Agora o Cas, a Magá, o Quim, a Cascuda e eu moramos juntos. Fazemos facul no mesmo lugar. Só que o Cas e eu fazemos Educação Física e a Magá faz Psicologia. O Quim está fazendo gastronomia e a Cascuda, Nutrição.

Não passamos de primeira. Fizemos um ano de cursinho. Esqueci de falar que a Magá e o Cas foram padrinhos da Mônica.

Sempre íamos visitar o pessoal no Bairro do Limoeiro. O nosso apê até que era organizado, mas a vizinhança era chata.

Uma senhora tinha aqueles sininhos que ficam pendurados na janela e, quando bate vento neles, fazem barulho. Certa vez, perto do Natal, nós estávamos assistindo m filme na sala, quando o sininho começou a tocar. Magali começou a mastigar a pipoca com raiva.

- Que sino chato! Não agüento mais.

- Então vai reclamar com a mulher. – disse Cascão.

- A tá. – Magali retrucou com ironia. – Vou lá falar o quê? Pedir pra ela tirar o sino?

- É só pedir pra ela colocar em um local em que não bata vento. – respondeu Quim.

Magali olhou para ele.

- Ah, eu tenho um bom lugar para ela colocar o sino. O problema é que, de vez em quando, venta!

Ficamos em silêncio por um tempo e logo caímos na gargalhada. De repente, a campainha tocou.

Cascuda foi atender. Era um senhor idoso que era odiado por toda a nossa turma, por ser insistente. Ele segurava uma letra F enorme, de plástico.

- Nós estamos fazendo um mutirão para a instalação da decoração de Natal do prédio. Vamos escrever “Feliz” nas janelas do quarto andar e “Natal” nas do terceiro. E o F fica bem na janela de vocês.

- Pendurar um F na nossa janela? – Cascuda parecia não acreditar.

- Algum problema? – perguntou o senhor.

Cascuda piscou e o encarou.

- Problema? Não. Tô ansiosa para ver a cara da galera quando eu contar a novidade. – respondeu, batendo a porta na cara do senhor.

- O que era? – perguntei.

- Aquele velho chato pediu para pendurarmos um F na nossa janela. – disse Cascuda.

- Um F? – Cascão estava curioso.

Cascuda o encarou, incrédula. E logo mandou uma resposta irônica.

- É, Cas. Um F. Parece que vão escrever nas janelas “UDERAM-SE”.
Gargalhamos mais ainda. Cascuda contou a história certa.

- Que manés. – disse Quim. – Nem estaremos aqui no Natal.

Demos play no filme e ignoramos o sininho da senhora.