Sweet Girl escrita por Nina0207


Capítulo 3
Capítulo 2 - Tudo começa com um singelo "Oi"


Notas iniciais do capítulo

Pooo, cadê os reviews galera?



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Vamos começar por Ryan.

Eu o conheci no hospital.

Fui visitar minha mãe um dia desses e ele estava lá. A única pessoa num corredor imenso e branco. As luzes faziam com que seu cabelo cor de mel ficasse mais claro. Ele estava sentado no meio do corredor, com os braços segurando suas pernas e a cabeça no meio delas. Pude notar os fios do fone de ouvido saindo de sua orelha. Segui pelo corredor tentando não fazer barulho, em uma mão estava meu skate, na outra, meu celular. Passei rente aos seus pés, fazendo o impossível para não tocar nele, afinal, poderia estar, sei lá, dormindo. Assim que passei por ele, meu celular toca. Atendi-o rapidamente, falei baixo com Dave (claro que era ele), e desliguei. Já ia voltar a andar, quando ele me chama.

– Ei, você. – parei de andar. Sabe aquele momento que você para e conta até cinco segundos antes de fazer qualquer coisa? Eu fiz isso antes de me virar e encará-lo. - Oi.

– Oi.

– Quem é você? – ele tirou os fones do ouvido e cruzou as pernas.

– Ahn, eu... sou Grace. – olhei para trás torcendo para que minha mãe, talvez por pensamento, me salvasse dessa situação.

– Grace. – repetiu meu nome. Algo bateu dentro do meu peito quando o ouvi repetir meu nome, algo muito estranho. Sorriu um sorriso estranho, vi uma centelha de tristeza naquele sorriso. – Gostei do skate. – olhei para o skate em minha mão e abri a boca para responder, mas não respondi, apenas o fitei. – Sabe quando começa o horário para visitar? - perguntou ele, notando minha hesitação.

– Às 15h. – falei, olhando para sua blusa. Ele usava uma com a estampa de notas de música com a letra dos Parachute, sorri ao notar que era deles. Ele olhou para a blusa e depois para mim.

– Gosta?

– Ah, sim, eu gosto. – ouvimos um barulho atrás de mim e minha mãe vinha em nossa direção.

– Oi filha, chegou cedo. – me deu um beijo no alto da cabeça e olhou para o garoto. – Oi.

– Oi. – respondeu ele.

– Então, vamos almoçar. – perguntou minha mãe, assenti. – Vou buscar minha bolsa. - e ela voltou para a sala. Comecei a rodar o skate no chão e olhei rápido para o garoto, ele me encarava. Minha mãe voltou e deu tchau para o menino. Fui atrás dela. Então percebi que não havia perguntado seu nome, voltei e ele sentava novamente no chão.

– Ei – chamei. Ele se virou para mim e esperou. – Não sei seu nome. – ele sorriu e respondeu:

– Ryan.

–-

Depois desse dia, encontrei Ryan outras vezes no hospital, e sempre sentado no corredor, aguardando. Comecei a chegar cedo e fazer-lhe companhia. Depois de três semanas encontrando com ele no hospital, me senti no direito de perguntar quem ele ia visitar.

– Ah, bem, minha avó. Ela está internada aqui. – disse ele, sem olhar diretamente para mim.

– O que ela tem?

– Bem, ela... ela tá em coma. – ele me olhou por segundos e voltou a encarar a parede. Senti uma vontade absurda de abraça-lo. Mas o que você faz sem parecer atirada, mas, ao mesmo tempo, quer ser solidaria? Quer saber, dane-se. Abracei-o. Passei meu braço por seu ombro e abracei-o. Tentei passar algo positivo pra ele, por que vi que estava mal, então, por que não fazê-lo? O que ele poderia pensar? Que estou me aproveitando de seu momento de fraqueza? Dane-se. Quis abraça-lo e pronto. Não deixe de fazer nada que está com vontade só por que os outros podem pensar algo, ou falar algo. Eles pagam suas contas, lavam suas roupas? Não? Então, dane-se. (o que nem eu posso dizer que lavo ou pago, e sim, minha mãe).

