Destino escrita por flavia_belacqua


Capítulo 6
Capítulo 6




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Capítulo dedicado à Gui_Lion, Ana Hemsworth Somerhalder, ÁdriaBlackWeasleyPotter e Luuhcas Caahvalcante, que comentaram. Muito obrigada!

"Eu não quero mais dormir

De olhos abertos me esquenta o sol

Na minha testa se anunciou

A pé a fé devagar

Foge o destino do azar

Que restou"

Titãs – Os Cegos do Castelo


Depois que Lily saiu, Harry continuou imerso em pensamentos. Ele passou muito tempo lembrando de sua vida com os Durleys e depois em Hogwarts. Das férias com a família Weasley, os finais de semana em Hogsmeade. De Ron. Hermione. Gina. Pensar nas tardes de sábado passadas com a ex-namorada fez o estomago de Harry se contorcer de saudades. Ela estaria brava com ele? O aceitaria de volta? Um pensamento assustador atravessou a mente de Harry como um relâmpago. E se ele não conseguisse voltar? Provavelmente teria que viver todo o tempo que voltou. Vinte anos... Imagine o choque de Hermione, se eu simplesmente sair de Godric's Hollow com 37 anos. Ela com certeza vai me enfeitiçar achando que sou um Comensal da Morte., ele pensou. Com certeza Dumbledore estava intrigado com sua viagem. Quando ele me chamar para tentar descobrir mais sobre isso, eu vou ter que contar. Não tudo, mas pelo menos uma parte. Decidindo o que poderia falar sem grandes riscos, o garoto adormeceu.

Pela manhã, todos pareciam determinados a agir como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Mesmo assim, havia uma certa casualidade forçada nas conversas quando Harry chegava perto, e ele preferiu se isolar, dizendo que precisava estudar para as aulas que começavam no dia seguinte. Seu horário tinha chego ao amanhecer, e ele tinha sido aprovado com notas relativamente altas. Em Defesa Contra As Artes Das Trevas, Feitiços e Astronomia passou com um Ótimo, Poções com um Aceitável, e Excede as Expectativas nas outras matérias. No todo, Harry foi bem.

Ele passou a manhã toda estudando a partir de seus livros novos, para tentar acompanhar as aulas do sétimo ano. Agora que Harry percebeu que existia uma possibilidade real de ter que permanecer no passado, decidiu que tinha que se esforçar para conseguir entrar no curso de Aurores. Na hora do almoço, o garoto se empenhou para conversar normalmente com os colegas, e tentou interagir bastante com Alice. Se eu vou ficar, Harry pensou, vou salvá-la. Custe o que custar. Sabia que devia muito a Neville pelos anos de amizade, e se pudesse salvar seus pais da loucura, ele faria. O dia estava lindo, com condições perfeitas para o Quadribol. Os rapazes estavam animados para jogar, e depois da refeição correram para o campo.

Harry observou tristemente os Marotos jogarem animados, pontos borrados no alto. Surpreendentemente, Peter era um excelente goleiro. Maldosamente, Harry pensou que era porque seu maior instinto era agarrar o que pudesse para si.

– Será que finalmente achamos um cara que não gosta de Quadribol, Lily?, Alice perguntou fingindo estar esperançosa, sorrindo e olhando para Harry.

– Acho que não foi desta vez, Alice. Mas não percam as esperanças meninas, tenho certeza de que vão conhecer algum., Harry retrucou, fazendo as garotas rirem.

– Por que não está jogando, então?

– Minha vassoura ficou na casa dos meus tios, e eles se recusam a mandar por coruja. Como correio trouxa é inviável em Hogwarts...

– Ah, não seja por isso! Isso é facilmente resolvível... Sirius, Sirius, vem cá!, Lily gritou para o garoto suado que caminhava em direção ao banheiro.

Ele se aproximou, a vassoura pendurada nos ombros. Lily praticamente a arrancou dele e a colocou na mão de Harry.

