Bianca se sentia mais ansiosa a cada minuto que passava.

O fim da semana havia chegado, e Bill Miles (o pai de Desmond, embora ela não o houvesse conhecido ainda) havia fretado um mega avião para eles.

Como a viagem até Moscou era de dezoito horas* e eles não podiam nem pensar em fazer escalas, o super jumbo que Bill havia conseguido os levaria até lá mais rapidamente. E sem escalas.

Ela havia arrumado apenas o essencial. Não poderiam levar muitas coisas, porque não poderiam chamar muita atenção. Como o clima na Rússia estava a -14°C, eles optaram por levarem muitas roupas de inverno.

India saiu para comprar as roupas para eles, com descrição é claro. Casacos de inverno impermeáveis e com controles de temperatura conforme a temperatura corporal, calças de esqui e alpinismo e botas impermeáveis de couro.

Na Rússia o frio era muito intenso e singelo. Portanto, era essencial essas roupas a menos que você queira virar um picolé.

Bianca ainda vestia sua jaqueta normal com os jeans. Quando faltassem apenas algumas horas finais era que ela iria trocar de roupa no avião, para não causar um grande choque térmico. Embora em Black Hills o clima também estivesse bem frio.

Com descrição, eles comentaram o menos da viagem o possível. E, quando precisavam, falavam em códigos. Assim, seria mais difícil para os Templários os localizarem por enquanto. Mas ainda assim, eles sabiam. Porque eles possuíam acesso a Maçã. Mas ainda assim, eles tentavam dificultar para eles o mais rápido possível.

Bianca havia sugerido que eles resgatassem primeiro a Maçã, assim eles não teriam que se preocupar com os Templários. Mas era muito arriscado, pois ela estava na Fortaleza 1, a líder das Fortalezas, na Itália.

E sem os Novos Códex, eles não poderiam resgatar a Maçã. Pois lá continha a forma como entrar e, segundo Desmond, conseguir tentar sobreviver aos Templários.

Tentar sobreviver está ótimo para mim, pensou Bianca amargamente. Ultimamente ela só tem pensado nisso.

Fechando o zíper de sua pequena mala, ela caminhou para a porta e olhou para o seu quarto. Tinha se tornado o seu segundo quarto desde aquele que ela abandonara em Las Vegas.

Respirando fundo, ela se virou novamente. Havia aprendido a não se apegar aos lugares. A dor da saudade se tornaria bem menos agressiva se ela agisse dessa forma.

Ela andou em direção até a porta e travou na mesma hora. Alguém impedia a sua passagem.

Damon.

– Vai a algum lugar? – Ele sorriu de um jeito sarcástico para Bianca com um estranho brilho louco em seus olhos cinza.

Ele hoje estava vestido de uma forma mais esportiva. Com suas calças de tactel Adidas e estava sem camisa, exibindo o corpo malhado e suado, como se houvesse acabado de sair de um exercício.

– Com licença – Ela murmurou secamente.

– Acho que não. Você ainda não respondeu minha pergunta. – Ele acariciou delicadamente o rosto da menina. Ela afastou sua mão com um tapa.

– Eu acho que sim. – Ela disse entredentes. – E quando a sua generosa intimidade, eu dispenso.

– Cara, como você fica linda quando está alterada. Sabia que é isso o que faz um homem levar uma linda menina para a cama? Não sabe como é... Excitante.

– Vou te mostrar o que é excitante. Um chute bem no meio das suas pernas, seu tarado. Agora saia da minha frente ou juro que perco a paciência. – Ela disse nervosa. É claro que se tivesse que partir para a briga, Bianca sairia perdendo. Com um cara desses? Ela provavelmente não podia confiar na própria sorte.

Ela respirou fundo e cerrou os punhos. Não conseguiria passar por Damon simplesmente por passar.

Ele riu e sua boca formou uma linha sensual.

– Huuuum, eu acho que a sua agressividade só está deixando meu humor mais oportuno. Mas não se preocupe, mi querida, agora o que eu quero é bem diferente de diversão. Precisamos conversar.

Aquelas duas palavras foram ditas com tanta convicção que Bianca estremeceu involuntariamente.

– Pode ficar para a próxima? Eu tenho mais o que fazer agora.

