Destino escrita por flavia_belacqua


Capítulo 9
Capítulo 9




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Primeiro de tudo, gostaria de dizer que sinto muito. Este atraso em relação à postagem se deve ao fato de que eu peguei uma infecção na garganta, e passei vários dias doente. Espero que os próximos capítulos  compensem a espera. Aproveitem!

Capítulo dedicado à Andi, Gui_Lion, joseuzumaki, Luuhcas Caahvalcante, ÁdriaBlackWeasleyPotter, tata lupina, Ana Black Salvatore, mia_kcullen, Ana Hermswoth Somerhalder, Rafaela Nogueira, Allison Potter, Pauliinha_eyva e como sempre, Lohh, que comentaram. Uau! Treze comentários! Vocês são fantásticos.

Além disso queria agradecer demais às recomendações. Eu não recebi email algum sobre elas, descobri por acaso. E tinham 4! Fiquei pulando de alegria. Obrigada mesmo à Gui_Lion, joseuzumaki, mia_kcullen e Pauliinha_eyva.

“O pulso ainda pulsa

E o corpo ainda é pouco

Ainda pulsa

Ainda é pouco”

Titãs – O Pulso


Dumbledore estava se preparando para ir para a cama quando recebeu o chamado de Madame Rosmerta. Imediatamente ele se arrumou, comunicou Madame Pomfrey de que teria um novo paciente e foi até os aposentos de McGonagall. Foi atendido na segunda batida por uma professora de roupão.

- Vista-se Minerva.  Acharam Harry Granger. Ele está em Hogsmeade, na casa de Rosmerta.

- O quê? Mas como? Ele está sendo usado como um tipo de aviso para nós, algo assim?, exclamou aturdida.

- Não sei nenhum detalhe ainda. – a mulher estava para lhe dar as costas e ir se vestir quando ele a segurou pelo braço.

- Mais uma coisa. Há coisas sobre ele que eu não te contei, mas que são importantíssimas. Ele não é um intercambista, e tampouco seu nome é Harry Granger. Ele é Harry Potter, e veio para cá em um acidente mágico em 1997.

McGonagall olhou para Dumbledore enquanto ele falava, as sobrancelhas subindo progressivamente, desaparecendo sob o cabelo escuro. Ela pareceu processar a informação por alguns segundos, e disse:

- Compreensível. Estarei pronta em 5 minutos.

O ancião teve a porta fechada na cara, e sorriu. Teve um arrombo de gratidão por ter encontrado Minerva para ser sua vice-diretora. Ela simplesmente era a única pessoa no mundo que sabia a hora exata de aceitar ou questionar sua palavra, agindo sempre de acordo com seus princípios. Dumbledore sabia que Hogwarts estava sob seu comando e estaria por muito tempo, mas sabia que Minerva McGonagall administrava a escola exatamente do jeito que queria. E ele estava muitíssimo satisfeito com o jeito como eles faziam funcionar.

A porta abriu abruptamente, quase acertando o nariz do professor. Eles partiram em direção a Hogsmeade, e McGonagall exigiu mais detalhes. Dumbledore lhe fornecia o que ela perguntava, mas estava com a cabeça em outro lugar. Ele imaginou todas as situações possíveis para que Harry tivesse escapado dos Comensais da Morte, todas plausíveis, mas nenhuma que estivesse correta, ele sabia.

Chegaram ao pub de Rosmerta e bateram, e a curvilínea proprietária os conduziu até um quarto pequeno no andar de cima.

- Encontrei-o faz uma hora. Estava no chão atrás do bar, inconsciente, e achei que era aquele Fletcher de novo, mas vi que estava todo machucado. Tentei cuidar dele e lhe dar um banho, mas está muito, muito ruim. Temo que não sobreviva, mas aquela sua enfermeira faz milagres, não é?, ela sorriu. Abriu a porta devagar e entrou, mantendo o sorriso aberto para o ocupante.

Dumbledore entrou primeiro, procurando o garoto com os olhos até achar uma figura encolhida na cama. Ele era muito magro, os olhos fundos na pele, os ossos proeminentes nas maçãs do rosto. Vestia o que claramente era uma roupa masculina adulta, na qual Rosmerta fizera uma má sucedida tentativa de encolher. Os braços finos como gravetos saiam das mangas enormes e ele os passou pelas pernas, abraçando-as. Ele tinha hematomas em todas as partes que Dumbledore podia ver, e estava tão pequeno quanto uma criança. A cabeça estava apoiada nos joelhos, os olhos esmeraldas bem abertos na semi-escuridão do quarto, olhando fixamente para o Diretor.

- Olá Harry., ele disse suavemente.

