Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 4
Capítulo 4 Alguém comum


Notas iniciais do capítulo

Heeey leitores, hoje estou muito feliz. Além do dia ter nascido mais bonito, hoje completo 4 meses aqui no Nyah!. Há quatro meses atrás eu postei o primeiro capítulo de Well Be a Dream, e não parei mais.



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Mudar de casa é algo estranho. Você está sempre acostumada à uma coisa só, então de repente seu ambiente muda. Estava me sentindo estranha naquela casa. Quer dizer, seríamos apenas eu, Claire, Peter e Charlie. Sem pais, nem nada. Sem alguém para cozinhar todos os dias ou te acordar quando você está atrasada para o colégio. Confesso que, por mais que odiasse viver no Texas, iria sentir saudades da comida de minha mãe e de meu pai me enxendo todos os dias.

Como custei para dormir, não acordei cedo. Assim que abri os olhos, vi que a claridade já batia em minha janela. Olhei em meu celular e já passara das onze. Me levantei apesar da preguiça e fui para o banheiro. Infelizmente, Claire e eu não tínhamos banheiro no quarto. Ele ficava no corredor. Saí do quarto e caminhei lentamente enquanto esfregava os olhos.

- Boa tarde! - escutei Peter gritar.

Revirei os olhos apenas e entrei no banheiro. Pensei em tomar um banho, mas não havia pegado minhas roupas. Deixei para lá. Apenas fiz minhas necessidades e saí dali. Fui para a cozinha na esperança de que o café da manhã ainda estivesse por ali. mas me deparei com Peter e Charlie cozinhando. Não segurei o riso. Quando Peter ainda morava em casa, ele mal sabia ferver água.

- Boa dia cheff - digo me sentando na mesa.

Peter estava cortando alguns tomates enquanto Charlie mexia algumas coisas no fogão. Olhei em volta e só então notei que Claire não estava por ali. Pensei em perguntar onde ela estava, mas ambos estavam tão entretidos com a comida que não quis incomodar. Me levantei e, quando ia me direcionar para nosso quarto, Claire aparece magicamente com um enorme sorriso no rosto. 

- Eu consegui! Tenho um teste! - ela gritou me abraçando.

Dei um gritinho e a abracei ainda mais apertado. Ficamos pulando abraçadas por um bom tempo. Eu estava feliz por ela. Claire merecia.Lembro que desde pequena ela sonhava em ser atriz. 

- Isso é incrível, Claire! Quando é? Hoje? - digo me soltando de seu abraço.

O sorriso de Claire mal cabia em seu rosto. Ela estava mais feliz do que nunca.

- Sim, é hoje. Ainda preciso ver se tem ônibus. Não posso me atrasar.

Arqueei a sobrancelha. O Central Park não era longe dali, pelo menos eu achava. E Claire precisava chegar até seu destino mais linda do que nunca. Ela não poderia ir de ônibus. Além de demorar mais, é mais... digamos, perigoso. 

- De jeito nenhum. Peter pode levar você. - digo apontando para meu irmão. Que instantaneamente para de cortar os tomates.

Ele me olha confuso e um tanto vermelho. Tive que me conter para não rir daquela cena. Meu irmão, corando? Desde quando? Voltei meu olhar para Claire e vi que ela segurava firmemente seu pingente. Eu lhe dera aquela corrente e o pingente de aniversário ano passado. Desde então, ela nunca mais a tira. Era uma pimentinha. Claire sempre a apertava quando ficava nervosa. E eu podia notar que ela estava muito nervosa.

- Mas quem leva a senhorita para seu encontro com o tal ator? - Peter perguntou desconfiado.

- Vou de ônibus. O Central Park não é longe. - digo dando de ombros.

Peter arqueou a sobrancelha e me olhou desconfiado. Revirei os olhos. Tinha me livrado de um pai ciumento, mas agora tinha um irmão ciumento. Maravilha.

- Eu posso acompanhar a Nina. Estou mesmo precisando passar na biblioteca para pegar alguns livros. Então aproveito para deixá-a no Central Park com segurança. - Charlie se ofereceu.

Lhe dei um sorriso e ele retribuiu. Estávamos armando para que Peter e Claire ficassem juntos, isso com certeza seria parte do seu plano. Me voltei para Peter, que ainda me olhava desconfiado.

