Supernatural - Destiny escrita por E R Henker


Capítulo 2
Capítulo 1.


Notas iniciais do capítulo

Okay, agora aparece nossos amados irmãos Winchester, então, vamos à fic! ;)



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Capítulo 1 – O encontro

 

Edwardsville, Illinois. Antiga casa de Emily Jones.

 

 

- Shiii... - Elizabeth colocou o dedo indicador sobre os lábios pedindo por silêncio, não era necessário tê-lo feito, Juliet sabia muito bem o que estava fazendo, mas este era mais um sinal de alerta do que propriamente de silêncio.

 

As irmãs Trent estavam paradas em frente a uma antiga casa, que outrora fora muito bonita, mas hoje não passava de um local para onde os jovens iam quando queriam transar ou simplesmente bancar os superiores. Não havia nada extraordinário na casa, era bem comum na realidade, mas assim como não se deve julgar um livro pela capa, também não se deve julgar um local sem saber de sua história. Bem, esta casa não tinha uma boa história.

 

Estavam ambas encostadas na parede ao lado da porta, preparando-se para entrar, foram cogitadas hipóteses como chutes, tiros e demais coisas barulhentas e espalhafatosas para abrirem a porta. Pular alguma janela ou entrar por outro lugar que não fosse a porta da frente, também não estava em seus planos. Foi então que surgiu a idéia, vindo literalmente da cabeça da mais nova das Trent, Juliet.

 

- O que você está fazendo?! – sussurrou Elizabeth, que ainda não havia decidido se ria da idéia, ficava chocada ou xingava a irmã.

 

- Cale a boca! – foi a resposta vinda da outra, que estava agachada junto a porta, tentando abrir a fechadura da mesma com um grampo que havia tirado de seu cabelo.

 

O sorriso presunçoso que nasceu na face do nosso anjo de gelo quando conseguiu finalmente alcançar seu objetivo de abrir a porta, não escapou aos olhos de Elizabeth, mas também não perdurou por muito tempo.

 

- Me senti dentro de um filme agora! Meu nome é Bond, James Bond. – ria a mais velha, tentando conter-se para não fazer mais barulho do que já havia feito. Juliet tirou o sorriso do rosto e começou a abrir a porta, vagarosamente. Elizabeth parou de rir.

 

Entraram na casa, armas em mãos, ouvidos atentos, o bater de seus corações ecoava como o bater de um martelo em um sino, tamanho o silêncio do local. Não é isso que se espera de uma casa há tanto abandonada, realmente não é. Cruzaram pela sala e chegaram aos pés da escada, Juliet ia na frente e Elizabeth subia as escadas virada de costas, escorada na irmã, assim cuidando da retaguarda.

 

No meio da escada um degrau rangeu, e foi possível ouvir o ronco do motor de um carro não muito longe dali. As irmãs ofegaram, as armas continuavam em riste, as mãos as apertavam mais fortes, mais firmes, mais angustiadas. Os corações aceleraram mais, parecia que iriam ficar surdas, tamanho o barulho que seus corações faziam, o peito de ambas subia e descia desesperadamente, então deram o primeiro passo e voltaram a avançar, pausadamente, até o fim.

 

Chegando ao topo da escada, Juliet colocou a mão esquerda na cintura da irmã, que fez exatamente o mesmo, e assim elas caminhavam juntas, sem se perderem, girando de uma forma que pudessem ter uma visão de todo o corredor. O quarto que lhes interessava era o último do corredor, próximo a uma enorme janela que tinha alguns de seus vidros quebrados. Para chegar a tal porta, precisavam passar por mais dois quartos, por sorte, ambos estavam com suas portas fechadas, coisas a menos para se preocuparem.

 

Chegaram até a porta, ela era branca e igual a todas as outras da casa, a única coisa que indicava as irmãs Trent de que aquele era o lugar que elas procuravam, eram as letras roxas que estavam na porta, formando o nome da antiga dona do mesmo, Emily.

 

Juliet elevou a mão em direção a maçaneta, um pequeno barulho foi ouvido do lado de fora da casa, elas pararam e prestaram atenção, nenhum outro barulho foi ouvido. Novamente Juliet ergueu a mão em direção a maçaneta, não parecia ser o dia delas, a porta estava trancada.

 

- Que coisa mais estúpida! – reclamou Juliet, enquanto afastava-se um pouco e chutava a porta, que bateu fortemente na parede e fez menção de voltar a seu lugar. Assim que Juliet chutou a porta, Elizabeth já avançou para o cômodo, fazendo assim a proteção de sua irmã e a sua também.

 

O quarto estava escuro, alguns vestígios de luar entravam por algumas frestas da janela, mas nada que tirasse o ar sombrio daquele lugar. Alguma coisa de muito ruim havia acontecido naquele lugar, era quase possível sentirem isso em suas próprias entranhas. Adentraram mais, a mais velha passando a mão em alguns móveis e examinando o pó que se acumulou em seu dedo após esta ação, esfregou o dedo no sobretudo da irmã e voltou sua atenção ao que realmente importava.

 

- Onde vocês estão, por que estão demorando? – foi ouvida a voz da mais nova das três por seus aparelhos de comunicação, Suzan havia ficado em outra casa no mesmo bairro, as três alugaram a casa para tal trabalho, as irmãs faziam o trabalho de campo, enquanto ela procurava e organizava os trabalhos, sempre criando opções para as irmãs, sempre garantindo a sobrevivência delas.

 

- Acabamos de entrar no quarto da garota, - sussurrava Elizabeth – mas agora me diga, o que dia...

 

Juliet tampou a boca da irmã, era típico da mais velha fazer algo do gênero, entrar em um quarto com uma história como aquela e ainda dizer tal palavra.

 

- Suzan, onde está o objeto? – perguntou Juliet, enquanto desprezava o olhar fulminante que a outra lhe lançava por sua mais recente ousadia.

 

- Não sei! Procurem por compartimentos secretos em gavetas, paredes, ou até mesmo embaixo da cama.

 

As garotas começaram a procurar, abriram gavetas, vasculharam tudo embaixo da cama, os cantos do quarto, absolutamente todos os lugares, mas nada de acharem aquilo que procuravam. Foram até o banheiro que havia dentro do quarto, mas nada de encontrarem tal objeto, parecia que simplesmente não era para acontecer, que não eram pra conseguir.

 

Ainda no banheiro, ouviram um barulho, mas desta vez elas tinham certeza, ele vinha do andar de baixo, elas não estavam mais sozinhas, alguém ou algo estava na casa, bastava agora saber o quê.

