02. Trato É Trato

Rosalie, cadê você, sua vaca?!

Eu gritava mentalmente, andando de um lado para o outro dentro do meu quarto.

Essas duas semanas serão as piores semanas da minha vida, mas amigos são para isso, na alegria e na tristeza – nesse caso é desgraça mesmo! E eu sei que é errado querer arrastar os amigos para o inferno junto – eu só tenho a Rose –, mas ela é a minha única esperança de não voltar dessas férias de primavera completamente louca! E é em um momento desses que eu odeio o Sr. Volturi, porque ele tem que querer fazer reformas tão extensas na escola justo nessas férias?! E sim, é por este motivo que nossas férias vão duas e não uma semana.

– Bella, Rosalie está aqui! – ouvi minha mãe gritar do andar de baixo.

Tropecei nos meus tênis e quase caí quando saí do quarto, mas cheguei na sala inteira.

– Vem comigo! – falei puxando Rose pela mão e a levando até o meu quarto.

– Calma aí ligeirinho. O que aconteceu? – Rosalie disse rindo assim que entramos no meu quarto, se sentando na minha cama.

– Minha mãe decidiu me mandar para a casa da minha tia louca em Forks. Eu vou ter que agüentar o retardado do meu primo e sei lá mais o que! E enquanto a trouxa aqui vai estar lá quase morrendo cercada de gente louca, meus pais vão estar em um maravilhoso cruzeiro! – despejei tudo em cima dela que depois de alguns segundos, começou a rir – A situação é séria Rose! Mas como eu acho que não vou sobreviver lá sozinha, quero que vá comigo.

Rosalie parou de rir na hora.

– Fala sério né Bella!

– E você por acaso tem algo melhor pra fazer nessas duas semanas? – perguntei – E ficar assistindo as temporadas de Gossip Girl e secando o seu vizinho gato não contam, ok – falei antes que ela abrisse a boca.

– Ok, eu não tenho nada melhor pra poder fazer, mas sério, ir com você até aquele lugar? – ela perguntou com uma expressão como se eu estivesse pedindo para ela ir para a forca no meu lugar. Bem... essa situação é quase a mesma coisa, só por isso nem digo tanto.

– Por favor, por favorzinho! Eu faço o que você quiser, mas não me deixa ir pra lá sozinha. Eu vou enlouquecer de vez! – exclamei me jogando na cama.

– Qualquer coisa? – ela disse dando o único sorriso que eu menos quero ver no rosto de Rosalie: um sorriso malicioso. Lá vem merda...

– Qualquer coisa – eu murmurei com medo, torcendo para que a minha punição não seja tão ruim assim.

(...)

– Rosalie! – gritei tentando me cobrir.

– Você disse qualquer coisa! – ela falou rindo e me empurrando para fora da sua casa.

– Eu e minha boca grande – resmunguei segurando o balde e o largando no chão.

Sério, só Rosalie pra me fazer isso. Aqui estou eu, de biquíni pra lavar um carro mega sujo e flertar com o vizinho gostoso, porém gay da Rose. Ôô vida miserável!

Peguei a esponja de dentro do balde e comecei a passar no carro olhando para o vizinho dela – Jason – que estava regando o jardim. Eu piscava e mordia meus lábios quando ele me olhava e logo o coitado desviava o olhar. Até que teve o momento em que eu decidi me achar a coelhinha da Playboy e levantei minha perna deixando em cima do capô. Não deu cinco segundos eu escorreguei no chão molhado e bati minha bunda no concreto.

Ouvi a risada escandalosa de Rosalie que me observava de dentro da sua casa e quando olhei para o jardim, Jason já nem estava mais lá.

– Ah vá pra puta que pariu! – falei brava jogando a esponja no carro e indo pra dentro da casa.

– Mandou bem hein Bella. Seduziu o Jason geral! – Rose falou rindo com a mão na barriga, assim que eu entrei.

– Hahaha. Saiba que eu estaria te estapeando se esse não fosse o preço para você ir comigo para Forks – eu disse indo até o sofá – Ai... – gemi sentindo minha bunda latejar de dor.

(...)

– Está entregue – Rose disse parando em frente a minha casa horas depois.

– Até amanhã Loira, e não esquece de vir me buscar. Minha vontade de ir para Forks está tão grande que é capaz de eu me jogar num poste com o carro pela manhã – falei saindo do carro.

– Minha Jujuba sempre tão dramática – ela disse revirando os olhos.

– Bah – eu disse rindo e indo até a porta de entrada. Acenei para a Rose e entrei.

