- Aconteceu alguma coisa pra você me ligar as nove horas da manhã? – eu estava parado na porta da casa do Atoda as nove quinze da manhã.
- Eu queria conversar com você – ele me deu passagem para entrar na casa, que não havia mudado nada desde a ultima vez que eu passei lá.
- Sobre o que?
- Você sabe muito bem – Atoda sentou no sofá e eu fiz o mesmo. Eram antes da dez da manha e com certeza era contra a minha religião acordar antes das dez – porque você esta saindo com ele.
- Eu já te disse que eu amo ele, Takahito – abaixei a cabeça para as minha mãos.
- Mas você me amava tanto quanto eu te amava nos tempos de escola.
- Por mais que eu tenha te amado um dia, esse amor virou amizade – pude ver algumas lágrimas começarem a escorrer pelo belo rosto de Atoda – não chore, não por minha causa.
- Eu te amo – ele me abraçou fortemente, fazendo com que suas lagrimas molharem minha blusa, mas eu pouco me importei – eu não vou conseguir viver sem você.
- Deixe de ser bobo, você viveu muitos anos sem mim – alisei seus cabelos carinhosamente – nós não nascemos para ficar juntos.
- Não diga isso! – ele me abraçou mais forte – não diga que nós não fomos feitos um para o outro!
- Eu também te amo e você sabe muito bem disso – continuei a acariciar o topo de sua cabeça – mas não do jeito que você quer que eu te ame.
- Porque não me da uma chance? – ele me soltou do abraço e olhou nos meus olhos – uma só chance.
- Você e eu sabemos que isso não iria dar certo – limpei as lágrimas dele e dei um beijo em cada bochecha – você e eu nunca daríamos certo.
- Como você pode saber disso?
- Você sabe tanto quanto eu que nós só seremos amigos para toda a eternidade – ele me mostrou aquele sorriso que eu tanto amava – obrigado por me entender.
- Com licença – Shintaku entrou no apartamento do Atoda rapidamente – desculpe ir entrando do nada e eu queria dizer que mesmo que você não goste mim Atoda-kun, sempre te admirei muito mais do que você pensa.
- Antes de mais nada, desde quando você esta aqui? – eu estava completamente confuso.
- Obrigado, mas você pegou a coisa mais preciosa que eu tinha na vida – Atoda estava chorando mais do que eu já vi alguém chorar na minha vida, pude sentir que o meu coração também chorava.
- Desculpe – eu abaixei a cabeça e me virei em direção a porta – não queria fazer você sofresse.
- Yuushi – Shintaku disse tristemente – agente se fala outro dia Atoda.
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Nós estávamos dentro do carro do Shintaku. Ele estava tentando se concentrar no volante e não prestar atenção na minha tristeza crônica. Com a cabeça encostada no vidro, deixava as minhas lágrimas escorrerem pelo rosto.
- Desculpe – Shintaku me disse parando no sinal vermelho.
- Porque? – virei meu rosto para a direção dele – você não tem culpa de nada.
- Se eu não tivesse ido naquele dia no aeroporto, nós não estaríamos juntos e você poderia ser feliz com o Atoda – ele estava quase chorando.
- Mas eu não quero ser feliz com o Atoda, eu quero ser feliz com você! – olhei pra ele que parou em uma rua deserta para que pudéssemos conversar em paz – eu estou feliz com você!
- Então porque você chorou quando o Atoda estava triste?
- Porque ele foi um dos meus melhores amigos de escola e uma das pessoas que eu mais amei na vida – abaixei minha cabeça – não quero ver ele sofrer por minha casa.
- Desculpe – ele encostou sua testa na minha, era uma das coisas que eu só fazia com ele – estou com puro ciúmes teu.
- Mas eu realmente não quero que o Takahito sofra por mim, eu sempre gostei dele nos meus tempos da escola e por isso que você tirava sarro de mim certo?
- Esquecendo o passado e voltando ao presente, que tal se você não ficasse um tempo com o Atoda?
- Como assim?
- Agente termina o namoro e você passa mais ou menos um mês “namorando” o Atoda, depois você decide com quem você quer ficar.
- Mas Shintaku, eu não sei bem se isso vai ser uma boa idéia! – olhei no fundo dos olhos dele – e se eu resolver ficar com o Atoda?
- Eu tenho certeza que você vai me escolher no final das contas – e novamente, ele encostou nossos lábios.
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- E essa é a situação – terminei de explicar tudo para o Nakamoto que estava sentado de boca aberta no meu sofá.
- Vocês três são loucos! – ele levantou e pegou o copo de água que estava no balcão – e como o Taka-chan aceitou tudo isso?
- Não me pergunte isso, não sei nem como que eu aceitei isso!
- Quando foi isso?
- Uma semana atrás.
- E com quem é melhor estar?
- Eu não sei! – deitei no sofá – estar com o Masashi é uma coisa mais corporal, mais quente. Já estar com o Takahito é uma coisa mais amorosa, mais coisa de ir ao cinema de mãos dadas e etc.
- Pelo o que você disse então é melhor estar com o Takahito?
- Não é questão de eu não gostar do Masashi, mas é que é diferente! – eu realmente estava confuso pra caramba, o que eu irei fazer?
- Bem, se dependesse de mim, você ficaria logo com os dois e pronto!
- Acontece que eu não sou um pervertido sem vergonha que nem você! – eu disse sem receio.
- Quem é o pervertido sem vergonha? – Kajiyama entrou na minha casa com a copia da chave.
- O Miyasato – Nakamoto respondeu em uma velocidade incrível, me deixando um pouco assustado.
- E como que o meu anjinho pode namorar com um pervertido desses?
- O amor é cego, surdo e mudo Kaji – Nakamoto abraçou ele como se fosse um santo.
- Prefiro não comentar – sussurrei baixo.