Fazia sol na cidade dos sonhos. As ruas estavam lotadas, pessoas viam e iam com sacolas de compras, outras prontas para irem ao trabalho, ou simplesmente observavam as vitrines das lojas, uma mais impecável que a outra. Fiquei feito uma boba, encarando tudo pela janela do carro, melhor falando, limusine. Segundo Usher, um “carro normal” seria desconfortável, já que estávamos em um grupo de cinco pessoas. Mas eu sabia quer era um mimo, apenas. Na limusine, o pessoal cantarolava alguma música qualquer, menos Kenny, que dormia com a boca minimamente aberta. Justin ria da sua expressão, e não demorou para que ele acordasse o coitado do Kenny, com um susto.

- Meu deus cara, você dorme demais! – disse rindo e Usher o acompanhou. Acabei rindo com eles.

- Ha-há, você é tão engraçado, Bieber. – riu cínico, e encostando a cabeça novamente na janela, fechando os olhos.

Então, chegamos rapidamente. O hotel era luxuoso, como se esperava. Não estava mais surpresa, eu sabia que aconteceria mais coisas que me deixariam de boca aberta, no final do dia. Usher veio até mim, passando o braço pelos meus ombros.

- E aí, gostou? – Disse, dando um sorriso divertido.

- Você nem precisava perguntar! - sorriu orgulhoso e caminhamos até a recepção do hotel, deixando minha mãe para trás, com Justin e Kenny.

- Hoje vamos fazer alguma coisa? Digo, tenho compromissos? – Perguntei quando nos dirigíamos ao quarto, Usher já havia feito as reservas por telefone, tudo ficou mais fácil quando chegamos lá. Caminhamos em direção ao elevador, e Justin fez uma careta. Não entendi.

- Não, ainda é muito cedo. – Usher falou normalmente assim que entramos. - Mas amanhã, quero você acordada às seis. – piscou e assenti, animada. Justin estava estranhamente calado, para quem é o rei das piadinhas sem graça. Também, não estávamos nos falando direito.

- Ah, e Pattie vai adorar te conhecer. E o Alfredo também.

- Bem, Pattie eu já conheço – ri sem graça – mas quem é Alfredo? – perguntei franzindo a testa.

- Já conhece a mãe do Justin?

Balancei a cabeça concordando enquanto Usher caminhava em direção a um dos quartos do corredor.

- Alfredo é um cara legal, vai ser uma boa companhia. – Vi Justin revirar os olhos enquanto Usher falava. Ele passou por nós e tirou uma chave do bolso, abrindo a porta da qual seria o seu quarto. Usher esperou que Justin entrasse, e logo em seguida o acompanhou, entrando em seguida eu e minha mãe.

- Ei família, como vai? – Usher foi o primeiro a falar. Vi Pattie sentada naqueles sofás, e assim que me viu, levantou-se com os braços abertos em minha direção.

– Annie! Querida, como você cresceu! – ela me analisou com um sorriso. Sorri de volta a puxando para mais um abraço.

– Que saudades, Pattie! Nunca mais nos falamos. – me separei dela, vendo que os outros esperavam que eu falasse algo.

Assim que Pattie voltou a sentar-se no sofá, percebi que ao lado dela havia um rapaz que aparentava ter uns trinta e poucos anos. Ele levantou-se e estendeu a mão, com um sorriso simpático no rosto.

– Olá, Annie. Seja bem vinda ao mundo da música! - eu ri e pude perceber, pelo canto do olho, que Justin revirou os olhos mais uma vez.

– Obrigada. Você é o Alfredo Flores, certo? - o sorriso dele ficou ainda maior, e em seguida, o vi apontando para onde ele estava sentado anteriormente.

– Vejo que você já está informada, não é? - eu concordei com a cabeça positivamente enquanto me sentava - Sim, meu nome é Alfredo Flores, mas você pode me chamar de Fredo. Eu sou diretor musical e amigo do Justin, e espero ter as mesmas relações com você.

– Ah, claro. - eu dei uma risadinha e Pattie me abraçou de lado - Então, quando eu começo?

– Calma, Annie. - Usher riu e abaixou-se, para ficar à minha altura - Lembra que eu falei que você terá que passar por algumas mudanças? Pois é, temos que conversar a respeito disso.