Ele me olhou e deu um sorriso. Tirei meu braço de seu ombro e abracei minhas pernas, ficamos em silencio por incontáveis minutos.

– Minha vó me criou desde criança. – disse ele. Olhou-me de relance e deu um sorriso triste. – Meus pais viajavam muito, então decidi morar com a minha vó, era apenas eu e ela. – seu sorriso crescia ao falar da avó. – Teve uma vez que eu cheguei em casa do colégio e nada da minha vó, procurei ela por toda parte. Acabei parando perto da delegacia e lá estava ela, paquerando um policial. Ela tinha sido detida por dirigir a uma velocidade alta para uma velhinha, mas conseguiu se safar na lábia. – agora ele ria. Olhou para o relógio e vendo que eram 15 horas, levantou-se. Ajudou-me a levantar. – Você quer conhece-la?

– O que? Eu... hã... acha uma boa ideia?

– Claro! Ela vai te adorar. – sorrindo, segurou minha mão e me puxou porta adentro, me levando até sua avó.

Entramos no quarto e uma cortina separava a avó dele de outra cama, onde um senhor repousava. Passamos em silencio e Ryan ainda segurava minha mão quando chegamos até onde sua avó dormia. De pé ao lado de sua cama, ele apertou minha mão e me olhou. Com tubos em sua boca, sua avó respirava através de aparelhos. O bip do monitor que media seu batimento soava forte em meus ouvidos – era como se ela soubesse que ele estava ali, seu coração respondia batendo um pouco mais rápido. Suspirei ao vê-la ali, tão frágil.

Sua pele alva e enrugada pela idade, transluzia pela meia lua que vinha da lamparina que se encontrava do lado direito de sua cama. As cortinas estavam fechadas, deixando a luz do sol do lado de fora.

– Quer falar com ela? – perguntou.

– Eu não sei bem o que dizer.

– Se apresente. – ele sorriu e soltou minha mão. Meu coração reclamou por isso. Me aproximei de sua avó e abaixei perto de seu ouvido. – Pode sentar, ela vai te ouvir. – olhei para a cadeira que se encontrava do meu lado e me sentei. Olhei para sua vó, ali, parada, respirando pelos aparelhos. Meu coração parecia bombear todo o sangue para meus ouvidos, eu suspirei umas três vezes e não sabia por onde começar, eu olhava para aquela senhora e imaginei o que ela teria feito em sua vida, quais experiências ela passou, se ela amou, se deixou de amar, se sonhou e se realizou seus sonhos. O que ela sentiu, o que ela pensava, como era sua voz. Eu me pus no lugar de Ryan e meus olhos se fecharam por segundos e ao abri-los, estavam cheios de lagrimas. Eu não sabia o que dizer, como me apresentar, mas Ryan esperava que eu falasse, então o fiz.

– Oi...hã... meu nome é Grace e... eu sou amiga do seu neto. – falei baixinho, em seu ouvido. Olhei para Ryan e ele olhava com tanta ternura pra sua avó que, tudo que passava pela minha cabeça, sumiu. – Como a chamavam?

– Sunny. – sorri. Virei para Sunny e falei:

– Vou te contar um segredo, Sunny: quando conheci seu neto, eu tentava de todas as formas andar devagar pelo corredor, pra que ele não me visse. – olhei para Ryan e ele franziu a testa. -Eu pensei que ele estava dormindo, não quis acordá-lo. – eu ri – Mas eu tenho um amigo inconveniente que me ligou na hora e quando vi já falava com seu neto. Foi um tanto estranho, admito que levei um susto. – parei e fitei-a, seus batimentos aceleravam aos poucos e depois voltavam ao normal. - Tem sorte de tê-lo. – fiquei olhando pra ela, e só depois notei o que acabara de falar e que ele, estava ali, logo atrás de mim.

Sem saber mais o que fazer, dizer, pensar, acabei levantando da cadeira e fui embora, nem dei ouvidos a Ryan, que me chamava.



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Notas finais do capítulo

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