Lorem escrita por The Klown


Capítulo 3
Capítulo 2 - A Queda




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   Claus estava impaciente. Onde estaria Jack? Eles haviam combinado de se encontrar lá há meia-hora. Ele especificou que a excursão só duraria até as cinco da tarde mas, bem, era o Jack. E ninguém podia dizer a Jack o que fazer, ele simplesmente não obedecia. Que cara mais teimoso.

   Ele se sentou no banco mais próximo. O clima de Traver era fresco, visto que a distância dele para o Sol era deveras maior do que de Clare para o seu Sol.  Mas, claro, se quisesse manter o seu calor, as naves eram equipadas com geradores de calor. Logo, não precisaria se preocupar com isso.

   O pôr do Sol era lindo naquela parte da galáxia, com certeza. As linhas do horizonte nada mais eram do que lindos contornos ao que parecia ser o final do planeta, em linda harmonia com o céu de tons avermelhados. As nuvens eram raras naquele dia, mas as presentes também se fundiam ao fundo, dando uma grande sensação de conforto. Claus pegou um cigarro do bolso de sua camisa e, acendendo-o com uma faísca, o levou rapidamente a boca e deu uma tragada profunda. O fumo aliviava seu estresse, era reconfortante. Soltou uma baforada de fumaça pela boca, e jogou a cabeça para trás. Os seus cabelos ruivos caíram num movimento suave, reluzindo.

   Ouviu passos. O eco não era forte, mas a sua audição era levemente aguçada, compensando o pequeno problema de visão que ele possuía. Era quase cego do olho esquerdo desde a primeira vez que usou seus poderes. Tais poderes era que ele podia produzir correntes elétricas de alta tensão com suas mãos e, aos cinco anos, ignorante a respeito disso, foi coçar o olho esquerdo quando estava bravo porque a sua mãe havia lhe confiscado seu brinquedo. Crianças não conseguem ter total controle de suas habilidades, usando-as por acidente quando estão sentindo fortes emoções. Todavia, depois desse episódio e várias consultas médicas, a sua visão nunca mais fora a mesma.

   Os passos se aproximavam, e Claus virou para trás. Graças a Deus, iriam cair fora dali. E Pete devia estar ficando preocupado, ficou esperando na nave.

   –Onde diabos você estava? – ele perguntou furioso

   –Eu me perdi – retrucou Jack em um tom baixo           

   Fazendo um aceno de desaprovação com a cabeça, chamou Jack para seguir com ele até a nave. Já estava ficando escuro, o Sol estava se escondendo por baixo do horizonte de Traver e o planeta não possuía Luas, então a luz do Sol não seria refletida suavemente na parte ocidental do planeta.

   Caminhando, finalmente alcançaram a nave. Claus estava ficando cansado. A rampa deslizou em direção aos dois rapazes, que embarcaram imediatamente.

   Pete estava a espera de ambos, e parecia um pouco estressado.

   –Finalmente!

   –Jack demorou para voltar, não olhe para mim.

   Pete soltou um muxoxo. Claus lhe ofereceu um cigarro, que Pete aceitou com prazer. Ele acendeu-o com uma pequena chama que saiu de seu dedo, e tragou-o da mesma forma de Claus, rápida e prazerosamente.

   Ainda com o cigarro na boca, se dirigiu a cabine de pilotagem e apertou o botão verde. Aquela sala estava cheia de botões e controles complicados, sem falar de duas cadeiras: a do piloto e a do co-piloto. Mas de tudo isso, apenas o botão do piloto automático eles precisavam usar.

   Pete voltou e sentou-se em uma das três poltronas, enquanto as outras duas foram ocupadas por Jack e Claus.

   Lentamente, a espaçonave tomou impulso e deixou Traver para trás, num clarão.

 

--

 

   Johnny corria, estava atrasado. Maldito despertador, realmente não prestava, com aquele som de intensidade muito baixa. Mas atraso não era problema, ainda mais com a velocidade de Johnny. Não era tão rápido quanto Martin, é claro, mas podia voar bem rápido. Mais ou menos na velocidade dos aviões no século XXI.  Facilitava muito o transporte, embora não pudesse se teletransportar, nem nada parecido.

   Ele estava atrasado para encontrar-se com Stu e Martin. Stu havia ligado para ele via vídeo-fone havia meia-hora, marcando um ponto de encontro. Cansado devido ao dia anterior, tirou um cochilo e portanto estava atrasado.

