Datherine Forever escrita por Martina Santarosa


Capítulo 14
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oie gente bonita do meu coração! Mias um capítulo, e esse é o maior que eu já escrevi! Espero que gostem!!
Ah, antes de vocês lerem vou fazer um pedido meio anta e mala: assim, estou com vontade de mudar a foto de capa da fic, mas não encontro nada de legal. Se alguem por acaso tiver uma sugestão ou ver alguma coisa e pensar "nossa, ficaria legal como capa daquela fic Datherine Forever" pode me mandar! (porque alguem pensaria isso eu não sei, mas não custa tentar kkk)
Beijos pessoas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/237645/chapter/14

Não consigo respirar, sinto como se todo o oxigênio se recusasse a entrar em meus pulmões, me fazendo morrer lentamente e aproveitando o espetáculo de minha miséria. Inspiro com força, meu peito se enchendo de ar, mas a sensação continua. Minha mão está suavemente pousada na maçaneta, mas meus dedos estão congelados, impossibilitados de abri-la.

Não havia sido difícil chegar até ali. A verdade é que não esperei nem um minuto após a partida de Klaus para executar meu plano. Havia descoberto aonde estava e como a segurança era feita. Me frustrei ao descobrir que Klaus havia impossibilitado que outros vampiros hipnotizassem seus guardas, mas flertei  com um e o embebedei até que me mostrasse como entrar, depois disso o drenei e escondi o corpo. Desativei as câmeras de segurança e me certifiquei que nada faltava. Havia sido relativamente fácil. O ponto difícil estava ali.

Agora, parada na frente dessa porta, sabendo que a poucos passos está Damon e que não há nada que possa me impedir de vê-lo, meu coração paralisa e gela. Durante todo esse tempo me ocupei em pensar em como faria para vê-lo, não em o que fazia quando finalmente o encontrasse.

Sinto minhas pernas tremerem e um forte impulso de fugir dali me toma. O que vou dizer? Não tenho nada para dizer! Mas logo em seguida refuto. Preciso entrar ali, preciso vê-lo. Não tenho que dizer nada, apenas preciso olha-lo de perto. Só mais uma vez.

Em um súbito momento de coragem meus dedos giram, a maçaneta acompanhando o movimento e de repente estou encarando aqueles cabelos pretos, que se viram rapidamente para fitar a porta, os olhos azuis brilhantes e alarmados. Sinto o ar lentamente entrar em meus pulmões, preenchendo-os, e suspiro, aliviada. Posso mais uma vez respirar.

Os olhos dele me analisam ainda desconfiados, então dou um passo adentro e fecho a porta atrás de mim. Lentamente meus olhos seguem seu corpo de cima a baixo, se agarrando a cada detalhe, garantindo que não há nada errado, nenhuma peça faltando. Quando pouso o olhar em seu rosto vejo que parece desconfiado, e toda sua postura indica que está prestes a fugir. Ou a brigar.

Levanto as mãos em sinal de paz, expondo a garrafa de whisky que trago comigo. Ele não sorri, mas vejo sua expressão se suavizar e seus olhos adquirirem aquele brilho irônico. Ah, como senti falta desses olhos.

– A que devo a visita? – ele pergunta, os olhos cínicos.

– Vim apenas dizer olá. Fiquei preocupada que estivesse sentindo muita a minha falta – ele revira os olhos e me aproximo, nos deixando a poucos passos um do outro. – Pensei que poderíamos beber um pouco para comemorar a sua nova estadia – carrego no tom sarcástico e ele sorri.

Sinto meu coração se apertar de alegria. Ah, aquele sorriso desanimado e melancólico, que tira meu ar e faz minhas pernas tremerem. Quero me jogar em cima dele, apertá-lo contra mim e não soltar mais. Ouvir aquela voz a cada segundo do meu dia. Segurar seu rosto entre minhas mãos, olhar no fundo daqueles precipícios azuis e me perder ali, ouvindo vagamente sua voz sussurrar promessas e palavras amenas, um vai ficar tudo bem roçando em meus ouvidos.

Rio de mim mesma e de meus delírios absurdos. Estou perdendo a cabeça, estou enlouquecendo vagarosamente e temo que não haja estrada de volta. Não sem ele.

– Tudo bem, então eu bebo sozinha – um suspiro frustrado escorre de meus lábios depois de alguns segundos sem resposta, então abro a garrafa e me jogo em sua pequena cama, tomando um grande gole e observando vagamente o quarto. É um quarto pequeno, com uma cama, um mini armário e uma mesinha. Há uma janela minúscula no canto superior, que possibilita apenas a entrada de oxigênio. Mesmo quebrando o vidro escuro, uma pessoa nunca passaria por ali.

– Ah, que se dane – ouço Damon sussurrar e sinto quando ele se senta ao meu lado. Sem fitar seus olhos lhe ofereço a garrafa, e minha mão formiga quando seu dedo encosta no meu por uma fração de segundo.

                Ficamos assim por um bom tempo, bebendo em silencio, um ao lado do outro, cada uma de nós perdido em pensamentos. Gostaria de saber o que ele está pensando. Lentamente me encosto nele e deixo minha cabeça descansar em seu ombro. Ele não me impede, apenas suspira e apoia sua cabeça na minha.

