Sasuke-kun...

Minha consciência surgiu de repente, como se algo a tivesse puxado, tivesse a trago a realidade. Não sabia onde estava, mas aquele vente frio que batia na minha pele me dizia que eu sabia, dizia que era ali que estava meu martírio, meu purgatório.

Estava sobre algo gélido. Algo áspero machucava minha pele, a dureza do lugar em que me encontrava mostrava que não era a primeira vez que estava ali. Meus olhos continuavam fechados, eu me recusava a abri-los, seja lá onde eu estivesse eu não queira ver. Meu corpo se recusava a olhar, se negava veemente a vê o motivo do meu coração está tão desesperado. E esse sim, o meu tão cansado e impuro coração sabia da realidade. Ele sabia, eu podia sentir pelas batidas fortes e desregulados que ele provocava no meu tórax.

Ele estava cansado de tudo aquilo. Mas do quê ele estava cansado? Do quê meu próprio corpo privava minha consciência de vê? O que era tão aterrorizante que provocava aquela dor no meu peito?

Sasuke-kun...

De quem era aquela voz? Eu a conhecia tão bem... Meus ouvidos capitaram a até a última frequência que aquela voz provocou. E como uma descarga de pura adrenalina, meu coração disparou, coisa que pensei ser impossível.

Aquela voz não era angelical, não era suave e meiga. Tinha tanta emoção nela, mas não soube julga quais eram as emoções. Apenas uma eu sabia: Dor. Era fraca, como se estivessem fazendo um enorme esforço para pronunciarem. Um leve roncar na garganta, como se elas estivessem querendo ficar presas ali, mas a mulher, sim, por que eu sabia que o era, expulsassem as com força.

Abra os olhos Sasuke-kun...

Não! Eu não abriria meus olhos. Eu estava com medo, medo de encarar a pessoa que me chamava. Eu sabia que não conseguiria olhar, eu... Eu era tão fraco. Ela me tornava fraco, algo nela tirava minhas forças. A voz tinha uma enorme capacidade mudar meus sentimentos, não para algo bom, mas sim para algo ruim.

Ela transformava tudo que eu tinha de coragem em medo, mudava meu corpo firme por um tremulo. Eu não sabia como ela conseguia, mas era assim que ela funcionava comigo. Apenas uma leve vibração de sua voz e meu corpo despertava todos os medos que pensei terem acabado ou nem existido.

Sasuke-kun...

Pare! Pare de me chamar!

Apertei meus olhos com força, meu coração batendo tão forte que parecia querer sair, minha respiração exaltada batia contra o chão gélido daquele lugar. O vento frio pareceu bater com mais força no meu corpo, fazendo o se arrepiar. Apesar de que eu tinha minhas dúvidas se era mesmo por causa do frio ou pela presença daquele ser que me atormentava como meu particular purgatório.

Sabe que não sou a culpada por sua dor Sasuke-kun

Não era? Como não, se era você e essa sua maldita voz que me atormentava? Eu tenho raiva de você, te odeio tanto... Eu...

Por que me odeia? Depois de tudo ainda me odeia?

Aquela voz chorona atingiu meu corpo como uma bomba. Algo dentro de mim pareceu se culpar, não queria que ela chorasse. E como se todo o meu medo, receio tivesse desaparecido eu abri meus olhos. Não foi de um jeito lento, mais sim rápido, como estivesse perdendo algo importante demais, valioso demais.

Aquela mulher, aquele cabelo rosa, aquele sangue... O sangue dela!

E mais uma vez naquela realidade – não sei se posso dizer que aquilo é real, mas aquele vento frio, o chão gélido e áspero e aquela mulher eram reais demais pra mim - meu coração disparou mais do quê possível.

Vê aquele ser pequeno deitado naquele chão frio, o sangue fazendo uma pequena poça de sangue debaixo de sim, a cabeça virada para meu lado e os olhos, aqueles olhos verdes como um purgatório estavam fixos em mim. Não existia vida neles, eram opacos, tristes.

Meus olhos estavam arregalados olhando para ela e principalmente para aquela katana cravada no seu peito.

Era minha katana! Minha! Mas o que ela estava fazendo cravada no peito daquela mulher?

Como em flashes imagens foram aparecendo na minha mente, informações foram sendo lançadas e a dor exorbitante veio acompanhando todas elas.

Sakura!! Eu tinha cravado aquela katana nela!! Eu tinha a matado!!

Sasuke-kun não chore...

Era mesmo, eu estava chorando. Chorando por me sentir culpado. Ainda me lembro como hoje quando cravei aquele metal no seu peito, tudo por que ela tentou me impedir de avançar sobre Konoha.

Ainda lembro do seu rosto incrédulo quando deixei aquele metal perfurar o seu tórax, e com toda a fraqueza do mundo deixar aquele mesmo metal lá. Não tive forças para retirar minha katana. Acho que apesar de tudo ela tinha esperanças de eu não ter coragem para tal ato. Mas ela estava enganada. Tive coragem de feri-la, mas não tive coragem de assumir que o fiz.

E ela caiu. Caiu naquele chão duro e áspero. A katana não a deixou nem um momento e parece ter a machucado mais quando ela caiu sobre aquele chão. Os cabelos rosados deslizaram sobre a terra e seus olhos caíram sobre mim como uma pergunta silenciosa.

Por que Sasuke-kun?

Aquela voz dolorosa atingiu meus tímpanos. Sua face petrificada não se mexia nem por um instante e por mais estranho possa aparecer seus lábios também não se moviam. Aquela voz, aquela maldita voz, parecia surgir do nada e para o nada ia.

E mais uma vez eu não soube responder essa pergunta, como naquele dia eu apenas fiquei a olhando e dizendo para mim mesmo a mesma resposta de sempre: Eu não sei.

Diferente daquele dia o sol não brilhava, não havia calor, não existia terra, não existia um Naruto gritando comigo, não havia sons de explosões e eu não ouvia a sua voz.

Agora era tudo diferente. Tudo era branco, não existia início, meio e fim. Não havia sons além da sua voz e da minha respiração. Era tudo diferente, mas o principal daquele dia ainda estava ali, me atormentando como naquele dia, tirando o que existia de consciência em mim, levando consigo o meu equilíbrio.

Apenas existia eu, você, minha katana e sua maldita voz.