 

Parecia que havia vozes na casa, mas eram vozes graves demais para ser o que deveriam vir a ser, não era o espírito da garota, disso elas tinham quase certeza. Mas como aquela era uma casa com um histórico de sofrimento e com um caso sobrenatural, não seria estranho que abrigasse outros espíritos e coisas sobrenaturais, afinal, no mundo com o qual as três irmãs lidavam, um raio não só cai duas vezes no mesmo lugar, como também tem uma mesma probabilidade de fazê-lo muitas e muitas vezes. O mal atrai o mal, essa é uma regra básica da sobrevivência.

 

- Que demônios é isso? – sussurrou Juliet, segurando sua arma junto ao corpo e prestando atenção aos sons, que pareciam se aproximar cada vez mais.

 

Elizabeth abriu a boca e voltou a fechá-la, com cara de indignada e um olhar desprezo, ela colocou as mãos na cintura e ficou encarando a irmã, segurava-se para não gritar ou tirar satisfações, afinal, aquele não era um bom momento. Seja o que for que estivesse fazendo aquele barulho, ele estava próximo, e não parecia fazer muita questão de esconder isso.

 

A porta rangeu, elas se prepararam, Elizabeth fechou os olhos e respirou fundo, ela quase podia visualizar a tal coisa dali onde estava, só precisava concentrar-se mais nos sons, apenas nos sons.

 

“- Concentre-se no som, Elizabeth. Quando seus olhos não podem ver, deixe com que seus ouvidos façam isso por você, vamos lá, eu sei que você consegue! – dizia ele, em mais uma aula noturna particular.”

 

Ela abriu os olhos, e foi tudo tão imensamente rápido. Em um momento ela via o vulto, ali, corpóreo ao que todos os fatores indicavam, e no outro, Juliet havia dado um passo para o lado, esbarrado em algo e criando assim um barulho que atraiu a atenção de todos. Um segundo, um pequeno ato falho, um tiro. Foi um piscar de olhos, um pequeno deslize imperdoável, o choque no rosto de Juliet, a dor no de Elizabeth, e seus papéis tão extremamente invertidos.

 

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- Agora me diga, que tipo de adolescente faz algo tão estúpido? – perguntou o mais velho dos irmãos, era difícil para ele compreender o que levaria uma garota a fazer o que fez, bem, era difícil para Dean entender muitas das atitudes das pessoas, demônios e coisas sobrenaturais, ao seu ver, eram muito mais simples de se entender.

 

- Dean, faça-me um favor, sim? – perguntou Sam, o irmão o encarou a espera do pedido. – Cale a boca!

 

Era sempre assim quando se tratava dos irmãos Winchester, trocas de farpas, pequenas brigas, outras nem tão pequenas assim, mas sempre, sempre terminava tudo bem. O grande fator que influenciava isso, nem era o fato de serem irmãos, não tinha nada grandiosamente relacionado ao sangue, era puro e simplesmente amor. Dean amava Sam, ele era seu irmãozinho mais novo, seu resquício de uma família feliz, a pessoa a ser protegida, a vida a ser sempre salva, a família que ele jamais voltaria a ter.

 

Sam também amava Dean, Dean sempre foi toda a sua família, seu protetor, seu anjo da guarda, irritava-o tanta proteção nem sempre recíproca, mas também extasiava-o secretamente, era tão imensamente bom saber que sempre teria alguém por si, que por mais que ele fugisse sempre haveria um local para voltar, alguém a quem mesmo sem pedir perdão ele saberia que seria perdoado, Dean era essa pessoa para Sam. E mesmo que não fosse, Sam o amaria mesmo assim.

 

Os dois estavam no carro de Dean, o seu amado Impala, indo a encontro de seu trabalho do momento, um caso de uma jovem adolescente que morrera sobre circunstâncias nem um pouco agradáveis, e que agora parecia ter voltado e estava assassinando outras jovens, arrancando seus corações por um pequeno corte feito em suas barrigas. Um trabalho a mais dentre muitos outros para os irmãos Winchester!

 

Estavam no bairro da antiga casa da garota, tudo estava escuro nas outras casas, exceto uma, uma pequena casa em tom verde claro, com a luz do local que deveria ser a sala, ligada. Passaram ser dar muita atenção, o foco de ambos estava mais a frente. Pararam o carro duas casas antes da casa certa, da casa de Emily Jones.

 

Desceram do carro, abriram o porta-malas do mesmo e pegaram duas espingardas, carregaram-nas com cartuchos de sal grosso, e cada um pegou mais dois cartuchos por garantia. Fecharam tudo e foram em direção a casa.

 

- Sammy, se afaste. – disse Dean, mas a atitude do irmão mais novo resumiu-se a olhá-lo – Qual é, Sam, saia daí.

 

Sam continuou parado onde estava, um pouco na frente da porta um pouco ao lado. O mais velho parecia impaciente, o mais novo ergueu o dedo pedindo atenção, deu um passo para o lado saindo assim da frente da porta, seus olhos brilhavam antecipando o prazer futuro que viria, tocou a maçaneta, girou-a e empurrou a porta, abrindo-a.

 

Ele sorria, Sam sorria presunçoso, a cara de indignação de Dean não ajudava em nada, era tão extremamente prazeroso poder rir da cara do irmão, quando o mesmo vivia a fazer isso com ele! Aquele não era o momento para coisas assim, e apenas por isso o mais novo dos Winchesters segurou ao máximo a imensa vontade de rir que lhe deu, quando Dean com uma cara extremamente emburrada puxou-o para dentro da casa com brutalidade.

 

Dean largou Sam, estava realmente bravo com a situação, não gostava de bancar o idiota, não quando não podia usar seu sarcasmo de forma a reverter a situação, odiava bancar o palhaço. Estava alguns passos a frente do irmão, analisando sistematicamente a casa, quando Sam que estava distraído demais com sua alegria interna acabou por tropeçar em um tapete, o de cabelo loiro escuro virou-se rapidamente e mirou a arma para a direção do som, mas ao ver que não passava de um deslize do irmão, limitou-se a por um sorriso superior nos lábios e voltar sua atenção para a escada.

