que nós desconhecemos eu ainda tenho minhas memórias. Agora que Tomaz está aqui tenho certeza que vamos arranjar um jeito de impedir Stephanie.