– Tenho certeza de que ele não se importa se você voar um pouco. Você nem estava mais jogando, né Padfoot? – ela lançou um olhar muito parecido com o de Molly Weasley para ele, claramente dizendo que essa seria a forma de retaliação pela noite passada. Sirius acenou com a cabeça de má vontade, e Lily praticamente empurrou Harry em cima da vassoura.

O garoto murmurou um "obrigado", e se ergueu no ar. Não era tão rápida como ele estava acostumado, mas a sensação era incrível. Ele rasgou o ar, acelerando o máximo que pôde, adorando a sensação familiar de voar. Desde quando ele não sentava em uma vassoura? Teve uma memória de Edwiges sendo acertada por um feitiço e caindo, caindo... O corpo não encontrado de Olho-Tonto, que parecia imortal... Um flash de dor passou por seus olhos, e ele sacudiu a cabeça, tentando expulsar os pensamentos. Viu que James o olhava atentamente. Ele permaneceu em silêncio alguns instantes, como se tentasse entender Harry, mas logo falou:

– Você é bom, Novato. Quer jogar com a gente?

– Claro. Quem é que falta?

– Você pode ser um artilheiro, batedor ou apanhador. Qual prefere?

– Apanhador.

– Interessante. Vamos fazer um joguinho um contra um, então? Eu e você. Quem pegar o pomo primeiro, ganha uma cerveja amanteigada no próximo final de semana em Hogsmeade.

– Fechado. – um brilho competitivo brilhou nos olhos do pai, e Harry não pode se impedir de se sentir assim também.

James gritou algo para os amigos que estavam voando, e eles assentiram. Remus tirou a bolinha dourada do bolso, voou para o exato meio do campo e a soltou. Contou até três com os dedos e gritou "VALENDO!".

Harry adotou sua estratégia habitual. Voou o mais alto possível e deixou os olhos vagarem pelo campo atentamente. Sentiu imediatamente o instinto de caçador se infiltrar, apagando os outros sentimentos. Não há nada no mundo como voar, ele pensou. Voando em círculos, viu que James agia de forma semelhante. Os outros observavam com expectativa lá de baixo.

Lily viu os dois garotos voando no alto, tentando achar aquela minúscula bolinha com asas de prata. De longe, eles pareciam idênticos, sendo diferenciados somente pela blusa vermelha de James. Eles até voam de forma parecida, ela pensou. Sirius estampava uma expressão muitíssimo satisfeita. Ela tinha visto que ele cochichara alguma coisa com Peter, mas imaginou que eles estavam somente apostando pelo vencedor. Não, não faz sentido. Ambos apostariam em James. E somente estar confiante pela vitória do melhor amigo não ia deixá-lo tão contente assim. Desconfiada, perguntou:

– Sirius, o que você fez?

– Nada, minha cara Lílian.

– Sirius, se você aprontou alguma...

Ela escutou um grito de Alice, e voltou o olhar imediatamente para o campo. Aparentemente, Harry e James tinham visto o pomo. Ambos tinham expressões concentradas, voando rápido para baixo. O pomo estava a uns bons quinze metros do chão, e os dois apanhadores voavam quase na vertical, tentando alcançá-lo. James percebeu que ia cair e freou a vassoura bruscamente, mas Harry não. Ele continuou indo cada vez mais para baixo, rapidamente, ele esticou o braço para o pomo, e Lily se conteve para não esconder o rosto entre as mãos, não querendo ver a queda. Mas ele fechou os dedos sobre a bolinha, erguendo-a no ar. Ele estava quase estabilizando a vassoura quando...BUM! Peter aparecera do nada em sua própria vassoura e colidiu com o garoto, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio da vassoura. Se Harry tivesse caído dali, não haveria tantos problemas. Ele quebraria o braço ou uma perna, mas ficaria bem em meia hora. Mas não foi o que aconteceu. Quando Pettigrew trombou com ele, Harry percebeu que ia cair, e se agarrou no menino que colidiu com ele, tentando se segurar. Ao invés de seguramente pousar no chão, o rato continuou indo mais e mais alto, até que os dedos de Harry não aguentassem mais. E então, ele caiu.