 

Subiram as escadas, e deixaram as brincadeiras aos pés da mesma, estavam atentos a qualquer tipo de barulho, a qualquer possível ação sobrenatural. Chegando ao topo da escada, pararam e analisaram o corredor, decidindo para qual lado deveriam ir. Foi a grande janela que havia no fim do corredor que lhes chamou atenção, e foi a luz do luar que entrava vagamente pela mesma que fez com que eles notassem a porta mais próxima da mesma aberta. Havia algo ou alguém ali, eles podiam sentir.

 

Pararam ao lado da porta, encostados na parede, esperaram alguns segundos e então pularam na direção do quarto. Armas em mãos, apontadas para o escuro vazio do quarto, entraram no mesmo, mexiam-se vagarosa e cuidadosamente. Dean viu a porta do banheiro e fez um sinal com a cabeça indicando a mesma para Sam, enquanto aproximava-se dela, aproximava-se demais dela. Foi então que tudo aconteceu, um barulho vindo de dentro daquele local, atenções dispersas e reações rápidas e involuntárias, e então, um tiro dado no escuro, uma bala atingindo seu alvo.

 

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Dean estava perigosamente próximo à porta do banheiro, Elizabeth estava estrategicamente posicionada em frente à mesma, Juliet estava ao lado esquerdo da porta e Sam estava mais atrás de Dean, em um ângulo direto com o de Juliet. Via-se muito pouco, nada mais do que vultos, atirar sem enxergar o alvo seria extrema falta de inteligência, além de provavelmente não acertá-lo também estariam entregando suas posições. Barulhos sempre entregam as posições daqueles que os causam, barulhos são amigos infiéis em horas como essas.

 

Todos ali sabiam disso, da mesma forma como todos ali poderiam estar destinados ao erro, errar é da natureza humana, todos erram, mas não nesta noite.  Nesta noite havia uma pessoa em especial destinada ao erro, e ela era Juliet Trent. Um passo ao lado dado impensadamente por conta da apreensão do momento, fez com que ela batesse com a arma em um azulejo que por conta do tempo encontrava-se fraco e exposto a situações como aquela, o barulho do azulejo quebrando e batendo no chão foi o suficiente para atrair a atenção de todos, foi o suficiente para fazer Sam atirar.

 

Juliet ficou chocada, foi tão extremamente repentino, ela jamais poderia esperar levar um tiro naquele momento. Elizabeth ficou apavorada, a dor expressa em seu rosto era quase como se o tiro tivesse atingido a si e não a irmã, mas a dor se transformou em raiva, e a raiva não é uma boa conselheira nestas horas, a dor se transformou em raiva quando o choque continuava na face de sua irmã mas em seus olhos resplandecia dor, ninguém gosta de ver uma pessoa a quem ama sofrer, Elizabeth principalmente. Foi um tiro de sal grosso, inofensivo, porém diabolicamente doloroso.

 

- O que está acontecendo? Eu ouvi um tiro, está tudo bem? – Suzan estava aflita, havia escutado um tiro mas não parecia haver sinais de algo sobrenatural, algo havia dado errado.

 

- Alguém atirou na Juliet, algum filho da mãe desgraçado atirou nela! – respondeu Elizabeth, as mãos apertavam com força a arma, os braços esticados apontando a mesma na direção do vulto mais próximo.

 

- Você atirou em, você atirou em garotas, Sammy! – disse Dean, a arma apontando para dentro do banheiro mas sem uma mira real, estava em uma posição desfavorecida.

 

- Cale a boca, eu não sabia que eram garotas, e eu estava provavelmente salvando sua vida, Dean. – responde Sam, tentando justificar, não apenas para os outros mas também para si, o erro que havia cometido.

 

- Você disse Dean, Dean Winchester? – gritou Elizabeth, em pergunta a Sam.

 

- Você a conhece? – perguntou Sam, foi então que a lua deixou de estar encoberta, e o luar pode entrar com toda sua força pela janela, fazendo com que os quatro deixassem de ser vultos, e transformassem em rostos, fazendo Sam poder ver o rosto transtornado da garota segurando a arma, e aquilo que mais o abalou, a tentativa de esconder a dor da garota que estava escorada na parede segurando firmemente o ombro, ele se sentiu imperdoavelmente culpado.

 

- Eu conheço você? – Dean perguntou, e então olhou para a garota, e por um momento ele se viu ali, no medo e na dor que os olhos dela gritavam, ele se viu ali defendendo Sammy, mas isso foi tão rápido, foi uma percepção tão pequena para a grandeza do que significava, que Dean simplesmente deixou passar, como se não houvesse sido importante, mas foi. E então em uma atitude totalmente sua, olhou para ela e sorriu canalha. – Ah, claro que nós nos conhecemos, claro, claro!

 

- Me dê um motivo para não acabar com ele, e tem de ser algo muito bom! – disse Elizabeth, olhando rapidamente para Juliet. Ela havia entendido o recado de Dean, a atitude totalmente machista e canalha dele, ele não poderia de fato ter achado que havia dormido com ela e simplesmente esquecido seu nome, isso jamais aconteceria.

 

- Hum, talvez por que John fosse ficar extremamente chateado se você matasse o filho dele, o que você acha? – Juliet responde sarcástica, gemendo baixinho em seguida, devido à dor que o sal grosso causava em contato com o sangue.

 

- É, isso é um bom motivo. – disse Elizabeth, abaixando a arma.

 

- Vocês podem por favor, parar de fingir que nós não estamos aqui? Obrigada! – falou Dean, odiava ser ignorado, principalmente por garotas.

 

- Você, - disse Elizabeth, apontando a arma novamente para Dean, - cale a boca!

 

Sam riu, não deveria, mas riu. Ver a cara de Dean naquele momento era impagável, não havia como não rir, já havia percebido que elas não atirariam, pareciam lhes conhecer, conhecer sua família.

 

- E então, quem é você? – perguntou Dean, tentando ignorar os risos do irmão, pisando no pé do mesmo assim que viu que ignorá-lo não estava adiantando.

 

- Elizabeth Trent, e aquela ali, em quem vocês atiraram – e nesse momento olhou acusatoriamente para Sam, mas voltou seu olhar novamente para Dean – é a minha irmã, Juliet.

 

- Obrigado por terem me notado, fico extremamente feliz com isso, mas dava para nós sairmos daqui agora? – perguntou Juliet, fuzilando a irmã com os olhos.

 

- Ah, claro, desculpe! – dizia Elizabeth, enquanto ajuda a irmã a levantar-se. – E vocês, vocês vem conosco.

 

- Como é? – perguntou Dean, pronto para bancar o indignado por estar recebendo ordens de uma garota, principalmente de uma garota que ele mal conhecia.

