Tesouro de Amor escrita por Anonymous, Just Mithaly


Capítulo 19
Um Casal na Praça




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No dia seguinte Ana se prontificou a conversar com Rosa para que pudesse conhecer mais a nova hóspede da mansão. A mulher agora estava bem arrumada, com os cabelos tratados, os olhos castanhos brilhantes e as roupas azuis claras que Olívia gentilmente oferecera para ela.

– Tá na hora de te dizer, dona Ana. Meu nome na verdade não é Rosa... Foi um nome que deram pra mim, porque perdi a memória.

- Oh, céus! Por que não me contou isso antes? Vou continuar te chamando de Rosa porque não temos outro nome, né...

- Eu só me lembro de ter acordado abaixo de um grande penhasco, em outra cidade, de que não me lembrava de nada. Só tinha uma lembrança de que já tinha visto essa cidade. Pedi a ajuda de um caminhoneiro que viria para cá e hoje tô eu aqui.

- Que horror. E você tá há quanto tempo sem a sua memória, Rosa? – Ana humildemente perguntava, fitando a figura à sua frente.

- Há exatamente sete anos. – respondia Rosa, abaixando a cabeça tristemente, soltando uma lágrima que logo se transformou em várias. Ana a abraçou fortemente.

- Fique tranquila, pois você tem a todos nós e vai se curar dessa doença. E você ainda vai se lembrar de tudo.

...

Rosa, depois do diálogo com Ana, se dirigiu imediatamente ao banheiro para escovar os dentes e tomar o primeiro banho do dia. Retirou rapidamente as vestimentas e preparou-se para adentrar o boxe e ligar a ducha, porém, ao se aproximar da porta do boxe, seu corpo foi derrubado devido a um escorregão no chão do banheiro, que estava completamente molhado. Por causa desse escorregão, Rosa bateu a cabeça. Alguns minutos depois se levantou, fraca e nervosamente.

Um turbilhão de pensamentos e lembranças esvoaçou na mente de Rosa naquele momento, que lembrou-se de sua família, de seus parentes, amigos, e de tudo o que realmente tinha acontecido. Seu nome era Clarice.

- Oh, céus! Agora eu me lembro de tudo o que aconteceu comigo!

Distraída com os pensamentos e lembranças, Clarice nem viu a hora passar. Após despertar, levantou-se rapidamente, passando levemente a mão sobre a cabeça, que doía muito. Logo em seguida, ao ver que não havia nenhuma ferida, deixou o banheiro.

Em pequenos passos, chegou ao quarto em que estava hospedada, vestindo uma roupa simples de Olívia.

- Espera aí... O nome dessa menina é Ana... Não, não pode ser. Aquela Ana era pobre e morava lá na outra cidade... Não pode ser a mesma pessoa. Seria coincidência demais.

Sua reflexão foi interrompida por alguém que batia na porta fortemente.

- Rosa, você está aí?

- Estou sim. – respondia Clarice, pacientemente. Deveria ser grata com todos que a hospedaram naquela casa. – Pode entrar.

Olívia adentrou o quarto e sentou-se em um banco próximo à uma escrivaninha vazia.

- Gostaria de dar um pulo na praça? Esse fim de semana tá um saco! Monótono demais.

- Pensando bem, gostaria sim. Até que vai ser divertido.

Clarice esperou Olívia se aprontar rapidamente e ambas se dirigiram à grande praça da cidade, que não era tão longe dali. O local era extremamente grande e possuía um formato circular, dividido em canteiros, parques, gramados e um grande lago.

Olívia e Clarice sentaram-se à um banco próximo à área arborizada, um lugar perfeito para saborear o delicioso clima da cidade.

Aquele bosque parecia mais uma floresta quando alguém estava entre suas árvores. Todos tinham a impressão de que era bem maior visto por dentro do que por outro ângulo daquela enorme praça.

Em um banquinho um tanto distante das duas, um casal de jovens estava se beijando apaixonadamente. O garoto possuía cabelos castanhos escuros e rebeldes, já a garota possuía cabelos castanhos mais claros e longos. Ambos possuíam olhos azuis brilhantes como uma rara safira.

Clarice repentinamente se levanta, aflita, e corre na direção do jovem, assustando Olívia.

...

Ryan e Bianca jaziam na praça se beijando apaixonadamente, bem distantes de Clarice, de modo que o filho não reconhecesse a mãe, mas a mãe reconhecesse o filho.

- É tão bom saber que você também me ama, Bianca. Vamos ser felizes juntos. Agora eu me sinto o homem mais feliz do mundo!