Todo mundo parou para olhar, estupefato. Parecendo ver a cena em câmera lenta, assistiram Harry cair de uma altura absurda. Ninguém tentou fazer nada, e nem conseguiriam se tentassem. O único que fez alguma coisa foi o próprio Harry, que mais uma vez viu sua vida depender de decisões tomadas e executadas em apenas alguns segundos. Quando seus dedos começaram a fraquejar, ele se preparou para o pior. Quando finalmente soltou as vestes de Pettigrew, Harry estendeu a mão na direção da vassoura abandonada no chão, de quando ele perdeu o controle pela primeira vez. Ele fez um feitiço de Convocação sem varinha, em um rompante de magia acidental. A vassoura de Sirius imediatamente respondeu, mas ela estava muito longe. Harry tinha um buraco de medo na boca do estômago, a adrenalina fluindo pelo corpo enquanto chegava mais perto do chão... Se a vassoura não chegasse a tempo, sabia que ia morrer.

Mas chegou. A menos de três metros do solo, Harry conseguiu agarrar o cabo da vassoura, fazendo um esforço hercúleo. A vassoura cedeu sobre o peso mal distribuído, e ele se estatelou no chão. Todos se aglomeraram em volta dele, e o garoto se ergueu, dolorido. Ele só conseguiu acenar para as centenas de perguntas de "você está bem?" que todos faziam sem parar. A essa altura, Peter já estava de volta ao chão parado ao lado de Sirius, ambos parecendo que tinham acabado de levar um tapa.

O olhar de Harry cruzou com o do futuro padrinho, e percebeu que tinha sido ele. Sirius mandou Peter trombar com ele de propósito, para que o garoto caísse. Contendo a fúria, Harry andou em direção a ele, e perguntou:

– Foi você?

Sirius hesitou, mas respondeu:

– Foi. Mas eu não queria, não era para você ter se segurado em Peter, e..., ele não teve coragem de continuar. Lily, Alice, Remus e James olhavam para os dois não com raiva, nem bravos. Decepcionados.

– Vamos Harry, você tem que ia à enfermaria., Lily pegou no seu braço, mas o garoto não se moveu.

– Não, eu estou bem. Pode deixar, a queda foi pequena, não machuquei nada.

– Bem, foi incrível. Não acho que eu conseguiria convocar a vassoura daquele jeito. Como você pensou nisso?, Lily continuou conversando com Harry, e foi embora com ele, seguidos por Alice.

James e Sirius se encararam, Remus e Peter também. Silêncio caiu entre os Marotos, um avaliando o que o outro ia fazer.

– Isso tem que parar, Padfoot. É a segunda vez que você coloca a vida de alguém em risco por uma inimizade. Não pode mais acontecer.

Remus acenou em concordância, mas falou:

– A culpa não foi toda de Sirius. Por que diabos você não parou, Peter? Ele ia morrer! Você tem noção do que é isso? Você e Sirius seriam expulsos, e iam conviver o resto da vida com essa culpa!, Lupin dificilmente ficava furioso, mas neste momento ele ficou. Ele gritou com Pettigrew, os dentes a mostra de forma quase animal. Nos dias de lua cheia, ele ficava com seu lado lupino à flor da pele, e quase avançou no amigo. James e Sirius o pararam pelos braços, e ele rosnou para os dois. Com força sobre-humana, ele se soltou com violência, mas se acalmou.

– James tem razão. Isso tem que parar, Sirius! Dá próxima vez, você vai realmente matar alguém!, Sirius permaneceu em silêncio, divido entre retrucar e pedir desculpas. Decidiu que nenhum dos dois adiantaria e não falou nada.

Os quatro se moveram em direção ao castelo rapidamente, pegando as vassouras. De repente, ouviram um grito animalesco, profundamente ferido. Correram para alcançar Lily e Alice bem a tempo de ver Harry caindo de joelhos no chão, as mãos cobertas de sangue que escorria da cicatriz.



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