NOVA YORK

POV BELLA

Definitivamente, é impossível se concentrar sabendo que a personificação de um Deus grego está sentado ao seu lado. Tudo nele me fazia delirar. Sua respiração suave, o barulho de seus dedos contra o teclado do computador, o seu cheiro inebriante e forte, amadeirado e doce, ao mesmo tempo. Meus olhos teimavam em fugir dos papéis apenas para olhá-lo por alguns segundos.

As horas passaram tão rápido que mal pude perceber quando o horário de almoço chegou e Edward levantou ajeitando seu paletó.

–Srta Swan, não irá almoçar?

–Ah, sim. -Levantei desamassando a saia. -E o senhor?

Ele me olhou levantando a sobrancelha e lembrei-me de seu pedido, não chamá-lo de senhor e sorri sem graça.

–Estou indo agora, gosta de comida francesa? -Ele perguntou sorrindo. Eu já disse que o sorriso dele é fodidamente sexy? Não? Bom, é. E muito.

–É a minha preferida.

–Gostaria de almoçar comigo?

Devo ter ficado no mínimo, uns 30 segundos assimilando o que ele havia acabado de falar. Almoçar com ele? Fala sério, um homem como ele não anda com mulheres como eu.

–Almoçar com você?

–É claro, não quero almoçar sozinho e muito menos deixarei que você almoce sozinha. A não ser que já tenha companhia.

–Oh, não. Quer dizer, não tenho companhia. Tudo bem.

Ele sorriu e abriu a porta, peguei minha bolsa e saímos juntos. Nunca fui uma pessoa muito tímida, mas também nunca gostei de ser o centro das atenções, e era exatamente isso que eu me sentia agora. Haviam apenas 7 pessoas nesse andar e todas me encaravam, e isso se repetiu no elevador e no estacionamento, enquanto ele abria a porta de seu Bugatti para mim. Preciso comentar que esse era um dos carros mais caros do mundo? Pois é, eu entendo algumas coisas de carro e preço é uma delas.

Em menos de 10 minutos chegamos ao famoso Cafe Boulud*, um dos mais chiques restaurantes franceses do Upper East Side.

Edward saiu do carro e veio para meu lado abrindo minha porta e estendendo sua mão que aceitei de bom grado, para sair do carro. Ele agia como um cavalheiro, coisa rara hoje em dia e que nunca pude vivenciar, levando em consideração meus 3 ex-namorados babacas.

Entramos rapidamente e nos sentamos em um canto mais afastado onde passamos nossos pedidos para o garçom.

–Seu namorado não vai se incomodar de você almoçar comigo? -Edward falou me olhando curioso.

–Eu não tenho namorado. -Respondi tomando um gole de água. Que tipo de pergunta era essa? Quer dizer, só alguém interessado faria essa pergunta e Edward Cullen nunca se interessaria por mim. Mas eu me interesso por ele. -E você? Sua namorada não vai ficar brava?

Ele riu.

–Se eu tivesse uma, quem sabe.

Sorri diante de sua resposta, então ele era solteiro. Bom saber.

Nossos almoços chegarem e começamos a comer enquanto conversávamos sobre banalidades e assuntos da empresa.

–Então, seu sonho sempre foi trabalhar na empresa da sua família? Quer dizer, aos 8 anos eu nem sabia o que um engenheiro civil era, eu nem sabia que engenheiro era uma profissão.

Ele riu, ou melhor, gargalhou e pude perceber que até sua risada era perfeita. Me fazia querer rir junto.

–Não, eu sabia o que um engenheiro civil fazia e tudo mais, graças ao meu avô. Mas foi só com 12 anos que eu descobri que queria fazer o mesmo que ele. Sempre fui muito bom com exatas, tinha as melhores notas em física e matemática da turma. E depois que fui para a faculdade só tive mais certeza que escolhi a profissão certa. E você? Sempre quis ser publicitária?