- Viu, Charlie vai comigo. E você pode levar e ir buscar a Claire. - digo convensida.

- Nina, não precisa. Já disse que vou de ônibus... - Claire começou, mas eu a interrompi.

- E deixar você se misturar com um monte de gente fedorenta? Nunca. Você tem que chegar linda para fazer o teste. - digo me virando para minha amiga, que ainda estava um tanto corada - Está decidido. Peter te leva e eu vou com Charlie.

Claire não fez mais do que suspirar e se sentar à mesa. Eu era a única que ainda estava de pijama, mas não me incomodava muito. Apesar do pijama ser um tanto inapropriado e curto, todos ali já tinham me visto com ele. Até mesmo Charlie. Ele sempre dormir em casa, então eu já estava acostumada.

O almoço foi arroz com frango e salada. Odeio admitir, mas Charlie e Peter realmente cozinham muito bem. Fiquei satisfeita. Após o almoço, corri tomar um banho e trocar de roupa. Não estava frio, mas eu odiava usar sandália, usei um tênis mesmo. Coloquei um shorts e uma bata amarela. Penteei o cabelo e o prendi. Claire recitava versos de alguma peça qualquer. Ela era muito dedicada naquilo que fazia. Certamente conseguiria o papel.

Assim que fiquei pronta, vi que mal passara das uma e meia. Mas o caminho não era tão curto. Charlie e eu tínhamos o que andar. 

- Claire, nós já vamos. Te desejo toda sorte do mundo. - digo abraçando minha amiga.

Notei que Charlie estava parado na porta observando a cena. Provavelmente estava à minha espera. 

- Vai me agradecer depois. - sussurro para amiga.

Claire pareceu levar um choque.

- Nina, o que você... 

Apenas ri da cara de assustada de Claire e saí com Charlie antes que ela fizesse mais perguntas. Não sabia ao certo se queria ir de ônibus. As vezes, isso demorava mais do que andas à pé. O caminho até o ponto foi silencioso, o que estava começando a ficar constrangedor. Vez ou outra, eu fitava Charlie pelo canto dos olhos. E, em quase todas elas, eu flagrava ele olhando para mim. Aquela situação estava começando a ficar desconfortável.

Assim que chegamos no ponto, nos deparamos com uma imensa fila. O ônibus estava parado, e pude ver que já estava um tanto cheio.

- Quer ir andando? - sugeri.

Charlie assentiu e continuamos a caminhar.

- Então, pretende se especializar em que? - digo tentando quebrar o gelo.

- Pediatria. Ou talvez neurologia, ainda não decidi. - ele diz olhando em meus olhos.

Seus olhos eram castanhos. Olhos completamente comuns, mas eu os achava muito lindos. Olhos, eles não precisam ser azuis ou verdes para serem bonitos. E Charlie tinham olhos lindos. Não tanto quanto os de Frank, mas eram bonitos.

- Tudo bem, Nina? - ele perguntou corando.

Balancei a cabeça afirmativamente. Deve ter ficado encarando-o por um bom tempo. Senti meu rosto esquentar e desviei meu rosto. 

- E você, ainda quer fazer arquitetura? - ele perguntou, vendo que o momento estava péssimo.

- Sim, nunca desisti desse sonho. - digo voltando à olhar para ele.

Charlie apenas sorriu e desviou o olhar. Ele sempre fazia isso quando estava envergonhado. Eu o conhecia muito bem. 

Continuamos andando em silencio por um tempo. O caminho não era tão longo. Já estava começando a ver placas indicando que o Central Park estava próximo. Charlie pareceu não se importar mais com o silencio. E eu também não. Eu queria lhe perguntar mais coisas, saber como foram os dois anos que ele e Peter passaram aqui. Queria saber se estava namorando, e principalmente se meu irmão estava namorando. Mas isso, creio que não. Peter não é o tipo de homem que gosta de relacionamentos sério. Ao contrário de Charlie.

Aqueles dois eram completamente distintos. Acho que, assim como eu e Claire, fora isso que os manteu tão próximos. Enquanto Peter era descontraído e brincalhão, Charlie era mais sério e focado em seus objetivos. Pensando na personalidade de Peter, ele se daria muito bem com Claire. Eles tem um gênio pareciado.

- Acho que estamos chegando. - a voz de Charlie cortou o silencio. 

- É, estamos. - digo avistando o Central Park.

