Jason estava mortificado.

Para ele, não existiam mais chances de conseguir conquistar alguma coisa. A única coisa que importava para ele no momento poderia estar morta.

Não existia mais a possibilidade de ele querer continuar com aquilo, embora seu ódio pelos Templários fosse maior do que ele imaginava.

Ele continuaria a missão por apenas um motivo. Vingança.

Ele queria fazer aqueles demônios pagarem pelo que fizeram com Bianca. Pelo que fizeram com a mãe dela. Por tê-la feito sofrer, amargurar e agora perder a vida nas mãos daqueles animais.

Pelo que fizeram com todos, pelo que estavam fazendo com o mundo.

Jason odiava aqueles animais mais do que qualquer pessoa na Terra, e ele queria faze-los sentir o gosto de morrer por suas próprias mãos.

Depois da conversa com Mikaellis, eles foram direcionados ao Nível de Deportação. Eles seriam enviados imediatamente para São Petersburgo, onde poderiam começar a missão.

Invadir a Fortaleza 29.

Jason ainda estava preocupado com a sua parte na missão, mesmo que estivesse confiante e pronto. Eles vieram até a Rússia por um só motivo. E ele iria ser cumprido.

O mesmo homem que havia recebido eles na Ordem, apareceu novamente para guia-los até o Centro de Deportação da Ordem dos Assassinos Russa.

- A situação é a seguinte – O homem começou com o forte sotaque russo em sua voz. – Vocês serão deportados até o aeroporto de São Petersburgo, onde terá um motorista esperando os senhores. Serão levados até perto da Fortaleza 29, mas a partir daí é com vocês.

Jason sentiu um frio na espinha. Ele não sabia como iriam fazer para invadir o território inimigo, pois eram muito conhecidos. A cabeça deles estava sendo exigida neste exato momento.

Precisariam de um milagre bem grande para conseguir invadir aquela Fortaleza.

Ele decidiu não pensar nessa parte. Decidiu se concentrar no seu principal objetivo: Destruir o guardião dos Novos Códex e captura-los. Ele não se sentia bem em ter que matar uma pessoa, mas ou era isso ou ele seria morto do mesmo jeito.

Se eles estavam jogando, então que começassem as apostas.

Quando Desmond e Nico foram dispensados, Mikaellis pediu para que Jason ficasse. A conversa ainda estava sendo exibida em sua mente quando embarcou no Montage, o Gulf Stream russo que os levaria até São Petersburgo.

- Jason – Mika o havia interceptado na saída de sua sala. – Posso conversar com você um momento?

Dez e Nico ficaram observando, relutando em deixar o amigo mais novo sozinho com o Grão Mestre. Apesar de ele ser Assassino, eles ainda temiam por Jason. Estavam sensíveis quanto à perda de Bianca.

Mas Jason deu um olhar encorajador a eles, prometendo que voltaria logo.

Por fim, Mika e Jason ficaram sozinhos.

Jason sentou-se na mesma cadeira quando ele havia chegado. Seus olhos estavam vermelhos e inchados e ele não queria falar sobre aquele assunto novamente. Era delicado demais para ele aceitar.

- Sei que está passando por um momento terrível, Jason – Ele olhou em seus olhos com um olhar fraternal, como um irmão mais velho pronto para dar um apoio.  – Mas precisamos dar continuidade com a missão.

Ele assentiu. Apesar de tudo, se desistissem da missão agora, tudo estaria perdido. Os Novos Códex eram tudo o que eles poderiam pegar. Os Templários já possuíam a Maçã, mas ela estava muito longe agora. E, infelizmente – Ele segurou o choro – Eles pegaram Bianca. O sangue da prometida estava em posse dos Templários, e a menos que eles não resgatassem os Novos Códex, tudo estaria perdido.

Jason queria acreditar que ela estava viva, mas depois da experiência descrita no Animus e do olhar afundado de Desmond (em quem ele estava se espelhando cegamente) ele começou a perder as esperanças.

Mas ele não se daria por vencido. Mesmo que Bianca estivesse perdida para sempre, ele mataria cada célula de cada Templário maldito por terem feito isso com a sua namorada.

Mas alguma coisa dentro dele dizia que ela não estava perdida. E foi por isso que ele se apegou a continuar essa missão. Mesmo que secretamente.

- Chamei você aqui porque queria conversar com você sobre o ato que vocês irão fazer. – Ele olhou dentro dos olhos de Jason. – Especialmente você.

- Você é um grande prometido para nós, Jason. Assim como Desmond, Bianca e até mesmo Nico. Mas hoje é o seu dia. O seu momento. O momento de provar a Minerva que ela foi certa ao escolher um campeão como você. O homem destinado a recuperar os escritos originais dos Assassinos, ao qual os Templários tomaram posse.

- Você irá descobrir o que há por de trás deles, revelando para o Círculo o que eles precisam e você também para seguir em frente. O leitor que está com eles, por algum motivo, ainda não conseguiu desvendar os Códex. Parece que só o Leitor Correto deve desvenda-los. Ou seja, você.