Ele riu com desdém.

– Pode ficar tranquila que eu não vou tomar muito do seu tempo. Mas, acredite , isso vai te ajudar e muito.

Ela suspirou.

– Tudo bem. O que você quer?

– Além de você, princesa? – Ele riu. – Muito bem. Eu queria lhe dizer uma coisa: A paisagem da Rússia é realmente de tirar o fôlego.

– Ah, é só isso? Deus, eu não acredito que eu perdi...

Ele riu delicadamente e passou as mãos pelos cabelos.

– Gosta de saltar, Bianca? – Ele piscou e saiu do quarto, como se nunca tivesse estado lá.

Bianca achou muito estranha esta atitude de Damon. Mas, ainda assim, ela começou a tremer de medo. Aquele cara lhe dava arrepios. E, pior, poderia causa-los de qualquer forma possível.

Ela afastou esse pensamento da cabeça e começou a seguir em frente. Precisavam completar essa missão. E não é um Ciprianni idiota que iria acabar com seus planos.

Andando para a porta, Bianca estremeceu levemente. Estava com um arrepio desde a vinda de Damon, mas decidiu manter isso em segredo. Não queria estressar Desmond e principalmente Jason.

Saindo do quarto, ela carregou a sua pequena mala até lá embaixo. Desmond, Nico e Jason a esperavam. Eles franziram a testa por causa da demora, mas ela ignorou. Não queria arrumar confusões.

– Muito bem. – Desmond começou. – O avião está preparado e vai nos levar até Moscou sem problemas. A viagem ocorrerá sem escalas e garanto que até o dia seguinte estejamos em solo russo.

Eles assentiram. Todos foram para a porta e depararam com um carro a sua espera. O carro parecia com a Land Rover que Bianca havia dirigido até o centro do deserto, totalmente blindado e equipado.

Bianca e Jason entraram atrás, enquanto Nico tomava a direção e Desmond ia do seu lado.

Dessa vez a viagem até Sioux Falls seria feita de carro e não de helicóptero. Precisavam manter o mínimo de atenção possível e não viajariam por ar a menos que necessário.

Duas horas depois, o Land Rover estava sendo estacionado no estacionamento do aeroporto de Sioux Falls, onde eles estiveram uma semana antes.

Enquanto caminhavam discretamente ao terminal, Bianca pensava em como tudo estava sendo fácil demais. Até agora eles não haviam sido interceptados ou sequestrados, e ela estava começando a ficar com medo.

Coisas fáceis nunca são bem vindas e ela estava tremendo antes que se desse conta.

Mas deixou esse pensamento quieto. Não podia se dar ao luxo de demonstrar fraqueza na frente deles.

Finalmente, eles embarcaram em um grande avião fretado pela Ordem. O avião era maior do que o normal, e o vendo ela entendeu o porque de Desmond dizer de que ele não precisaria de escalas.

O avião era enorme, e aguentava situações fortes e em qualquer clima. Era um especial da Ordem, o Gran Capitano.

É... A Ordem sabe brincar bem quando ela quer.

Eles embarcaram no avião, e tomaram seus lugares. O piloto (que aparentemente era Patrick, o mesmo que ela havia conhecido quando chegara a Ordem) anunciou que eles estavam partindo para Moscou imediatamente.

– Atenção passageiros oficiais da Ordem dos Assassinos. Sejam bem vindos a bordo! Estamos saindo do aeroporto Joe Foss Field com destino a Moscou, Rússia. Aterrissaremos pela manhã no Aeroporto Internacional Domodedovo, aproximadamente às nove horas da manhã. Por favor, desejam que tenham uma boa viagem.

Dizendo isso, Patrick desligou a comunicação e a grande ave começou a deslizar pela pista.

Bianca recostou no assento reclinável. Pelo visto, seriam quase vinte horas de voo e ela precisava descansar.

O sono começou a atormentar a sua mente, mas seus pensamentos também.

Aquela última frase de Damon, ela tivera certeza de que não fora casual. O medo começou a tomar conta de seu corpo, mas assim como ele, o sono também o havia preenchido.

Com um último pensamento, Bianca desejou que Damon pudesse estar brincando. Mas ela sabia que não era verdade.

O destino também sabia.