Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 5
Capítulo 5 Um dia


Notas iniciais do capítulo

Booooa tarde gente. Tenho um comunicado para vocês. Vou pro Acampamente Meio-Sangue no fds, então acho que, dependendo dos reviews, posto o próximo capítulo amanhã. Senão, só voltaremos a nos ver na segunda.



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Frank era diferente. Pelo tempo que ficamos conversando, consegui perceber várias coisas. Ele sempre conversa olhando em meus olhos. Tem a mania de mexer no cabelo, não o deixa em paz por um minuto sequer. Vez ou outra, quando ele ri, coloca a língua entre os dentes da frente. Isso torna a sua risada ainda mais charmosa. No final da tarde, eu já havia ouvido quase tudo sobre ele.

Franklin Willian McCain, 20 anos. Nasceu dia 22 de Janeiro de 1992, aqui em Nova Iorque mesmo. Tem um irmão mais velho de 25 anos, mas eles não tem muito contato desde que o irmão se casou e se mudou para Londres. Seus pais sempre o incentivaram com relação ao cinema e filmes. Frank fez seu primeiro filme aos 12 anos. Apesar de ter sido apenas como figurante, ele diz ter se encantado com aquele universo. No momento, estava filmando um filme tipo comédia romântica. Algo parecido com Romeu e Julieta. Sua parceira de cena era nada mais nada menos do que Sarah Jackson. Uma barbie de quinta, pelo menos era o que eu pensava.

Mas, ao contrário do que eu pensava, Frank não gastou seu tempo falando sobre como a vida de famoso é boa. Ele disse que amava tortas, principalmente as de sua mãe. Sua estação preferida é o verão, apesar de sua pele ser sensível aos raios de sol. Ele nunca namorara sério, porque pensava ser desfavorável para as meninas com quem ele saia, ter a vida exposta. O que era inevitável. Se você namora um ator famoso, é claro que os repórteres irão querer saber sobre sua vida também.

Fiquei feliz por ver que seu gosto musical era parecido com o meu. Ele gostava de bandas menos conhecidas, como Mumford & Sons. Mas também sabia apreciar o clássico, como os Beatles. Tinha a mania de dormir sem meias, não importando a estação, e ao som de Hey Jude. Conforme mais ele me contava, mais eu me esquecia que estava diante de um ator famoso.

Frank sorria sempre que começava a falar de sua vida. Não a vida de ator, mas de sua vida comum. De seus sonhos, seus medos. Me senti feliz por ele estar desabafando comigo daquele jeito.

- Então, acho que já falei demais por hoje. Me diga agora, quem é Nina Donnovan? - Frank disse se deitando na grama.

Dei risada.

- Certo. Nina Marie Donnovan tem 17 anos. Nasceu dia 20 de Setembro de 1994, em Centerville, no Texas. É uma garota estranha, tem muitas manias. Odeia que digam o que ela tem ou não que fazer. Gosta de açaí e sorvete de mamão. Não gosta de peixe nem de carnes vermelhas. É branca como giz e não gosta de sol. Tem um irmão mais velho que, apesar de ser chato e enfadado, a ama demais. Tem o sonho de ser uma arquiteta bem sucedida. Não quer casar ou ter filhos antes dos 25. Tinha um namorado, mas prefere esquecer da existência daquele verme. 

Parei de falar assim que a imagem de Lucas me veio à cabeça. Aquele idiota... Como eu ainda poderia pensar nele? Frank me olhava curioso. Ele franzia o cenho toda vez que não entedia ou estava curioso com alguma coisa. 

- Ex-namorados só servem para te tirar so sério. Aprendi isso da forma mais difícil. - digo forçando um sorriso.

- O que ele fez para te deixar tão magoada? 

Frank perguntara aquilo inocentemente, mas logo notou como aquela pergunta não me deixou feliz. O sorriso forçado em meu rosto foi desaparecendo aos poucos. Não sabia ao certo se queria responder àquela pergunta.

- Me desculpe - Frank disse se sentando novamente - Mas sério, açaí? Tomei um suco disso uma vez, e é horrível.

Arqueei a sobrancelha e fiquei encarando-o. Ninguém falava mal do meu açaí.

