Destino escrita por flavia_belacqua


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo dedicado a Ana Black Salvatore, Looh, Ana Hemsworth Somerhalder, Gui_Lion, mia_kcullen, ÁdriaBlackWeasleyPotter, que comentaram. Vocês são absolutamente incríveis!

“Essa noite uma bomba vai explodir

Quem é que vai conseguir dormir?

Se a culpa é minha ou é sua

Não faz diferença nenhuma

A guerra é aqui, a guerra é aqui”

Titãs – A Guerra é Aqui

Harry estava andando com Lily e Alice, irritado com Sirius e Peter. Não estava realmente prestando atenção ao que as garotas estavam dizendo, quando sentiu uma fisgada de dor na cicatriz. Eu devia ter imaginado que nem aqui eu ficaria liv... teve os pensamentos interrompidos por uma dor súbita, que o atordoou. Ele levou as mãos à testa, parando no corredor. A dor nunca tinha sido tão forte antes, o incapacitando completamente. Os joelhos cederam sob o peso do corpo, e ele caiu no chão. A dor aumentou, e ele não pode se impedir de gritar. Sentiu o sangue escorrer pelas mãos, pingando à sua frente, e começou a ficar zonzo. Ele sabia que uma reação dessas somente poderia ser provocada por emoções muito intensas em Voldemort. Alegria. Expectativa. Teve um flash de uma visão de Hogsmeade, e entendeu. Subitamente, a visão acabou e a dor se foi. Harry se levantou, não se importando com o sangue o cegava, com o grupo de pessoas que gritava por ajuda a sua volta. Ele correu como se sua vida dependesse disso para o escritório do diretor, gritando a senha para a gárgula. Subiu as escadas e parou, ofegante, em frente à Dumbledore que o olhava o garoto sem fôlego, com a face e as vestes ensanguentadas, estupefato.

– Professor, Voldemort está chegando para atacar Hogsmeade!

– Senhor Granger, acredito que isso é muito precipitado de sua parte. Talvez o ferimento que sofreu tenha feito com que acreditasse que...

– O senhor tem que acreditar em mim! Eu sei!, Harry disse com urgência crescente na voz. Dumbledore começou a argumentar calmamente que ele estava muito estressado e devia se dirigir à enfermaria. Enquanto ele falava, Harry se deu conta de que era assim se alunos normais eram tratados se invadissem o escritório do Diretor aos berros. Neste mundo, ele não tinha credibilidade, não era o Menino Que Sobreviveu. Ninguém sabia de sua conexão com Voldemort, e ninguém se importava. Não vou deixar um monte de gente ser pega despreparada porque Dumbledore se recusa a me ouvir. Interrompeu a ladainha do diretor bruscamente:

– Professor, eu não estou delirando. Eu não estou louco, e não estou fora das minhas capacidades mentais. Estou perfeitamente são, e estou lhe pedindo para confiar em mim. Até agora nunca te dei motivos para isso, mas isso é simplesmente importante demais para não merecer pelo menos o benefício da dúvida. – ele encarou o homem mais velho, olho no olho. - Quando eu era apenas uma criança, fui vítima de uma maldição lançada por Voldemort. Uma maldição fortíssima, e muito, muito poderosa. O sacrifício de minha mãe me salvou, mas não foi suficiente para impedir as consequências. Quase destruiu a mim, e a Voldemort também. Desde então temos uma conexão, e eu posso ver quando ele sente uma emoção forte demais. Vai haver um ataque hoje à noite. Eu sei.

Harry falou calmamente, e com determinação. Dumbledore o observou longamente, e Harry sabia que estava sendo alvo de suas habilidades de Legilimência. Protegeu as informações mais importantes de sua mente com determinação, sabendo que sua Oclumência débil não pararia o professor se ele realmente quisesse olhar, mas deixou à mostra tudo que demonstrava que o que tinha falado era verdade. Finalmente, o diretor assentiu.

– Vou alertar o Ministério. Temos pouco tempo. – imediatamente, Dumbledore assumiu o papel de líder do lado da luz, tocando em vários instrumentos de prata em sua mesa com a varinha, mandando patronos e ligando a rede de Flu. Harry sentiu que era a hora de sair, e foi isso que fez.