- Olá diretor. Professora., ele acenou com a cabeça muito levemente na direção dos dois. Sua voz não era mais como ambos se lembravam. Era mais rouca e masculina, rascada, sem a cadência juvenil que possui anteriormente. Quebrava de uma maneira estranha nas palavras, quase como se não se lembrasse mais como conversar.

- Você acredita estar em condições para voltar à escola, senhor Granger? Se desejar voltar, tenho certeza de que Madame Pomfrey está lhe esperando.

- Sempre vou querer voltar para Hogwarts, professor. – muito, muito lentamente, ele começou a se mover. Era quase dolorido de olhar, quando ele mexeu um membro por vez, se levantando devagar. Rosmerta imediatamente lhe ajudou, passando um braço pela cintura do garoto, que se apoiou nela para levantar. O garoto ficou tenso e rígido com o toque da mulher, mas o permitiu sem reclamar. Ele calçou um par de sapatos desajeitamente, e todos saíram do quarto devagar.

Madame Rosmerta os acompanhou até a enfermaria, trajeto que durou três vezes o habitual devido à fraqueza de Harry. Ela o colocou suavemente em uma das camas, onde Madame Pomfrey mal se conteve para começar a trabalhar. Harry disse “obrigado, Madame.” de uma forma tão significativa para ela que os olhos da atendente se encheram de lágrimas. Ela sorriu e apertou a mão do menino antes de se despedir dos professores e sair.

As cortinas foram fechadas ao redor da cama e luzes coloridas dos feitiços de diagnóstico brilharam através delas. Madame Pomfrey aplicou pomadas, concertou ossos, procurou por efeitos duradouros. Deu-lhe suprimentos vitamínicos, Esquelesce, antibióticos, antiácidos, remédios para febre, analgésicos. Ela curou-o por fora, retirando hematomas e costelas quebradas com facilidade. Os ferimentos eram muitos, e ela passou a noite toda trabalhando com eficiência e delicadeza. Pomona sentia o sangue ferver dentro do corpo cada vez que descobria mais um machucado, mais uma forma de tortura. Ela não conhecia o menino, mas era seu paciente e ela odiou com todo seu coração quem tivera a coragem de fazer aquilo com o garoto.

Pela manhã, ela estava exausta. Passara umas boas 30 horas acordada, trabalhando sem parar desde o dia anterior. Mas o resultado foi bom, pensou, ele não está com mais nenhuma dor. Harry, obviamente, ainda teria muito o que se recuperar fisicamente dos dois meses que passara encarcerado. A tortura deixara muitas cicatrizes físicas e emocionais, além de um organismo seriamente prejudicado. Por enquanto, pensou, vou apenas deixá-lo dormir.

...

O garoto acordou mais de 24 horas depois na Ala Hospitalar. Ele se sentia infinitamente melhor agora, sem a dor física para atrapalhar cada pensamento. Porém, a sensação não era a habitual de acordar depois de um ferimento em um jogo de Quadribol. Nestas vezes, ele sempre se sentia perfeitamente confortável e aquecido, sempre acordando com seus amigos ao pé da cama. Agora não. Ele não conseguia se mexer muito, mas não pode encontrar uma única posição em que estivesse inteiramente confortável, e estava sozinho. Sem o ronco de Ron quando cochilava a seu lado, sem a massa de cabelos castanhos de Hermione lendo alguma coisa enquanto esperava que ele acordasse. Sem falas altas demais repreendidas por sussurros para não acordá-lo, sem uma caixa de sapos de chocolate na cabeceira. Ele estava sem seus amigos, num mundo que deveria ser o seu próprio mas que estava o mais longe possível disso. Sozinho. Ainda nas roupas largas demais que Rosmerta arranjara para ele, sentiu-se novamente no armário debaixo da escada, ainda esperando um sinal de aprovação que nunca viria de qualquer um dos tios. Suspirou.

Neste momento, entraram Dumbledore, McGonagall e Pomfrey. A enfermeira checou seus curativos, deu-lhe mais doses de algumas poções e partiu, deixando o adolescente com os professores. Ambos pegaram cadeiras, sentando-se à frente de Harry, que se ergueu na cama para poder olhá-los. Viu que Minerva o olhava ainda mais atentamente que o professor, procurando traços em seu rosto. Então ela já sabe, pensou. Considerou ficar irritado com Dumbledore por contar seu segredo, mas percebeu que confiava ainda mais em McGonagall do que no próprio Diretor. Que seja então.

- Olá senhor Granger. Espero que esteja melhor., disse Dumbledore, avaliando as reações de Harry com cuidado.

- Estou, professor.

