All That Drugs - Sugar Coma escrita por AbyssinWonderdead


Capítulo 7
CAPITULO 6: Aberdeen - Washington


Notas iniciais do capítulo

--- esse ficou maior que o normal... e fiquei pensando por longos minutos o que ia ter nesse capitulo, mas eu particularmente gostei, embora a história esteja indo para o lado meloso da coisa, o que eu NÃO queria... -__-' ~me perdoem por isso, viu?
--- mas eu gostei, e espero que vocês também gostem!



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ALL THAT DRUGS

CAPITULO 6: Aberdeen - Washington


I like it - I'm not gonna crack

I miss you - I'm not gonna crack

I love you - I'm not gonna crack

I killed you - I'm not gonna crack

– Lithium - Nirvana


De manhã, Frances acordou com o barulho de fitas adesivas, coisas arrastando no chão, vozes vindas da sala, e sua mãe chamando seu nome aos berros. Olhou as horas no celular, eram dez e vinte, dormira demais, levantou com um salto.

– FRANCES! FRANCES desce aqui! – sua mãe gritava repedidas vezes – Vem logo!

– Estou indo! – gritou de volta, e murmurou para si: - Que merda...

Colocou a calça que tinha usado na noite passada, calçou uma sandália qualquer que estava dentro da gaveta, vestiu uma regata vermelha, penteou o cabelo e desceu lentamente a escada, e viu a casa praticamente virada ao contrário. – Haviam caixas de papelão pequenas, médias e grandes, espalhadas por toda a casa, plástico bolha envolvendo objetos quebradiços. Rolou os olhos pela casa e viu seu pai lacrando algumas caixas com fita adesiva, e sua mãe, que estava enrolando vasos em plástico bolha.

– O que diabos... – murmurou Frances, enquanto caminhava pela bagunça. – O que estão fazendo?

– Preparando as coisas... – Senhor Edmond disse.

– Como é que é?! – Frances exclamou, olhando para o Senhor Edmond enquanto ele terminava de lacrar uma caixa. – Vamos nos mudar?

– Vamos – disse a Senhora Katherine – Vamos para Aberdeen.

– Aberdeen?! O que diabos vamos fazer em Aberdeen?!

Em outro momento, na época de se fanatismo – ainda existente – pelo Nirvana ela ficaria feliz em ir para Aberdeen, mas agora não estava tão feliz, seus pais tinham nascido em Aberdeen, a maioria de seus parentes estavam lá, e fora o lugar onde o Kurt Cobain havia nascido, mas a ideia de ir a Aberdeen não a agradava nem um pouco, já estava se acostumando com Seattle, e ela tinha o Travis lá, preparando a fuga dos dois, talvez fosse o momento, será que ele estivera pressentindo que ela iria se mudar? Por isso a ligação? Por isso o motivo repentino de lhe propor uma fuga?

Sentiu-se confusa, e meio tonta.

– Frances? – sua mãe a chamou. – Frances, está tudo bem?

– Hã? Ah, por que vamos para Aberdeen?

– Sua avó. – seu pai respondeu, enquanto cortava um pedaço de fita adesiva com o dente.

– Qual delas? – perguntou com o maior desanimo.

– A minha mãe – respondeu a Senhora Katherine. – É aniversário dela... Semana que vem, e ela está internada com indicio de câncer.

Frances fez uma cara pior que a outra de desanimo.

A Senhora Claire Morell, uma velha de oitenta e dois anos que viviam sendo internada por problemas pequenos, já tivera um derrame, inúmeras gripes seguidas por pneumonia, e um enfarte. Frances achava incrível que a anciã ainda estivesse viva com tantos problemas que ela tinha.

– Aí por isso estamos nos mudando para lá permanentemente? – perguntou lentamente, e termino rapidamente: - É isso?

– Frances! – Senhor Edmond exclamou atrás dela enquanto arrastava outra caixa para lacrar. – Não fale assim, ela é sua avó!

– Sim, é minha avó, mas se vocês não lembram, por que será que eu sempre a odiei? – ela colocou o dedo indicador no queixo, olhando para o teto, fingindo pensar – Ah, sim, porque ela me detestava, me batia, e se fosse por ela eu passava fome toda vez que ia para lá sem vocês!

Seus pais pareceram perplexos.

– A gente... – sua mãe começou.

– Hum... – Frances fez cara de surpresa – Acho que vocês não sabiam dessa versão da história, né? Que seja! Eu não vou, estou avisando logo!

Ela bateu o pé e subiu as escadas correndo, deixando dois pais perplexos e sem palavras lá embaixo. Fechou a porta com força, quebrando o silêncio da sala. Trancou a porta, pegou o celular, mando uma mensagem para Travis, dizendo que ia para a casa dele, e que depois explicava tudo.

Abriu o armário, juntou todas as roupas dos cabides – que não eram muitas, e as jogou na cama, abriu todas as gavetas, pegou o resto das roupas e as jogou em cima da cama junto com as dos cabides, e jogou os tênis no chão.

– Frances?