Desceu as escadas, tornando-se subitamente do formigamento na testa, do sangue ainda molhado cobrindo o rosto de forma pegajosa. Saindo do escritório, deu de cara com seis adolescentes olhando-o chocados.

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Quando Harry começou a gritar e os garotos chegaram correndo, todos entraram em pânico. Nenhum deles tinha a mínima idéia do que estava acontecendo, todos tentavam falar com Harry e gritar por ajuda, mas o menino só agonizava, sangrando sem parar. De repente, ele parou de gritar, o sangue parou de escorrer, ele se levantou e começou a correr descontroladamente pelo corredor. Pegos completamente de surpresa, correram atrás dele. As coisas pioraram quando o menino gritou “TORRÃO DE BARATA!” para o escritório do diretor. Ele subiu as escadas, e a porta se fechou. Pararam, uns trombando com os outros pela parada abrupta, e se entreolharam estupefatos.

– Mas que diabos foi isso? – James e Sirius perguntaram ao mesmo tempo.

– O cara é completamente doido. Primeiro ele começa a sangrar e gritar sem motivo e depois sai correndo gritando nomes de doces por aí. Isso é tudo para fazer show, se quer saber., Peter disse, amargurado.

– Talvez se alguém não tivesse tentado matá-lo nos últimos 15 minutos, ele não agiria assim!, disse Lily, ácida.

– Mas afinal, porque você está defendendo ele, Lily? Nós o conhecemos faz três malditos dias! Ele parece ser um cara legal, mas com certeza absoluta ele é sinônimo de encrenca. Nós já temos nossos próprios problemas sem ter que nos preocupar com os do primeiro que aparece por aí!, James disse, enciumado pela forma como a namorada que ele demorara tantos anos para conquistar se deixava confiar tão facilmente em um desconhecido. Um louco, ainda por cima.

– Ele acabou de vir para uma nova escola, e está precisando de ajuda! Porque nós não deveríamos e...

– Não vem com essa. Ele precisa de ajuda sim, de um psiquiatra. Você viu o jeito que ele agiu, parecia que estava possuído, ou algo assim.

Qual foi a surpresa deles, quando o foco da conversa, que eles taxaram de louco há alguns segundos, desceu as escadas parecendo estar perfeitamente são, e exausto. Olhou para eles com um cansaço no olhar que fez com que se sentissem envergonhados e pequenos.

– Podemos deixar o interrogatório para depois? Preciso me preparar., dizendo isso, ele foi embora mais uma vez.

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Harry andou até o sétimo andar, e passou três vezes na frente da tapeçaria que conhecia como a palma da mão. Preciso de um lugar pra me recuperar. Um lugar para me preparar para o que está por vir... pensou repetidamente. Uma porta se materializou na parede, ele entrou. Suspirou aliviado quando viu uma sala semelhante ao Salão Comunal, mas com uma enorme banheira, e roupas limpas ao lado. Nu, mergulhou na água fria, deixando que lavasse a dor, o sangue e o cansaço. Durante algum tempo, só apreciou a sensação de frescor que lhe invadiu. Suspirou, mas se vestiu com as roupas confortáveis e resistentes que a Sala Precisa forneceu. Sentou-se em uma poltrona, e esperou até que a hora chegasse. Ele tomara a decisão de ajudar no ataque enquanto descia as escadas do escritório do Diretor. Porque ele se lembrava de ter estudado certa vez sobre o Massacre das Cem Crianças, e tinha quase certeza de que ocorreria hoje. Voldemort tinha atacado Hogsmeade com fúria, exatamente no dia em que o vilarejo estava sendo visitado por uma excursão que vinha de outras cidades mágicas em comemoração ao Dia das Crianças. O Lord das Trevas trancou todas em um prédio, o selou com feitiços e incendiou o lugar. Todas as pessoas estavam paralisadas, ouvindo os gritos de uma centena de meninos e meninas enquanto os observavam morrer queimados, completamente impotentes. Os Aurores souberam do ataque tarde demais, e os feitiços anti-aparatação que Voldemort lançara sobre a aldeia demoraram demais para serem quebrados. Só conseguiram chegar a tempo de ver os Comensais desaparatando com sorrisos sádicos. O ataque foi uma das batalhas mais importantes da primeira guerra, pois abalou o psicológico das famílias, que passaram a temer não só pela própria vida, mas pela de seus filhos. Essa era a única batalha da qual conseguia se lembrar, pois ficara chocado com a crueldade à que chegara. Mas não, pensou. Não desta vez.