–Não, surgiu quando eu tinha 16 anos. Uma amiga da minha mãe é uma publicitária incrível e um dia me levou para conhecer esse mundo e eu me apaixonei. Eu nunca fui boa com exatas, sempre puxei mais para a criatividade. Adoro criar coisas novas.

Ele sorriu me analisando.

–Sabe, eu conheço muitos publicitários daqui. Poderia facilmente te apresentar pra alguns deles.

–Ai meu Deus, é sério? Nossa, Obrigada Edward. Seria demais! -Falei empolgada. Edward era super importante, então obviamente ele conhecia muitos. Imagina se ele conhece o John D. Wren*!

–Imagina. Todo mundo tem sonhos, eu consegui realizar o meu, por que não ajudar os outros a conquistarem os deles?

–Você é demais! -Exclamei rindo.

Ele riu, pediu a conta e após não me deixar pagar, saímos do restaurante voltando para a empresa.

[…]

O resto do dia passou voando. Edward era uma pessoa muito fácil de conversar. Falamos sobre todos os assuntos possíveis e impossíveis.

Às 19h o celular dele começou a tocar enquanto eu desligava o computador e me preparava para ir embora.

Pelo canto dos olhos consegui ver Edward olhar para a tela de seu iPhone e recusar a chamada com um suspiro.

–Como você vai embora Bella?

–De onibus. Moro à alguns minutos daqui. -Respondi dando de ombros.

–Imagina! Não vou deixar você pegar um ônibus essa hora! Eu te dou uma carona.

Comecei a rir, fazendo-o me olhar como se eu fosse louca.

–Edward, você por acaso já andou de ônibus?

–Não, mas eu sei que esta muito tarde para uma mulher andar sozinha de onibus.

–Todo mundo anda de ônibus, Edward. Milhares de mulheres voltam sozinhas do emprego ou faculdade essa hora.

–Bom, elas não tem um chefe legal que possa levá-las para casa, você tem.

Foi impossível não sorrir diante de sua insistência.

–Tudo bem, Sr. chefe legal. Eu aceito a sua carona.

Ele sorriu satisfeito e seguimos juntos até o estacionamento.

–Onde você mora? -Ele perguntou entrando no carro.

–No final da Quinta Avenida, um pouco antes do Washington Square Park*.

Ele ligou o rádio, e o som de Do I Wanna Know do Arctic Monkeys começou a tocar.

–Ai, eu amo essa musica. -Disse cantarolando-a.

Ele riu e disse:

–Serio? É uma das minhas favoritas.

–Pelo visto, temos o gosto musical parecido.

–Graças a Deus, uma mulher com bom gosto musical. -Ele praticamente gritou, me fazendo rir alto.

O caminho foi rápido, com nós dois cantando juntos.

–Chegamos. -Ele disse parando na frente do meu pequeno prédio.

–Obrigada pela carona, Edward. De verdade.

–Imagina, amigos são pra isso.

Sorri diante da palavra “amigos”, com certeza, eu queria muito mais do que isso.

–Boa noite Edward. -Eu disse meio incerta, não sabia se saia do carro, se o beijava no rosto ou acenava com a mão, o que seria totalmente patético.

E respondendo minha pergunta, ele se esticou e beijou minha bochecha suavemente.

–Boa noite Bella.

Sorri corando e sai do carro.

–Ei Bella! -Ouvi Edward gritar antes de eu entrar no prédio.

–Sim?

–O que acha de tomarmos café juntos amanha?

Sorri, pensando que aquilo era bom de mais pra ser verdade. Acho que nunca sorri tanto em um dia só como sorri hoje.

–Acho muito bom. -Respondi entrando no prédio, não antes de ver um sorriso vitorioso estampar seu rosto.

Continua...

*1: Restaurante de Daniel Boulud divino com 1º lugar no Guide Michelin! Cozinha francesa clássica com toques contemporâneos. Um dos melhores de Nova York.

*2: É o terceiro publicitário mais bem pago do mundo e um dos mais conhecidos, CEO do Grupo Omnicom.

*3: Washington Square Park é um parque público da cidade de Nova York, localizado no fim da 5ª avenida.