 

- Escute aqui, - disse Elizabeth, que dava apoio a Juliet, apontando o dedo na cara de Dean – vocês vem aqui, estragam nosso trabalho, atiram na minha irmã, o mínimo que vocês dois podem fazer é irem conosco. Entendeu?

 

- Tudo bem, nós vamos. – falou Sam, assim como Dean ele reconheceu o sobrenome Trent, era de uma família muito amiga de seu pai, sabia que as garotas eram confiáveis, mas acima de qualquer outra coisa, Sam estava sentindo-se culpado.

 

- Mas... – começou a reclamar Dean.

 

- Cale a boca e ande! – respondeu Sam, puxando o irmão pela jaqueta, as meninas já haviam saído do quarto.

 

Os quatro saíram da casa, Elizabeth ainda servindo de apoio para a irmã mais nova, Sam e Dean mais atrás, um sentindo-se extremamente culpado e o outro emburrado feito uma criança, Dean era muito infantil às vezes. Foi então que algo lhe chamou a atenção, a arma que Elizabeth tinha colocado nas costas, no cós de sua calça, então seus olhos baixaram, e o Dean emburrado deu lugar a um Dean safado, olhando descaradamente para a bunda da garota. Sam fez o mesmo involuntariamente, mas diferente do irmão, desviou os olhos, quando viu que o irmão não havia tido tal decência, cutucou-o nas costelas, trazendo de volta o Dean emburrado, a criança sem seu mais novo brinquedinho.

 

- Só um minuto, - disse Sam, parando próximo a um carro preto, velho como muitos diriam, um clássico como diriam outros tantos – vamos deixar as armas aqui.

 

Elizabeth fez uma cara de surpresa ao ver o carro, é claro que ela sabia que eles deveriam ter um, mas jamais imaginaria que fosse um carro de tão bom gosto, como ela mesma diria.

 

- Nossa, é um... – começou a loira, que ainda servia de apoio para a irmã mais nova.

 

- Chevy Impala 67! – respondeu Dean, sentindo-se orgulhoso por seu carro. Sam apenas terminou de guardar sua arma e começou a caminhar novamente, assim como as irmãs Trent haviam feito.

 

- E o mais importante, - dizia Juliet, entre risinhos debochados – ele é preto!

 

- Vai se ferrar, Juliet! Vai se ferrar! – respondeu Elizabeth, endireitando a postura e voltando a andar, estava bancando a indignada, e todos ali perceberam tal fato. Mas no fundo a própria Elizabeth ria de si mesma, tanto pela sua reação à provocação da irmã, como pelo motivo de tal provocação. Existem coisas que parecem acontecer apenas com certas pessoas, essa é uma delas!

 

Chegaram na casinha verde, Elizabeth abriu a porta e ajudou Juliet a entrar. Suzan que estava dentro de casa, encontrava-se desesperada, ajudou a mais velha a por a irmã sentada no sofá, os garotos entraram mas Suzan mal deu atenção, estava nervosa, não sabia como tinha acontecido, só sabia que sua irmã estava ali, ferida, na sua frente, e isso a desesperava imensamente.

 

Elizabeth estava mais calma, ter trazido a irmã para sua suposta casa, e deixá-la sobre os cuidados sempre muito preocupados de Suzan a acalmava. Mas nada mudaria o fato de sua irmã ter levado um tiro, e delas estarem sendo sociáveis, com as pessoas que fizeram isso, isso era como fogo queimando seu corpo por dentro, seu sangue era como lava, queimando cada célula de seu sistema.

 

Virou-se, procurando alguém em quem despejar um pouco de sua raiva e preocupação, não poderia conter aquilo tudo, acabaria explodindo, seu olhar bateu com o de Sam e ele parecia estar esperando por aquilo, ele sentia-se culpado e ela via isso, mas mais do que culpado ele estava realmente preocupado, tanto é que sentou-se ao lado de Juliet, tentando tornar-se útil de alguma forma. Foi então que viu que não conseguiria brigar com ele, que não seria bom para ninguém ali que ela brigasse com ele, foi em um ato involuntário que seu olhar parou em Dean, seu sangue ferveu e sua vontade de sorrir de prazer era imensa, ela havia encontrado sua mais nova descarga emocional!

 

- Minha irmã que leva um tiro e você que fica bancando o indignado? Quem você pensa que é, Dean Winchester, o último gostosão do planeta? – começou Elizabeth, estreitando os olhos ao ver o sorriso debochado formando-se no rosto do outro.

 

- Então quer dizer que você me acha gostosão, hein? – o sorriso debochado deu espaço ao sorriso canalha, Dean estava jogando e Elizabeth sabia disto, só não estava disposta a participar de tal jogo, não agora.

 

- Ah, vá se tratar vá! – respondeu ela, enquanto caminhava em direção a cozinha, esbarrando em Dean quando passou por ele, que segurou seu braço.

 

- Apenas não comece algo que não vá terminar. – sussurrou próximo ao ouvido dela, ela pode sentir o hálito dele em seu pescoço e o sorriso em seu rosto.

 

- Eu nunca começo algo que eu não vá terminar! – respondeu ela, soltando-se dele logo em seguida. – Apenas não gosto do tipo de gente que se acha bom de mais, mas não sabe de fato o que está fazendo, como vocês hoje.

 

- Do que você pensa que está falando? – perguntou ele, deixando de lado toda e qualquer provocação que ainda poderia haver em sua voz, não tinha gostado nem um pouco do que ela tinha dito.

 

- Estou falando do fato do teu irmão, ter atirado na minha irmã! – gritou ela.

 

- Eu não tenho culpa, se o meu irmão é um bom atirador e a tua irmã fez barulho em uma situação como aquela! – revidou ele.

 

Eles estavam falando extremamente alto, mas o que veio a seguir, fez todos os presentes na sala pararem de fazer o que quer que seja que estavam fazendo, e assistir a cena que se desenrolou.

 

- Calem a boca!

 

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Sam aproximou-se de Juliet, quase que esperando ansiosamente por um xingamento de Elizabeth, sentia-se culpado pelo que havia feito. Tinha atirado em alguém inocente, não, pior ainda, tinha atirado em uma garota inocente, ele era culpado e ninguém o convenceria do contrário.

