A princesa puxou Pedro para ficar algemado preso em seu quarto sentado numa poltrona, em quanto ficava treinando, o calor aumentava a cada segundo, Pedro sentiu que o efeito da poção estava passando já ia fazer vinte e quatro horas que estavam no sol. Ele pegou o frasco em seu bolso e bebeu, esperou que Lúcia, Edmundo e Trumpkin fizessem o mesmo.

– Então me diga turista - disse ela enquanto manuseava facas com muita graça.

– De onde você é? - disse ela atirando as facas no alvo.

– Nárnia - disse Pedro, ele não hesitou, mas ficou puxando a algema.

– É algum asteroide? - perguntou manuseando outras facas.

– Não, é uma terra muito distante daqui da qual sou rei - disse ele.

– Rei? Puxa logo vi, também estou as vésperas de me tornar rainha de Solaris, só preciso lutar com alguém de coração de fibra e coragem, e falo sério, tem que ser alguém que é tudo isso, mas minha popularidade iria aumentar se eu me casasse - disse ela atirando flechas com muita graça.

Pedro solussou em silencio.

– Casar-se? - indagou.

– Na verdade sou quase obrigada, ninguém iria me respeitar como respeitam meu pai, iria me tornar rainha, mas todos me serviriam de narizes torcidos, preciso me casar, e não tem ninguém nesse sol que preste pra mim, que bom que você apareceu turista - disse ela parando de lutar e se aproximando de Pedro sorrindo.

– Te cahei interessante desde que te vi, e você é Rei - disse ela erguendo as sobrancelhas na parte do "Rei".

Ela chegou a encostar o nariz de coelho no nariz de Pedro e se afastou.

– Mas me diga, o que você veio fazer aqui? - perguntou Mimí.

– Vim buscar a flor de fogo, minha irmã está muito doente, a beira da morte, e meu reino também está ameaçado, o suco da flor de fogo resolve tudo, e temos pouco mais que dez dias - resumiu Pedro.

– A flor de fogo é uma especie praticamente extinta aqui, a ultima flor não se reproduz, só temos uma e ao tirar o extrato dela ela morre, a guardamos para usar em ocasiões extremamente raras, e não tiramos o extrato dela - disse Mimí.

– Mas eu vi uma velha cantando uma cansão e tirando uma fumaça dourada da flor - disse Pedro.

– O quê? - arquejou Mimí, ficou com a mão paralisada numa flecha que ia pegar.

– Ela só usou a mágica da flor, você viu o rosto dela? deve ser a Gotel Berta, ela sempre usa pra devolver a juventude dela, a infeliz sempre escapou - disse Mími.

– Não vi o rosto, estava encapuzada - disse Pedro.

– Receio que não posso ceder ao seu pedido rei, mas... - disse ela.

– Porfavor, eu imploro, porfavor, não sabe o que é ter uma irmã a beira da morte, e o pior, ver seu reino todo destruído, lhe dou todo ouro da minha terra, o que quiser - anciou Pedro.

– Bom, meu preço não é nada barato, quero que você se case comigo e se possível achasse alguém, destemido o bastante para me enfrentar - disse ela.

Se casar era o pior dos problemas para Pedro, mas era por um bem maior, a pessoa destemida, ele pensou ser Lúcia, o pouco que convivera com Mimí pensou que ela ficaria muito revoltada a ser enganada, pensou em indicar Edmundo, ele teria corajem, mas Lúcia foi nomeada a destemida, ele preferiu não arriscar, estava numa situação muito delicada, que poderia alterar toda vida em Nárnia.

– Me caso com você, e a pessoa destemida pode ser minha irmã, Rainha Lúcia a Destemida, liberte meu irmão Edmundo e Lúcia, que eu me caso com você - disse Pedro.

– Feito! - disse ela e pegou um olctoc azul celeste redondo.

– Soltem os dois turistas humanos - disse ela rapidamente.

– E o anão Trumpkin - lembrou Pedro rápido.

– E o anão! - disse ela rápido, tinha um jeito meio bruto, parecia uma pessoa a quem não se devia aborrecer nem a beira da morte.

– Por enquanto... Alfredo (errou o nome), fique no quarto de hospede com seus amigos, amanhã vamos acertar tudo - disse ela, falava num tom de voz de uma adolescente mimada e prepotente, mandona não "supermandona".

Soutou Pedro das algemas e o mandou guiou para o quarto de hóspedes. Chegando lá ele encontrou Trumpkin, Lúcia e Edmundo, Lúcia o abraçou como se fosse o ultimo momento que estivesse com ele.

– Como escapou da tirana? - perguntou Edmundo.

– Fala baixo Ed, não sabe o que ela pode fazer - disse Pedro.

– E a flor de fogo? - perguntou Lúcia.

– Ela disse que vamos ter que pagar um alto preço pela flor, Lúcia terá que lutar com ela, e eu vou me casar com a tirana - acrescentou baixinho.

– Lúcia é menina, não podia ser o senhor ou vossa majestade Edmundo? - perguntou Trunmpkin.

– Minha ultima escolha foi Lúcia, eu iria me casar com ela, não tinha chances deu lutar, Edmundo é o justo, achei mais seguro indicar Lúcia, afinal as duas são meninas - disse Pedro.

– Temos que ter um plano B - disse Edmundo debruçado em sua cama.

– Plano B? - disseram Lúcia e Pedro em coro.

– Não acho que ela vai cumprir com a palavra, quero dizer, poxa Pedro, você viu a princesa treinando ontem, Lúcia tem experiencia mas não aquela agilidade - disse Edmundo.

– E que ideia você tem em mente? Esse sol é tão grande que o exercito daqui daria cem de Nárnia, Lúcia estará se arriscando por Susana e o seu reino, temos pouco tempo para pensar em... "Plano B" e o único que não está se sacrificando aqui é você - disse Pedro a Edmudo. Na verdade ele não acreditava na possibilidade de Edmundo ter uma boa ideia, Edmundo ficava irritadissimo sempre que alguém fazia isso com ele, já brigou muitas vezes com Pedro e até Caspian.

– Ah é Pedro?, porque será que nada que a gente planeja da certo? Porque você é que está no comando, não abre mão uma vez pras ideias dos outros, alguns soldados ficaram presos no castelo de Miraz porque "VOCÊ" não quis recuar no tempo em que Caspian sugeriu - disse Edmundo com rispidez.

– Vê se cresce Edmundo - disse ele calmamente e com um leve sorriso.

– O que quer dizer com isso? - perguntou Edmundo furioso.

– Olha é que você nunca... Ah, Ed, você nunca teve uma boa ideia - desdenhou Pedro.

– Eu tive grandes ideias, mas sempre fui rejeitado por você e Caspian, nunca deixaram eu ajudar, simplesmente porque botam o orgulho a frente da mente "Eu posso governar sozinho" - arquejou Edmundo.

– Você sempre ajudou nas batalhas - reclamou Pedro.

– Nas batalhas! Não nos planos! - resmungou Edmundo.

– Está tarde Ed! - disse Pedro se deitando em sua cama.

– Quer saber - disse Edmundo com um sorriso irônico no rosto.

– Pega esse seu orgulho e enfia...

– Edmundo! - interrompeu Lúcia.

– Eu sempre estive ao seu lado e você nunca confiou em mim, eu te odeio - resmungou Edmundo.

– Beleza! - desdenhou Pedro com ironia.

Eles sentiram mais calor, beberam a poção e foram dormir. Amanhã acertariam tudo com Mimí. Pedro tinha mais coisas em que pensar, os problemas com Edmundo ficavam de lado.