Seguindo em Frente escrita por Ahada


Capítulo 4
Primeira Revelação




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O dia estava ficando cada vez melhor. Eu descobri que sou uma semideusa, depois eu descubro que a minha babá também é uma semideusa e vem morar com a gente no acampamento, e aí ela diz que é meia-irmã do garoto que eu tô afim. Tá, ela não disse exatamente isso, mas dá no mesmo. Sério, tô adorando aquele lugar.

– Então Sarah, como faço pra descobrir de que deus eu sou filha? - perguntou Marceline.

– Bom, você tem que esperar ele ou ela reclamar você. E isso costuma acontecer entre as refeições aqui no acampamento.

– Todos os semideuses passam por isso?

Sarah olhou pro chão e respirou fundo.

– Olha... acontece que muitos esperaram a vida inteira em vão. Nunca foram reclamados.

– Ah, claro, notícia tranquilizadora. - disse Marceline revirando os olhos.

– Mas agora todos estão sendo reclamados o mais cedo possível.

– "Cedo" quando?

– Em breve.

Marceline fez um "uau" com a boca. Ela parecia inquieta desde que Sarah chegou no acampamento. Pensei que se eu tocasse no assunto com ela, essa conversa ia acabar com um funeral. 

Agora pra melhorar, adivinha quem chegou?

– Ah, oi Dayana.

– Oi Nico.

"Acidentalmente" eu acabara esbarrando com o garoto. Ele é um cara legal, tirando o fato de que ele é muito misterioso às vezes.

– Já soube da notícia?

– Qual? - perguntou Nico, surpreso.

– Sarah é a sua irmã.

– Ah... desculpa perguntar, mas quem é Sarah?

– A minha babá. - resmunguei.

– Oi! - disse Sarah.

Nico segurou o riso.

– Sua... hã... babá... certo. Quantos anos você tem, Dayane?

– Eu tenho 16. Pronto, acabou! - saí bufando do chalé 11, pronta pra dar o primeiro jato de pavio-curto na pessoa que me dirigir alguma palavra. Fui para a praia, e me sentei na areia.

As vezes eu gosto de ficar parada, sem fazer nada. Só de escutar o "som da natureza" já me relaxa. Mas não gosto muito de ficar perto de flores ou plantas que atraiam insetos voadores.

Escutei passos atrás de mim, então fechei os olhos e comecei a contar até 10, mentalmente.

– Está tudo bem?

Uma garota loira de cabelos longos se sentou ao meu lado.

– Tá sim, Melanie.

– Que bom. - ela sorriu. - Mas acho estranho você ter ficado com raiva do Nico por causa da pergunta dele...

– Olha, eu já tô me preocupando com muita coisa ao mesmo tempo, não quero pessoas zombando de mim.

– Então não me admira que esteja assim.

– É... eu não quero abandonar minha família, mas também, aqui é o único lugar onde me entendem, pelo visto.

– Esqueceu de falar de certas pessoas. Em particular, eu e a Marceline.

– Eu sei. Vocês são as minhas melhores amigas e eu não trocaria vocês por nada.

– Você adora ficar perto da água, né?

– Sim. Mas tirando o fato de que não sei nadar até hoje, e não consigo prender a respiração por mais de cinco segundos...

– Haha! Você já viu a Marceline em ação?

– Sim, ela parece um torpedo aquático com vida!

– Não é atoa que ela é a capitã do time de natação da escola e já ganhou três medalhas de ouro seguidas.

Ficamos quietas por um tempo. Melanie avistou um pé de morango novinho perto dela (sabe-se lá se morango dá em pé), passou a mão por cima deles e eles ficaram maduros.

– Toma.

– Obrigada. Você sempre teve esse dom especial com as plantas, não foi?

– Pois é. Meus tios dizem que, toda vez que estou caminhando entre as plantas, elas nascem às pressas só pra me verem passar.

– Uau... que poético.