   Mas, enquanto voava, não pode deixar de perceber a beleza que possui Clare de tarde. Olhando de cima, todos pareciam minúsculos e inocentes. Os edifícios pareciam pequenas pontas se misturando ao resto do planeta, e ele sempre precisava desviar-se das nuvens se não quisesse acabar encharcado. O céu era como uma fina camada de veludo, infinita de todos os lados, indo até onde seus olhos enxergavam, alaranjado como uma abóbora, arejado como o próprio paraíso. Voar era demais.

   Ao se aproximar do ponto de encontro, desceu alguns quilômetros para poder enxergar melhor, e viu os dois pontos que certamente eram Martin e Stewart. Stu carregava entre os braços e, ao chegar mais perto, viu que se tratava de uma revista. Martin estava bocejando, a mão na boca. Com um sorriso, Johnny desceu e se juntou aos outros dois.

   Pousou suavemente no solo.

   –Boa tarde, amigos! – exclamou o rapaz, assustando os outros dois. Ambos abriram sorrisos enquanto cumprimentavam Johnny.­­

   –Então, para que me chamaram? – continuou o rapaz

   –Para... isso! – Stewart apontou para um artigo na revista de esportes. Johnny aproximou os olhos e leu.

 

O CONFRONTO

VOCÊ TEM UM BOM DOMÍNIO DE SUAS HABILIDADES?

QUER MOSTRAR ISSO PARA A GALÁXIA?

ENTÃO VENHA PARA KRATIN, ONDE

FAMA E FORTUNA O ESPERAM!

 

   Após ler o resto do artigo, ele ficou excitado. Era um tipo de “torneio de demonstração”, onde você demonstra as suas habilidades e pode ganhar uma boa quantidade de dinheiro. E o custo de inscrição era na verdade, extremamente barato, se comparado ao prêmio.

   –Então? – Martin perguntou

   –Uma grande idéia – Johnny disse, feliz.

   Eles não iriam perder tempo. Aquele dia iria ser um feriado prolongado, logo nenhum deles teria que ir ao emprego. Então, que não perdessem tempo. No mesmo dia, Martin alugou uma nave para poderem ir Kratin. Ficava um pouco longe, mas a velocidade das naves iria cuidar do trabalho.

   Após algumas horas em uma burocracia de matar alguém, Stu conseguiu alugar a nave. Era grande, bonita, e confortável o suficiente para a viagem.

   Stu adentrou a nave e se dirigiu a cabine do piloto. Digitou as coordenadas para Kratin e apertou o botão do piloto automático. Rapidamente, a nave tomou impulso e alçou voo.

   Em alguns segundos estavam no espaço sideral. O universo era lindo. Suas estrelas davam um brilho luminoso levemente enfraquecido ao vácuo preto, nebulosas cósmicas enfeitavam as mais requintadas partes da imensidão negra, que se estendia ao infinito. Realmente, o infinito era algo maravilhoso de se ver, se distanciando de seus olhos como se você nunca pudesse alcançá-lo, pegá-lo em suas mãos, o mostrando o quão somos pequenos em relação a tudo.

   Stewart admirava essa beleza pela janela reforçada, mas completamente transparente.

   –Então... um torneio... – Martin começou

   –É. Precisaremos treinar se quisermos impressionar os juízes. – John continuou

   Stu olhou para os dois.      

   –Eu acho que já sou bom o suficiente – declarou arrogantemente, mas rindo

   Os três riram levemente, mas ficaram em silêncio depois. Johnny e Martin começaram a jogar um jogo de cartas. O baralho havia sido extinto junto com a Terra, então inventaram novos jogos feitos com um tipo de baralho com cartas em formato de elipse. Em vez de números, haviam letras de A a F, e uns símbolos de uma língua arcaica pouco utilizada, mas um pouco conhecida. Chamava-se “grego”, mas ninguém nunca entendeu o porque daquilo.

   Enquanto os dois jogavam, Stu ainda observava a imensidão do universo. Deviam estar algo perto do braço da Via Láctea, de acordo com o seu conhecimento em astronomia.

Quando ele sentiu uma batida, e todos foram chacoalhados.

   As cadeiras tombaram com um ruído. Stu olhou pela janela, e haviam colidido com uma parte do motor de uma nave, que saiu voando assim que tocaram nele. E o pior, percebeu com medo, era que haviam perdido também um motor, que agora flutuava na imensidão que outrora estivera admirando.

   Ele sentiu a nave caindo. Estava sendo atraída pela gravidade de algum planeta. Olhou para o tal, o solo era seco e árido. Não se lembrava de ter aprendido sobre tal planeta.

   Era Lorem.

 


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