 

 Juliet segurava seu ombro, havia tirado o sobretudo escuro assim que chegou na casa, a blusa que usava por baixo era de um tom claro, fazendo com que a mancha de sangue em seu ombro tornar-se visível. Aquilo doía, o sal grosso parecia queimar sua pele e sangue, não era uma sensação descritível. Não sabia se sentia ódio de Sam, ou se sentia pena do mesmo, então preferiu não sentir nada, fechar-se em sua concha de dor e por ali ficar, sozinha, segura.

 

- Juliet, sobre isso, sobre o tiro, eu queria me desculpar, - começou ele, mas ela simplesmente continuava a segurar o ombro e a tentar analisar o estrago que o tiro havia causado – não era minha intenção, sinto muito.

 

- Tudo bem. – foi a resposta dela, curta e fria, como a presença dela ali também o era.

 

- Não, eu digo, me desculpe mesmo, eu juro, juro que não queria. – voltou a dizer, enquanto levava a mão ao ombro ensangüentado da mesma, que bateu em sua mão.

 

- Se eu disse tudo bem, - respondeu ela, pela primeira vez erguendo os olhos de seu ombro e olhando nos olhos do rapaz, - é porque está tudo bem!

 

E então ela sorriu, algo rápido e simplório, mas digno de nota. E Sam sorriu também, involuntariamente ou voluntariamente, não importa, basta dizer que ele sorriu e ela sentiu-se correspondida, mesmo tendo fechado o sorriso logo em seguida, mesmo assim a pequena onda de cumplicidade que a atingiu lhe fez bem. Perigosamente bem, ela diria. Juliet é uma pessoa fechada, não costuma sentir-se assim com estranhos, Samuel Winchester não era ninguém para fazê-la sentir-se assim, bastava ela lembrar-se disso e tudo ficaria bem, tudo ficaria bem.

 

Sammy levantou a mão novamente, tentando tocar o ombro da garota mais uma vez, mas um grito fez com que parasse a ação no meio do caminho, ficando com o braço parado na direção do ombro de Juliet.

 

- Calem a boca!

 

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Suzan estava desesperada, sua irmã havia levado um tiro, e todos ali pareciam haver se esquecido de tal fato, até mesmo Juliet. Foi até a mesa e pegou sua mochila, abriu-a e começou a procurar por algo que pudesse usar como curativo na irmã, mexia nas coisas muito apressadamente, os olhos queriam começar a encher de lágrimas, não estava sendo a mais simples das tarefas.

 

Frases aleatórias vinham a seus ouvidos, palavras soltas jogadas aos quatro cantos, Elizabeth parecia discutir com Dean, culpando-o, quando que ela não culpava alguém, não é mesmo? Sam parecia estar pedindo desculpas, e Juliet tentava quebrar qualquer possível diálogo entre ambos. E Suzan procurava, procurava desesperadamente por algo que ela sabia não estar ali.

 

Fechou os olhos e ouviu o tiro ecoar novamente em sua cabeça, o gosto do medo ainda podia ser sentido em sua boca, e as palavras soltas flutuavam incansavelmente em seus ouvidos. “Apenas não comece algo que não vá terminar.”, Estou falando do fato do teu irmão, ter atirado na minha irmã!”, “Tudo bem.”, “ter atirado na minha irmã!”, “Não, eu digo, me desculpe mesmo, eu juro, juro que não queria.”, “ter atirado na minha irmã!”,“Se eu disse tudo bem, é porque está tudo bem!”, “ter atirado na minha irmã!”.

 

- Calem a boca! – ela gritou, não agüentava mais aquilo, atirou a mochila no chão e encarou a todos.

 

Dean e Elizabeth estavam um de frente para o outro, paralisados, olhando-a com caras assustadas e olhos arregalados. Sam e Juliet olhavam-na atentamente, sendo que ele continuava com a mão parada no ar, em direção ao ombro ferido da garota. Era uma cena cômica para quem a via de fora!

 

- Parem com isso! Você, - disse ela, apontando para Juliet – para de fingir que não foi nada e que não está doendo! Você, você é um idiota completo por ter atirado nela! E vocês dois, calem essas bocas pelo amor de Deus, primeiro você, porque ele atirou na Juliet então ele que é o errado, e em segundo você Elizabeth, pare de ficar puxando briga com Deus e o mundo! Já chega, eu cansei de vocês, vão todos para o raio que os parta! – dizia ela, intercalando a fala ameaçadora com gritos, então dirigiu-se para o corredor, entrou em um dos quartos e bateu a porta com toda a força possível.

 

Todos permaneciam na mesma situação, até o momento que Elizabeth olhou para a porta na qual a mais nova de suas irmãs havia entrado, voltou a olhar para cada um dos presentes, arqueou as sobrancelhas e suspirou baixinho.

 

- TPM!  - disse ela, sacudindo a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse inconformada com tal fato. Isso quebrou a tenção do momento, Sam sorriu e Juliet pareceu perder um pouco da rigidez que mantinha até o momento, até mesmo Elizabeth e Dean pareceram entrar em um acordo mútuo de desculpas e paz e sentaram-se no sofá, de onde Elizabeth logo levantou para ir fazer um curativo no ombro da irmã.

 

Por mais estranho que pudesse parecer para alguns, os quatro haviam se dado bem, Elizabeth e Dean continuavam a trocar leves farpas, mas ao menos pararam de querer matar um ao outro, e também não estavam mais gritando. Sam sorria com freqüência durante a conversa, e Juliet até mesmo esteve mais ativa na mesma, os quatro realmente pareciam se dar bem.

 

Dean acabara de falar algo engraçado quando a campainha tocou, todos presentes riam, quando Elizabeth abriu a porta. Um garoto de vinte e dois anos entrou pela porta, blusa social preta, calça jeans e um sapato também preto, trazia na mão direita um buquê de rosas cor-de-rosa, Elizabeth sorriu meio amarelo, havia esquecido-se completamente de Jacke.

 

- Ah, oi! – disse ela, abrindo a porta e dando espaço para Jacke passar.

 

- Eu trouxe para você! – o garoto falou, enquanto estendia as flores para Elizabeth, que parecia não estar assimilando a idéia muito bem ainda.

 

- Hum, a claro! Ótimo, ótimo! – ela respondeu, enquanto ainda segurava a maçaneta da porta. Jacke ficava admirando-a, mas seguiu o olhar dela, quando a mesma olhou para os outros três presentes na sala, que estavam assistindo toda a cena, estando Juliet com um sorriso debochado no rosto.

 

- Então, quem são vocês? – perguntou ele, olhando para Sam e Dean.