                – Engraçado – ele quebra o silencio de repente, me assustando um pouco. Ele ri de minha reação e continua sua linha de pensamento. – Engraçado como as coisas podem mudar radicalmente de um momento pro outro.

                Minha mente viaja por meus sentimentos. Sim, as coisas mudam. Uns meses atrás eu era uma vampira independente e não me importava com nenhuma das vidas que passava pelo meu caminho. Agora, estou aqui, meu coração transbordando de felicidade pelo simples fato de poder toca-lo, e minha mente, não totalmente lucida, certa de que faria tudo por esse homem ao meu lado.

                – Nós saímos simplesmente para ir a uma festa. Eu esperava ficar bêbado, ter uma boa noite, sem lembrar de nenhum dos meus estúpidos problemas, e no dia seguinte encarar uma ressaca e todos os dramas ridículos pelos quais eu andava passando. Mas aconteceu de eu ser capturado e torturado, e agora estou aqui bebendo com a vadia egocêntrica que me iludiu e me fez passar pelo maior panaca do mundo durante 125 anos.

                Ouvir aquelas ultimas palavras doeu muito mais do que se ele tivesse cravado uma estaca cheia de farpas no meu estomago, e por um momento acho que vou vomitar. Mas sei que ele está bêbado, assim como eu, e mesmo que seja irracional, isso diminui a dor. Talvez não seja verdade, me pego pensando, desejando.

                – Pois é... O que eu achei que seria uma noite de festa, onde a minha maior possível decepção seria ver você indo embora com uma vadia qualquer e me deixando lá sozinha, se tornou uma estadia maluca e doentia com o homem que eu mais tinha medo no mundo.

                Um curto momento de silencio se instaura entre nós, mas segundos depois estamos rindo como dois bêbados (que somos) em uma festa particularmente melancólica, o riso diminuindo a tensão e a seriedade triste do assunto no qual estávamos entrando.

                – Então me ver saindo da festa com outra garota seria uma decepção? – ele me lança um olhar provocador quando finalmente conseguimos parar de rir.

Respiro fundo, recuperando o folego que perdi de tanto rir e de sentir aquele olhar sobre mim.

                – Bem, você não achou que eu te convidei só para ser educada, não é? – Dou de ombros e bebo mais um gole direto da garrafa. Já está quase no fim, e vagamente penso que daqui a pouco devo ir buscar mais. Me viro pra ele, apoiando desengonçadamente o peso do corpo nos meus braços. – Estava esperando ter a mesma sorte que tive na noite anterior àquela – lanço um sorriso malicioso e caio mais uma vez na gargalhada.

                Ele ri comigo, mas dessa vez a crise é mais curta. Ele passa os dedos por meu cabelo e sinto todo meu corpo tremer por dentro em resposta. Aperto meu rosto contra sua mão, e ele acaricia minha bochecha. Talvez eu esteja delirando, provavelmente bebi de mais e minha imaginação demente e criativa começou a criar coisas. Mas é tão real que não consigo me impedir de fechar os olhos e me apegar aquilo, sentir aquele contato com todos os nervos de meus corpo.

                – Katherine... – um tremor corre minha espinha e inspiro profundamente, tentando me acalmar. – Por que eu fui trazido para esse quarto?

                – Não sei – minha voz é tonta e arrastada, estou embriagada com a presença dele. – Talvez Klaus tenha gostado do seu corte de cabelo e decidiu parar com as torturas – rimos juntos, e abro os olhos para ver mais uma vez aquele sorriso.

                Então ele me encara serio, esperando uma resposta de verdade. Por um minuto não sei o que dizer, não sei o que ele quer que eu diga. Por que está perguntando isso?

                – Encare isso como o primeiro passo para nos tirar daqui – digo confiante, me soltando de seu toque e sentando ao seu lado.

                – E qual seria o segundo passo? – ele vira o whisky nos lábios, terminando com as ultimas gotinhas que sobravam. Observo seus movimentos enquanto ele deixa a garrafa de lado e deita sobre alguns travesseiros. Seus cabelos já estão mais compridos e majestosamente bagunçados. Imagino meus dedos correndo por aquelas mexas. Desvio o olhar, desanimada e envergonhada, querendo que ainda houvesse bebida. Álcool sempre ajuda.

                – Bem, uma coisa de cada vez. Agora que já está em melhores condições de instalação e saúde, já pode me ajudar a arquitetar o plano.

                – Mas se você nem tem um plano ainda, porque precisa de mim? E desde quando você não tem um plano? – Encaro os olhos de Damon, totalmente abismada, e ele revida com um olhar desconfiado. – Por que está fazendo isso? Se você quisesse simplesmente escapar nós dois sabemos que você faria isso muito melhor sozinha.