Houve um momento de silêncio constrangido, onde ninguém sabia o que dizer. Harry decidiu começar contando o que eles queria saber:

- Eu estava jogando Quadribol com meus companheiros de casa, quando tive essa... visão. Percebi que era Hogsmeade e que haveria um ataque naquela noite. Recorri a você, professor, e espero que isso tenha ajudado. – Dumbledore assentiu. – Foi só depois que falei com o senhor, foi que eu percebi que eu sabia o que ia acontecer. Lembrei de ter estudado sobre um dos maiores ataques da Primeira Guerra, o Massacre das Cem Crianças.

Neste dia, Voldemort atacou para desestruturar as famílias. Ele quis causar insegurança, ameaçar quem tinha filhos para cuidar, para que não se voltassem contra ele. Durante o ataque, ele criou alas Anti-Aparatação que não permitiram que os Aurores entrassem, e espalhou o caos na vila. Mas o objetivo principal dele era prender a centena de crianças pequenas que foi para Hogsmeade naquele dia em comemoração ao Dia das Crianças do mundo mágico. Foi isso que ele fez. Os Comensais da Morte as prenderam em um edifício selado magicamente e colocaram fogo. Há esta altura, os habitantes da vila já tinham sido subjugados e tiveram que assistir a morte delas. Foi um dos ataques mais cruéis, e teve o efeito esperado. Por muito tempo depois dele, as forças de Voldemort só aumentaram, e as da Ordem diminuíram. Eu simplesmente não podia ficar parado esperando acontecer, então fui para Hogsmeade e tentei impedir.

- Mas por que você não me disse isso, Harry? Você me disse sobre o ataque, porque não falar sobre o principal?

- Você teria acreditado, professor? Você precisou usar Legilimência em mim para acreditar sobre o ataque. Realmente, mesmo se o senhor acreditasse, como ia convencer o Ministro a disponibilizar uma esquadra de aurores para permanecer em um prédio abandonado durante o ataque? Sei que o senhor tem influência neste tempo, mas ainda não é o suficiente para fazer com que os Aurores organizassem uma emboscada sem saber porquê. Ainda assim, não teriam me deixado ir para a batalha, e os aurores não saberiam aonde seria o ataque, só causaria dispersão e confusão entre eles.

- E você achou que ir sozinho resolveria?, perguntou McGonagall chocada.

- Eu tinha que tentar, professora. Consegui?, ele perguntou com angústia transparecendo na voz. Os adultos perceberam que Harry não sabia o que acontecera depois que foi capturado, como estavam as crianças.

- Todas elas estão muito traumatizadas, mas perfeitamente bem, senhor Potter. Agradecidas, também. Uma delas, em especial, teve que ser sedada para que pudessem levá-la para casa sem ver o “herói”., disse Dumbledore, e Harry não perdeu a ponta de incredulidade em sua voz. Claramente, ele ainda queria mais detalhes. Mas suspirou de alívio, sabendo que Lilá e as outras estavam bem.

- Você falou em Primeira Guerra, Harry. Como assim?, perguntou Dumbledore.

- A guerra que vocês lutam agora é chamada assim no meu tempo. A Primeira Grande Guerra termina daqui a alguns anos, e há treze anos de paz. Depois, tem inicio a segunda, que eu sinceramente acredito que será mais curta.

Ambos os professores não se conseguiram se conter e suspiraram com esta informação. Treze anos de paz... parecia o paraíso.

- O que marcou o fim da Primeira Guerra?, perguntou McGonagall, mas foi olhando para Dumbledore que Harry respondeu.

- Se eu contar, isso vai alterar permanentemente o rumo da história que vou falar. No momento em que eu contar, a história já não será mais a mesma. Vocês são poderosos demais para que um Obliviate funcione. Essa conversa vai mudar o futuro, irremediavelmente. É um poder que talvez nenhum de nós deveria ter. Vocês querem tê-la?

Dumbledore olhou nos olhos verdes de Harry, e se sentiu testado. Sabia que as palavras do rapaz eram direcionadas à ele, e percebeu que o garoto  via a escuridão que havia em si e que ele lutava para esconder. O garoto via, e ainda sim estava disposto a confiar. Mas só se ele confiasse em si mesmo para isso.

Minerva McGonagall também estava tendo seu próprio dilema. Normalmente, ela deixava as maluquices para Dumbledore. Mas agora, ela percebeu que estava prestes a ter uma conversa que mudaria o rumo da Guerra. Para melhor ou pior, dependeria deles. Ela confiava nas três pessoas daquela sala, e decidiu fazer o que era certo. O que ela sempre fazia.

- Sim., responderam os dois em uma voz só., e os olhos de Harry brilharam com um sentimento indecifrável. Ele assentiu, e começou a falar:


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