Ela virou-se para a porta rapidamente, estava tão distraída jogando as roupas na cama, que não percebera que a mãe abrira a porta com a cópia das chaves, como fizera antes um dia atrás.

– O que você está fazendo Frances?

– Arrumando as minhas coisas – ela disse no tom mais inocente que conseguiu.

– Você disse agora a pouco que não ia.

– Mas eu vou! – respondeu ainda com a voz inocente. – Agora me deixe arrumar as minhas coisas, okay?

A Senhora Katherine fez que sim com a cabeça e fechou a porta novamente, trancando-a.

Frances sorriu, pensando em como a mãe tinha conseguido acreditar que ela mudaria de decisão tão rápido, só com uma voz inocente e umas palavrinhas bonitas, que qualquer um podia repetir, como um bom passarinho bonitinho que repetia todas as palavrinhas bonitinhas que ouvia.

Sua mãe realmente não a conhecia bem.

Subiu na cama, procurou pelas mochilas e malas, pegou-as e as jogou de lá de cima mesmo, enquanto olhava o que mais ia pegar dali. Desceu, seu celular estava tocando um pedaço da música Aneurysm, do Nirvana, era o Travis, correu até a bancada onde ele estava e atendeu.

– Travis? – atendeu, murmurando – Oi.

– Frances... Oi – ele respondeu

– E ai? Está melhor?

– Melhor impossível... Não tem como me explicar isso tudo agora não?

– Não.

– Frances, eu... eu preciso falar com você.

– Eu te ligo depois, aí a gente conversa.

– Ta bom.

Ela desligou e voltou a arrumar suas coisas, dobrou todas as roupas, e as empilhou em cima da cama, tirou todos os papéis da parede, descolou as fitas adesivas e os guardou dentro de uma pasta.

Naquele momento ela sentiu algo em seu corpo, como se seus ossos estivessem tremendo, parou por um tempo, ficou olhando para as próprias mãos, elas não tremiam, mas ela sentia como se estivessem. Respirou fundo e começou a guardar todas as suas coisas.

Pegou uma calça rasgada preta, o mesmo All Star do Cobain, e os vestiu com uma blusa comprida, tipo moletom, preta, escrito: NIRVANA em amarelo.

Não foram necessárias muitas malas para guardar todas as suas coisas, ela tinha uma quantidade de roupas que uma pessoa comum normalmente tem, nem muita, nem pouca, o que mais fazia volume eram os tênis, decidiu que era melhor deixar os coturnos para trás, ela tinha três coturnos, um todo preto, desde o pano à borracha, era tudo preto, um preto e branco, comum, e um coturno cinza que não ia até o joelho, e sim até a metade da canela. Deixou-os no armário, onde guardava seus tênis.

Fora aqueles três coturnos, ela não tinha deixado muita coisa, apenas alguns moletons ridículos e quentes demais que sua mãe lhe dera há dois anos atrás, talvez; deixou os cachecóis e echarpes de crochê feitas por sua avó Claire, que nunca tivera coragem o suficiente para usar; algumas blusas sem manga, e algumas calças de malha que ela detestava. Quando guardou tudo, percebera que nem era tanta coisa, uma mala só para todas as suas roupas, uma mochila não muito grande para seus All Stars, e uma bolsa de couro preto, quadrada que parecia uma caixa, onde ela guardou seus papéis, fotos e coisas do celular.

Depois de tudo pronto, guardou as coisas que ia deixar para trás dentro do armário, arrumou o cabelo em uma trança desgrenhada para o lado, colocou os fones de ouvido, e desceu até a sala onde os pais ainda guardavam suas coisas.

– Vai sair? – perguntou o pai.

– Posso?

Senhor Edmond era bem mais esperto que sua mãe, ele a analisou dos pés a cabeça e ergueu uma sobrancelha.

– Vai aonde?

– Comprar um café – respondeu. – Não quero atrapalhar vocês na mudança.

– Tem café ali – interveio a Senhora Katherine.

Frances pensou em outra coisa para dizer.

– Vou comprar um cappuccino, aqui não tem cappuccino, mãe.

A Senhora Katherine não pareceu gostar da resposta, ela pareceu entristecida.

Um silêncio enorme correu na sala, desistiu de esperar uma resposta de qualquer um dos dois e se pôs a andar até a porta. Destrancou e saiu correndo até o portão, depois disso os pais não mais a viram.

Ela corria na direção da casa de Travis... Parou bruscamente, quase caindo no chão, notando um carro diferente entrando pelos portões da casa dos Moranttes, isso era péssimo! Os pais de Travis haviam voltado antes do previsto. E um dos dois pareceu vê-la enquanto corria até lá. Os vidros do carro eram escuros, mas Frances podia ver os pais de Travis olhando para ela, mas ela não sabia o que estaria passando pela cabeça dos dois.

Olhou para cima, Travis olhava a chegada dos pais da janela de seu quarto, ele não pareceu nada feliz, ela achava que ele estivesse pensando na mesma coisa que ela, a fuga havia furado de vez.