                Agora ele está sentado, os olhos pregados nos meus. Não estou respirando, mantenho a ar preso no pulmão, com medo do que possa acontecer se eu fizer o menor movimento. Sinto o muro de sentimentos em minha mente pulsar, sinto todas aquelas emoções sacudirem meu cérebro. Mas me forço a fazer o mesmo que fiz ao chegar aqui. Respiro e assumo uma postura de comando, forço meus lábios a se virarem para cima em um provocante sorriso maliciosamente sexy.

                – É tão impossível assim que eu realmente me importe? – Me inclino para frente, apoiando as mãos uma de cada lado de seu quadril, minha boca a poucos centímetros da dele. Sinto sua respiração em meus lábios e meu sorriso aumenta, agora verdadeiro. – Não creio que é tão difícil de acreditar que eu queira você vivo e bem – ele me olha com atenção, seu face em uma expressão que não consigo decifrar. Levo a mão ao seu rosto e deixo que meu dedo corra pelo contorno de seus lábios, seu queixo, pescoço. – Seria uma extremo desperdício perder tudo isso...

                A respiração dele se torna sutilmente mais pesada, e sinto algo dentro de mim se agitar. Em um momento de necessidade substituo o toque de meus dedos por meus lábios, pressionando nossas bocas. Tento evitar a frustração que cresce dentro de mim ao sentir que ele nem se move, então lhe dou outro beijo, um pouco mais para a esquerda. Mas ele permanece parado, e sinto meu coração murchar e ser sugado por um buraco negro de vergonha.

                Estico o pescoço para trás, abaixando os olhos, totalmente mortificada. Que ideia estup... Mas o pensamento mal se forma em minha mente e já é interrompido, todos os meus sentidos se focando na mão de Damon que agarra minha nuca e me puxa para si. Nossas bocas se unem em um milésimo de segundos, nossas línguas dançando em um ritmo rápido, necessitado, invasivo e sensual. Ele pressiona minha cabeça, os dedos emaranhados em meus cachos. Eu o puxo pelos cabelos, inclinando seu rosto, beijando-o cada vez mais fundo.

                O ar acaba, e somos obrigados a nos separar, mas ele não rompe contato, depositando beijos e chupões por meu pescoço. Estou perdida, inundada por nevoa de prazer que toma minha cabeça e meu corpo. Preciso dele, com uma necessidade que ultrapassa qualquer limite de sanidade. E, de um jeito totalmente inesperado e bizarro, sinto em seus beijos que ele também precisa de mim.

                Damon me joga de costas na cama, subindo em cima de mim, deitando entre minhas pernas e me beijando mais uma vez. Não consigo pensar claramente, fragmentos de pensamentos passam por minha mente, mas tudo se vai em uma velocidade assombrosa, restando apenas o amor que meus beijos exalam e a sensação do toque dele em minha pele.

Ele tira minha blusa com a mesma rapidez e voracidade com que cobre minha pele de beijos. Arranco sua camisa, arranhando suas costas com força, deixando a marca de minhas unhas e ouvindo-o gemer em meu ouvido, sentindo sua ereção pressionar minha perna.

Meus sentimentos estão soltos, cada beijo louco e apressado, cada gemido e cada carícia quebrando lentamente a tênue barreira que havia imposto a minhas emoções.  Respiro com dificuldade, tentando pensar claramente, mas o toque de seus lábios me queima e uma dor deliciosa se espalha por todo meu corpo, se concentrando na região entre minhas pernas.

Um grito horrível de dor sai da garganta de Damon, e ele me solta, rolando para o chão, os olhos com as pálpebras apertadas e os músculos do corpo retraídos, as feições do rosto contorcidas em agonia. Me assusto, pulando da cama para ficar ao seu lado, olhando apavorada a cena sem saber como proceder.

– Fique longe – ele se vira, fugindo de meu toque. – Katherine, por favor, vá embora. Só vá embora – ele ordena entredentes.

Estou atônita. Não consigo me mover, estou atordoada, tentando entender, dar alguma lógica aquela situação terrível. Sinto minha garganta se apertar e em um impulso involuntário estico os braços pra ele mais uma vez, esse instinto maluco de querer salva-lo que venho nutrindo desde que me vi apaixonada.

– Vá em bora! Agora! – ele grita, um rugido feroz que me atinge em cheio, fazendo uma lágrima escorrer por meu rosto no mesmo instante.

Pego minha blusa correndo e saio do quarto as pressas, não querendo que ele presencie minha cena ridícula. Corro pela casa, o mais rápido que posso, tentando me distanciar daquele lugar o quanto antes. Inconscientemente vou até o quarto de Klaus, onde me jogo na cama e me permito cair em prantos. Não entendo o que acabou de acontecer, e nem sei se quero entender. Milhões de possibilidades passam por minha mente em frangalhos, e maioria dolorosa de mais para se apegar. Como passamos de beijos apaixonados para gritos de ódio?

Me levanto e abro o frigobar do quarto, tirando uma garrafa quase cheia de vodca que viro em meus lábios. Não estou bêbada o suficiente para aguentar isso. Sento na cama abraçando um grande travesseiro e bebo. Bebo porque não há mais nada para fazer  hoje além de me torturar com essas dolorosas memórias recentes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? reviews? recomendações (oh, que ousada que eu estou hoje!)?
xxxxxxxoooooooo