 

- Amigos da família! – respondeu Elizabeth, rápida, ao ver que Dean estava abrindo a boca para responder. – Hey, Jacke, por que você não coloca essas flores em um vaso lá na cozinha, hein?

 

Jacke obedeceu, não havia gostado daqueles dois caras que estavam ali, não havia gostado da forma como ela parecia ter esquecido-o e não havia gostado da forma como ela estava o tratando. Mas ele sabia, já havia percebido, que Elizabeth não gosta de ser contrariada, então ele não a contrariaria, não ali ao menos, tiraria todas as satisfações que achava que merecia quando estivesse a sós com ela, sim era isso ele que ele faria! Pobre coitado.

 

Elizabeth abriu a porta da casa e olhou para fora, na direção do carro de Jacke, Juliet estava na expectativa, esperando ansiosa a reação da irmã, enquanto Dean e Sam olhavam sem entender nada.

 

- Vermelho?! – foi o que Elizabeth sussurrou assim que voltou a fechar a porta, sua cara de decepção fez Juliet segurar o riso. – Quer dizer, é um Fox e tudo mais, mas tinha que ser vermelho? Logo vermelho?

 

Juliet explodiu em gargalhadas, Elizabeth desanimou, e Sam e Dean riam da situação sem entender nada dela. Jacke voltou para a sala a tempo de ouvir ela falando de seu carro.

 

- Falando em carros, - disse ele – vocês não vão acreditar pela velharia que eu acabei de passar vindo pra cá, um carro preto querendo cair aos pedaços, totalmente sem estilo, garanto que ainda é da época do toca fitas! – ria ele, e foi neste momento que Sam soltou um princípio de gargalhada, Dean estava ficando puto da vida com aquele garoto, – Que tipo de idiota poderia ser dono de uma coisa daquelas? – voltou a perguntar, rindo.

 

- O meu tipo de idiota. – respondeu Dean, seco, sorrindo sarcástico logo em seguida, Jacke não sabia o que fazer.

 

- Olha como você fala! – disse Elizabeth rispidamente, virando-se para Jacke, sua irmã chegou até mesmo a se ajeitar melhor no sofá para assistir o espetáculo a seguir. – Em primeiro lugar, eles são nossos convidados e como tal merecem ser tratados com respeito. Em segundo lugar, aquilo que você chamou de velharia é um Chevy Impala 67, e como tal, merece mais respeito da sua parte! Você nem pensava em nascer e aquele carro já andava por aí, e ele é muito, está escutando?, muito melhor do que qualquer Fox vermelho possa pensar em vir a ser. E mais um coisa, - disse ela, sorrindo canalha – você acaba de ser convidado a se retirar da nossa casa. Agora!

 

- Como é? – perguntou Jacke, chocado. Dean, Juliet e Sam sorriam, tendo os dois últimos tentado disfarçar quando Jacke os encarou, Dean nem fez questão de fingir que não estava rindo da cara do garoto.

 

- Você ficou surdo, agora? Fora daqui, anda! – disse Lizzie, enquanto abria a porta, Jacke cruzou por ela, e nem se deu ao trabalho de olhar para trás, estava sentindo-se tremendamente humilhado, já Elizabeth pouco estava se importando, apenas fechou a porta e foi sentar-se no sofá.

 

- Não liguem pra ela, sim? Finjam que isso não aconteceu. – disse Juliet, não incomodava-se nem um pouco com a cena que havia acabado de assistir, achara bastante engraçado na verdade, mas estava tentando fazer com que perecessem ao menos um pouco normais, e isso incomodou-a mais do que qualquer coisa naquele momento, importar-se não era algo que Juliet costumava fazer. - Então, talvez estivesse na hora de vocês irem, afinal, moças inocentes e respeitáveis não devem ficar na presença de rapazes até tarde da noite!

 

Juliet estava sendo Juliet em quase tudo naquele momento, apenas em uma coisa ela não estava sendo autêntica, não fora uma frase solta por puro sarcasmo ou algo do gênero, de uma forma bem torta, foi uma frase solta por medo, medo de tudo que estava acontecendo ali. Ela era um tanto quanto anti-social, ficar sentada na sala de sua casa conversando com estranhos não era algo que ela costumasse fazer, e estar sentindo-se bem em fazer isso, assustava-a de certa forma, mas ela não era a única.

 

- Isso me pareceu uma indireta, hein Sammy? – disse Dean, sorrindo para o irmão.

 

- Ela tem razão, não há tempo para conversas, Emily ainda está por aí e só Deus sabe o que ela poderá fazer ainda, teremos de pará-la. – disse Sam.

 

- Quanto a isso, podem deixar conosco. – começou Elizabeth, erguendo o dedo e levando aos lábios em sinal de silêncio quando Dean tentou interromper, – Nós somos tão boas quantos vocês no que fazemos, temos todos os dados do caso, e só não o encerramos por causa do incidente de mais cedo. – e neste momento ela olhou para o ombro atingido de Juliet, - Nós alugamos uma casa aqui, temos condições de ficarmos por mais um tempo, e existem coisas que eu preciso resolver aqui na cidade ainda, mas não têm o porquê desperdiçarmos duas equipes em um caso já resolvido, vocês podem seguir, Emily Jones é nossa!

 

- Como é? – perguntou Dean, não gostava de deixar casos inacabados, e gostava ainda menos de receber ordem de garotas, principalmente das bonitas.

 

- Emily Jones é nossa, fim. – voltou a responder a loira.

 

- Qual é a nossa garantia disso? Qual a nossa garantia de que você vão mesmo conseguir resolver o caso? Não que eu queira dizer que vocês não sejam capazes, - dizia Sam – mas é complicado, o corpo da garota não estava onde deveria estar... - continua ele, é quando Juliet olha para o mesmo, erguendo a sobrancelha e sorrindo – Ah, foram vocês?! – Elizabeth confirmou – E mesmo assim ela não sumiu?

 

- Bem, levando em consideração o fato de que houve uma morte dois dias depois de termos queimado todo o corpo dela, huum, não. – retrucou Juliet, não gostava de ninguém falando de seu trabalho, principalmente se fosse para criticá-lo.

 

- Ok, então queimar o corpo não resolveu em nada, sendo assim, a única solução é... – Sam ainda estava desconfiado.

 

- Queimar o objeto que a deixa presa aqui, nós sabemos! – falou Elizabeth, sarcástica, já estava cansada daquela desconfiança da parte deles para com o seu trabalho.

