Algumas semanas haviam se passado desde aquele dia.

Eu já tinha sido anunciado em rede nacional japonesa e como Sho-chan gostava de dizer “foi do balacumbaco!”.

As gravações da “Oretachi no Kizuna”¹ também já haviam começado, e por enquanto estava tudo indo de vento em poupa. Meus cabelos castanhos agora tinham mechas loiras na franja fazendo o meu visual mudar bastante por causa da novela.

-  Corta – eu escutei o diretor dizer assim que terminamos a ultima cena do dia – Bom trabalho! Já podem voltar para os seus camarins!

“Graças a Deus” foi tudo o que eu pensei quando ele disse aquilo para agente, estava exausto.

-  Você fez um ótimo trabalho hoje, Yuu-chan! – Hiro disse sorrindo para mim como sempre, abraçando os meus ombros – você esta esplendido!

-  Digo o mesmo para você Hiro-chan! – sorri carinhosamente para ele – seu trabalho impecável como sempre.

-  Obrigado – ele agradeceu dando um sorriso maior ainda – livre hoje?

-  Completamente – entrei no nosso camarim, sentei no sofá imediatamente – planeja algo?

-  Que tal um cineminha?

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Estava eu novamente tentando entender um filme totalmente sem sentido algum.

-  Eu não entendo essas historias – eu disse baixinho talvez Hiro tenha escutado porque eu tive a impressão de escutar um risinho abafado.

-  Quer saber da verdade? – ele disse sussurrando – eu também num entendi nem a metade dessa historia!

-  Então nós estamos aqui só para comer pipoca, tomar sorvete e pela companhia do outro?

-  Basicamente, sim – ele disse mais perto de mim – não gostou?

-  Adorei – eu disse sorrindo – mas já que era pra ser assim, nos poderíamos ter ido no outro filme.

-  Você realmente queria ir assistir “Procurando Nemo”?

-  Qual é o problema? – olhei para ele – a historia me emociona ta!

-  Problema algum – ele disse serio, fazendo o seu tom de voz mudar completamente.

-  Isso aqui ta muito chato – bocejei longamente – quer ir lá pra casa? – olhei para ele – não ta muito melhor que aqui, mas agente pode pelo menos comer outra coisa alem de pipoca.

-  Vamos!

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-  A casa num é muito grande mas é bem confortável – disse abrindo a porta – seja bem vindo.

-  Com licença – ele disse entrando na minha casa – é muito bela.

-  Obrigado – sorri envergonhado indicando o sofá para que ele sentasse – algo para beber?

-  Fanta uva? – ele me olhou com olhinhos de cachorro molhado da chuva.

-  Feito!

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Estava deitado no chão da sala ao lado do Hiro-chan. Estávamos assistindo um programa qualquer de televisão sem interesse algum.

Era um programa falando de como os esquimós viviam nos seus iglus por décadas. Como se eu realmente estivesse ligando para isso.

-  Interessante a vida deles – disse ironicamente – é uma coisa extremamente interessante.

-  Nem me fale – ele também disse ironicamente – a vida lá aonde o vento vira é realmente interessante – e por fim, ele desligou a televisão – vamos fazer o que agora?

-  Você quer ir no bar em que eu trabalhava antes de entrar para o mundo televisivo?

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-  Airu! – gritei assim que entrei no bar, para logo ter uma cabeleira meio arroxeada pulando em cima de mim.

-  Yuu! – ela berrou no meu ouvido – quanto tempo que você não vem aqui!

-  Eu vim aqui ontem Airu!

-  Ficar um dia a mais longe de você, é demais para mim! – ela disse dramaticamente.

-  Repete isso, repete na minha cara! – Kei disse saindo da cozinha – repeti que eu quero vê se tu tem coragem!

-  Pronto, para o ciúmes e a pré-declaração de amor! – disse cortando os dois antes que virasse briga – eu vim aqui pra passar o tédio, o que vocês acham que ele vai pensar?

-  Ele – perguntaram os dois juntos – ele quem?

-  Mizushima Hiro – ele disse entrando gloriosamente no bar, deixando os outros dois de boca aberta.

-  Eu não acredito nisso! – os dois disseram juntos novamente – é o Mizushima Hiro!

-  Sim, é ele mesmo – disse a eles – e como nos estávamos no maior tédio resolvemos dar uma passadinha aqui – puxei Hiro pela mão e sentamos na mesa – tem alguma coisa pra comer?

-  O que tudo o que vocês desejarem – Airu disse sorrindo – esperem só um pouquinho que vou lá pegar!

-  Obrigado – Hiro agradeceu educadamente como sempre – o diretor já te avisou?

-  Avisou o que? – perguntei.

-  Mukai Osamu² vai entrar na novela, um aluno transferido de uma escola que faliu.

-  Certo, só deixa eu me preparar um pouco.

-  Prontinho! – Airu colocou um dos melhores sanduíches e um dos melhores sucos na mesa para agente – aproveitem!

-  Obrigado – agradecemos juntos começando a comer.

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-  Bom, aquele era lugar aonde eu trabalhava – disse a ele – gostou?

-  Adorei, é bem a sua cara – Hiro disse sorrindo – mas o que você acha do Mukai entrar na novela?

-  Eu acho que não tem problema algum, ele é um ótimo ator e vai fazer um ótimo personagem, tenho certeza.

-  Você tem razão, talvez vai ser até melhor para a novela – Hiro disse parando no sinal vermelho – pelo menos espero que seja.

-  Com certeza vai ser sim – parei ao lado dele, aquele sinal costumava a demorar séculos e mais séculos para abrir.

-  Mizushuma-san! – escutamos uma voz chamando o Hiro, virei instantaneamente para ver quem era.

Me deparei com Mukai Osamu parado à alguns metros da gente com um sorriso estampado no rosto. Estava um pouco arfante, deve ter corrido assim que nos viu parado no sinal.

-  Olá Mukai-san – Hiro fez uma pequena reverencia – bem, esse é Sunohara Yuushi, você deve conhecê-lo.

-  Sim, tenho ouvido falar dele ultimamente – Mukai-san disse sorrindo simpaticamente – Muito prazer.

-  Prazer é todo meu – fiz uma pequena reverencia, não menos respeitosa do que a de Hiro.

-  Bem, eu só vim aqui cumprimentar e conhecer o famoso Sunohara Yuushi – deu um grande e belo sorriso – então, tenha uma boa noite.

-  Para você também – dissemos junto.

-  Ele é bem simpático não? – perguntei inocentemente.

-  Vai dizer que você se interessou por ele?

-  Claro que não, só achei ele simpático – disse inconformado – senhor ciúmes.

-  Se você diz.