Estava andando sem sentido pelas ruas de Tókio, estava com a cabeça cheia de coisas desnecessárias.
Estava com as mãos nos bolsos da minha blusa, a neve começava a cair nessa fria noite.
- Yuushi? – escutei uma voz me chamando calmamente.
- Sim? – vire para ver um rosto muito conhecido dos meus tempos de escola – Takahito?
- Quanto tempo! – ele deu um sorriso e veio ao me encontro dando um caloroso abraço.
Atoda Takahito é um amigo de infância, estudamos juntos desde o maternal até o Ensino Médio.
Ele era um dos galãs da escola, sendo assim a minha primeira paixão. Quando estávamos no colegial fizemos uma peça de teatro juntos, muito parecida com a novela que eu estou fazendo, interpretando o casal principal.
- Que saudades que eu tava de você! – eu o abracei fortemente também – o que você tem feito?
- Depois que eu me formei eu continuei jogando basquete por um tempo, mas desisti – a grande paixão de Takahito era o basquete, era incrível ver como ele era bom no assunto – e eu nem preciso perguntar o que você anda fazendo não é?
- Eu acho que não – sorri para ele, era bom encontrar pessoas de tempos distantes.
Fomos andando até um parque que tinha perto dali. A neve ainda caia sobre as ruas de Tókio, só que não fazia frio algum.
- Porque parou o basquete? – sentei em um banquinho para dois e ele sentou do meu lado.
- Descobri que essa não era o meu destino – Takahito estava olhando meio sem rumo – na verdade, eu descobri que queria uma coisa completamente diferente do basquete que é em movimento, descobri que eu queria ficar parado em casa com uma pessoas que eu amei muito no passado.
- E quem seria essa pessoa sortuda?
- Você – ele disse sem devaneios – a pessoa que eu amei desde quando vi pela primeira vez.
Senti meu coração falhar por um instante, ele foi à pessoa que eu mais amei nos meus anos colegiais. Amei ele durante 10 anos da minha vida.
- Eu também te amei durante uns 10 anos – confessei do fundo do coração – os anos mais sofridos da minha vida.
- É tão rui gostar assim de mim é? – acho que acabei ofendendo ele.
- Claro que não – falei rapidamente – só que não é nada fácil amar sem ser correspondido.
- Você era correspondido – ele me abraçou fortemente – só não sabia disso.
- Não mudou muita coisa Takahito – disse meio sem animo – não adianta nada se você me amasse naquela época sem eu saber de nada.
- Eu ainda continuo amando – ele disse baixinho, mas eu pude ouvir.
A segunda vez que o meu coração para de bater nesse mesmo dia.
- Como assim continua amando? – eu perguntei para ele com receio.
- Eu nunca te esqueci, talvez foi por isso que eu consegui chegar até aqui.
- Desculpe – levantei e fiz uma reverencia a ele – desculpe ter te feito sofrer esses últimos anos.
- Não precisa se desculpar – ele segurou minha mão forte e ergueu minha cabeça – graças a você, eu consegui chegar até aqui.
- Por um acaso foi aquela cena da peça de teatro?
- Sim, por causa dela.
-- Flashback --
Já estávamos na última cena da peça, a cena da declaração de amor.
- Megumi – Megumi era o meu personagem e Minami era o do Takahito – porque você me rejeita tanto?
- Eu não estou te rejeitando, Minami.
- Claro que está – as pessoas do ginásio nem respirava direito por causa da cena final – você não conversa mais comigo durante a aula e nem volta mais comigo para casa.
- Minami – eu virei de costas para ele – eu acho que o que nós sentimos não é mais só pura amizade.
- Eu tenho certeza que não mais amizade, por isso eu quero ficar cada vez mais perto de você.
E eu senti os braços dele envolverem meu corpo, meu coração disparou na hora.
- É por causa desse sentimento que eu quero em afastar de você – me soltei dos braços dele – isso não é certo.
- Não importa se eu terei que enfrentar o mundo, o certo ou o errado – ele disse a plenos pulmões – por você eu enfrentaria até Deus se fosse preciso.
- Isso não seria necessário – eu me virei para ele – não adianta querer enfrentar Deus e o mundo, nós nunca ficaremos juntos Minami.
- Megumi – podia ver nos olhos deles como se estivesse triste de verdade – não é por causa do meu casamento arranjado que eu vou desistir de ter você.
- É exatamente por causa desse seu casamento! – virei de costas de novo – você é tudo para mim, mas nunca que a sua família ira desistir desse seu casamento milionário.
- Eu já desisti dele – ele se aproximou de novo, me abraçou e encostou a cabeça no meu ombro – eu conversei com a minha mãe sobre o que eu sinto e ela concordou plenamente com isso.
- A sua mãe?
- Pode não parecer, mas ela gosta muito de você – ele me virou de frente e disse sussurrando – Eu te amo.
- Eu também te amo.
E enfim chegaria a cena final, o grande beijo para acabar a peça.
Eu senti o rosto dele chegando perto do meu e o meu coração estava a mil, os olhos dele estavam ligados aos meus.
E enfim eu senti os lábios dele encostando-se aos meus e eram lábios quentes e macios, um dos melhores que já senti em toda a minha vida.
E no momento em que, digamos assim, ele começou a se empolgar as cortinas se fecharam.
-- Flashback --
- Graças à aquele beijo eu consegui chegar até hoje – ele falou sinceramente – obrigado por aquele beijo.
- Eu também fico feliz por ele ter acontecido – segurei a mão dele mais forte ainda – foi o meu primeiro beijo.
- O meu não, mas foi a coisa mais importante da minha vida – o rosto dele foi se aproximando do meu perigosamente – será que eu poderia prová-los mais uma vez?
E antes que eu pudesse responder qualquer coisa, os lábios dele já estavam colados ao meu.