 

- Então o que nos resta é acharmos tal objeto, o que não é tão simples assim... – voltou a falar, Sam.

 

- Nós sabemos. – disse Juliet, não permitindo que Sam terminasse de falar.

 

- Mas como?! – perguntou Dean.

 

- Nós não fazemos o tipo “amador”. – ela respondeu, e sorriu falsamente depois, todas essas dúvidas deles em relação a sua capacidade e das irmãs a estava irritando, mesmo.

 

Os garotos trocaram olhares, reconhecendo o trabalho das três irmãs, elas eram boas, isso não poderia ser negado. Juliet já tinha parado de sorrir, mas seus olhos resplandeciam o brilho da vitória, enquanto isso, Elizabeth segurava-se para não sorrir debochada da cara que os Winchesters faziam.

 

- Hoje nem tanto, mas há anos atrás havia um objeto bastante usado para provocar abortos, em um caso extremo, é verdade, mas mesmo assim bastante comum. Houve muitas mortes, mas mesmo assim, no desespero do momento, garotas usavam de tal método para forçarem um aborto. A história por si só já é muito interessante, junto de mortes então, vira quase como uma lenda, mas uma lenda real, e ela é passada de geração para geração. São sussurros de um tempo onde as situações são as mesmas de hoje, onde as soluções eram bem diferentes, mas existem exceções. Vocês devem conhecer, não é mesmo? A participação deste objeto nestas histórias, a causa dos abortos. – Elizabeth ia falando lentamente, deixando espaço para perguntas e também para que eles assimilassem tudo o que lhes estava sendo passado, chegando a este ponto da explicação, fechou os olhos, soltou um risinho pelo nariz, sacudiu a cabeça e voltou a abrir os olhos. – A agulha de tricô.

 

Então todos ficaram calados, assimilando todas as informações, tentando entender o que leva uma pessoa a fazer algo assim consigo mesma, mas eles sabiam, é aquele sentimento que predomina em todas as pessoas, aquela voz que muitas vezes fica lhe dizendo o que fazer, nós gostamos de chamá-la de auto-proteção, mas no fundo sabemos qual seu verdadeiro nome; egoísmo.

 

- Olhem, nós não queremos desmerecer o trabalho de vocês, sabemos o quão capazes são, mas vocês tem de entender que nós também somos! Vocês sabem disso, o sobrenome de nossa família é tão conhecido por vocês quanto o de vocês é por nós, e nós temos muito respeito por isso, eu admiro muito a família de vocês, o pai de vocês... – Elizabeth falava baixo, sorria fraco, tentava fazer com que eles a compreendessem sem precisar revelar muito – John sempre foi um grande amigo, nada vai mudar isso -ela baixou a cabeça e mordeu o lábio inferior, suspirou logo em seguida. – Não me peçam explicações, eu não posso e não vou dá-las, só lhes digo que sinto muito por tudo o que aconteceu e ainda vai acontecer, fiquei sabendo do sumiço dele, e eu realmente sinto muito. – Sam olhava para um ponto fixo na parede, Dean encarava a garota enquanto ela falava, assim como Juliet, porém, a loira olhava seguidamente de canto de olho para ambos os irmãos, prestando atenção as suas reações. – Ah, que péssimas recepcionistas nós somos, Julie. Alguém aí quer uma cerveja? – dizia Elizabeth, enquanto levantava-se e ia em direção a cozinha, era visível a forma como ela havia ficado abalada com aquilo.

 

- Não falem sobre isto, ok? – pediu Juliet, sussurrando. – Isso tudo, John e tudo o que está acontecendo, meche com ela, meche muito com ela. Ela é a que mais teve contato com o pai de vocês, porque ela, bem, ela era mais ligada ao papai, a garotinha dele, nós pensamos que não, mais isso ainda a abala. Eu não sei exatamente como, com que força, nem o porquê, só sei que parece que ela sente-se culpada, e isso foi há tanto tempo, - ela suspirou, eles eram completos estranhos e ela não deveria estar contando aquilo, mas fazer isso parecia tirar um peso enorme de seus ombros, poder compartilhar isso com outras pessoas, Juliet precisava disso, os irmãos apenas a encaravam, entendiam os dois lados, as duas irmãs – eu só acho que ela encontrou a maneira dela de lidar com isso, e tudo parecia estar indo bem, então ficamos sabendo do sumiço do John, e agora vocês aparecem aqui, e isso está mexendo com ela, então por favor, vão embora.

 

Elizabeth estava encostada na parede da cozinha, segurando quatro garrafas de cerveja, atenta a tudo o que se passava na sala, quando Juliet começou a falar ela ficou assustada, primeiro por tudo o que ela estava falando, pela dor que ela parecia guardar, e em segundo porque isso era algo totalmente anti-Juliet. Mas então ela percebeu, era mais uma jogada, elas eram ótimas jogadoras! Juliet estava bancando a sentimental enrustida para mandar os garotos embora, Elizabeth não podia negar, havia sido uma grande jogada!

 

- Mas que vadia! – ela disse, sorrindo. Então voltou a fechar o sorriso e encaminhou-se para a sala. – Trouxe bebida para todos! – falou, assim que chegou na sala.

 

- Ah, não é preciso, já estamos de saída! – respondeu Sam, sorrindo solidário para a garota.

 

- Sério?! Bem, ao menos levem duas garrafas! – voltou a dizer a mais velha das Trent.

 

- Oh não, não é preciso, mesmo! – falou Sam, mais uma vez.

 

- Na verdade, é muita gentileza de sua parte! – disse Dean, sorrindo logo em seguida e pegando as duas garrafas. – Vamos, Sammy!

 

Foram todos até a porta, os garotos saíram, elas ficaram paradas olhando.

 

- Então, hum, adeus! – disse Sam.

 

- Esperem, um minuto! – respondeu Elizabeth, correu para dentro da casa, pegou um papel em branco e uma caneta, anotou naquele papel o número do celular de cada uma delas e também do telefone do apartamento onde moravam, voltou para a porta e estendeu o papel, – Aqui, nossos números, nos liguem qualquer coisa, se tiverem alguma notícia de John, algum caso, qualquer coisa! – e sorriu.

 

Sam pegou o papel, rasgou um pedaço que estava em branco, pediu a caneta que Elizabeth ainda segurava, e anotou seu número e o de Dean.

 

- Nos liguem quando acabarem o caso, só para nós termos certeza, sabe como é. – disse ele.

 

- Ok! – Lizzie sorriu.