Jason parou para refletir sobre isso. Era uma coisa grandiosamente importante para um menino de apenas dezessete anos. Seria ele capaz de conseguir realizar tal feito? Mas então a imagem de Bianca pairou em sua mente, minutos antes dela ser sequestrada por aqueles monstros.

Ele não sabia se conseguiria realizar tal feito. Mas ele tentaria.

- A sua parte na missão, meu caro, será recuperar estes preciosos artefatos das mãos dos inimigos, especialmente de... Sabine Sofian. A guardiã Templária dos Novos Códex. Descendente direta de Abbas Sofian, inimigo de infância de...

- Altaïr Ibn-La’Ahad – Jason respondeu automaticamente. Ela era descendente de um dos maiores inimigos do Assassino árabe, como Desmond havia lhe contado, mas como podia ser russa? É... Ele pensou. A expansão de descendentes foi bem coerente mesmo.

- Sabine tem a mesma idade que você, Jason. Inclusive vocês nasceram no mesmo dia, na mesma hora, mas de mães e descendentes diferentes. Enquanto você descendia dos Assassinos renascentistas, ela descendeu dos árabes.

- Mas espere um momento – Ele perguntou com a voz estranha, como se um peso estivesse em seu coração. – Se ela é descendente dos Assassinos, como pode ser Templária?

- As pessoas mudam de lado, não é mesmo? Mas ela foi destinada a isso, ela escolheu isso. Mesmo sendo tão nova, Sabine tem uma mente inteligentemente cruel. Assim como você, ela pode desvendar os Códex, mas por algum motivo, ela não consegue. Ela pode ter nascido com esse dom, mas não é a pessoa certa. Não tem o coração certo.

Jason assentiu, mas ainda assim a dúvida prevalecia em sua mente.

- Mas por que ela está com os Templários? Ela tem sangue Assassino!

- Você sabe a história do grande Mestre Assassino, Altaïr, não sabe?

- Sei o que Desmond me contou. – Ele admitiu, ainda confuso.

- Então ele supostamente deve ter lhe contado que Altaïr se apaixonou por uma Templária, não é mesmo?

O queixo de Jason caiu.

- É o que?

Mikaellis riu diante da expressão do menino, mas este não sabia com que cara ficava depois de uma dessas.

- Jason, nós não mandamos em nosso coração. Diga-me, meu rapaz. Se Bianca fosse uma Templária, você simplesmente se apaixonaria ou namoraria com ela?

- É diferente! – Ele exclamou. – Quando conheci Bianca, eu nada sabia sobre isso tudo. O meu amor por ela veio antes da verdade sobre nós dois.

- Exatamente. – Ele sorriu. – Mas, digamos que a situação tivesse se invertido. Se a Bianca fosse descendente de Templários, resolvesse seguir o mesmo rumo, você continuaria com ela?

Jason não respondeu. Atônito, ele abaixou a cabeça. O seu coração provavelmente iria lutar contra a sua lealdade, mas por fim ele mesmo descobriu a resposta. Ele iria aonde quer que Bianca estivesse.

Ele entendeu os motivos de Altaïr.

- E eles ficaram juntos? – Jason indagou, querendo rapidamente esquecer aquela comparação horrorosa que o Grão Mestre havia feito da sua namorada.

- Com toda a certeza – Ele sorriu. – Maria tornou-se uma renegada. Ela casou-se com Altaïr e juntos, eles tiveram dois filhos. Darim e Sef Ibn-La’Ahad.

Jason sorriu diante da revelação. Isso parecia ser uma história bonita, mas ele estava entendendo o rumor disso tudo. Maria havia trocado de lado por causa de Altaïr. Ela lutara ao lado dos Assassinos por ele. Mas e quanto a Sabine? Sua gêmea de mães diferentes que ele descobrira que teria que matar?

Ele descobriu que não queria saber. Quanto menos se envolvesse com a menina, melhor. Já era ruim que tivesse que tirar a vida de uma menina de dezessete anos, mas a culpa não era dele se ela escolhera isso. Se ela escolhera destruir a sua vida se sacrificando pelos Templários.

Mas se ela não fosse eliminada, os Novos Códex não o obedeceriam. Eles iriam obedecer a quem fosse digno. Eles não tinham dono, agora ele entendia. Ele não era o descendente certo. Ela poderia ser a certa também se ele morresse.

Não havia metade podre da laranja. Ou ela era ou ele era. Os Novos Códex iriam se abrir para quem fosse digno de tê-los, e mesmo qual fosse a intenção de Sabine, se ela vencesse, eles se revelariam para ela e o mundo estaria perdido.

O mundo estaria nas mãos dos Templários.

Ele ainda estava pensando nisso quando o avião decolou, levando Nico, Desmond e Jason até o local da missão.

Ele sabia que seria difícil, mas caso quisessem vencer os Templários, ele teria que matar Sabine Sofian. Como o amigo traidor de Altaïr, ele teria que sacrifica-la.

Ela era inimiga e estava dando de bandeja os planos para eles. Mas o que ela não sabia era que Jason estava a caminho.

Que ele também era digno dos Códex, porque ao contrário dela, ele tinha uma intenção boa em usa-los. Independentemente de seu pensamento, ele ainda era a metade boa.

Por isso, a metade ruim teria que ser eliminada.