Duas semanas se passaram desde então, estou deitado na minha cama comendo um pote de sorvete de morango e creme.
- Yuushi – Takahito saiu da cozinha com dois copos de refrigerante – porque você mora aqui?
- Porque depois que a minha mãe se casou com o meu padrasto, uma pessoa extremamente nerd – eu comi mais uma colher de sorvete – e de brinde ganhei um irmão problemático que esta ficando com o Mukai.
- Isso sim é que é vida – ele colocou os copos em cima da mesinha de centro e sentou do meu lado do sofá – poderia ter um pouco de sorvete?
- Claro que sim – eu levei uma colher de sorvete à boca dele – gostoso?
- Só não mais que os seus lábios.
- Você é mestre em me deixar envergonhado – levantei e fui para cozinha com o rosto vermelho, mas ele veio atrás de mim.
- Uma das melhores coisas que eu sei fazer depois do basquete – ele tinha um sorriso enorme no rosto – e a que eu mais gosto.
- Obrigado – eu virei para o lado onde ele estava – agora eu tenho que ir trabalhar.
- Eu também tenho que ir para o meu trabalho – ele pegou a bolsa dele e segurou minha mão – eu te levo até lá.
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- Quem era o bonitão parecido com o Hiro? – Osamu me perguntou assim que entrei no nosso camarim.
- Atoda Takahito, um amigo de infância – eu disse colocando minha mochila em cima da mesinha de centro.
- Amigo de infância? – ele sentou no sofá – me engana que eu gosto.
- Como anda com o meu irmão?
- Muito bem – ele deu um sorriso enorme – você não imagina como ele é bom de cam...
- Não precisa terminar a frase – eu peguei um pouco de Fanta Uva na geladeira – posso imaginar no que ele é bom.
- Você tem alguma coisa contra o nosso relacionamento?
- Se vocês se gostam, problema nenhum.
O silêncio se instalou na sala para não sair mais. Não abrimos a boca para falar nada até que alguém bateu na porta.
- Com licença – um contratado trazia o nosso almoço dentro de uma sacola – eu trouxe o almoço.
- Nakamoto? – chamei – Nakamoto Kazuyoshi?
- Sim, o qu... – ele parou de falar assim que me viu – Yuu-chan?
- Eu mesmo!
Nakamoto Kazuyoshi era um amigo de escola, estudamos na mesma sala durante 8 anos seguidos.
- Você sumiu! – ele me disse com um sorriso no rosto – desde que nos formamos no colegial.
- Eu que sumi? – olhei fundo nos olhos dele – você que sumiu com o Miyasato depois que agente se formou.
- Eu não sumi com ele – o rosto dele corou violentamente – agente ficou morando na casa dele.
- Mesmo assim, nunca mais me ligou ou algo do tipo.
- Nós estávamos ocupados, se é que você me entende.
- Estou cercado de tarados – eu sentei no sofá entre o Osamu e o Nakamoto – literalmente.
- Eu vou indo porque minha cena vai começar – Osamu saiu do camarim – até mais.
- Você não sabe como o Kazuma é bom de cam...
- Não termine a frase – eu disse inconscientemente Déjà Vu.
- Disse alguma coisa?
- Nada, eu não disse nada – tentei disfarçar – e o Miyasato, como vai?
- Vai bem também, está trabalhando de Empresário na empresa do pai dele – os olhos dele estavam brilhando – você precisa ver como ele fica gatão no terno.
- Posso imaginar – dei um sorriso fraco.
Ele não tinha mudado nada dos tempos de escola, sempre foi vidrado no Miyasato mesmo tendo a pose de garanhão da escola. No fundo tudo o que ele precisava era ser reconhecido pelo Miyasato e no final das contas se deu bem.
- Está ganhando bem o bastante para nos sustentar, só que eu não aguento ficar o dia inteiro sentado dentro de casa sem fazer nada.
- E então você arrumou um trabalho aqui para passar o tempo?
- Exato – ele levantou do sofá feliz pela minha rápida compreensão – e você anda bem mais feliz do que na época da escola.
- Com a vida que eu tenho levado é meio difícil ser infeliz – dei um sorriso feliz – só falta eu encontrar o Kajiyama e o Murakami para me deixar mais feliz.
- Vai ser meio difícil porque eles estão em Londres – ele me explicou meio triste – eles voltam daqui um mês.
- Fazendo o que em Londres?
- O Kajiyama foi estudar e o Murakami não quis deixar ele sozinho e foi junte de intrometido.
- Até parece que o Murakami-san iria deixar o Kajiyama-kun ir sozinho para Londres.
- Ele já teria se jogado da Torre de Tókio se isso tivesse acontecido – ele deu um sorriso – ele é vidrado no Kaji.
- Que nem alguém é viciado em um certo empresário – provoquei ele para ver o seu rosto corar novamente.
- Pare de me fazer sentir vergonha – ele fechou a cara – eu sei muito bem do seu ‘pequeno-precipicio’ pelo Atoda.
- Tempos passados, caro Nakamoto – sorri para ele sem me abalar – já em certos casos...
- Quieto! – ele disse nervoso – esta começando a me estressar.
- Também te amo – pisquei com um olho só.
- Besta – ele ainda disse estressado.
- Yuu-chan! – Hiro entrou feliz pelo camarim – quanto tempo!
- Agente se viu a uma hora atrás Hiro – eu disse – ou menos.
- É que é muito tempo longe de você!
- Ele é mais parecido com o Atoda pessoalmente – Nakamoto disse assustado.
- E isso seria bom ou ruim?
- Ótimo, afinal o Atoda é um gatão que tinha quase todo mundo que ele queria nos tempos de escola.
- Porque quase todos? – Hiro perguntou interessado – ele não teve todo mundo que ele quis?
- Todos menos um – ele me olhou profundamente – menos o Yuushi.
- Isso é assunto intimo Nakamoto – eu disse envergonhado.
- Agora não é mais – Nakamoto veio e me abraçou – o doce e delicioso sabor da vingança, caro amante.
- Eu te pego na saída, caro amigo – eu sussurrei para ele – até mais.