– Haha, eu sei, é bem legal eles pensarem desse jeito.

– Eu queria ter o dom especial com alguma coisa.

– Você adora cavalos! Ensinou a mim e a Marceline tudo o que se precisa saber!

– É, mas quando chega a hora de eu montar, fico igual a uma franga.

– Você precisa ter mais confiança em si mesma. Sabe, você tem mais habilidades do que se imagina. Vamos, tá na hora do almoço.

– Ah, que beleza. - revirei os olhos.


Fiquei me perguntando como Melanie sabia aonde cada lugar estava. Talvez ela tenha prestado atenção na "palestra" de Quíron. Nos sentamos na mesa de Hermes, ao lado de Connor (que por sinal, estava se dando muito bem com a Marceline).


– O que vai ter pro almoço hoje? - perguntei.

– Bom, aqui você que escolhe. - disse Connor. - Como pode ver, - disse ele estendendo os braços pra mesa cheia de comida. - temos variedades aqui.

– Percebe-se. - dei uma risadinha. - Mas o que aquelas pessoas estão fazendo? - apontei pra uma fileira de semideuses que estavam jogando metade da sua comida em uma lareira.

– Oferenda. Você tem que jogar parte da sua comida ali para agradecer aos deuses.

– Ahn... - eu disse meio sem ânimo.

Eu e as meninas entramos na fila. Quando chegou a minha vez, eu fechei os olhos e murmurei:

– A Hermes... e ao meu pai olimpiano, quem quer que seja. E que ele me ajude aqui no Acampamento.

Tenho que adimitir, a comida de lá é realmente boa. Eu nunca fui chegada a comer, mas tem dia que eu tô atacada e pego de tudo.

Quando terminamos de almoçar, fomos caminhando até o campo de morangos, junto com os Stoll, e... o Nico. 

Uma brisa forte soprou entre a gente, e quando viramos, demos de cara com alguém.

– Oi gente! -

– AAAAAAAHH!! - todo mundo gritou.

– AUSTIN! NUNCA MAIS FAÇA UMA COISA DESSA! - gritou Marceline.

– Haha, desculpa. Estão indo aonde?

– Aos campos de morangos. Quer vir com a gente? - perguntou Melanie.

– Claro que sim! Conheço um atalho, me sigam.

Finalmente, depois de esbarrar com tantas árvores, chegamos aonde queríamos.

– Uau, isso aqui é o paraíso! - disse Melanie.

Fomos caminhando entre as plantações, e aos poucos, tudo que estava envolta da Mel ganhava "vida".

– Ei, vocês sabiam que os deuses agora estão vindo pessoalmente reclamar seus filhos? - disse Austin.

– Que notícia boa! Agora só preciso achar um deus do olimpo envolta de trocentos campistas. - disse Marceline.

– Você e a sua energia negativa né Marceline!

– Desencana.

– Hã... gente, notaram que aqui está muito paradão? - perguntei.

Ah, mas pra que eu fui falar. Uma mulher vestida com flores veio caminhando na nossa direção.

– Olá crianças.

– Oi. - dissemos meio sem jeito.

– Ah, olá filha. - disse a mulher quando se virou pra Melanie.

Ela arregalou os olhos e tentou explicar.

– Ah, não, você deve estar me confundindo. Na verdade meus pais morreram em um acidente à cinco anos, eu moro com os meus tios.

– Melanie... seu pai tinha uma floricultura, não é mesmo?

– Sim, - disse ela meio desconfiada. - mas ela pegou fogo.

– E seus tios disseram que ele morreu em um acidente de carro tentando escapar do fogo né?

– Sim.

– Que pena, eles nunca gostaram de falar a verdade.

– O que você quer dizer?

– Ele faleceu no incêndio. Um monstro colocou fogo lá, então...

– A minha mãe também estava lá. - ela resmungou.

– Errado. A sua mãe sou eu.

– Como...

– Eu sou Deméter, deusa da agricultura. 


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