O casal foi surpreendido com a chegada de uma desesperada mulher que correu na direção destes, gritando o nome do jovem.

- RYAN!

O jovem, assustado, girou o rosto na direção de onde havia escutado aquela voz, se assustando por completo ao ver do que se tratava.

- Céus! Mamãe... É... um... um fantasma?! – gritava Ryan, levantando-se nervoso do banco. Bianca assistia à cena sem entender absolutamente nada. Preferiu não comentar absolutamente nada, pois não queria se intrometer em assunto de mãe e filho.

- Eu preciso falar com você à sós, meu filho. Me desculpe, moça, mas é uma coisa bem séria, por favor.

Enquanto isso, Olívia chegava esbaforida.

- Olívia, eu recuperei minha memória. Depois te conto tudo o que está acontecendo, mas preciso urgentemente falar com meu filho agora.

Clarice puxou Ryan para um canto vazio da praça. Olívia e Bianca sentaram-se juntas, aguardando apreensivas. A mãe disse ao filho tudo o que tinha acontecido de verdade, passo a passo, como Thaís armou para que caísse daquele barranco e falecesse, como perdeu a memória e chegou à outra cidade, em que havia morado quando era apenas uma criança, e como foi abrigada por Ana, devido à leptospirose que possuía por ter andado descalça pelas ruas.

- Meu Deus, a Thaís é um monstro. Em pensar que todos nós caímos na lábia de que ela era uma boa moça. Vamos tirar essa história a limpo imediatamente!

...

Martha, no meio daquela belíssima tarde, foi visitar Thaís no quarto onde a jovem provavelmente estaria dormindo naquele momento, para oferecer-lhe um prato de comida.

Abriu a porta lentamente, pois não queria acordar a jovem que havia sido babá desde quando ainda era um pequeno bebê, porém, Thaís não estava em nenhum dos dois lugares: na cama e na cadeira de rodas. Martha adentrou o quarto aflita e se dirigiu ao banheiro da suíte, o único local onde supostamente Thaís estaria.

Chegando ao banheiro, soltou um berro, pois Thaís estava firmemente em pé, sem demonstrar nenhuma deficiência.

- É um milagre. Senhor, graças a Deus! Você ouviu minhas preces, minhas orações diárias. Salvou a minha pequena Thaís. – e correu para abraçar a jovem, que se esquivou, fitando a babá com ódio.

- Nada que aconteceu aqui vai sair daqui. Tá me ouvindo? Ninguém vai saber que eu já estou andando. Isso aconteceu há um tempo já, quando eu fingia me recuperar aos poucos.

- Mas como assim, minha querida? Você deveria comemorar essa alegria, minha pequena Thaís. Não, não posso concordar com isso. Tudo pra conseguir o Thomas? Não vale a pena! – berrava Martha, advertindo a mimada.

Thaís, ao escutar as palavras de uma pessoa que considerava de um padrão inferior, esbofeteou fortemente as palavras.

- Quem manda aqui sou eu. Você é apenas a empregadinha que vai obedecer! – Thaís, rudemente, cuspia na cara de Martha, pressionando com as unhas o pescoço da governanta.

- Filho... não... bate... na... mãe! – Martha se esforçava para pronunciar as palavras, pois sua garganta estava sendo cada vez mais pressionada por Thaís, que, friamente, não sentia absolutamente nenhuma pena daquela que era na verdade sua mãe biológica.

- O QUÊ?!!!!! – Thaís lançou Martha no chão e se descabelou por completo, andando para lá e para cá no quarto. Todos os outros estavam bem longe dali, pois foram passear pela tarde nos arredores do sítio, enquanto Thaís aparentemente dormia tranquilamente. Seu rosto foi inundado por uma tempestade de lágrimas, que borraram por completo a maquiagem, deixando seu rosto com uma aparência suja e descuidada.

- Minha filha, eu te criei com tanto amor e dedicação, mas não podia te colocar numa escola de qualidade. Eu sempre quis te dar um bom futuro. Por favor, minha filha, me escuta. Me deixa participar da sua vida. Você é o meu bem mais precioso.

- Jamais! Ninguém vai saber que eu tenho sangue de pobre nas veias, Marthinha. Eu preferia ter ficado sem saber da verdade. – E, puxando Martha pelos cabelos, que se debatia inutilmente, lançou a mãe escada abaixo. A mulher rolou por todos os degraus e caiu inconsciente no chão. Thaís, amedrontada consigo mesma, fitou o corpo da mãe por muito tempo, até conseguir se locomover novamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da trágica morte de Martha? Qual deverá ser a punição para a maquiavélica Thaís, na opinião de vocês?



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