E para a maior surpresa de Frances a Senhora Moranttes saiu do carro, com um óculos escuro – sendo que nem fazia muito sol, estava praticamente nublado, e provavelmente choveria em algum horário do dia. Ela usava um terno feminino, com uma calça jeans preta, um cachecol vermelho vivo no pescoço contrastava o negrume de suas roupas, usava batom vermelho, tinha lábios carnudos, os cabelos era meio cacheado, meio liso, de um louro quase branco, cortado na altura do queixo, pele pálida, como papel, mais clara que a do Travis, seus olhos pareciam duas pedras de gelo, rígidas e severas, olhando para Frances com desgosto.

Pensou em dar as costas para a mulher enquanto ela se aproximava, mas quando ia fazer isso a Senhora Moranttes estava a menos de um metro de distancia dela, e seria impossível ignorá-la.

– Que coincidência, é Frances... –ela sorriu de modo simpático, sendo que Frances podia ver através daquele sorriso que a mãe de Travis a detestava. – Certo?

– Sim. – respondeu de modo duro e seco.

– Achava que seus pais tinham lhe trancado em casa.

Seu sorriso nojento não estava enganando Frances nem um pouquinho, parecia uma cobra se preparando para dar o bote, se aproximando lentamente, imperceptível, para apanhar a presa despercebida, com a guarda baixa, mas Frances estava alerta, sua guarda estava alta e ela seria impossível de se abater.

– Sim, mas... – deveria falar a ela sobre a mudança? – Eu estava indo até uma cafeteria que abriu ali perto.

A Senhora Moranttes parou de sorrir.

– Não vimos nenhuma cafeteria no nosso caminho até aqui, e a mais próxima é um pouco longe para se ir andando, não acha, Frances Lorance?

“Merda!” pensou, enquanto olhava para a janela do quarto de Travis, lançando um olhar de: “Socorro!”, mas ele não estava mais lá, e aquilo fez Frances sentir novamente seus ossos tremerem, mas a Senhora Moranttes não parecia notar.

– Mãe! – Graças a Deus! Pensou, soltando um suspiro de alivio quando ouviu a voz de Travis chamar a mãe, e ela automaticamente de virar para ele, com os braços estendidos. – Bom te ver.

Frances começou a andar para trás, enquanto Travis falava com a Senhora Moranttes, mas ela a viu se afastando, ela sorria muito para uma pessoa que estava realmente alegre.

– Vou te levar para casa. - Senhora Moranttes disse. – Seus pais deveriam saber que está dando desculpas esfarrapadas para poder vir atrás do meu filho.

Travis não reagiu a isso, muito menos Frances.

– N... - tentou dizer, mas por algum motivo sua voz falhou drasticamente e ela não conseguiu completar a palavra.

– Frances só estava passando, mas só... Só me deixe falar com ela um pouco, sim?

– Travis, eu e os pais dela decidimos que vocês deveriam ficar afastados!

– Estamos afastados agora?! - frances teve coragem o suficiente para subir o tom de voz com aquela mulher.

Travis e a mãe dele olharam para ela como se estivessem atordoados por alguma pancada, ou algo do tipo.

– Tá. Resolvam seus problemas, vocês mesmos! - disse, em outras palavras: "dêem seus pulos", ou um: "fodam-se", virando-se para a casa dos Moranttes.

Travis pareceu preocupado enquanto olhava para a mãe que ia em direção a casa. Frances não estava gostando nada do olhar de Travis, e ele também não parecia gostar do olhar dela.

– Frances...

– Travis, meus pais... Eles estão se mudando para Aberdeen amanhã de manhã.

– Aberdeen?! Por que essa mudança?

– Minha avó... Minha mãe quer ir vê-la - sentiu novamente os ossos tremerem mais. - Eu... É melhor eu voltar para casa, bem... Isso é um adeus.

Travis pegou a mão de Frances em que estava o anel, beijou e sorriu para ela do modo mais confiante que ele conseguia sorrir para ela.

– Está parecendo um retardado enquanto está sorrindo.

Travis riu.

– Então você estava certa. - Frances não entendeu - Devo ser mesmo um retardado a ponto de deixá-la partir assim.

Frances o esmurrou no braço direito. Depois o abraçou com toda a força que tinha, começando a soluçar e a chorar alto. Travis beijou sua cabeça, e afagou seus cabelos enquanto ela chorava, tentando não chorar, ele não podia chorar.

– Eu vou atrás de você. - foi à última coisa que disse, com a voz meio estranha, antes de beijar Frances.

E seus lábios se encostarem por uma última vez.

– Promete?

– Prometo.

Ela o abraçou mais uma vez e voltou para sua casa andando lentamente, abraçando a si mesma, trocando um pouco os pés, sentiu gotas geladas na ponta do nariz, olhou para cima, estava começando a chover, como ela tinha imaginado, seria impossível os pais verem que ela estava chorando quando chegasse em casa.

Então os dois seguiriam rumos diferentes agora, sonhos quebrados, expectativas destruídas, e sonhos diferentes.

Ele em Seattle, ela em Aberdeen.



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Notas finais do capítulo

--- espero que tenham gostado, e...
--- acompanhem para saber o fim dessa história!
--- ah, e n se esqueçam do review, falow? *uu*
--- bjs, bjs!



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