 

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Elizabeth fechou a porta e escorou-se na mesma, sorria largamente, na verdade estava contendo-se para não gargalhar, estava extremamente feliz e aliviada, estava tudo bem, tudo bem!

 

- Você está bem?! – perguntou Juliet, olhando entre o assustado e o sarcástico para Elizabeth.

 

- Por que eu não estaria? – disse Elizabeth, estranhando a pergunta da irmã.

 

- Você está aí, toda rindo como uma retardada, - respondeu a loira mais nova, apontando para a irmã – não que você não o seja, mas agora, você se superou.

 

- Eu não sei exatamente como, com que força, nem o porquê, só sei que parece que ela sente-se culpada, e isso foi há tanto tempo, - dizia Elizabeth, repetindo o que a irmã havia falado antes, usando de trejeitos e de uma voz engraçada - eu só acho que ela encontrou a maneira dela de lidar com isso, blá blá blá!

 

- Vai pro inferno. – respondeu Juliet.

 

- Aham, pode deixar! – retrucou Elizabeth, agora rindo da irmã que estava lhe dando as costas e indo em direção ao corredor onde ficavam os quartos. – Julie, – chamou Elizabeth, a outra loira virou-se e lançou um olhar mortal para a mais velha, que apenas sorriu – cá entre nós, eles são gostosos pra cacete, né?! – ria Elizabeth.

 

- Vai. Pro. Inferno. – repetiu Juliet, mas desta vez mais pausadamente, dando mais ênfase a frase.

 

- Ok, ok, estressadinha, – recomeçou Elizabeth, ainda rindo, existem muitas coisas que agradam Elizabeth Trent, irritar suas irmãs é uma dessas coisas, às vezes é porque isso mostra que esta tudo bem, que ainda esta tudo bem, outras é apenas pelo prazer de fazê-lo, - falando sério agora, eles são caras legais! Quer dizer, o tal do Dean tem essa coisa de parecer meio mandão e tudo mais, mas ele realmente parecer ser, sabe como é, legal!

 

Juliet apenas observava a irmã falar, aparentava estar representando um falso interesse, mas as duas ali sabiam que isso não era verdade, algumas coisas nos Winchesters as interessavam, e não era apenas a beleza.

 

- Já o Sam, bem, tirando o ato extremamente estúpido da parte dele, de ter atirado em você – voltou a falar Elizabeth, mas parou por um instante para olhar a irmã, quando voltou a recordar com toda força do tiro que a mesma havia levado, - bem, tirando isso, ele me pareceu bonitinho, e sabe como é, ele pareceu ser...

 

- Legal?! – questionou Juliet, querendo acabar logo com aquilo, Elizabeth soltou um “Yeah!” animado, e ficou em silêncio, como que esperando uma reação da outra. – Hum, é, ele pareceu legal.

 

- E então, se interessou?! – Elizabeth continuava o interrogatório.

 

- Não.

 

- É, nem eu, sem chances, sem chances mesmo! – disse a outra, rapidamente, rindo logo depois.

 

- Ok então, se você diz. Mas me faça um favor, sim? Cale a boca.

 

E foi isso, Elizabeth parou de falar e Juliet pôde finalmente ir em direção a seu quarto, onde poderia deitar em sua cama e dormir, depois de uma noite que havia sido totalmente fora de seus padrões, que mesmo com o tiro, havia sido uma noite interessante, ela só ainda não era capaz de entender exatamente o porquê.

 

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Fazia duas horas que uma porta havia sido fechada, duas irmãs ficaram do lado de dentro de uma casa alugada em uma cidadezinha qualquer, dois irmãos caminharam em direção a um Chevy Impala nesta mesma cidadezinha qualquer.

 

A casa estava silenciosa, duas das três moradoras temporárias da mesma estavam dormindo, a outra estava deitada, com os dois braços atrás da nuca, encarando o teto. Não sabia o que fazer, era muita coisa para assimilar, havia uma decisão para se tomar. Mas não agora, ela havia decidido. Então ela percebeu algo, e sorriu quando se deu conta disso, levantou-se e foi para a sala, pegou o celular que estava em cima da mesinha de centro, e começou a procurar por algo em meio aos papéis que estavam por ali, achou-o, discou o número.

 

- Alô?! – falou a voz masculina do outro lado.

 

- Hey, Dean! – ela respondeu.

 

- Elizabeth? – perguntou Dean, ele e Sam estavam na estrada, Dean ao volante e Sam dormindo no banco do carona, já fazia um tempo que tinham saído dos limites da cidade de Edwardsville. – É você?

 

- Quem mais poderia ser?! – ela retrucou, soltando um risinho pelo nariz.

 

- Aconteceu alguma coisa? – ele estava ficando preocupado, deveria haver um motivo para ela ter lhe telefonado, algo referente ao caso, provavelmente.

 

- Não, na verdade só lembrei de te falar algo! – disse ela, que mordia o lábio inferior. – Se você tivesse dormido comigo, o meu nome e o meu rosto seriam as últimas coisas que você esqueceria! – completou, usando um tom de voz mais sexy, sorriu de forma maliciosa quando terminou de falar.

 

Dean olhou para o irmão no banco do carona, Sam parecia prestes a babar, voltou então a olhar para a estrada, sacudiu levemente a cabeça para os lados e sorriu de uma forma extremamente safada.

 

- Maluca! – disse ele, ainda sorrindo.

 

- Idiota! – respondeu ela, o riso era perceptível em sua voz. – Adeusinho!

 

Ela ainda ria quando fechou o telefone, e Dean, a quilômetros dali, também.

 

- Você não presta! – falou Suzan, que estava escorada na parede do corredor, havia presenciado toda a cena, afinal, acabara acordando ao ouvir o barulho que Elizabeth fez ao se levantar.

 

- Eu sei! – disse Elizabeth, sorrindo ainda mais. Ela passou pela irmã, foi até o quarto e deitou, e então, finalmente, dormiu.


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Notas finais do capítulo

N/A: Espero que tenham gostado, e desculpem-me a demora, é que ando muito ocupada ultimamente. Este capítulo tem um início e um meio muito bom, mas o desenrolar do final dele me parece meio monotóno, mas devo explicar que os diálogos ali encontrados eram necessários. Aconselho a quem queira desvendar os segredos da fic, pretas bastante atenção, pois ali possuem dicas, assim como o prólogo também possui. Bem, era isso! Beijos a todos, e só pra constar, eu quero reviews! *---*'



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