- A biblioteca para onde eu vou não é longe daqui, então quando quiser ir embora, me liga. - ele disse pegando uma caneta e anotando seu número em meu braço. Estranhei um pouco sua atitude - Me desculpe, é que não tenho papel.

Ri apenas e lhe dei um beijo no rosto. Meus lábios pareceram formigar assim que entrou em contato com sua pele. Charlie corou e tive certeza que eu também deveria estar corada.

- Depois eu ligo. - digo me afastando.

Virei as costas e caminhei até o parque. Estava torcendo para que Frank se lembrasse do que eu havia lhe dito. Não queria levar um bolo. Caminhei pelo parque e fiquei pensando se ele realmente queria me ver ou se fora somente uma brincadeira boba. 

Caminhei por quase todo o Central Park, e nada de encontrar Frank. "Ele não vem" pensei. Sentei-me então ao pé de uma árvore e fiquei observando o lago. Eu era uma idiota mesmo. O que em faria pensar que ele, um ator lindo e querido, iria mesmo querer algo comigo? Me senti a pessoa mais idiota de toda Terra.

Estava prestes à me levantar quando enxergo dois pés ao meu lado. Estranhei. Então corri os olhos para cima, e dei de cara com aqueles belos olhos azuis novamente. Os mesmos olhos que me deixaram boba no dia de ontem. Frank me observava com um sorriso divertido nos lábios. Ele usava uma camiseta branca, comum, e um boné dos Yankees. Quem não o conhecesse, juraria que era apenas um garoto comum que estava passeando por ali.

- Pensou que eu não vinha, não é? - ele perguntou sentando-se ao meu lado.

Senti meu rosto corar e meu coração acelerar por tê-lo assim, tão perto.

- Na verdade... Sim, pensei. Você é um ator, deve ser muito ocupado. Quer dizer, li em alguma revista qualquer que você está gravando algum filme. O que deve ser muito legal, sabe. Nunca me imaginaria em um filme. Mas não que eu fique investigando sua vida, não é isso. Devo ter lido ao acaso. Sabe como essas revistas de fofoca são, né? Sempre no pé de gente famosa. Ainda mais os atores mais bonitos e solteiros. Sempre esperando por algum deslise. E ainda tem aqueles fotógrafos. Como vocês não se irritam com aquela quantidade de flashs? Teve uma vez... - interrompi a mim mesmo. Só então notando que já havia falado demais.

As vezes, quando eu fico muito nervosa, eu falo sem parar. Frank me encarava com um pequeno sorriso nos lábios. Mordi o lábio inferior e me encolhi, desviando de seus olhos.

- Por que parou? - ele perguntou.

Senti que meu rosto deveria estar mais vermelho do que os tomates que Peter estava cortando para o almoço. Odiava corar, principalmente na frente de garotos.

- Quando eu fico nervosa, eu falo demais. - digo lhe dando um sorrisinho forçado.

Frank arqueou a sobrancelha. 

- Mas... E se eu não fosse Frank McCain, o ator. E se eu fosse apenas um amigo? Ainda ficaria nervosa por conversar comigo? - ele perguntou.

Talvez sim. Talvez não. Me lembrei de Charlie. Era tão fácil conversar com ele. E também Peter. Por mais que ele fosse um saco em alguns dias, eu gostava de conversar com ele.

- Acho... Acho que não. - digo timidamente.  

- Então vamos fazer assim, você finge que não me conhece, que nunca me viu. Esqueça que eu sou um ator. Consegue pelo menos tentar? - Frank perguntou olhando em meus olhos.

Não sabia explicar ao certo, mas ele me passava um segurança indescritível. Era como se, apenas dele ser rico e famoso, fosse alguém comum. Alguém como Peter ou Charlie. Estava começando a pegar uma certa confiança nele. Frank parecia ser muito mais do que as lentes de uma câmera mostravam. E eu estava sentindo que ele queria me mostrar quem ele realmente era. 

- Sim, eu consigo. - digo sorrindo.

O sorriso de Frank então se alongou e preencheu quase todo seu rosto. Eu não sabia ao certo porque, mas gostava de vê-lo sorrindo. 


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Notas finais do capítulo

Quem não ficaria nervosa ao conversar com um ator lindo e famoso? Acho que ninguém. Bom, vou postar o restante da conversa amanhã (eu acho). Espero que tenham gostado, até mais NHAC ;3