- Açaí é uma delícia. Mas tem que ser puro, e não como suco. Como suco parece a água que sai depois que meu irmão lava as cuecas dele. 

Assim que eu disse isso isso, Frank gargalhou. Dei um sorriso fraco. Algo dentro de mim ficava feliz por vê-lo assim, sorrindo. 

- É sério. Ainda não encontrei um lugar que venda açaí por aqui, mas quando achar, te levarei para comer do jeito certo. Não como sujo. - digo mexendo, inconscientemente em meu cabelo.

Frank ficou me encarando um tempo, ele parecia não acreditar no que eu havia dito. Eu não ia me permitir olhar em seus olhos novamente, mas o fiz. E me perdi naquela imensidão azul. Pelo menos parecia, para mim. Tinha algo neles... Algo que eu não conseguia explicar. Desde a primeira vez que vi seus olhos, senti algo dentro de mim mudar. E agora aqui estávamos nós. Sozinho. Conversando sobre bobeiras. Rindo de coisas bobas. Mas eu sentia que estava satisfeita com aquilo, e Frank também estava.

Ele agora tinha um sorriso divertido nos lábios. Só despertei quando me dei conta que estava encarando-os.

- Está me chamando para sair de novo? - Frank disse rindo.

Só então notei o que havia falado. Como eu consigo falar certas coisas sem me dar conta? Mordi o lábio inferior com força. Me sentia idiota. O que eu estava pensando afinal? Que Frank aceitaria sair comigo de novo? Ele estava ocupado, provavelmente tinha coisas melhores para fazer. Meu rosto deveria estar parecendo um pimetão. Não queria sequer me olhar no espelho.

- Hã... Desculpa. As vezes eu falo as coisas meio sem pensar. - digo brincando com meus dedos.

Frank me olhou um tanto desaminamdo.

- É uma pena, porque eu adoraria sair com você novamente.

Meu coração pulou quando ele disse isso. Quer dizer, ele acabara de falar que queria sair comigo de novo! Tive que morder meu lábio inferior para não deixar o sorrios bobo escapar. 

Minhas mãos estavam trêmulas. Tentei acalmá-las, mas, assim que notei que Frank se aproximara devagar, elas pareceram ficar piores ainda. Sim, ele se sentiu mais próximo de mim. Senti meu coração acelerar tanto que ele poderia quebrar minhas costelas. Frank então ergueu uma das mãos, de maneira lenta, e tocou meu rosto. Senti um pequeno choque assim que sua pele entrou em contato com a minha. Quase fechei os olhos só para sentir seu toque. Mas não os fechei. Queria continuar olhando em seus olhos. A mão de Frank escorregou e ele segurou meu rosto. Senti que sabia o que viria a seguir. Assim que vi Frank se aproximar, fechei meus olhos e esperei. Já podia até sentir sua respiração quente perto de meu rosto.

Mas então seu celular tocou. O que deu um susto. Me afastei dele abruptamente e praguejei em silencio. Frank pareceu irritado, mas mesmo assim atendeu o celular. Não escutei muito da conversa, só escutei um "estou à caminho" e ele desligou. Entendi o que aquilo significava.

- Hã... Nina, era meu diretor, ele descobriu que eu sai do set de filmagem e pediu para que eu voltasse. Mas eu repito, adoraria sair com você de novo. - Frank disse mexendo no cabelo.

Fiquei um tanto sem graça. Ele acabara de quase me beijar, e agora queria sair comigo de novo. Não sabia o que responder. Sim, eu queria sair com ele de novo, claro. Mas algo me dizia que era para ir com calma. Meu coração estava se recuperando de um machucado enorme, não poderia simplesmente sofrer mais uma vez. Infelizmente, esse meu coração não aprendia mesmo. Naquele momento, ele só conseguia gritar uma coisa.

- Também adoraria sair com você de novo, Frank. - digo sentindo meu rosto ficar vermelho.

Frank sorriu, do mesmo jeito que sorrira no aeroporto. Parecia estar realmente feliz. 

- Então, o que acha da gente se encontrar aqui amanhã às seis, e depois ir assistir um filme? Soube que estrearam alguns filmes bem legais essa semana. - ele disse ainda mexendo no cabelo.