Minha mãe estava na sala fazendo crochê e escutando musica lírica, meu papi ainda não tinha chego do trabalho e eu fui para o meu quarto. Depois do dia que foi hoje o que eu mais preciso é da minha gostosa e cheirosa cama.

Fui para o banheiro e me troquei, escovei os dentes e prendi meu cabelo em um coque. Depois voltei para o quarto e me deitei. Infelizmente nem pedir para que tudo tenha sido um pesadelo eu posso afinal a minha dor de imaginaria não tem nada.

Acordei de manhã com os berros da minha mãe. Os típicos “Charlie Swan, desligue isso. Você vai acordar Isabella!”. Como se os gritos dela me mantivessem dormindo. Levantei da cama e fui me olhar no espelho. Cabelos bagunçados, cara amassada e um belo de um hematoma na bunda. Perfeita!  ¬.¬

Decidi ignorar a dor e me trocar logo, afinal hoje Rosalie vai vir me buscar e como a pessoa impaciente que é, é capaz de ainda faltar meia hora para entrarmos e já termos chegado na escola. Eu coloquei uma camiseta regata, uma jaqueta, um jeans preto e um All Star. Quanto mais confortável hoje, melhor! E depois de estar devidamente arrumada, desci para tomar meu café da manhã com direito a mais alguns berros da minha adorada mãe. Porque somente hoje o meu pai não pode se comportar como uma pessoa normal? – por mais extinto que isso seja na minha família.

– Mãe, estou indo – falei me levantando assim que ouvi a primeira buzinada de Rosalie.

– Ah! Seu bumbum já está melhor meu amor? – ela perguntou.

– Mãe! – gritei e quase corri dali. Saí de casa e entrei no carro de Rosalie rapidamente antes que minha mãe viesse com alguma pomada pra perto de mim. Mas o que me assusta mais é ela saber da minha dor. Será que eu gemi durante a madrugada?!

– Hello! Terra para Bella! – Rose falou empurrando minha perna enquanto dirigia.

– Fala.

– O que aconteceu que você entrou aqui mais louca que o normal? – ela perguntou me olhando pelo canto do olho.

– Minha mãe querendo me passar pomada – falei revirando os olhos e bufando. Ela realmente não tem jeito.

Rose começou a rir e a falar coisas como “Renée não existe” e “Você é realmente filha dela”.

– Isso, ri da desgraça alheia mesmo, sua vaca. Queria ver se fosse com você – falei saindo do carro assim que ela parou na sua vaga.

– Bella, acorda né. Minha mãe não é tão louca – falou vindo para o meu lado.

– Ainda não amor, deixa ela fazer quarenta pra você ver – falei rindo e Rose me empurrou com o ombro.

Entramos na escola e fomos para os nossos armários. Pegamos tudo o que iríamos usar e decidimos ir logo para a sala de aula. Assim que entramos vimos que a sala ainda estava vazia, então fomos até os nossos lugares, no meio da sala, e sentamos começando a conversar. Rose começou a me perguntar tudo sobre o que eu sabia a respeito da minha tia e do meu primo, e de Forks é claro. Sinceramente, eu nem me lembro de tanto, mas como eu sei que eles demonstram mais sua loucura do que eu, minha mãe e meu pai, eu já sei que essas duas semanas serão como viver em um manicômio.

(...)

– É sério Bells, se você continuar a falar assim, eu desisto de ir com você – Rosalie começou a falar assim que nos sentamos a mesa do refeitório.

Eu passei a manhã inteira contando a ela sobre o que Emmett e minha tia faziam quando eu ia para lá, como eram as comemorações e as brincadeiras. E eu estou vendo a hora da Rose me tapar a boca e mandar minha família para o inferno! kkkk’  Mas o comportamento deles é de assustar mesmo qualquer um que não seja tão louco, mas nós fizemos um trato, e trato é trato.

– Vai desistir é o caralho. Eu não me humilhei daquele jeito pra nada! – falei indignada. Desistir! Humpf! Mereço ouvir piada a essa hora...

– Ok, ok não está mais aqui quem falou – ela disse mordendo uma maçã e colocando seus fones.

Abri meu pacote de jujubas e comecei a comer colocando meus fones também.

Hoje nem Jessica ou Ben vieram até a mesa, estão provavelmente se pegando em algum canto do colégio, mas é melhor assim, pelo menos agora eu tenho mais tempo para me preparar mentalmente para a minha ida a Forks. Não que eu esteja contente de ir para lá, mas talvez, quem sabe, remotamente e com um pouco de sorte, essa viajem não seja tão ruim.