Um mês havia se passado.
Eu e Nakamoto estávamos de pé no aeroporto esperando o vôo deles chegarem.
- Não vejo a hora de encontrar o Kaji novamente – Nakamoto não conseguia se contentar de alegria, eles foram grandes amigos nos tempos escolares – ele precisa saber das novidades.
- Você não contou pra ninguém que esta praticamente casado com o Miyasato?
- Claro que não – ele deu um sorriso ainda maior que tinha em seu rosto antes – a cara de surpresa que ele vai fazer faz parte do pacote.
- Você é terrível – tomei um gole do meu Milk Tea – o Kaji vai querer te matar a hora que souber disso.
- E qual seria o motivo?
- O Kaji te vê como um irmão mais novo que é completamente inocente e sem malicia alguma, o que eu acho um tremendo erro vindo de uma pessoa esperta e observadora como ele, mas ainda sim ele te vê assim.
- E desde quando eu dei à entender que eu sou inocente e sem malicia alguma?
- Pois é, em momento algum dos nossos anos de amizade e talvez da sua vida toda – disse sinceramente – só que Kaji quer conservar essas sua imagem de menino fofinho do primeiro ano do Ensino Fundamental.
- Aah, fala sério – ele tomou um gole de Leite com Café – desde daquela época eu já me agarrava com os outros atrás da escola.
- Mas o Kajiyama-kun nunca ficou sabendo desses seu agarramentos.
- Vocês nunca contaram para ele sobre isso?
- Claro que não, você imagina o tamanho do choque que ele iria tomar se soubesse de uma coisa dessas? – Nakamoto estava meio assustado – eu não queria ser responsável por mandar o pobre do Kajiyama-kun para hospital ou matar ele por causa dos seus arroubos pervertidos, pode não parecer, mas eu ainda tenho amor pela minha humilde liberdade.
- Você que é terrível – ele me abraçou fortemente – eu não seria capaz de dizer isso na cara dura.
- Eu aprendi a ser assim com você, que isso fique bem claro.
- Eu vou te bat...
- Vocês não crescem nunca não é?
Aquela voz não me era nada estranha, pelo fato de ser uma das vozes que eu mais odiava na minha existência como ser humano.
- É um prazer te reencontrar também, Shintaku – Nakamoto disse com um pouco de desprezo.
Shintaku Masashi, a pessoa que mais me irritou durante os meus longos três anos de Ensino Médio.
- Não digo o mesmo – ele deu um dos sorrisos dele – olá querido Yuu-chan, como é bom te rever aqui!
Ele se aproximou de mim e deu um beijo na minha bochecha.
- Como é bom te ver também Masashi – eu dei um beijo bem perto da boca dele, somente para provocá-lo – eu senti tanta sua falta durante esses anos todos, principalmente durante à noite.
O rosto dele ficou vermelho da cor da sua gravata afrouxada. Só eu conseguia deixá-lo naquele estado de constrangimento.
- Eles chegaram! – Nakamoto simplesmente ignorou o que eu disse, ele sabia como eu odiava o Shintaku.
- Kazuyoshi! – Kajiyama veio correndo ao encontro do Nakamoto e deu um abraço forte nele – que saudades que eu estava de você!
- Eu também Aniki! – ele abraçou o Kajiyama mais forte ainda – queria tanto te ver!
- Oi Yuushi – Murakami disse abraçando os meus ombros e me deu um beijo na minha bochecha – ou seria melhor dizer Sunohara Yuushi, o novo membro do Arashi.
- Abafa o caso, Murakami-san – abracei ele também – como foi a temporada na Inglaterra?
- Foi umas das melhores coisas da minha vida inteira! – ele disse feliz.
- Uma das melhores coisas da nossa vida, você quis dizer – Kajiyama corrigiu ele – olá Shintaku, quanto tempo.
- Como vai casalzinho? – ele abraçou os dois de uma vez, mas o fato do Murakami ser mais alto e o Kajiyama ser mais baixo que ele deixou o abraço um pouco desajeitado.
- Eu tenho ódio desse tonzinho de voz dele, me irrita até a alma – Nakamoto me disse com ódio nos olhos – nunca fui com a cara dele e além do mais, porque ele ta aqui?
- Eles jogavam Handball nos tempos do Ensino Médio – disse observando como eles conversavam com facilidade – por isso ficarão tão unidos assim.
- Eu nunca tive amigos tão unidos assim, além de você e do Miyasato – ele disse mal conformado – só que ter um amigo como o Shintaku é porre.
- E como eu ia dizendo, encontrei as criancinhas brincando aqui no aeroporto, não é meninos? – Shintaku disse com tom de provocação e abraçou como o Murakami fez.
- Claro que sim tio – eu disse entrando na suposta brincadeira – agora você poderia me levar para o quartinho do lado e abusar de mim loucamente?
Shintaku se afastou de mim rapidamente envergonhado, fazendo todos segurarem a risada para não fazer o pobre coitado passar mais vergonha.
- É bom te reencontrar também Kajiyama, estou muito bem obrigado e você? – cortei o clima de deboche e disse falsamente para Kajiyama como se ele tivesse me cumprimentado.
- Desculpe Yuu-chan! – ele veio ao meu encontro – como você ficou bonitão e famoso hein?
- Sempre fui, mas vocês nunca notaram!
- Convencido – Murakami disse com um sorriso no rosto – só porque você sempre foi o primeiro da sala não quer dizer muita coisa.
- Nunca me gabei disso, mas já que vocês dizem – dei um sorriso de canto para eles – ta bom, eu me gabava só pra tentar impressionar o Atoda.
- Que tudo sempre foi um fracasso – Shintaku disse se recuperando do suposto trauma – ele sempre foi afim de você, mas nunca se tocaram disso.
- Obrigado, mas eu não preciso dos seus conselhos nada amigáveis – abracei o Kajiyama de novo e sussurrei no ouvido dele – mesmo vocês sabendo que eu não gosto dele porque vocês chamaram ele?
- Ele é o melhor amigo do Murakami, eu não pude fazer nada! – ele tentou se justificar – se ele não viesse o Murakami não iria querer voltar pro Japão!
- Tudo bem, só não me faça conviver muito com ele – eu disse soltando ele do abraço – vamos então?