Entrei desesperado no hospital. Estava completamente sem cabeça, o que seria de mim se Mizushima Hiro morresse?

-  Osamu, como foi que isso aconteceu isso? – perguntei a ele sem parar de andar pelo hospital.

-  Ele estava indo no acampamento onde vocês estavam e quando ele estava atravessando o sinal, um carro ultrapassou o sinal vermelho e bateu na moto dele – ele falou sem parar de respirar.

-  Ele estava indo no acampamento? – parei de andar e virei para ele – indo fazer o que?

-  Ele disse que tinha comprado um presente pra você e queria te dar no exato momento.

Então quer dizer que foi basicamente minha culpa dele ter sofrido o acidente?

-  Com licença, você por um acaso é Sunohara Yuushi? – o médico perguntou para mim e logo confirmei com a cabeça – o paciente está chamando pelo senhor.

-  Certo – agradeci a ele em uma breve reverência – Osamu, é melhor você voltar para casa e descansar um pouco – abracei ele brevemente – muito obrigado por ter ido me avisar.

-  Cuide bem dele, ele é tudo que nós temos – ele disse com os olhos cheios de lágrimas – só você pode fazer com que ele se cure, ele te ama muito.

Concordei com a cabeça e dei um sorriso para ele, que logo foi embora.

                                             --//--

Entrei no quarto devagar para não ter uma grande surpresa desagradável. Hiro estava com a cabeça enfaixada com vários fios ligados ao corpo, que estava cheio de feridas e respirando por via de aparelhos.

-  Yuu-chan – meus olhos se encheram de lágrimas, ele estava vivo – que bom poder ver seu rosto mais uma vez.

-  Hiro-chan! – não agüentei e as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto sem parar – que bom que você ta vivo!

-  É claro que eu estou vivo – ele deu um sorriso – você realmente acha que eu iria te deixar aqui sozinho nesse mundo cruel?

-  O que você iria fazer no acampamento?

-  Então você se encontrou com o Osamu – ele pensou um pouco – eu queria te entregar o meu presente.

-  Que presente?

-  Um clarinete – ele sorriu – um dos melhores.

-  Um... Clarinete? – eu limpei os meus olhos, como ele sabia que eu conseguia tocar clarinete?

-  Eu fiquei sabendo que você foi da banda da escola no colegial então resolvi comprar um pra você – ele sorriu para mim - ele ainda ficou inteiro porque eu consegui salvar ele antes do carro bater em mim.

Ele apontou em cima da mesa de cabeceira que tinha uma caixa embrulhada um pouco amassada.

Peguei a caixa com cuidado e a abri com carinho. Dentro dela tinha uma caixa menor com o clarinete dentro, realmente era um dos melhores que eu já tinha visto em toda a minha vida.

-  Isso tudo por causa de um clarinete? – perguntei olhando para ele.

-  Sim – ele sorriu para mim de novo – só queria que você soubesse que eu te amo.

-  Não precisa me dar nada para dizer que me ama – me aproximei dele e segurei sua mão firmemente – é só me dizer.

-  Certo – ele segurou minha mão forte e olhou no fundo dos meus olhos – Eu te amo mais que tudo nessa vida e muito obrigado por existir.

As lágrimas começaram a cair dos meus olhos como cachoeiras de água cristalina novamente.

-  Eu também te amo – abracei ele de leve pelo fato de estar machucado – obrigado por existir também.

-  Você veio sozinho do acampamento?

-  Sim – puxei uma cadeira e sentei ao seu lado sem soltar a sua mão em momento algum – mas o acampamento ia acabar amanhã então não tem problema algum.

-  Yuushi! – alguém entrou pelo quarto me chamando, era o meu irmão – eu soube que o Mizushima sofreu um acidente!

-  Espere só um minuto Hiro-chan – sorri gentilmente para ele, peguei meu irmão pelo braço e saímos do quarto – o que exatamente você está fazendo aqui?

-  Eu fiquei sabendo que ele tinha sofrido um acidente e fiquei preocupado com ele! – ele deu um sorriso gentil para mim.

-  Desde quando você se preocupa com ele?

-  Não é exatamente com ele, mas sim com você – ele se aproximou de mim e me abraçou – você ta bem?

-  To sim – abracei ele também – só to um pouco abalado com o acidente.

-  Isso é normal – ele acariciou meus cabelos – e o Mukai?

-  Eu sabia que você não estava preocupado só comigo – soltei ele do abraço – ele deve estar lá fora no carro dele.

-  Eu só perguntei porque eu me preocupo com seus amigos também – ele tentou se justificar – não por segundos interesses.

-  Você nunca se preocupou tanto assim comigo antes – eu olhei fundo nos olhos dele – vai logo atrás do Osamu, vai!

-  Por isso que eu te amo – o sorriso dele se duplicou e me deu um beijo – até mais!

Dei um sorriso fraco e voltei para o quarto.

-  Quem era?

-  Meu irmão – sentei na cadeira novamente – ele é filho do meu padrasto.

-  E o que ele veio fazer aqui?

-  Veio atrás do Osamu.

-  Do Osamu? – ele se assustou um pouco.

-  É – peguei um copo de água para ele – eu acho que ele esta interessado no Osamu.

-  Seu irmão interessado no Osamu? – ele realmente não estava entendendo nada.

-  Não precisa se preocupar, Osamu estará em boas mãos.

-  Espero que esteja mesmo.

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-  Dá pra abrir a boca logo?

-  Eu não quero comer essa sopa insossa!

-  Você não tem outra coisa pra comer a não ser essa sopa de hospital, Hiro!

-  Mas eu não quero Yuu-chan!

Hiro não queria de jeito nenhum comer a sopa do hospital alegando ser insossa.

-  Eu sei que num é nenhuma maravilha de sopa, mas você tem que comer!

-  Eu não quero comer essa sopa, não comeria nem que me pagassem.

-  Se você comer eu te dou uma recompensa.

-  Recompensa?

-  Uma recompensa enorme, mas só se você comer a sopa todinha – foi eu terminar de falar a frase ele já começou a comer a sopa.

-  Bom dia! – Osamu entrou no quarto com um sorriso enorme no rosto – como vai Hiro-nii?

-  Estou bem – ele sorriu – porque está com esse sorriso enorme no rosto?

-  É que eu conheci o seu irmão, Yuu-chan – Osamu olhou para mim sorrindo – é nós nos demos muito bem.