– Tá legal. Mas é sério. Por que as pessoas não iriam gostar das minhas roupas? Elas são... normais. - eu falei, e Usher balançou a cabeça negativamente, enquanto Justin gargalhava. Olhei para ele, que logo ficou sério novamente.

– Pensamento errado, Annie. Você tem que permitir a mudança. Justin, vem cá.

Olhei para Justin, que bagunçou o cabelo e sentou-se no braço do sofá, ficando ao meu lado. Isso fez com que meu coração batesse mais rápido, como de costume. Novamente pude sentir seu cheiro doce. Novamente, nossos olhares se encontraram, mas não me incomodei em desviá-lo dessa vez.

– JB, ligue para aquelas suas amigas, lembra delas? - Justin franziu as sobrancelhas e Usher continuou - Vou tentar refrescar sua memória. Uma festa, três números de telefone, três encontros, e então elas te ajudaram a escolher algumas roupas, já que o Ryan estava viajando.

E ver o sorriso que Justin deu assim que a tal garota atendeu o telefone quebrou meu coração por dentro. Apenas desviei o olhar e fiquei encarando o chão por alguns minutos, apenas ouvindo o que ele falava.

– E aí? Quanto tempo! - ele falou, enquanto dava risadinhas.

– Pois é. Temos que marcar de nos encontrar, certo?– eu pude ouvir a menina falar, do outro lado da linha. Oferecida.

– Claro. E por que não hoje? - olhei para ele, incrédula. Apenas bufei e, novamente, desviei minha atenção para o chão.

– Hoje? Eu não sei se posso... Que horas?– Eu. Não. Sei. Se. Posso. Ah, como eu queria ter que checar em minha agenda para ver se eu poderia sair com o Justin. Fala sério.

– O mais rápido possível. Na verdade, eu gostaria que você resolvesse um grande problema para mim. - olhei para ele, balançando a cabeça negativamente. Então era isso que eu era para ele? Um grande problema?

– Grande, tipo assim... Uma Annie Meyer da vida?– ela disse isso e minha boca fez o formato de um O. Tá legal, quando uma pessoa se veste, digamos, um pouquinho mal, ela é apelidada de Annie Meyer?

– Na verdade, é ela em pessoa. - dessa vez, não pude ouvir o que a menina falou. - Pois é, o Usher de repente decidiu que ela sabe cantar bem. - ele gargalhou e, em seguida, suspirou - Até que ela canta um pouco, mas não tão bem. Sabe, não ao ponto de seguir uma carreira.

– Justin, será que dá pra você terminar logo a conversa e desligar o celular? - eu perguntei, revirando os olhos e afundando minha cabeça na almofada do sofá.

– Eu vou ter que desligar, porque ela está com ciúmes. - ele riu e balançou a cabeça - Pois é. Mal posso esperar para te ver. Ah, e chama a Michelle e a Renata, também. Vamos precisar de toda a ajuda possível.

Nem queira saber o que passou na minha mente agora. Justin, seu... Calma Annie, respira. 

Entramos no primeiro carro disponível e começamos a atravessar Nova York. Meia hora depois estávamos na Times Square, estacionado. Para a minha imensa surpresa, paramos em frente ao prédio mais luxuoso e entramos. Subimos até a cobertura onde atravessamos um longo corredor. Em sua última porta, uma placa brilhante dizia: "R.F M.B E.G Island Records".

Entramos e logo ouvi uma voz dizendo:

–Não, Re, de jeito nenhum o Robert é mais bonito que o Taylor.

–Você está louca! - gritou outra voz - Bebeu Vodka demais.

–Vodka nunca é demais. - respondeu uma terceira voz.

Adentramos o apartamento, onde havia primeiro havia um hall luxuosamente decorado e depois uma sala decorada no mesmo estilo moderno. Duas meninas conversavam enquanto uma terceira estava sentada lendo com um copo na mão (Vodka, talvez?).

Eram as garotas mais lindas que eu já havia visto.

Todas tinham traços latinos e cabelos liso. A garota com o copo na mão era alta de um jeito elegante. Tinha olhos castanho-esverdeado claríssimos e longos cabelos castanhos também claros. A outra tinha olhos cinza e cabelos escuros como a noite que formavam pequenos cachos na ponta, e tinha um corpo escultural, daquelas que passavam horas na academia para se manter assim. E finalmente, a terceira tinha longos cabelos loiro-mel repicados com olhos castanho chocolate e tinha o corpo estilo mignon. Um golpe na auto-estima para qualquer uma.