...

A hora chegou mais rápido do que imaginou. A dor na cicatriz anunciou que estava para começar, e Harry se dirigiu à Hogsmeade pela saída da bruxa de um olho só. Harry atravessou o túnel enorme que dava na saída da Dedosdemel com impaciência e medo crescentes. Ele sentiu falta de sua capa da invisibilidade, mas não havia o que fazer quanto a isso. Quando finalmente chegou na loja, percebeu que não era a única pessoa no porão. Havia pelo menos vinte pessoas apinhadas entre as caixas, todas em pânico. Tentando não ser percebido em meio à histeria coletiva, ele subiu as escadas devagar. Na loja em si, percebeu, só estavam os donos e os funcionários de varinhas em pé, prontos para defender sua propriedade. Quando perceberam a intenção de Harry de sair da loja, o mais velho deles disse:

– Eu não faria isso se fosse você, garoto. A coisa está ficando feia lá fora.

– Prometi a minha irmã que ia encontrá-la. Tenho que ir., mentiu.

– Tenho certeza de que ela está segura. E não vai adiantar nada você se matar tentando encontrá-la. Volte para dentro.

– Não posso. Boa sorte.

– Igualmente, filho. Igualmente., o homem lhe olhou de uma maneira que Harry conhecia muito bem. Um olhar de despedida, de quem sabia que nunca mais veria o outro. O velho nem lhe conhecia, mas sabia que pelo menos um dos dois não sobreviveria à esta noite.

Tomando coragem, Harry abriu a porta de vidro e saiu. Logo o rapaz percebeu que a situação saiu do controle muito mais rápido do que ele imaginava. Comensais da Morte e Aurores, que graças ao aviso de Dumbledore conseguiram chegar, atiravam em qualquer coisa que se movesse. Alguns edifícios pegavam fogo, e havia gritos para todo lado. Fumaça, barulho, gente sendo torturada, correndo loucamente para qualquer lugar. Harry nunca tinha estado em uma batalha de verdade, e de repente se viu no coração de uma. O horror de tropeçar em pessoas mortas no chão enquanto corria, de escorregar em uma poça de sangue. A cicatriz doía, e ele encostou-se em uma parede e vomitou o almoço para fora. Pare com isso. Você veio aqui com o objetivo de salvar aquelas crianças. E é isso que você vai fazer. Limpou a boca e respirou fundo. Olhando em volta, descobriu aonde estava, e tentou identificar aonde estava o edifício aonde as crianças seriam presas. Ali. Harry correu para lá, mas trombou com um homem desesperado, que claramente tinha estado sob a maldição Cruciatus. O menino caiu no chão com a violência do impacto, e o homem caiu desmaiado em cima dele. Você só pode estar brincando., pensou, enquanto tentava se libertar do peso morto do homem no mínimo 20 quilos mais pesado. Ofegante, se arrastou de debaixo do sujeito. Quando conseguiu se levantar, continuou correndo abaixado para se desviar da chuva das maldições que voavam para todos os lados. Subitamente, sentiu uma mão agarrar sua calça. Olhou para baixo, e viu uma menina de uns cinco anos, loira sendo arrastada para um o prédio do qual Harry se lembrava por um Comensal da Morte. Sussurrou “stupefy” na direção do encapuzado, ele caiu, soltando a menina. Ela agarrou suas pernas com os bracinhos como se fossem uma tábua de salvação. Harry tentou convencê-la a soltá-lo, mas a garotinha só acenava dizendo que não com a cabeça, os olhinhos arregalados de medo. Harry abaixou-se até a altura dela, e disse:

– Eu sei que você está com medo. Eu também estou. Mas nós precisamos ser corajosos, pelas outras pessoas que estão presas lá dentro. Elas também estão assustadas, e nós temos que ajudá-las. Você pode fazer isso?

Ela acenou.

– Qual o seu nome?

– Lilá., ela falou baixinho.

