- Você e o meu irmão? – eu parei por um instante, não era nada fácil pensar no meu irmão mal educado com uma das pessoas mais gentis que eu conheci em toda a minha vida – vocês são completamente o contrário!
- Os opostos se atraem – ele recitou o ditado sentando na cadeira – pelo menos é assim que dizem não?
- Só porque dizem não significa que você tem que praticar – Hiro disse no meu lugar – só porque o irmão do Yuu-chan foi gentil com você não quer dizer que vai sempre as mil maravilhas.
- Mas não vai mesmo – eu sentei do outro lado da cama – mesmo ele sendo do irmão ele já me desceu a mão na cara porque eu comi o chocolate branco dele.
Os dois me olharem com cara de quem não tinha acreditado em uma palavra no que eu tinha dito.
- Exagerei um pouco, mas ele se estressou bastante – me defende fazendo os outros dois sorrirem – não tem graça nenhuma.
- Eu sei que foi a primeira vez que eu vi ele – Osamu falou sorrindo – mas confesso que ele me impressionou bastante.
- Em outras palavras – Hiro começou a falar – tu quer pegar o irmão do Yuu-chan.
- Hiro! – ele levantou em um instante – se você não estivesse nessa cama eu ia te ensinar a ter mais respeito.
- Se eu não estivesse nessa cama você que iria ver quem ia te dar uma boa surra.
- E se vocês dois não ficarem quietos eu que ensinarei um a ter respeito e dar uma surra no outro – disse com o tom de voz no último grau de crueldade.
- Desculpe – eles disseram ao mesmo tempo.
- Será que da para vocês pararem de agir como crianças e agirem como adultos que vocês são?
- Desculpe – eles repetiram.
- Parecem que nunca crescem – eu peguei um suco na geladeira que tinha no quarto – nós três somos uma família, então não brigamos.
Eles não disseram nada dessa vez, ficaram no silencio total.
- Cadê o abraço de reconciliação? – os dois se abraçaram fortemente – agora sim.
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- Ryo-chan! – Osamu berrou do meu lado me deixando com problemas no ouvido – desde quando está aqui?
- Acabei de chegar Osamu-chan – eles já estão se tratando por apelidos, é pior do que eu imaginava – oi para você também Yuushi.
- Oi Ryo – entrei no banco traseiro do carro dele – da para agente ir logo?
Eles entraram no carro e Ryo logo deu partida no carro.
- Aconteceu alguma coisa? – Ryo perguntou me olhando pelo retrovisor.
- Mas é claro que não, eu sou estressado por natureza – disse ironicamente.
- Essa sua ironia não vai me tirar do sério hoje Yuushi – ele continuo dirigindo tranquilamente.
- Essa não é a intenção – sorri vitorioso, estou decidido a irritar ele – porque se eu quisesse te tirar do sério eu iria dizer que você namorou um menino que te traia com a metade da escola ou talvez daquela sua amiga que gostava tanto de você que acabou com a sua imagem na escola mostrando para todo mundo sua foto de cueca.
- Yuushi! – Ryo gritou estressado, tinha vencido ele – da para fechar a boca?
- Como você quiser, senhor.
Havia me esquecido de como era bom ganhar do Ryo nessas nossas briguinhas de irmão. Ele realmente não era nada bom em brigas.
- Desculpe – Ryo disse sem motivo algum – eu sei que eu devia ter te contado ontem.
- Por mim – fingi não estar interessado.
- Não se faça de quem não esta nem ai para o assunto – Ryo me olhou pelo retrovisor novamente.
- Eu não sei se você notou, mas eu realmente não estou interessado no assunto – olhei pela janela para ver muitas pessoas andando pela rua – desculpe pela sinceridade Osamu.
- Da para parar de agir como um bebê que ainda não saiu das fraldas? – senti que o carro parou por causa do sinal vermelho.
- Eu fico por aqui, obrigado pela carona – e saí do carro sem esperar resposta alguma.
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- Como o Mizushima esta? – Sho me perguntou.
Estávamos sentados em um bar qualquer em Tókio. Já são 9 horas da noite e as ruas ainda estavam cheias de empresários e estudantes.
- Ele esta bem – tomei um pouco do suco que tinha no meu copo – o doutor disse que o meu Hiro não vai ter nenhuma seqüela.
- O seu Hiro? – Sho me olhou curioso – o que aconteceu com você e o Jun?
- Eu não estou dizendo que ele é meu no sentido de amor – eu respondi comendo um pedaço de carne – eu disse que como ele é meu melhor amigo ele também é da minha família.
- Então explique direito porque minha cabeça não é das melhores – ele também comeu um pedaço de carne – mas fico feliz em saber que você conseguiu novos amigos alem de nós.
- Talvez não tenha sido uma boa idéia ter entrado nessa historia de famoso.
- Aconteceu alguma coisa para te deixar nesse estado?
- O meu irmão esta se relacionando com o Osamu.
- Com o Osamu? – ele deixou os hashis caírem no chão – desde quando?
- Não faço a menor idéia e não faço nem questão.
- Você esta se sentindo traído duplamente, estou certo?
- Exatamente – virei o copo de refrigerante de uma vez – eu sei que eles não me devem nenhuma explicação, mas não custa nada.
- Você esta com ciúmes deles.
- Estou – pedi mais refrigerante para o atendente – e sou capaz de fazer loucuras quando estou com ciúmes.
- Por exemplo?
- De me agarrar com o primeiro que eu ver na rua.
- E se essa pessoa fosse eu? – Sho me olhou no fundo dos olhos, estando capaz até de alcançar até a minha alma.
- Agarrava do mesmo jeito – comi mais um pedaço de carne e logo o atendente me trouxe outro copo de refrigerante.
- É melhor você parar de beber esse refrigerante porque o seu cérebro já não esta mais trabalhando normalmente.
- Vamos embora então.