Não podia negar que ele mexia comigo. Sorri e assenti. Ainda estávamos sentados, um ao lado do outro, muito próximos. Mordi o lábio, como de costume e lhe disse:

- Acho que eu preciso ir.

Frank entristeceu-se um pouco, mas apenas concordou. Nos levantamos e bati parte da grama que ficara presa em minha roupa. Avistei de longe, Charlie sentado em um dos bancos, lendo algum livro. Ele parecia estar realmente entretido, parecia estar ali durante horas. Fiquei feliz por ele ter vindo me levar, e não Peter. 

Me voltei para Frank, que agora arrumava o boné novamente na cabeça.

- Nos vemos amanhã, Frank. - disse lhe dando um beijo na bochecha.

Notei que, logo após isso, ele corou violentamente. Ri apenas e caminhei até Charlie com um sorriso enorme. Ele logo me viu. Marcou a página em que havia parado e fechou o livro, vindo até mim. E eu, bem, eu não consegui esconder minha felicidade. Meu coração dava pulos de alegria. Não sabia se isso era bom ou ruim. Mas eu iria encontrar Frank amanhã, e era isso o que importava. 

Assim que Charlie chegou perto, o abracei. Ele me levantou e logo nos soltamos. Contei para ele como minha tarde havia sido maravilhosa. Como Frank era incrível. E que iríamos ver um filme amanhã. Charlie parecia estar contente, não tanto quanto eu, mas estava feliz. No caminho de volta, estava saltitando e rodopiando, até pisar em falso e cair na rua. Para variar, não havia visto que havia um degrau na calçada.

Gemi de dor assim que vi o estrago em meu joelho.

- É seu segundo dia por aqui e você caiu só uma vez, estamos progredindo. - Charlie disse rindo.

Dei risada também e me levantei. Charlie me ajudou um pouco a caminhar até minha casa. Mas, assim que vi o bom e velho Camaro preto já estacionado na garagem, fingi que aquele ralado não passava de um corte. Não queria que Peter pirasse e não me deixasse sair amanhã. 

Entrei em casa e dei de cara com meu irmão e Claire conversando animadamente no sofá. Arqueei a sobrancelha para ambos, que coraram na mesma hora. Peter limpou a garganta e, assim que viu meu joelho, veio até perto de mim.

- O que aconteceu? - ele perguntou olhando para meu machucado.

- Para variar, eu caí. - digo.

Claire apenas riu. Então me lembrei de seu teste.

- Então, como foi o teste? Quando começa a ensaiar? - digo enquanto Peter me puxa para a cozinha.

Claire se levantou e foi atrás de nós.

- Eu fui bem, tive que recitar Shakespeare. Parece que será um musical sobre Sonhos de Uma Noite de Verão. Ainda não deram a resposta. Parece que até amanhã saberemos o resultado. - ela disse se sentando ao meu lado na mesa da cozinha.

Claire conseguiria, eu tinha certeza disso. Queria dizer algo para alegrá-la, mas então notei o modo como ela me olhava. Era como se dissesse "Alguém andou aprontando".

- Ai! - gritei quando Peter passou, provavelmente, álcool em meu joelho. Ardeu na mesma hora.

- Se fosse mais cuidadosa, não teria caído. - ele disse terminando de fazer o curativo.

Revirei os olhos apenas.

Eu não ligava, não estava ligando para a dor. Apesar de ter caído e pagado um mico no meio da cidade, eu só conseguia pensar nele. Em Frank. Em como seus olhos brilhavam quando ele falava de sua vida. Em como ele mexia no cabelo quando ficava nervoso. Em como pareceu enfurecido quando seu celular tocou antes de nos beijármos. E em como ele quase me beijou hoje. No começo, não sabia ao certo o que estava sentindo. Mas depois de hoje, tenho certeza. 

Sim, eu o conhecera à um dia. Mas fora a suficiente para deixar meu coração balançado. Um dia, esse foi o tempo que levei para descobrir que estava começando a me apaixonar por outro homem. 


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Notas finais do capítulo

Amor é uma merda, só digo isso. É lindo em histórias, mas na prática... É, to estressada, não liguem kkkkk Até mais sweeties NHAC ;3