Sair da casa dos pais e do conforto daquela liberdade cerceada para juntar sua vida com a de outra pessoa não é das tarefas mais fáceis. Por mais que você conheça quem vai dividir o mesmo espaço, é preciso adaptação e abrir mão de alguns pontos que você, até então, julgava indispensável.

Nesses momentos, qualquer coisa passa despercebida: a louça na pia da cozinha, a toalha molhada em cima da cama, a tampa da privada aberta, a lata de cerveja no chão da sala, os sapatos jogados no corredor. De que importam esses pequenos detalhes se você agora está vivendo com o amor da sua vida?

Eu queria ser uma amante diferente para Ângelo, daquelas que deixam os homens com vontade de voltar para casa depois de um dia de trabalho pelo simples prazer em estar junto.

Há cinco anos, Cameron Crowe ainda não havia constituído a personalidade de sua Claire Colburn. Mas hoje eu sabia que, por mais bobo que isso deva soar, eu queria mesmo era viver com Ângelo algo como o que aconteceria em Elizabethtown.

Não é tão bizarro assim se inspirar nas mais melosas comédias românticas, levando em consideração que estávamos recém—juntados e tudo, neste momento, é lindo e suave.

Eu poderia escolher qualquer outro filme do gênero, desejar algum daqueles papéis idiotas da Meg Ryan ou da Sandra Bullock, mas não. Eu queria construir mais do que uma história certinha e bonitinha. Eu queria intensidade, queria um brilho eterno. 

E se meu amigo mais cético no amor era membro de uma das dezenas grupos do facebook dedicadas a Claire Colburn, então era nela que eu me inspiraria. Eu só não deveria esquecer que, apesar de os opostos se atraírem, os homens não são todos iguais. Nem todos querem uma Claire Colburn na vida. Às vezes, basta uma Miss Simpatia.