–Michelle, você tem que parar com a Vodka. - disse Justin revirando os olhos.

–E você tem que parar com o fast-food, está gordo, Justina. - brincou a garota com copo, Michelle - E para sua informação isso é água, ok?

–Claro.

A menina dos olhos cinza se levantou deixando a outra gritando o quão lindo Robert era e veio me cumprimentar:

–Oi eu sou Eduarda Grey. - disse ela me dando um abraço - Essa é Renata Fletcher - ela apontou para a loira - e Michelle Blanchard.

–Michelle Blanchard? - perguntei assustada - Você não é a menina que foi pega saindo de uma boate com ele?

–Eu sei muito bem que eu sou. - disse Michelle sorrindo - E você deve ser Annie Meyer? Adorei seu vídeo cantando.

–Meu vídeo cantando? - indaguei confusa.

–É Believe In Me. Está no YouTube. - explicou Renata.

–E QUEM PÔS ELE LÁ?! - gritei assustada.

–Deixa eu ver... - disse Michelle indo até um Notebook e digitando algo - Hmmm... - disse ela - Parece que é um tal de Kidrauhl...

–BIEBER EU TE MATO! - gritei correndo para esganar aquele lindo pescocinho.

–Mata depois, porque eu não quero sujeira aqui, não. - reclamou Renata.

Respirei fundo setenta vezes para me acalmar, morrendo de vergonha. Meu vídeo estava ali, para todo mundo ver algo que eu demorei minha vida para tomar coragem de fazer.

–Ok, ok. - respondi me acalmando - Pergunta. Quem seu elas e o que fazem aqui?

–Nós somos as garotas da Island Records. Aqui é nossa casa, e o que nós fazemos aqui é morar e gravar. - respondeu Eduarda.

–O negócio é o seguinte, queridinha. - começou Michelle - Nós fomos muito bem pagas para cuidar da sua vida. Seremos suas BFF'S. Cuidaremos do que você veste, come, onde faz show, onde se hospeda, que músicas canta, onde grava e tudo mais. Tudo o que você tem que se preocupar é cantar e parecer bonita. E é o por isso que você merece uma transformação.

Arregalei meus olhos. Porque todo mundo continuava dizendo que eu me vestia mal?

De repente a campainha tocou. Eduarda foi atender e quando olhou pelo olho mágico disse:

–Isso aqui está virando a casa da mãe joana. Selena! - ele abraçou a menina que se encontrava ali.

Selena Gomez.

–Vim só dar uma passadinha que estou indo viajar. Pensei em dar tchau. - ela disse abraçando as outras meninas - Jus? Não sabia que estava aqui! Ia passar na sua casa.

Então ela beijou ele.

Instintivamente, eu me abracei, tentando manter tudo no lugar. Tentando fazer os pedacinhos do meu coração quebrado não se espalharem pelo chão, tentando me proteger.

–Meninas - chamou Scooter - temos que ir.

–Sim, sim, vamos correr para a Marc Jacobs mais próxima. - disse Michelle empurrando todos para fora do apartamento trocando um olhar significativo com Renata.

–Só um segundo. - disse Renata - Vou pegar minha bolsa.

Mas ela não foi. Ao invés disso, se sentou ao me lado no sofá e perguntou:

–Está tudo bem, Annie?

–Si-im - gaguejei - eu estava só...

–Tentando colocar o coração no lugar. - completou ela por mim.

–Não conseguimos se manter intactas não é? - concordei.

–Não. Mas podemos tentar. - disse ela - Olha, Annie, eu já tive meu coração quebrado muitas vezes e meu único conselho é: Se mantenha forte, ok? Eu sei que você gosta do Justin eu só não entendo porque não estão juntos.

–Um: porque ele me odeia. Dois: porque ele não tem coração. Ele me beija, depois me xinga, ai aparece com uma namorada nova. Eu só quero... Fugir dele.

Renata estreitou os olhos.

–Entendo. Vamos, antes que alguém note que sumimos.

E então descemos.