– Lilá? Tenho uma amiga com esse nome. Vamos Lilá, vamos fazer o que tem que ser feito., ele pegou na mãozinha dela, e os dois entraram discretamente no edifício.

– Vou fazer um feitiço, e ficar invisível. Eu não vou sair do seu lado, mas você não vai poder me ver, nem falar comigo, ok?, ele falou próximo ao ouvido da menina. Ela pareceu assustada, mas assentiu. Harry executou o Feitiço da Desilusão o melhor que pode em silêncio. Os olhos de Lilá buscaram por ele desesperadamente, e ela só se acalmou quando ele pousou uma mão no ombro dela suavemente. Harry a conduziu até onde as outras crianças estavam, e ela sentou. Por Merlin, pensou. É pior do que eu tinha imaginado. Dezenas de garotinhos e garotinhas amontoados no chão de uma sala, todos parecendo não ter mais do que 5 ou 7 anos. Eles choravam, imploravam e soluçavam, os Comensais da Morte dando um tapa atrás da cabeça de algum particularmente barulhento aqui e ali. Harry sentiu o sangue ferver quando viu hematomas e arranhões em algumas crianças, outras com sangramento nasal ou algum membro em um ângulo estranho, quebrado. Pensando na situação, Harry identificou cinco Comensais, e tinha visto mais ou menos a mesma quantidade do lado de fora. Ele nunca ia conseguir derrotá-los e tirar todas as crianças em segurança sem que ninguém percebesse. Era difícil pensar com o cheiro de urina e sangue que permeava o lugar. Colocou a face entre as mãos, tentando se lembrar do plano que tinha elaborado na Sala Precisa. Para que os Comensais de dentro não pudessem se comunicar com os de fora, se concentrou e pôs um feitiço que impedia a comunicação com o exterior na sala, semelhante a um Abaffiato às avessas. Eles estavam a poucos metros da Casa dos Gritos, e Harry tinha visto uma saída nos fundos que ia naquela direção. Decidiu que ali seria a rota de fuga, e pediu para Lilá cochichar com as outras crianças para que saíssem por ali e entrassem na Casa dos Gritos quando ele mandasse. No meio da balburdia, o murmurinho que foi se espalhando entre as crianças passou despercebido. Quando todas as crianças souberam do recado, Harry lançou uma sucessão de feitiços atordoantes nos Comensais: dois caíram, três estavam de pé e alertas. Para não correr o risco de eles começarem a atacar as crianças, Harry desfez o feitiço da Desilução, e imediatamente tornou-se um alvo. Gritou “agora!”, e as crianças começaram a sair desordenadamente aos bandos pela porta dos fundos. O duelo de três contra um era covardia, mas o garoto aguentou durante um tempo. As crianças estavam quase todas fora do aposento quando Harry foi derrotado. Um único Comensal da Morte apontava a varinha para Harry, os outros dois desacordados no chão. A varinha de fênix de Harry estava a menos de um metro, mas ele não podia se mover sob a mira do homem. Ele considerava tentar um corpo a corpo com o Comensal quando a única criança restante na sala pulou no adversário, mordendo com toda a força seu calcanhar. Harry viu quando o homem se assustou, fez uma careta com dor e chutou para o lado uma massa de cabelos loiros. Na confusão, Harry se jogou no chão, pegou a varinha e desacordou o homem com uma maldição. Correu para a menina que estava encolhida no chão, as mãozinhas pressionando o nariz que sangrava profusamente do chute que levara.

– Oh Merlin Lilá, você está bem?, e a menina assentiu. Harry concertou seu nariz com um feitiço e a pegou no colo. Estava levando-a para a porta quando ouviu a entrada de outros Comensais que finalmente viram que havia algo errado. Ele se abaixou, protegendo o corpo da menina com o seu próprio. A empurrou porta afora e sabia que desta vez não ia escapar. Lilá já estava do lado de fora, não querendo ir sem ele.

– Vá. Por favor. – ele sussurrou, e pela segunda vez naquela noite, recebeu aquele olhar. Um olhar de despedida. Seu olhar ainda preso no da garotinha, ele fechou a porta.

Alguns segundos depois, os Comensais da Morte deixaram Hogsmeade, levando com eles um prisioneiro de cabelos negros.



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